Channing Tatum - Café com Filme

Crítica do filme Ave, César! | Piadas internas da indústria

É inegável que Ethan Coen e Joel Coen (também conhecidos como Irmãos Coen) são verdadeiros gênios da indústria cinematográfica. É possível que você não tenha visto nenhum filme deles (ou quem sabe você não curta o estilo), mas é inegável que o portfólio dessa dupla é de cair o queixo.

Com mais de trinta anos de experiência, alguns títulos de sucesso (incluindo aí a direção de “O Grande Lebowski” e o roteiro de “Ponte dos Espiões”) e mostrando versatilidade ao transitar entre vários cargos, os dois apresentam bagagem de sobra para mostrar a indústria ao mundo.

Este é justamente o objetivo em “Ave, César”, nova obra produzida, dirigida e roteirizada pelos Coen. Neste longa, acompanhamos a história do assistente de estúdio Eddie Manix (Josh Brolin), que se vê no meio de um problema sem tamanhos quando alguns malucos denominados apenas como "O Futuro" sequestram o astro de cinema Baird Whitlock (George Clooney).

Sem saber o que fazer e de onde arranjar o dinheiro solicitado para o resgate, ele resolve procurar a ajuda de alguns amigos inusitados da indústria, mas seu dia vai ser muito longo para tentar conseguir manter todos tranquilos sem que ninguém descubra a verdade. Com várias histórias paralelas, o filme tenta exibir um pouco da loucura dos estúdios para a plateia.

Um pouco da verdadeira Hollywood

Ver filmes no cinema é uma experiência maravilhosa e, muitas vezes, impressionante, se considerarmos o valor irrisório que pagamos para tal tipo de entretenimento. Se formos colocar na ponta do lápis, é de ficar boquiaberto que uma obra de tamanha qualidade e capricho (pensando aqui em filmes da mais alta qualidade) possa chegar de forma tão fácil até o público.

No entanto, a produção de um filme demanda dedicação, criatividade, dinheiro e, claro, paixão pela sétima arte. As pessoas que estão por trás nos bastidores sequer são reconhecidas pelo empenho que têm para com a obra. Não apenas no sentido da organização durante às gravações, mas falamos aqui também do rebolado necessário para lidar com as personalidades excêntricas do meio.

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O personagem de Josh Brolin vem justamente para mostrar como a indústria pode ser complicada e até cansativa. O filme “Ave, César!” mistura múltiplas histórias que retratam a produção de vários filmes que são gravados simultaneamente, retratando assim a versatilidade do assistente que precisa se desdobrar para satisfazer os atores, bem como ceder às vontades dos grandes nomes da indústria.

É legal que o filme não fica apenas dentro dos estúdios, mas expande os limites ao levar a história para o lado pessoal, comentando sobre outras possibilidades que alguns personagens poderiam ter fora de Hollywood, algo que, no entanto, nem sempre acontece, já que as pessoas que ali trabalham fazem tudo por paixão (não que o dinheiro não compense, porém poderia ser melhor).

Outra coisa legal do novo filme dos Coen é justamente perceber outras faces da indústria, que precisa maquiar a vida pessoal dos atores — para não haver escândalos — e diversificar (exigindo muito talento dos atores) para levar tanto inovação quanto clichês ao público. Os jornais também aparecem, cumprindo o papel de fofoqueiro, falando da vida imperfeita das celebridades.

Comédia para poucos

Toda essa abordagem interna das produções é algo que colabora para a construção da película. O filme se mostra interessante na maior parte do tempo, ainda mais porque mistura várias tramas e deixa o espectador curioso para saber como tudo isso vai acabar. Só que ele se arrasta bastante para contar os pormenores e interligar tudo.

O pior é que “Ave, César!” chega ao público como uma comédia, mas o estilo de humor aqui é pouco convencional. Em vez de ter cenas com piadas realmente hilárias, a película tenta arrancar algumas gargalhadas com dancinhas (e ótimos rebolados de Channing Tatum), situações bizarras e diálogos regados na base de uma zoeira mais controlada. É claro que é legal ver um Cowboy (Alden Ehrenreich) tentando encarnar um papel diferente, mas isso não é tão engraçado.

