Crítica do filme A Morte do Demônio
Excesso de brutalidade atrapalha o terror
Deixemos o passado para trás. Hoje, não quero falar sobre “Evil Dead” de 1981 - dirigido por Sam Raimi -, mas quero abordar o novo longa do diretor estreante Fede Alvarez. Anunciado como o filme mais apavorante que você vai ver na sua vida, “A Morte do Demônio” vem para focar no terror e deixar o humor de lado.
Nesse quesito, a obra de Alvarez atingiu sua meta. O filme é realmente aterrorizante e repleto de baldes de sangue, vômito, miolos e violência gratuita. Para oferecer esta experiência brutal, o filme se apoia em uma história bem superficial, a qual é desenvolvida em alguns poucos minutos no início da projeção.
Na trama, um grupo de jovens resolve passar uns dias em uma casa na floresta para ajudar Mia (uma garota drogada) em seu processo de desintoxicação. O cenário é um ambiente que eles já conheciam, mas, nesta visita, eles encontram o Livro dos Mortos - uma espécie de livro do Capiroto. E é claro que alguém vai mexer com o que não deve...
Então, o mesmo tempo que você levou para ler o parágrafo acima é usado no filme para explicar o que acontece antes do demônio começar a zoar com a galera de jovens inocentes. O restante do filme é basicamente baseado em cenas nojentas e que tentam impressionar o público com violência brutal. As atuações não são as melhores, sendo que algumas são deploráveis (caso de Elizabeth Blackmore).
Não desmerecendo o filme, mas posso garantir que este não é o filme mais apavorante que vi em minha vida. Creio que o principal problema que estraga o clima de terror é o excesso de terror. A insistência na brutalidade, as cenas consecutivas de violência e as mortes constantes não deixam que o público respire ou faça uma pausa para se assustar.
Uma dica: se você vai ver o filme, evite usar a lógica e pensar nas dores que uma pessoa poderia suportar, pois o filme não tem qualquer comprometimento com a realidade e o exagero é constante.
Depois de alguns sustos, você já não se impressiona com as pessoas se contorcendo, com a mutilação e as possessões. A cena inicial do filme talvez seja uma das mais amedrontadoras, pois ali vemos o “Coisa Ruim” assustar sem fazer grande esforço. Aqui, no início, a tática usada em outros filmes dá certo: basta usar vozes mais graves e focar na cara do demônio.
Nos demais 80 minutos de filme, o demônio propriamente dito fica quase que enjaulado, o que impede que os sustos sejam mais horripilantes. Apesar da entidade nem sempre passar a sensação de medo, “A Morte do Demônio” obtém sucesso com efeitos bem aproveitados. As cenas aceleradas e os recursos sonoros ajudam a manter o clima de tensão. A utilização de múltiplos clímaces também é um aspecto que foi válido para manter o filme empolgante.
Ainda que não seja tão assustador e traga uma história superficial, a obra de Alvarez é uma película aceitável que pode assustar espectadores que não estejam acostumados com filmes do gênero. Aos que já viram muito terror, o filme não é uma grande surpresa, mas pode passar uma sensação de incômodo constante. Tenha você visto ou não a versão antiga, vale conferir este longa brutal e sanguinolento.