Crítica do filme Amizade Desfeita

Afinal, que gênero era pra ser isso?

por
André Luiz Cavanha

18 de Novembro de 2015
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

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Quem vive a maior parte do tempo conectado é capaz de imediatamente se identificar com o ambiente virtual dos aplicativos e redes sociais utilizado como palco para a história de Amizade Desfeita.

O filme que chegou ao Brasil com um ano de atraso possui um trailer espantoso, que resume bem o enredo e causa angústia em cenas como a de um personagem possuído por uma força do mal que o obriga a triturar a própria mão no liquidificador.

A partir do computador de Blaire (Shelley Hennig), o espectador assiste ao diálogo entre seis adolescentes envolvidos com o suicídio de  Laura Barns (Heather Sossaman). Por meio de um perfil desconhecido que invade as conversas do grupo, cada jovem vai sendo obrigado a recordar e pagar pelas coisas ruins que fizeram para a jovem. Trata-se de uma revanche contra todo bullying que Laura sofreu em vida. 

O perfil que se manifesta pelo Skype e Facebook — que é supostamente o espírito de Laura — propõe um jogo aos participantes de uma videoconferência. Bem ao estilo de Jogos Mortais, com sádicas punições que são transmitidas em tempo real sem grandes explicações.

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Não há segredo no desenvolvimento da história: tudo é presumível a partir do trailer e a experiência durante quase uma hora e meia de duração não traz nada de novo para os entusiastas dos filmes de terror e suspense. Portanto, ir para o cinema com a expectativa de ver algo horripilante está fora de cogitação!

E se já não bastasse o esteriótipo já saturado de estudante universitário norte-americano fazendo cagadas e vivenciando a duríssima vida do primeiro mundo, a interpretação dos atores deixa a desejar. Dos gritos desesperados nos momentos de temor ao choro vazio entre desabafos e lamentações, nada se salva. Talvez a performance ruim tenha sido proposital, para que o espectador crie antipatia pelos personagens e torça pela morte de todos os colegas de Laura...

Entretanto, o ponto positivo é a criatividade na exploração dessa estética que transforma a telona em um sistema operacional, com detalhes das atividades que costumamos fazer online. Nem a logo da Universal Pictures se vê livre da ambientação nos segundos que antecedem o começo da trama!

Elementos como a baixa resolução das imagens, velocidade lenta da conexão de internet nas reproduções de vídeos no YouTube ou chamadas do Skype, assim como o amadorismo nas filmagens dão a sensação de que tudo se corresponde bem com a realidade. Garantia de pouco investimento em cenários, figurino e efeitos especiais.

Outro aspecto que salva o filme é o senso de humor do espírito maligno: enquanto todos vão sendo aniquilados, a playlist do iTunes de Blaire é povoada por faixas românticas que dão um tom extremamente irônico na trilha sonora do massacre. Algo que torna bem leve o clima, com tanta situação engraçada a ponto de nos deixar confusos sobre qual gênero afinal o diretor Levian Gabriadze desejou enquadrar a obra.

Fonte das imagens: Divulgação/

Amizade Desfeita

A ameaça de um fantasma chega às redes sociais.

Diretor: Levan Gabriadze
Duração: 83 min
Estreia: 12 / Nov / 2015
André Luiz Cavanha

Todo coração é uma célula revolucionária.