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Há sim alguns diálogos bem construídos e que acabam sendo tanto coerentes quanto divertidos — caso das discussões entre estúdio e religiosos, bem como das argumentações dos comunistas. Só que é um estilo de comédia diferente, que talvez agrade alguns poucos cinéfilos, mas que não faz o tipo do público que curte mais filmes escrachados.

Os atores até que colaboram legal para o desenvolvimento de filme, também temos que considerar que estamos falando de um time de peso né, com grandes nomes da cena hollywoodiana. Josh Brolin certamente é o pilar de todo o longa-metragem, fazendo as pontas e mantendo os diálogos sempre coerentes. Atores como George Clooney, Channing Tatum e Scarlett Johansson também são de suma importância, mas os papéis limitados impedem que eles se destaquem, ainda que quando estão em cena são muito competentes.

No fim, o novo dos Coen tenta abraçar o mundo e amarrar várias situações em uma história divertida, mas a falta de sintonia com o público limita a película a contar suas piadas para poucos. É a tal da piada interna, que pode até ter alguma graça, mas que não convence no todo. Vale mais para quem é cinéfilo mesmo...

Ave, César! | Trailer legendado e sinopse

O assistente de estúdio Eddie Manix (Josh Brolin) se vê cheio de problemas para corrigir quando alguns malucos denominados apenas como "O Futuro" sequestram o astro de cinema Baird Whitlock (George Clooney). Sem saber o que fazer e de onde arranjar o dinheiro solicitado, ele resolve procurar a ajuda de alguns amigos inusitados, mas seu dia vai ser muito longo para tentar conseguir manter todos tranquilos sem que ninguém descubra a verdade.

Os Oito Odiados | Trailer legendado, galeria de imagens e sinopse

Os Oito Odiados é o oitavo filme do diretor Quentin Tarantino, que estreia no Brasil no dia 7 de janeiro de 2016. O faroeste tem oito personagens: O Caçador de Recompensas (Samuel L. Jackson); O Carrasco (Kurt Russell); O Confederado (Bruce Dern); O Cowboy (Michael Madsen); O Mexicano (Demián Bichir); O Pequeno (Tim Roth); A Prisioneira (Jennifer Jason Leigh); e O Xerife (Walton Goggins). Em breve, novas informações.

Querido John | Trailer legendado e sinopse

Querido John conta a história de John Tyree (Channing Tatum), um jovem soldado que foi para casa durante uma licença e de Savannah Curtis (Amanda Seyfried), a jovem universitária idealista por quem ele se apaixona durante as férias de faculdade. Durante os próximos sete tumultuosos anos, o casal é separado pelas missões cada vez mais perigosas de John. Apesar de se encontrarem raras vezes, o casal mantém o contato por meio de cartas de amor. Essa correspondência acaba por provocar uma situação com consequências nefastas. 

Magic Mike XXL | Novo trailer legendado e sinopse

Magic Mike XXL reencontra os Reis de Tampa prontos para jogar a toalha. A história tem início três anos após Mike ter deixado a vida de stripper para trás, porém, eles querem que a despedida aconteça de um jeito bem peculiar: incendiando a casa com uma última performance arrasadora em Myrtle Beach, com a presença do lendário Magic Mike.

No caminho para o último show, uma parada estratégica em Jacksonville e Savannah para rever velhos conhecidos e fazer novas amizades, Mike e os garotos aprendem novos movimentos e sacodem o passado de forma surpreendente.

Em novos papéis, unindo-se ao elenco do primeiro filme, estão Elizabeth Banks (filmes “Jogos Vorazes”), Donald Glover (série de TV “Community”), Amber Heard (“Diário de um Jornalista Bêbado”), Andie MacDowell (“Footloose”), Jada Pinkett Smith (série de TV “Gotham”) e Michael Strahan (programa de TV “Live! with Kelly and Michael”).

Crítica d'O Destino de Júpiter | A (des)genialidade incompreendida dos Wachowski

O ano é 1999, pré-bug do milênio, e você provavelmente fez a pergunta: O que é a Matrix? Essa coisa louca, que bombou na época, veio do filme de mesmo nome, escrito e dirigido pelos irmãos Andy e Lana Wachowski (esse segundo ainda chamado pelo seu nome masculino de Larry).

