Crítica do filme Uma Aventura Lego 2

Nem tudo é incríveeel!

por
Thiago Moura

07 de Fevereiro de 2019
Fonte da imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Cinco anos se passaram desde “Uma Aventura Lego”, um filme que superou todas as expectativas, indo muito além de um comercial de brinquedos de uma hora e meia para se tornar uma animação irreverente com personagens cativantes e uma música que grudou no seu cérebro para sempre. Mas talvez nem tudo seja incrível para sempre.

Uma Aventura Lego 2” começa exatamente do ponto em que o primeiro acabou, seguindo a invasão das peças Duplo, Blocópolis tornou-se um lugar desolado e agressivo, chamado agora de Apocalipsópolis, bem no clima de “Mad Max”. Lucy “Megaestilo” (Elizabeth Banks / Priscila Amorim) não tem problemas em se adaptar, enquanto Emmet (Chris Pratt / Renan Freitas) continua o mesmo ingênuo otimista de sempre.

Mas o mundo deixou de ser gentil com os de coração mole, e a pressão para se tornar mais “durão” abala o relacionamento entre Emmet e Lucy. Para piorar a situação, os Duplos invadem e sequestram Lucy, assim como Batman (Will Arnett / Duda Ribeiro), Benny o Astronauta (Charlie Day / Léo Martins), Barba de Ferro (Nick Offerman / Jorge Vasconcellos) e Princesa Unigata (Alison Brie / Marisa Leal), levando-os até o Sistema Maná.

TUDO É INCRÍVEEEEEL!

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No primeiro filme fica claro que toda a história é parte da imaginação do garoto Finn (Jadon Sand / André Luiz Marcondes) e sua relação com o seu pai e as peças de Lego. Nessa segunda parte o universo é expandido para o Sistema Maná, também conhecido como o quarto da irmãzinha de Finn, Bianca (Brooklynn Prince). Da mesma forma, Apocalipsópolis é apenas uma manifestação de um adolescente que não gosta mais de coisas coloridas, enquanto Bianca introduz peças diferentes, brilho, adesivos e tudo puder encontrar para enriquecer sua brincadeira.

Phil Lord e Christopher Miller saem da direção para dar lugar a Mike Mitchell, mas continuam como roteiristas. Deixando de lado a comédia desenfreada e as limitações dos bonecos para focar mais na metalinguagem, grande parte do encanto da aventura Lego desaparece. O iminente “Ar-Mama-geddon” que paira sobre a história atormenta os dois personagens humanos, toda a vez que os irmão brigam a Mãe (Maya Rudolph) ameaça colocar todas as peças Lego num baú.

Outro ponto que acaba falhando é essa utilização de trocadilhos para os nomes. Apesar da excelente dublagem brasileira e do trabalho de localização, muitos nomes ficam forçados, como da Rainha “Tuduki Eukiser’ Ser” (no original Watevra Wa'Nabi dublada por Tiffany Haddish). Não é nada que comprometa a animação, mas fica parecendo uma solução simplista demais para um filme desse porte.

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O grupo sequestrado encontra a Rainha Tuduki Eukiser e descobrem que ela é composta por blocos mais simples, mas muda de forma a cada 5 segundos. Seu plano é casar-se com Batman, fazendo uma espécie de lavagem cerebral para tornar todo mundo muito mais brilhante e feliz. Brincando com o sucesso do primeiro filme, há uma canção chamada “Essa Música Vai Grudar Em Você” (ouça a versão em inglês aqui) para mostrar que a vida no Sistema Maná não é tão ruim assim.

Emmet tenta resgatar Lucy, e conta com a ajuda de um personagem novo chamado Rex Perigoso, que possui uma espaço-nave populada por velociraptors e representa exatamente tudo que Emmet quer ser para tentar agradar Lucy. As piadas com os dinossauros remetem bastante ao humor do primeiro filme, uma pena que são momentos pontuais mas que garantem gostosas risadas.

Assim como muitas sequências de filmes infantis, “Uma Aventura Lego 2” é sobre amadurecimento, mas aqui ela aparece com uma versão distorcida de maturidade. Finn está se tornando mais pragmático e parecido com seu pai, enquanto Bianca está explorando os limites de sua imaginação, misturando brinquedos novos com os mais tradicionais, além dos já citados Duplos. Ela não quer coerência, só quer construir um bolo de casamento gigante, ter uma piscina de purpurina e um Batman branco e brilhante, mantendo a essência do que o primeiro filme representava.

Crescer é parar de se divertir

O roteiro é repleto de piadas com referências hollywoodianas voltadas para os adultos, como Bruce Willis morando nos dutos de ventilação, enquanto que cenas como uma banana que vive escorregando sozinha e a Mãe pisando em peças de Lego, comparando com a dor do parto.

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Com exceção de poucas cenas engraçadas de verdade, são sacadas que pecam pela falta de criatividade para tentar garantir uma piada. “Uma Aventura Lego 2” tenta manter o nível de seu antecessor e expandir seu universo, mas acaba sendo mais do mesmo. Não é um fracasso como “Lego Ninjago” mas também não é divertido como “Lego Batman”, sendo um meio termo morno. O pouco que resta de Lego acaba sendo impedido pelos personagens live-action, já que a animação continua linda, mas nada é tão incrível quanto antes.

Fonte das imagens: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Uma Aventura LEGO 2

É a hora de ir onde nenhuma peça já chegou

Diretor: Mike Mitchell, Trisha Gum
Duração: 106 min
Estreia: 7 / Fev / 2019
Thiago Moura

Curto as parada massa.