Crítica do filme Bruxa de Blair

Se perdendo em lugares conhecidos

por
Thiago Moura

15 de Setembro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Lions Gate Entertainment
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 6 min

☕ Home 💬 Críticas 🎭 Opinião

Apenas recentemente, durante a San Diego Comic-Con, foi anunciado que o projeto intitulado “The Woods”  (ou A Floresta, o famoso matagal) era na verdade uma sequência do The Blair Witch Project (o primeiro Bruxa de Blair), e isso deixou todo mundo meio confuso e intrigado.

Mistérios a parte, o sucesso do “Bruxa de Blair” original foi gerado por conta do marketing viral em cima da história, tentando convencer que o conteúdo do filme não era fictício, inclusive colocando cartazes de “desaparecido” com os rostos dos atores. E apesar de ser um marco no estilo “mockumentário”, convenhamos que o filme não era nada demais, apenas adolescentes perdidos numa floresta, pedras empilhadas, uns gravetos e uns barulhos de galhos. Então o grande atrativo do filme era a surpresa e a expectativa do público.

Dessa forma, cabe o aviso. Se você nunca viu o primeiro Bruxa de Blair, e se por acaso não viu nem o trailer desse novo filme, pare agora e vá ao cinema, Essa é a única forma de ter a experiência completa e morrer de medo da Bruxa. Caso contrário, não espere muitas novidades.

Ninguém sabia que estava sendo produzido, mas ninguém pediu também

Não entenda mal, esse não é um filme ruim. Mas de fato é extremamente parecido com o primeiro, com absolutamente todos os mesmos elementos e apenas pequenas adições que acabam sendo irrelevantes dentro do contexto geral. Nesse sentido, as cenas exploram muito mais a parte física e explícita, com ferimentos abertos, sangue, e uma bruxa absurdamente forte, capaz de derrubar árvores e arrastar qualquer pessoa pela floresta. Mas ela nunca é inteiramente visível, apenas cenas rápidas, tudo isso para manter o pouco de mistério que sobrou, e contando muito com a imaginação do espectador.

blair1 e48e0

Acredito que a grande falha seja exatamente a ausência dessa aura de mistério, pois hoje em dia o melhor que conseguiram fazer foi esconder a produção do filme com um título falso. Em nenhum momento você vai acreditar que aquilo pode realmente ter acontecido, que a maldição da Bruxa é verdadeira e que aquelas pessoas se perderam tentando provar isso. Não tem nada de errado nisso, afinal sabemos que é só um filme, mas essa camada a menos deixa o filme um pouco menos atrativo na minha opinião. "Baseado em fatos reais" já me dá mais medo, mesmo que seja mentira.

Pra quem não sabe ou prefere esquecer, Bruxa de Blair teve uma sequência chamada “A Bruxa de Blair 2 - O Livro das Sombras”, que também contava com os acontecimentos do primeiro filme para base da história, mas narrada de forma tradicional, se arriscando a explorar o mito da Bruxa ainda mais, o que acabou sendo um fiasco. Talvez para encobrir e evitar que o erro se repetisse, o diretor director Adam Wingard não ousou muito, mantendo tudo bem parecido ao original, como já foi dito.

Melhores equipamentos, mesmos erros

Como no original, o filme é feito a partir de gravações encontradas na floresta, mas as circunstâncias não ficam claras. Tudo começa quando James (James Allen McCune) encontra um vídeo da suposta cabana de Rustin Parr, o eremita que foi enforcado pelo assassinato de sete crianças, um crime que deu início ao projeto "Bruxa de Blair", pois ele justifica seus atos dizendo que foi a Bruxa que ordenou ele a fazer tudo aquilo. James é o irmão mais novo de Heather (aquela da cena que todo mundo lembra, chorando e com ranho escorrendo do nariz), que desapareceu 20 anos atrás (no primeiro filme). Ele acredita ter visto seu reflexo durante o vídeo, e pretende acampar no mesmo lugar em que ela e seus colegas desapareceram.

CPT543360405 hd 7ae64Pensando em clichês, advinha quem será o primeiro a desaparecer do grupo?

Com isso em mente, eles partem para cidade de Burkittsville em Maryland, anteriormente conhecida como Blair. Juntamente com Lisa (Callie Hernandez), uma amiga que está filmando um documentário sobre James(?), Peter (Brandon Scott), amigo de infância de James, e sua namorada Ashley (Corbin Reid). Lá eles se encontram com DarkWeb666, um morador do local que encontrou a gravação e enviou ao Youtube. Na verdade seu nome é Lane (Wes Robinson), e ao lado de sua namorada Talia (Valorie Curry), eles são fascinados pelas lendas locais, e se convidam para acampar junto.

Para documentar tudo e não se perderem, os jovens contam com uma câmera que se acopla na orelha e possui GPS embutido, além de um drone que é bem mal utilizado, câmera com visão noturna e lanternas que falham nas horas menos oportunas. Então tudo o que vemos é a partir desses equipamentos, de uma perspectiva em primeira pessoa.

Isso foi absurdamente bem trabalhado, todas as cenas são perfeitamente encaixadas usando esses ângulos, e toda a montagem das cenas estabelece um ritmo excelente ao filme. Mesmo em momentos improváveis, como quando o personagem cai, o plano acaba mostrando algo relevante, e não simplesmente mostrando o chão ou a mata vazia.

blair witch sequel 32050

Outro grande acerto é a edição de som. É seguro dizer que toda a tensão, sustos e ritmo do filme se dão por conta dos sons. Apesar de boa parte do filme ser gente perdida na floresta gritando nomes incessantemente, cada vez que um barulho estranho acontece, você vai querer prestar mais atenção e obviamente se assustar em seguida.

Talvez a maior diferença dentro dos elementos de "Bruxa de Blair", seja a cabana no final. Para quem assistiu o primeiro, lembra que Mike está virado para parede e apenas vemos ele de costas. Aqui, a cena da cabana é bem mais longa e melhor explorada, e até uma nova perspectiva sobre a Bruxa e seus poderes acaba sendo apresentada, apesar de que superficialmente.

No geral, o filme não é ruim, mas também não é nada demais. O encanto e mistério do mito que serve de base acaba sendo deixado de lado logo de cara, e tudo que acontece é bem previsível. Agora, se me convidar pra acampar no mato depois de assistir, eu não vou.

Fonte das imagens: Divulgação/Lions Gate Entertainment

Bruxa de Blair

Ela está de volta, ainda mais assustadora!

Diretor: Adam Wingard
Duração: 90 min
Estreia: 15 / Sep / 2016
Thiago Moura

Curto as parada massa.