Chris Pratt - Café com Filme

Crítica do filme Vingadores: Ultimato | Um espetacular e glorioso fim

Finalmente o aguardado “Vingadores: Ultimato” chegou às telonas, continuação direta de “Guerra Infinita” e o ápice do popular gênero “filmes baseados em quadrinhos”. As expectativas eram altíssimas, exatamente tudo que um fã dos filmes da Marvel poderia sonhar foi entregue.

São três horas de pura adrenalina bombando no coração sem deixar de lado a solução dos mistérios deixados em aberto, as consequências de tudo que já aconteceu, diversas referências às histórias em quadrinhos e a conclusão dos arcos dos heróis mais queridos da atualidade. O único spoiler necessário é: prepare-se para uma montanha russa de emoções.

Difícil falar que um filme é perfeito, principalmente porque é impossível agradar uma legião de bilhões de fãs, então com certeza "Ultimato" não é livre de defeitos. Porém, essas falhas estão sobre camadas de personagens carismáticos e efeitos visuais grandiosos que viabilizam transcender esses pequenos detalhes em um filme titanicamente épico e imensamente satisfatório.

Como lidar com a perda?

“Ultimato” prometia ser a complexa conclusão histórica da última década em que investimos emocionalmente em super-heróis e entrega exatamente o que prometeu. O filme começa relembrando as consequências do estalo que Thanos deu usando a Manopla do Infinito, em uma sequência que poderia ser apenas mais uma “cena pós-crédito”, mas que dá o tom exato para o longa: mostrar como cada personagem lidou com as perdas e como seguir em frente depois de algo tão avassalador. Metade do universo se foi e cabe aos Vingadores resolver o problema.

Diversas teorias foram formuladas pelos fãs, expectativas altas, trailers que mostram apenas os 20 minutos iniciais, e novamente os irmãos Russo conseguiram provar que nada é tão óbvio quanto parece. O cuidado com a narrativa é uma forma de agradecer aos fãs que passaram os últimos 11 anos acompanhando essa história, além de aproveitar para inserir momentos icônicos dos quadrinhos da forma mais inusitada possível. É extremamente emocionante e as lágrimas vão se mostrar diversas vezes, tanto de alegria quanto de tristeza.

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Assim como “Guerra Infinita” e “Guerra Civil”, “Ultimato” é dirigido por Joe e Anthony Russo, com roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely. A trama é bastante intrincada, tornando-se ainda mais complexa ao decorrer do filme. Raros são os momentos em que é óbvio como a situação será resolvida ou se ao menos será resolvida. A sensação de que tudo pode acabar dando errado é constante, suspendendo a crença de que o filme está ali para concluir com um final feliz, pois talvez nem seja tão feliz assim. Porém, é extremamente impressionante e satisfatório.

Embora o filme inclua muitos personagens “menos relevantes” da Marvel, como Rocket, Homem-Formiga, Máquina de Combate… “Ultimato” foca muito nos Vingadores originais. Além da batalha final contra Thanos, temos Homem de Ferro, Capitão América, Viúva Negra, Thor, Hulk e Gavião Arqueiro em arcos de história pessoais com ricas narrativas, adicionando ainda mais emoção e sentimentalismo para um filme que já seria robusto o suficiente sem isso.

No decorrer do filme, cada um desses personagens passa por uma jornada transformadora, nem todos para melhor. Alguns lidaram bem com os problemas, outros se voltaram para os lados mais sombrios do ser humano, mas após mais de uma década acompanhando esses heróis, é muito gratificante e emocionante ver tudo isso acontecer. Infelizmente não poderei tratar com mais profundidade desse assunto para evitar spoilers, mas basta dizer que vale muito a pena.

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Grande parte desse sucesso deve-se aos atores que encarnaram totalmente seus papéis, e em “Ultimato” eles entregaram a melhor performance de todas. Robert Downey Jr., Chris Evans, Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth e Jeremy Renner brilham sem esforço. Vale mencionar também Karen Gillan como Nebulosa, Josh Brolin como Thanos e Paul Rudd como Homem-Formiga, que dão um show a parte. É de se esperar que nem todos os personagens tenham o tempo de tela merecido, mas basta lembrar que a Marvel tem planos para mais séries e filmes com os personagens que aparecem pouco, então nada aqui é feito sem propósito.

Custe o que custar

Se a ambiciosa narrativa de “Ultimato” é o que torna o filme tão impactante, é também responsável por alguns tropeços. Há momentos em que a trama se resolve de forma muito conveniente ou com poucas explicações em comparação com o resto da história, mas tudo é facilmente relevado. “Ultimato” é claramente focado nos fãs, todas as referências e lembranças dos filmes estão ali pelo simples propósito de recompensar quem adora esse tipo de filme. É fácil elencar os momentos mais emocionantes, as aparições de personagens tão queridos e momentos tão marcantes, mas será muito melhor ver do que apenas saber.

