Crítica do filme A Morte do Demônio

Excesso de brutalidade atrapalha o terror

por
Fábio Jordan

25 de Abril de 2013
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Opinião

Deixemos o passado para trás. Hoje, não quero falar sobre “Evil Dead” de 1981 - dirigido por Sam Raimi -, mas quero abordar o novo longa do diretor estreante Fede Alvarez. Anunciado como o filme mais apavorante que você vai ver na sua vida, “A Morte do Demônio” vem para focar no terror e deixar o humor de lado.

Nesse quesito, a obra de Alvarez atingiu sua meta. O filme é realmente aterrorizante e repleto de baldes de sangue, vômito, miolos e violência gratuita. Para oferecer esta experiência brutal, o filme se apoia em uma história bem superficial, a qual é desenvolvida em alguns poucos minutos no início da projeção.

Era uma vez um demônio e uns jovens burros

Na trama, um grupo de jovens resolve passar uns dias em uma casa na floresta para ajudar Mia (uma garota drogada) em seu processo de desintoxicação. O cenário é um ambiente que eles já conheciam, mas, nesta visita, eles encontram o Livro dos Mortos - uma espécie de livro do Capiroto. E é claro que alguém vai mexer com o que não deve...

evil1

Então, o mesmo tempo que você levou para ler o parágrafo acima é usado no filme para explicar o que acontece antes do demônio começar a zoar com a galera de jovens inocentes. O restante do filme é basicamente baseado em cenas nojentas e que tentam impressionar o público com violência brutal. As atuações não são as melhores, sendo que algumas são deploráveis (caso de Elizabeth Blackmore).

Não desmerecendo o filme, mas posso garantir que este não é o filme mais apavorante que vi em minha vida. Creio que o principal problema que estraga o clima de terror é o excesso de terror. A insistência na brutalidade, as cenas consecutivas de violência e as mortes constantes não deixam que o público respire ou faça uma pausa para se assustar.

Uma dica: se você vai ver o filme, evite usar a lógica e pensar nas dores que uma pessoa poderia suportar, pois o filme não tem qualquer comprometimento com a realidade e o exagero é constante.

Quando o excesso de terror acaba com o terror

Depois de alguns sustos, você já não se impressiona com as pessoas se contorcendo, com a mutilação e as possessões. A cena inicial do filme talvez seja uma das mais amedrontadoras, pois ali vemos o “Coisa Ruim” assustar sem fazer grande esforço. Aqui, no início, a tática usada em outros filmes dá certo: basta usar vozes mais graves e focar na cara do demônio.

Nos demais 80 minutos de filme, o demônio propriamente dito fica quase que enjaulado, o que impede que os sustos sejam mais horripilantes. Apesar da entidade nem sempre passar a sensação de medo, “A Morte do Demônio” obtém sucesso com efeitos bem aproveitados. As cenas aceleradas e os recursos sonoros ajudam a manter o clima de tensão. A utilização de múltiplos clímaces também é um aspecto que foi válido para manter o filme empolgante.

evil3

Ainda que não seja tão assustador e traga uma história superficial, a obra de Alvarez é uma película aceitável que pode assustar espectadores que não estejam acostumados com filmes do gênero. Aos que já viram muito terror, o filme não é uma grande surpresa, mas pode passar uma sensação de incômodo constante. Tenha você visto ou não a versão antiga, vale conferir este longa brutal e sanguinolento.

Fonte das imagens: Divulgação/