Crítica do filme Victor Frankenstein

Está vivo! Mas não deveria...

por
Thiago Moura

14 de Janeiro de 2016
Fonte da imagem: Divulgação/20th Century Studios
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 3 min

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Você já conhece a história. Um clarão de um relâmpago, um gênio louco e uma criatura profana. Igor Strausman (Daniel Radcliffe) começa advertendo que não podemos esperar apenas mais uma adaptação literal do amado conto de terror clássico de Mary Shelley.

Ao invés, o escritor Max Landis preferiu focar na relação entre o protagonista que empresta o nome ao título do filme (interpretado por James McAvoy) – e seu fiel aprendiz e futuro sócio Igor, peça chave para execução do insano sonho de trazer os mortos de volta a vida.

O filme começa em um circo, onde Igor é um palhaço corcunda que utiliza os estudos em medicina e anatomia como fuga para sua vida de sofrimento e humilhação. Toda sua dedicação e talento natural vão a prova quando a principal acrobata do espetáculo sofre um acidente, despencando do trapézio em uma queda fatal.

Por acaso, Victor Frankenstein assistia o espetáculo, mas mesmo com todo seu conhecimento médico não poderia realizar uma operação sem os intrumentos. Igor e Victor unem sua sabedoria e conseguem salvar a moça de um destino fatal. E é assim que começa uma linda história de amor.

Namore alguém que te olhe como o Victor olha pro Igor
Namore alguém que te olhe como o Victor olha pro Igor!

Toda a história se desenvolve a partir dessa relação, em que Igor contribui enormemente com seus conhecimentos, permitindo ao gênio louco criar monstruosidades a partir de animais mortos e até mesmo vítimas humanas. O clima de terror é praticamente nulo, sendo um filme focado especialmente nos costumes e ideias proto-pseudo-cientifícas da Era Vitoriana que todo mundo ama.

O filme foca bastante na ideia iluminista de progresso e razão em oposição a fé e superstição implantada pela Igreja. A figura religiosa é mostrada a partir do Inspetor Turpin (Andrew Scott), cuja investigação é totalmente sem sentido e motivada de uma forma extremamente pessoal. Mas ele está lá pra lembrar que aquilo tudo não é de Deus. Da mesma forma, o interesse romântico de Igor, que é bem clichê e óbvio, está ali pra impedi-lo de continuar a ajudar o médico doidão.

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É importante notar que em nenhum momento o monstro Frankestein foi citado, e não é por acaso. Ele demora muito pra aparecer, e você provavelmente gostaria que isso nem acontecesse. A criatura que povoou os pesadelos de muita gente durante gerações, acaba sendo apenas um gigante querendo destruir tudo, e no momento em que ele aparece você já não aguenta mais assistir essa “obra”.

Vale salientar que o Harry Potter e o Professor Xavier são realmente a alma do filme, sem eles ali dificilmente o filme teria a menor graça. Os diálogos prolixos servem bem para o clima do filme, e os discursos inflamados de Frankenstein tornam a história mais tolerável e divertida. De fato esse é praticamente um “filme de origem”, tentando centralizar a história mais no criador do que na criatura. O diretor Paul McGuigan, que dirigiu vários episódios de Sherlock e por isso mesmo está bem ambientado na Era Vitoriana, consegue introduzir um debate entre tecnologia e teologia que infelizmente tem um desfecho tedioso, então o importante é ver o processo e o que levou a criação da terrível criatura, já que a história de sua “vida” é amplamente conhecida.

Fonte das imagens: Divulgação/20th Century Studios

Victor Frankenstein

Uma releitura do clássico de Mary Shelley com Daniel Radcliffe e James McAvoy

Diretor: Paul McGuigan
Duração: 110 min
Estreia: 26 / Nov / 2015
Thiago Moura

Curto as parada massa.