Nada disso seria possível sem a maestria técnica que o longa possui. Foi necessário um malabarismo para contar cinco ou seis histórias simultaneamente sem deixar todo mundo confuso, os irmãos Russo juntamente com os editores precisaram porcionar cada momento para sempre ficar aquele sentimento de tensão no final de cada sequência, para culminar num climax de tirar o fôlego e arrancar lágrimas até mesmo dos espectadores mais frios e calculistas.

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A música de Alan Silvestri é parte do espetáculo, não apenas ampliado o caleidoscópio emocional do público, mas prestando respeitável homenagem a todos os outros compositores dos filmes do Universo Marvel. Os efeitos visuais, de transformações físicas até recriações digitais, são incríveis e servem para enaltecer ainda mais a narrativa e a experiência de Ultimato como um todo.

Avante Vingadores!

Após 11 anos e 21 filmes, “Vingadores: Ultimato” é muito mais que apenas um filme. É uma experiência pessoal. Funciona como um filme individual, mas com certeza é o ápice de uma construção cinematográfica colossal, a peça final de um quebra cabeça gigantesco em que todos nós colocamos uma peça.

A tradicional cena pós-crédito não foi incluída, marcando assim um futuro misterioso (se desconsiderarmos o calendário de produções da Marvel), mas pela constante evolução das histórias, as dicas deixadas no filme e o inevitável sentimento de "quero mais", podemos esperar produções diversificadas e cada vez melhores.

Desnecessário dizer que assistir um filme desse porte no cinema é mais do que aconselhável, é praticamente obrigatório. Esse é o final da Fase 3 da Marvel  (ou talvez seja “Homem-Aranha Longe de Casa?”), que agora possui o direito dos personagens da Fox, então patamares ainda maiores nos esperam no futuro desse incrível universo, e estaremos lá!

Billy The Kid - O Fora da Lei | Trailer oficial e sinopse

Neste emocionante oeste, um menino, Rio (Jake Schur), é forçado a fugir pelo sudoeste americano em uma tentativa desesperada de salvar sua irmã (Leila George) de seu tio (Chris Pratt). Ao longo do caminho, ele encontra o xerife Pat Garrett (Ethan Hawke), que está no encalço do infame fora-da-lei Billy the Kid (Dane DeHaan).

Rio encontra-se cada vez mais entrelaçado na vida dessas duas figuras lendárias em um jogo de gato e rato ao longo do último ano de vida de Billy the Kid. No fim, Rio é forçado a escolher que tipo de homem ele vai se tornar, o fora-da-lei ou o homem da lei, e usará essa auto-realização em um ato final para salvar sua família.

Crítica do filme Uma Aventura Lego 2 | Nem tudo é incríveeel!

Cinco anos se passaram desde “Uma Aventura Lego”, um filme que superou todas as expectativas, indo muito além de um comercial de brinquedos de uma hora e meia para se tornar uma animação irreverente com personagens cativantes e uma música que grudou no seu cérebro para sempre. Mas talvez nem tudo seja incrível para sempre.

Uma Aventura Lego 2” começa exatamente do ponto em que o primeiro acabou, seguindo a invasão das peças Duplo, Blocópolis tornou-se um lugar desolado e agressivo, chamado agora de Apocalipsópolis, bem no clima de “Mad Max”. Lucy “Megaestilo” (Elizabeth Banks / Priscila Amorim) não tem problemas em se adaptar, enquanto Emmet (Chris Pratt / Renan Freitas) continua o mesmo ingênuo otimista de sempre.

Mas o mundo deixou de ser gentil com os de coração mole, e a pressão para se tornar mais “durão” abala o relacionamento entre Emmet e Lucy. Para piorar a situação, os Duplos invadem e sequestram Lucy, assim como Batman (Will Arnett / Duda Ribeiro), Benny o Astronauta (Charlie Day / Léo Martins), Barba de Ferro (Nick Offerman / Jorge Vasconcellos) e Princesa Unigata (Alison Brie / Marisa Leal), levando-os até o Sistema Maná.

TUDO É INCRÍVEEEEEL!

