Crítica do filme A Luz Entre Oceanos

Grandes atuações, mas nenhuma lágrima

por
Thiago Moura

27 de Outubro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Alguns filmes nos cativam tanto que é inevitável derramar umas lágrimas enquanto assistimos. Infelizmente não é esse o caso de “A Luz Entre Oceanos”. Dirigido e roteirizado por Derek Cianfrance, o filme é baseado no livro homônimo de  M. L. Stedman. E a influência literária no roteiro é bastante marcante, não que isso seja ruim, mas a impressão é que assim como em quase todos os casos de adaptação, a obra original é bem melhor.

Tom Sherbourne (Michael Fassbender), já começa o filme em profunda agonia. O ano é 1918, e ele é um soldado australiano que combateu na Primeira Guerra Mundial, servindo heroicamente em combate e sofrendo todas as consequências que lutar em uma guerra podem trazer para uma pessoa. Ver diversas pessoas morrendo, e cultivar a culpa de ter sobrevivido, fizeram dele um homem bastante retraído.

Então ele decide tornar-se um faroleiro em uma ilha isolada chamada Janus. Ele consegue o trabalho sem problemas, já que ninguém mais quer. Basta saber que o último encarregado de manter esse farol enlouqueceu e se matou pouco tempo depois. Mas esse era o tipo de isolamento e tarefa árdua que Tom buscava, além do isolamento da raça humana proporcionado pela função.

Atuações incríveis, roteiro nem tanto

Fassbender é um ator excelente em praticamente qualquer papel, mas parece se destacar com personagens sofredores. Basta que ele fique ali parado para transmitir uma dor interna, feridas que não cicatrizaram ainda. Sem dúvida, a força de ““A Luz Entre Oceanos” reside nas impecáveis atuações. Além de Fassbender, Alicia Vikander e Rachel Weisz compõem o elenco, ambas contribuindo fortemente para dar vida a essa história. Basicamente só gente linda!

De qualquer forma, o desejo de Tom não é realizado. Antes de partir para a ilha, ele conhece Isabel (Alicia Vikander), jovem, linda, esperta e cheia de vida. De alguma forma ela consegue se aproximar de Tom, e perceber que ele é um bom homem. Então por que não casar-se com ele, certo?

Após uma longa conversa e um piquenique, Tom parte para cuidar do farol, e passa a se comunicar com Isabel através de cartas, culminando então no casamento e a ida de Isabel para a ilha. E é tudo lindo durante muito tempo, várias cenas românticas, paisagens de tirar o fôlego e uma trilha sonora emocionante. Toda essa construção do amor entre os dois é importante, e ambos demonstram uma química incrível em todas as cenas. É inevitável acreditar que eles se amam de verdade, e fariam qualquer coisa pelo o outro.

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Porém, apesar de toda essa beleza e amor, Isabel sonha em ter filhos, algo que não se concretiza como esperado. Após dois filhos natimortos, eles são surpreendidos pela chegada de um barco com um homem morto e um bebê vivo. Instintivamente e agradecendo que suas preces foram atendidas, Isabel resolve criar a criança como sua, pedindo para Tom não reportar o barco encontrado.

Tom aceita, mas guarda a culpa para si durante anos, o que acaba piorando a situação. Em uma visita a cidade ele acaba descobrindo a viúva e mãe da criança que eles adotaram,  uma nobre chamada Hannah Roennfeldt (Rachel Weisz). Sendo consumido pela culpa, ele acaba entregando diversas provas de que sua filha está viva, o que acaba levando Tom a prisão, sendo suspeito de ter assassinado o marido de Hannah, além de ter mantido a criança em segredo e não ter reportado o desaparecimento.

A trama parece se isentar de todas as questões morais das escolhas, por mais que o espectador saiba os dois lados da história e as razões que levaram a isso, é difícil se importar realmente com o que está acontecendo com Isabel e Tom. Claro, o amor pela criança deveria ser o suficiente para que todos os problemas e dúvidas morais fossem resolvidas. Porém, apesar de salvar a vida do bebê, em nenhum momento eles parecem ter medido as consequências, e são retratados como vítimas.

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Enfim, apesar das excelentes atuações, fotografia incrível e trilha sonora marcante, todos os aspectos técnicos não conseguem salvar a história. Vale a pena conferir o filme sem muita expectativa, talvez em alguma noite em que nada melhor esteja passando.

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

A Luz Entre Oceanos

Eles pensaram ter encontrado a felicidade, mas nem tudo é tão simples...

Diretor: Derek Cianfrance
Duração: 133 min
Estreia: 27 / Out / 2016
Thiago Moura

Curto as parada massa.