Crítica do filme Vida

Não estamos sós e isso é terrível

por
Thiago Moura

21 de Abril de 2017
Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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Dirigido por Daniel Espinosa, “Vida” conta a história de um grupo de astronautas na International Space Station (ISS), encarregados de analisar uma amostra de terra recuperada de Marte e procurar sinais de vida ou vegetação. Eles descobrem um único organismo celular diferente de tudo que foi encontrado anteriormente, que após ser alimentado com a quantia certa de oxigênio e glicose, começa a se desenvolver incrivelmente rápido com o passar dos dias.

Após uma votação na Terra, esse organismo é batizado de “Calvin”. A estrutura inteira da criatura tem a função dos músculos, olhos e cérebro, e após uma eventual hostilidade acidental, passa a agir agressivamente contra os habitantes da Estação Espacial, perseguindo e matando cada membro em um espetáculo sangrento, com o simples propósito de sobreviver.

Assim como o Xenomorfo de “Alien, o Oitavo Passageiro” ver a criatura evoluindo é um dos principais prazeres em acompanhar a trama. Ainda que busque ser um terror espacial, “Vida” acaba ficando mais para um suspense, deixando pouquíssimo espaço para a imaginação e apostando muito na obviedade e realismo. Daniel Espinosa tenta reproduzir um Estação Espacial bem convincente, contando com consultores de diversas áreas para garantir isso. Ao mesmo tempo que isso traz a dose de realidade para tornar a história crível, acaba limitando o filme esteticamente.

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E sim, é inevitável a comparação com “Alien” de Ridley Scott, marco na ficção científica de 1979, mas ainda que a inspiração seja gritante, “Vida” utiliza a mesma estrutura de “Alien”, mas sem revisitar cenas ou tentando reinventar o estilo. Porém, ao contrário de “Alien”, possui um elenco variado e alguns grandes nomes, mas não necessariamente foca em um protagonista. Todos os personagens possuem uma função distinta na estação, assim como personalidades e históricos que tem o propósito de cativar e convencer o espectador de que são pessoas reais ali.

Entretanto, isso tudo só se mantêm até a metade do filme, onde as sucessivas mortes vão delineando os prováveis sobreviventes, que insistem em explicar seus planos e em seguida executar o passo-a-passo, para garantir que ninguém se perca por mais óbvio que aquilo possa parecer. De qualquer forma, os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick (que trabalharam anteriormente em “Deadpool”) fizeram um bom trabalho em costurar a história de forma convincente, sobretudo com a escolha do elenco e o desenvolvimento dos personagens.

Ao contrário de “Gravidade”, onde a imensidão do espaço e as consequências de alguém vagando por aí é quase um personagem a parte, em “Vida”, quase todas as cenas são claustrofóbicas e opressivas. seja por conta dos apertados corredores da Estação, dos trajes espaciais ou de um alienígena grudado na sua perna. Por todas as limitações, são as atuações que fazem tudo ficar interessante.

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Jake Gyllenhaal, Ryan Reynolds e Rebecca Ferguson fazem seus trabalhos sem ofuscar um ao outro, e as estrelas internacionais Hiroyuki Sanada, Olga Dihovichnaya, e Ariyon Bakare não ficam para trás, com destaque para Bakare, que interpreta um cientista que não possui o movimento das pernas, mas isso não é uma limitação no espaço, demonstrando todo seu intelecto tanto racional como emocional, contribuindo com as maiores reflexões e análises dentro do filme.

O principal boato relacionado a esse filme é que Calvin, o marciano, seria futuramente o simbionte Venom, spinoff de Homem-Aranha confirmado pela Sony para 2018. Não existe nada que confirme essa teoria, além de uma cena que acabou sendo usada nos trailers de “Vida”, que supostamente foi retirada de “Homem-Aranha 3”, e as características de Calvin serem bem semelhantes às do simbionte. Ainda que seja um chute bem longo, pessoalmente eu gostaria muito que isso fosse verdade, pois uma origem embasada em um filme de ficção científica daria um background rico para um personagem vindo das histórias em quadrinho.

“Vida” aposta na trilha agoniante, no sangue jorrando e nos ataques surpresas da criatura marciana. Porém, não há nenhuma variação nessa dinâmica, nada provocante de verdade. A tensão é dissolvida rapidamente, os sustos não são tão impactantes e a curiosidade para saber até onde aquilo vai chegar é o que mantém o espectador assistindo. E vale a pena, pois a sequência final é sem sombra de dúvidas a melhor parte do filme. Ainda que previsível, deixa aquela sensação de “e agora, quais são as consequências disso?”.

Fonte das imagens: Divulgação/Sony Pictures

Vida

Há outras formas de vida além da humana?

Diretor: Daniel Espinosa
Duração: 104 min
Estreia: 20 / Apr / 2017
Thiago Moura

Curto as parada massa.