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No primeiro filme fica claro que toda a história é parte da imaginação do garoto Finn (Jadon Sand / André Luiz Marcondes) e sua relação com o seu pai e as peças de Lego. Nessa segunda parte o universo é expandido para o Sistema Maná, também conhecido como o quarto da irmãzinha de Finn, Bianca (Brooklynn Prince). Da mesma forma, Apocalipsópolis é apenas uma manifestação de um adolescente que não gosta mais de coisas coloridas, enquanto Bianca introduz peças diferentes, brilho, adesivos e tudo puder encontrar para enriquecer sua brincadeira.

Phil Lord e Christopher Miller saem da direção para dar lugar a Mike Mitchell, mas continuam como roteiristas. Deixando de lado a comédia desenfreada e as limitações dos bonecos para focar mais na metalinguagem, grande parte do encanto da aventura Lego desaparece. O iminente “Ar-Mama-geddon” que paira sobre a história atormenta os dois personagens humanos, toda a vez que os irmão brigam a Mãe (Maya Rudolph) ameaça colocar todas as peças Lego num baú.

Outro ponto que acaba falhando é essa utilização de trocadilhos para os nomes. Apesar da excelente dublagem brasileira e do trabalho de localização, muitos nomes ficam forçados, como da Rainha “Tuduki Eukiser’ Ser” (no original Watevra Wa'Nabi dublada por Tiffany Haddish). Não é nada que comprometa a animação, mas fica parecendo uma solução simplista demais para um filme desse porte.

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Compre mais brinquedos

O grupo sequestrado encontra a Rainha Tuduki Eukiser e descobrem que ela é composta por blocos mais simples, mas muda de forma a cada 5 segundos. Seu plano é casar-se com Batman, fazendo uma espécie de lavagem cerebral para tornar todo mundo muito mais brilhante e feliz. Brincando com o sucesso do primeiro filme, há uma canção chamada “Essa Música Vai Grudar Em Você” (ouça a versão em inglês aqui) para mostrar que a vida no Sistema Maná não é tão ruim assim.

Emmet tenta resgatar Lucy, e conta com a ajuda de um personagem novo chamado Rex Perigoso, que possui uma espaço-nave populada por velociraptors e representa exatamente tudo que Emmet quer ser para tentar agradar Lucy. As piadas com os dinossauros remetem bastante ao humor do primeiro filme, uma pena que são momentos pontuais mas que garantem gostosas risadas.

Assim como muitas sequências de filmes infantis, “Uma Aventura Lego 2” é sobre amadurecimento, mas aqui ela aparece com uma versão distorcida de maturidade. Finn está se tornando mais pragmático e parecido com seu pai, enquanto Bianca está explorando os limites de sua imaginação, misturando brinquedos novos com os mais tradicionais, além dos já citados Duplos. Ela não quer coerência, só quer construir um bolo de casamento gigante, ter uma piscina de purpurina e um Batman branco e brilhante, mantendo a essência do que o primeiro filme representava.

Crescer é parar de se divertir

O roteiro é repleto de piadas com referências hollywoodianas voltadas para os adultos, como Bruce Willis morando nos dutos de ventilação, enquanto que cenas como uma banana que vive escorregando sozinha e a Mãe pisando em peças de Lego, comparando com a dor do parto.

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Com exceção de poucas cenas engraçadas de verdade, são sacadas que pecam pela falta de criatividade para tentar garantir uma piada. “Uma Aventura Lego 2” tenta manter o nível de seu antecessor e expandir seu universo, mas acaba sendo mais do mesmo. Não é um fracasso como “Lego Ninjago” mas também não é divertido como “Lego Batman”, sendo um meio termo morno. O pouco que resta de Lego acaba sendo impedido pelos personagens live-action, já que a animação continua linda, mas nada é tão incrível quanto antes.

Vingadores: Ultimato | Novo trailer legendado e sinopse

Quarto filme da franquia Os Vingadores, na 3ª Fase do Universo Cinematográfico da Marvel. Culminando a jornada de 21 filmes interconectados, Vingadores: Ultimato mostra o fim da luta dos heróis contra Thanos, o titã louco. Após utilizar a manopla do infinito, Thanos dizimou metade dos seres vivos do universo, agora, ainda sofrendo com a perda os Vingadores devem se recompor e criar um plano para derrotar e o vilão e desfazer todo o caos.

Crítica do filme Jurassic World: Reino Ameaçado | Mirando no suspense e errando

Jurassic Park” já era, agora estamos no “Jurassic World: Reino Ameaçado”. Três anos após os eventos do primeiro filme, os dinossauros finalmente estão vivendo sem a inconveniente interferência dos humanos na Isla Nublar. Mas infelizmente os dinossauros nunca podem viver em paz, e um vulcão entra em atividade na ilha, ameaçando os dinos a extinção novamente.

