Crítica do filme O Roubo da Taça

Malandragem e humor cheio de acertos

por
Thiago Moura

06 de Setembro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/Paris Filmes
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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O polêmico sumiço da Taça Jules Rimet em 1983 é a inspiração para “O Roubo da Taça”, do diretor Caíto Ortiz. A famosa taça foi dada ao Brasil após a Copa do Mundo de 1970, quando a seleção brasileira de futebol conquistou três campeonatos consecutivos. O troféu foi levado da sede da CBF, no Rio, em 19 de dezembro de 1983. Boatos dizem que a taça foi derretida, o destino final da taça ainda é incerto.

Essa é uma comédia de erros, onde cada personagem depende do vacilo de outro para que tudo saia como planejado. Claro que nem tudo flui perfeitamente, mas a graça está exatamente nisso. Expere um humor exagerado e até bobo, mas não piadas forçadas que precisam de risadas no fundo para ensinar ao público a hora de rir.

"Uma boa parte disso realmente aconteceu"

O filme inicia com essa frase, e quase todos os aspectos do evento real estão na película. Algumas coisas foram acrescentadas ou adaptadas, afinal isso não é um documentário, mas a história geral é bem contada e consegue prender a atenção até de quem não liga muito para futebol.

Em Dezembro de 1983, conhecemos Peralta (Paulo Tiefenthaler), um típico malandro que quer ganhar a vida com um golpe de sorte, adora jogar em cassinos clandestinos e sempre tenta resolver seus problemas com o famoso jeitinho brasileiro.

Ele é um frequentador assíduo da sede da CBD no Rio de Janeiro (atualmente CBF), pois é um fanático torcedor do Galo (Atlético Mineiro), onde fica sabendo que a famosa Taça Jules Rimet está exposta. Devido a diversas dívidas com jogos e ameaças de seus credores, ele planeja roubar a taça e vendê-la para quitar suas dívidas.

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Dolores (Taís Araújo), sua namorada, já não aguenta mais tanta enrolação e o pressiona para casar. Encuralado e desesperado, o roubo da taça parece uma opção ainda mais brilhante. Porém, como Peralta não possui experiência alguma em roubos, ele convida seu amigo supersticioso Borracha (Danilo Grangheia), que aceita o convite no ato. A dupla invade a CBD no centro do Rio, rouba o caneco do tri e mais três outras taças que estavam ali de bobeira.

O que eles não esperavam é que a taça exposta era a original, pois a réplica estava no cofre, uma ideia bem boa mesmo. Por conta disso, o furto gera uma histeria nacional, com a polícia, exército, imprensa e amantes do futebol  procurando a relíquia e os responsáveis pelo sumiço. Peralta e Borracha tentam vender a taça, mas ninguém quer participar de tamanha heresia.
Mr. Catra interpreta um possível comprador, mas seu papel é meramente um bonus para seus fãs e possíveis filhos.

Isso tudo até encontrarem Armando (Fábio Marcoff), um argentino safado que vive no coração de Copacabana que, além de aceitar derreter a ‘Jules’, passa a bombardear Dolores com seu charme de latin lover barato.

Ótimas atuações ajudam muito o filme

A escolha dos atores foi muito acertada, assim como a escolha de manter os personagens falhos e patéticos, ao invés de idealizados e lindos. Aqui não existe “bem e mal”, mas pessoas ambiciosas tentando levar a melhor em cima do erro dos outros, fazendo a história se desenvolver de forma natural e divertida, além de ser inevitável identificar pessoas conhecidas nos personagens.

Os aspectos técnico são primorosos. Além da excelente escolha de atores já citada, que conta ainda com a sempre excelente figura de Milhem Cortaz, que interpreta o investigador Cortez, o trabalho de direção de arte e fotografia prestam atenção aos detalhes de figurino e cenário, recriando o Rio da década de 80 com maestria.

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Vale ainda prestar atenção nas escolhas de planos e cameras, como steadycams que acompanham os personagens, mostrando tanto a ação quanto o cenário com um ritmo muito bom, um tanto incomum em comédias populares, o que da um charme especial ao filme.

O “Roubo da Taça” foi produzida pela plataforma de streaming Netflix, que vem mantendo um nível elevadíssimo em suas produções, e essa é mais uma escolha bem interessante. O filme é incrivelmente bom nos aspectos técnicos, e consegue acertar no humor exagerado sem parecer forçado. A torcida agora é para que as produções nacionais continuem nesse nível.

Fonte das imagens: Divulgação/Paris Filmes

O Roubo da Taça

A taça do mundo (era) nossa!

Diretor: Caito Ortiz
Duração: 90 min
Estreia: 8 / Sep / 2016
Thiago Moura

Curto as parada massa.