Crítica do filme "Além da Morte"

O salário do pecado é a morte

por
Thiago Moura

19 de Outubro de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Apesar de ser oficialmente chamado de sequência, “Além da Morte” passa facilmente como remake do filme “Linha Mortal” de 1990, do diretor Joel Schumacher. Nesse “novo” filme, o diretor Niels Arden Oplev tenta recriar a experiência do controverso cult dos anos 90, mas como já é bem sabido por todos, mexer com os mortos costuma resultar em coisas ruins.

“Além da Morte” também é focado num grupo de jovens estudantes de medicina que realizam um experimento de quase-morte para explorar a pós-vida. Tudo começa com Courtney Holmes (Ellen Page), que recruta dois colegas para trazerem ela de volta após um minuto sem batimentos cardíacos. Tudo acaba ocorrendo bem apesar do ceticismo com o experimento. Courtney relata um coisas que ela nunca chegou a ver e que correspondem a realidade, além de voltar com uma “super-memória”, capaz de lembrar de acessar tudo que ela já havia aprendido com detalhes.

Empolgados com o resultado, o experimento segue com Jamie (James Norton) e Sophia (Kiersey Clemons). Marlo (Nina Dobrev) e Ray (Diego Luna) acabam se juntando ao grupo de uma forma totalmente aleatória. Cada um tem uma experiência bem particular, assim como os efeitos colaterais após serem ressuscitados. E os problemas começam exatamente aí, tanto para os personagens quanto para quem está assistindo.

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Após um curto período de tempo, os corajosos estudantes começam a ter alucinações relativas aos seus “pecados” como é colocado no filme. Esses fantasmas aparecem de formas variadas, mas fica bem claro que são alucinações a respeito de erros do passado que os personagens não lidam muito bem e se ainda culpam. E basicamente é só isso, não existe nenhuma exploração a respeito da pós-vida, ou uma tentativa de estudar o que aconteceu exatamente para eles voltarem com funções cognitivas melhoradas, nada disso. O que poderia ser um excelente filme de ficção, ou quem sabe até mesmo terror, acaba sendo uma palestra de autoajuda para crianças ricas.

Os momentos iniciais do filme já mostram o quanto tudo é desconexo, não existe um envolvimento com nenhum dos personagens, eles só estão ali estudando e atendendo alguns pacientes, mas não existe nenhuma conexão real entre eles. É dito que Courtney e Sophia costumavam ser amigas que se afastaram por motivos incertos, enquanto Jamie é claramente incompetente em tudo além de querer beber e transar muito.

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A narrativa toda é bastante forçada, nada ali convence muito. A própria presença de Marlo e Ray parecem apenas uma forma de compensar a incompetência médica dos outros personagens, que são todos estereótipos sem praticamente nenhuma motivação, isso colabora apenas para ninguém importar-se com eles. Não existe a menor conexão emocional, até mesmo quando um dos personagens morre de uma forma bem sem graça.

O pior é que os atores não são ruins, eles realmente tentam dar o melhor ali. Ellen Page é o tipo de atriz que não importa sobre o que é o filme, a gente simplesmente quer ver. Por isso mesmo ela é a que tem uma motivação real, um histórico que emociona de leve e talvez a única personagem que realmente importa ali, pois todo o elenco parece estar ali só pra preencher o tempo do filme. Kiefer Sutherland, que estava no filme original “Linha Mortal”, retorna com seu personagem Nelson Wright, mas são cenas tão insignificantes que podem passar facilmente despercebidas. Inclusive essa é a única conexão com o filme original.

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A segunda parte do filme tenta ser um filme de terror psicológico, mas falha tão miseravelmente que o público só vai querer entender qual a necessidade disso. Não tem nada ali que assuste, apenas cenas meio escuras e jumpscares sem sentido. Esse é o típico filme que se estiver passando na TV num sábado a noite e não tiver absolutamente mais nada de interessante nos outros canais, dá até pra assistir, exceto se você for um mega fã de “Linha Mortal”, e até nesse caso talvez o melhor seja só rever o original.

Fonte das imagens: Divulgação/Sony Pictures

Além da Morte

Para morrer, basta estar vivo

Diretor: Niels Arden Oplev
Duração: 110 min
Estreia: 19 / out / 2017
Thiago Moura

Curto as parada massa.