Mas ao invés de deixar a natureza seguir o seu curso natural, os desagradáveis humanos resolvem criar uma missão para resgatar os bichões, porque se os filmes fossem feitos de boas ideias, aparentemente não haveriam tantos filmes assim. E se tem uma coisa constante em Jurassic World, são as ideias ruins.

Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) e Owen Grady (Chris Pratt) não estão mais em um relacionamento, mas precisam deixar suas diferenças de lado para resgatar Blue, a velociraptor mais inteligente do mundo. Obviamente o objetivo dessa missão não é simplesmente salvar os animais, pois Eli Mills (Rafe Spall) está financiando tudo com a desculpa de criar um santuário para os dinossauros, mas na verdade pretende vendê-los em um leilão, seja para entreter os ricos ou para assuntos militares.

O diretor J.A. Bayona entrega uma visão intimista e interessante para “Reino Ameaçado”, e seu estilo está bem impresso: desastres naturais, monstros e um certo toque de terror e suspense estão impressas em seus trabalhos anteriores, e aqui ele tenta misturar esses elementos para ver se funciona.

As cenas que mais me marcaram são as que partem para o suspense e terror, já que poucas pessoas não se sentiriam intimidadas com a presença de répteis enormes prontos para caçar tudo que se mexe. A utilização das sombras e lampejos de luzes para criar a tensão são sem dúvidas as cenas mais interessantes, seja um Baryonyx andando por um túnel, revelando-se aos poucos a partir de gotas de lava, até o novo Indoraptor invadindo lentamente o quarto de uma criança.

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Um filme sobre dinossauros em um parque exige uma grande suspensão de crença de seus espectadores, e até aí tudo bem. O problema é que todas as situações são pautadas na burrice dos humanos e diversas coincidências felizes. É só observar o quanto é precária a segurança de um parque repleto de animais gigantes loucos por carne, e sempre deixam as pessoas mais distraídas e sem armas para cuidar dos animais mais perigosos. Mas pra ser justo isso acontece em todos os Jurassic Park, então a tradição só foi mantida.

Se estiver encurralado com um dinossauro faminto, não se preocupe. Um T-Rex vai aparecer para te salvar e seguir seu caminho tranquilamente. 

As atuações dos protagonistas estão bem melhores, Chris Pratt atuando como Starlord e Bryce Dallas Howard tentando mostrar que é humana, não apenas uma empresária chata. No entanto, os papéis secundários foram bem mal utilizados, Franklin (Justice Smith) um nerd covarde que serve para abrir portas, e principalmente Zia Rodriguez (Daniella Pineda), uma paleoveterinária fodona que tinha tudo pra brilhar ainda mais, mas aparentemente estão ali apenas por motivos de diversidade. Eli Mills (Rafe Spall) e Gunnar Eversol (Toby Jones) são vilões bem caricatos, Eversol agindo como se não fizesse questão de estar ali, e não precisava mesmo, enquanto Mills é o empresário megalomaníaco sem caráter disposto a fazer qualquer coisa por um punhado de dinheiro, tudo bem clichê.

Os já famosos Benjamin Lockwood (James Cromwell) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum) também retornam, mas nada que seja realmente indispensável. Lockwood, um dos fundadores do Jurassic Park, está na trama para adicionar um plot twist tão óbvio e sem propósito que você vai preferir esquecê-lo. O mesmo serve para Ian Malcolm, tentando adicionar uma camada de ética dentro da trama, mas é tão superficial que seria melhor deixar os dinos fazerem o trabalho sozinhos.

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Mas existem sim, grandes momentos durante o longa, algumas cenas bastante memoráveis e belas, mas faltou a ousadia destruidora de seus antecessores. As lutas e cenas de ação em geral são bem fracas e grande parte do filme se passa em uma mansão, o que não ajuda muito a tornar as coisas interessantes. A sensação que fica é que esse filme é apenas uma introdução ou prelúdio para a história que a Universal e o roteirista Colin Trevorrow querem contar. Trevorrow escreveu e dirigiu o primeiro Jurassic World, e já está confirmado como diretor para a continuação de Reino Ameaçado, e a ideia de dinossauros vivendo livremente pelo mundo é infinitamente mais interessante que os dois Jurassic World juntos.

Uma das excelentes escolhas foi a utilização de animatronics, além do CGI. Grande parte do fascínio causado pelos primeiros Jurassic Park era exatamente o quanto esses bichos eram convincentes e intimidadores, e os efeitos práticos ajudam muito na hora de adicionar o realismo nas cenas. Apesar disso, não existe muitas razões para se empolgar com “Jurassic World: Reino Ameaçado”, apenas mais um filme para assistir se não tiver mais nada na TV.