Crítica do filme Amantes Eternos

Cê tá pensando que eu sou Loki, bicho?

por
Douglas Ciriaco

11 de Agosto de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
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Tempo 🕐 5 min

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Tilda Swilton e Tom Hiddleston não são dois dos nomes mais conhecidos de Hollywood, mas sem dúvida alcançaram um grande destaque com diversas produções bem avaliadas pelo público ou pela crítica — ou por ambos. Ela já presenteou os fãs com belíssimas atuações em películas como “Constantine”, “Precisamos Falar Sobre Kevin” e “A Praia”; ele alcançou o estrelado encarnando o vilão-deus nórdico Loki nos filmes “Thor”, “Thor: O Mundo Sombrio” e “Os Vingadores”, mas a parceria de dois bons atores em “Amantes Eternos” não consegue salvar um filme trágico.

Histórias de vampiro nunca vão sair de moda, o que é bem positivo. Seja com tom mais sério e dramático, como em “Entrevista Com Vampiro”, seja com uma pegada mais trash e galhofa. como em “Garotos Perdidos”, ou ainda com amores adolescentes, como na Saga Crepúsculo, os bebedores de sangue são tema recorrente no mundo do cinema. Em “Amantes Eternos”, uma série de clichês sobre os filhos de Conde Drácula e a falta de um roteiro consistente elimina logo de cara a possibilidade de uma boa obra.

Amantes Eternos

Dirigido e escrito por Jim Jarmusch (Daunbailó), esta película trata da vida de vampiros eruditos no mundo contemporâneo. No caso, Adam (Hiddleston) e Eve (Swilton) são um casal apaixonado e com séculos de vida, com ambos vivendo em locais distantes do globo terrestre: ele em Detroit, Estados Unidos, ela em Tânger, Marrocos. Ele é um músico recluso e, segundo a trama, verdadeiro autor de diveros temas consagrados por compositores famosos, além de ter sido amigo de figuras como Lord Byron e Mary Shelley; ela faz sabe-se lá o que, pois isso não é tratado em nenhum momento. Durante uma visita nada agradával da irmã de Eve, Ava (Mia Wasikowska), a situação começa a desandar e tudo se encaminha para o final do filme.

Primeiro de tudo, não dá para entender qual a proposta da película de Jarmusch. Lógico que nem sempre a impossibilidade de classificar uma produção como drama, comédia ou aventura é um problema, mas, neste caso, isso prejudica até mesmo as expectativas do espectador. Quem leu a sinopse vai esperando uma espécie de romance abalado por problemas familiares, mas isso não se confirma e, de fato, nem dá conta daquilo que “Amantes Eternos” pretende contar.

Uma montagem sem sentido

O grande problema de "Amantes Eternos" é que seu roteiro mais parece uma colagem de histórias sem qualquer ápice, sem contar nada, sem levar a lugar algum. Os personagens são fracos e expostos de forma bastante superficial, sem qualquer aprofundamento maior em suas personalidades. Não há qualquer motivo para tudo que acontece ali e os demais personagens que orbitam o trio principal não passa de acessório bizarro, todos ainda mais sem personalidade e explicações.

Os clichês no roteiro também deixam a obra mais pedante e cansativa. O grande exemplo é esse lance de um vampiro ser na verdade um gênio oculto, autor de várias obras marcantes da história da humanidade e tudo mais. O “ápice” do filme, que acontece logo depois do aparecimento de Ava na tela, também soa totalmente sem sentido e nem isso consegue deixar a película mais intensa ou atraente, sendo mais um elemento que arrasta a obra por mais de duas horas.

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O personagem principal da obra é Adam — e, se você não reparou, os protagonistas se chamam Adão e Eva, uma “coincidência” que pode até sugerir algo, mas que não é trabalhada de forma nenhuma em “Amantes Eternos” —, e a ele é dedicado muito mais tempo na tela, mas mesmo suas peculiaridades se mantêm soltas dentro da obra. A única coisa que é explorada de sobra é a melancolia desse personagem e também a preguiça que ele tem da humanidade, outros detalhes que deixam o filme "bobinho", simples demais e totalmente previsível.

Enfim, “Amantes Eternos” não consegue ser um bom filme de vampiro e até mesmo desperdiça atuações talentosas. O filme tenta criar um drama, mas não consegue, força algumas piadinhas, é bastante previsível e deixa uma porção de pontas soltas, como se tivesse sido cortado para caber em um espaço de tempo menor do que aquele para o qual foi feito inicialmente. Pensando bem, se fosse maior, talvez fosse ainda difícil de assitir a ele até o final.

PS: para quem não sacou, o título desta crítica é um trocadilho emprestado de uma música do genial Arnaldo Baptista.

Fonte das imagens: Divulgação/
Douglas Ciriaco

Cê tá pensando que eu sou lóki, bicho?