Matrix foi uma obra que revolucionou em diversos sentidos, principalmente na área de efeitos especiais e em conceitos narrativos, sendo responsável por unir, em uma mesma história elementos diversificados da ficção científica, literatura, HQ’s, animes, literatura, religião e muitos outros.

Seu sucesso de crítica e bilheteria deixou um grande legado para a história cinematográfica e um triunfo para seus próprios criadores. Ou não. O problema de se ter um filme como Matrix no currículo, é que as pessoas acabam elevando todos os níveis de análise para seus futuros trabalhos.

E 15 anos depois, o que temos? O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending), o mais recente trabalho e primeira criação original da dupla desde Matrix, que também traz os conceitos wachowskianos de unir várias culturas e estilos em uma mesma narrativa para criar um produto original. Porém, dessa vez as coisas não funcionam muito bem, e a película acaba se tornando, na verdade, uma grande salada de frutas científica (gênero original criado por este redator).

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Sua trama traz a personagem titular Júpiter Jones, interpretada (e sejamos sinceros, uma atuação bem esdrúxula) pela atriz Mila Kunis, ao melhor estilo “sabe de nada inocente”, que nasce na terra, porém, acaba descobrindo que é a reencarnação da rainha do universo que tem direito de governar o planeta. Logo, todos querem sua cabeça, e apenas uma pessoa em toda a Via Láctea pode salvá-la da tirania dos vilões intergaláctico e dragões espaciais: Caine, o soldado lobo-mutante com orelha de elfo e botas antigravidade, interpretado por Channing Tatum (sim, tem tudo isso no filme, e muito mais). Nesta sinopse de poucas linhas eu consegui explicar praticamente uns 2% de filme.

Parece muita loucura, e é mesmo. O Destino de Júpiter não é um filme fácil de se entender no começo. Com meia hora de cinema, você praticamente não sabe nada o que está acontecendo em tela. Com mais meia hora de cenas, você começa a entender uma coisa ou outra. Com mais meia hora, você percebe que tudo aquilo que viu até agora, talvez não seja tão importante quanto curtir a bela imagem que vídeo proporciona e as lutas que podem rolar no embate final. Ou seja, o que sobressai no longa nada mais é do que a liberdade poética adquirida pelos Wachowski na era pós-Matrix; e o filme, se torna um grande videoclipe de música clássica.

Mila Kunis, que outrora nos abrilhantou com uma grande coadjuvante em Cisne Negro, claramente atua como se não acreditasse no papel e história que está fazendo. Channing Tatum é o herói-galã que faz tudo, menos mostrar que realmente gosta da moça principal.

E qual é o Destino de Júpiter?

Apesar de tudo, temos alguns pontos bem interessantes criados pelos irmãos em seu novo universo, como conceitos políticos e aristocráticos postos em uma escala espacial, o jogo do poder entre famílias e a religião posta como produto científico. Na história, a questão da reencarnação é explicada como um realinhamento de genes no DNA dos seres (ou mais ou menos isso), e a grande chave para a busca do poder infinito, é poder controlar o tempo e aumentar a duração do tempo de vida. Para isso, a grande sacada do filme é matar o “escolhido” e usar a terra como celeiro para criar humanos que servirão de combustível para as necessidades de um grande plano. Mas espera aí, o escolhido, utilizar humanos como combustível? Isso não parece um pouco familiar?

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O Destino de Júpiter, no final, acaba sendo uma versão “hardcore” de Matrix, só que sem aquele impacto platônico e efeitos visuais que marcaram época. Os Wachowski, que trabalham tão bem com a filosofia em suas obras, acabam deixando ela de lado em prol da ação, sons fortes, explosivos e câmeras rodopiando por todos os lados. Assim, o longa não encontra seu “espaço”. Não sabe se vai ser o grande blockbuster do verão ou aquele grande filme cult que vai deixar perguntas no ar e reflexões para as próximas gerações.

Numa temporada com grandes lançamentos na telona, inclusive com os principais concorrentes ao Oscar (que neste ano estão muito bons), O Destino de Júpiter acaba sendo um peixe fora d’água e uma paródia de si mesmo.