Crítica do filme Oldboy (2013)

Remake com o peso do original levado nas costas

por
Edelson Werlish

02 de Julho de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 4 min

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A primeira adaptação de Oldboy, de 2003, foi impactante. O homônimo coreano, dirigido por Park Chan-wook e baseado no mangá japonês de mesmo nome, trouxe às telonas cenas recheadas de ultraviolência, imagens sufocantes permeadas por uma fotografia escura e cheia de contrastes, e, principalmente, um enredo sinistro que deixou todos com aquele UOW ao seu final.

Dez anos depois, Spike Lee nos presenteia com um remake hollywoodiano da obra oriental, trazendo junto com ele, todos os aspectos positivos do seu predecessor, porém, com um elemento a mais: a necessidade de se construir um remake norte-americano.

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Não há como assistir a “Oldboy – Dias de Vingança” (a versão brasileira ganhou esse subtítulo super inovador) sem olhar para seu irmão mais velho. Além de ser uma refilmagem, Spike Lee faz questão de colocar aos créditos iniciais que seu longa é baseado na versão coreana, e não diretamente no mangá escrito por Nobuaki Minegishi e Garon Tsuchiya. Isso automaticamente nos leva a comparar a todo momento os dois filmes, tanto pelas personagens, quanto pela história e as cenas icônicas.

Nesta nova versão, Josh Brolin faz o papel do sequestrado. O personagem Joe Doucett é mantido preso (desta vez por 20 anos), sem saber o porquê de seu rapto, e irá, ao longo desse tempo, fazer exercícios pra ficar bombado, escrever cartas para sua filha de apenas três anos, da qual foi separado, e, planejar subitamente sua vingança para quando sair de sua reclusão, matar todo mundo. Basicamente, a mesma treta do anterior.

Josh Brolin, foi de adolescente aventureiro em “Os Goonies” para cowboy fora-da-lei em “Onde os Fracos Não Tem Vez”, conquistando a simpatia de todos nós. Em Oldboy, cumpre seu papel. Começa com uma personalidade escrota, fica duas décadas trancado em um quarto de hotel lutando contra seus demônios interiores e vai atrás de seu destino após a “liberdade”. De alguma forma, sua própria atuação é um remake daquela de Choi Min-sik, o que acaba diminuindo a empolgação do telespectador.

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Não apenas a atuação, mas também as cenas de ação e sintonia do filme rementem à todo momento ao longa antigo. A incrível luta em plano sequência com o martelo, que neste não é totalmente em sequência, é um exemplo disso.

Outro fator que incomoda, é a pressa pela qual Dias de Vingança tem em chegar a sua conclusão. Muitos elementos novos que poderiam ser melhor aproveitados, são praticamente descartados em fator da necessidade de chegarmos ao final da película. São alguns deles: a ligação entre Joe e a sua parceira, desta vez interpretada pela linda Elizabeth Olsen, e, a treta entre ele e o gerente da prisão, feito por ninguém menos que Samuel L. Jackson (sim, ele está nesse filme também).

Jackson, por sinal, sempre agrega ao camarote filme. Mesmo não sendo o centro da encrenca, um simples motherfucker seu (sim, ele fala isso nesse filme também), traz sempre momentos de tensão. No mínimo, engraçado.

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Ao comparar os dois filmes, o de Spike Lee fica para trás. Como explicado no início, a necessidade de se fazer um remake traz toda uma responsabilidade ao longa que talvez sem o original coreano, ele se tornaria uma verdadeira obra memorável. Apesar de uma boa produção, ficamos sem aquelas cenas claustrofóbicas e final surpreendente (que por sinal, é diferente do antigo).

Infelizmente — ou felizmente, porque “Oldboy – Dias de Vingança” não é um filme ruim (afinal, estamos falando de Spike Lee) —, esse remake vai ter que andar para sempre levando o peso do original em suas costas.

Fonte das imagens: Divulgação/
Edelson Werlish

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