Dakota Johnson - Café com Filme

Crítica do filme Suspiria - A Dança do Medo | Você acredita em bruxas?

É muito injusto compara o trabalho de Luca Guadagnino com a obra-prima do mestre Dario Argente. Lançado originalmente em 1977, o clássico Suspiria foi um marco do gênero, apresentando uma narrativa diferente, misturando terror e suspense com um estilo “gótico-lisérgico”.

A Dança do Medo, epiteto da refilmagem comandada por Guadagnino, acerta o tom para apresentar uma boa história de bruxas para uma nova geração de fãs de terror. O grande problema são as inevitáveis comparações com o original.

Como um fã de Argento, não compreendo o conceito por trás de refilmar Suspiria, mas ao assistir o trabalho de Luca Guadagnino eu entendo seus méritos e considero o filme uma espécie de anzol, uma ferramenta para fisgar o espectador e puxá-lo para dentro do barco de Argento. A Dança do Medo é um bom filme, mesmo que desnecessário em sua essência, e fãs de um bom suspense sobrenatural ficaram bem servidos, mesmo que a nostalgia ainda nos chame de volta ao clássico de Argento.

Escuridão, lágrimas e suspiros

Na Berlim dividida de 1977, entre a Guerra Fria e da Segunda Guerra Mundial, Susie (Dakota Johnson) — uma jovem menonita de Ohio — chega pra tentar ingressar na prestigiada escola de dança Markos. Com o recente desaparecimento de uma das estudantes, a jovem Patricia (Chloë Grace Moretz), Susie consegue uma audição, na qual apresenta todo seu talento e perfeccionismo, chamando assim a atenção da Madame Blanc (Tilda Swinton) uma das professoras líderes da instituição.

Mas essa é apenas uma das histórias que se entremeiam ao longo do filme, eis aqui um dos pontos altos e mais problemáticos do filme. O paradoxo é real, pois, diferentemente do que vemos no original, o roteiro é muito trabalhado, entrelaçando várias histórias dentro de uma narrativa só.

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O grande problema é que Guadagnino não consegue puxar todos os fios e amarrar todas as histórias.  São algumas boas ideias que nunca são devidamente exploradas e acabam por deixar o filme mais longo do que o necessário sem grandes recompensas no final.

O filme abre caminhos para discussões interessantes sobre história, memória, culpa, violência, maternidade, feminismo isso se de fato explorasse tais subenredos. No final, não ficamos com o “gostinho de quero mais”, mas com a sensação de que fomos privados de algo. A única trama paralela que é de fato abordada é de Klemperer, o psicólogo que tenta encontrar sua paciente desaparecida, Patricia.

A jornada de Klemperer adiciona muito ao filme, conferindo muito mais substância e motivação a um personagem secundário. Entretanto, o mesmo cuidado não se aplica as outras histórias secundárias que aumentam o filme não acrescentam conteúdo, uma pena, haja vista o potencial de algumas das premissas reveladas.

A linguagem escondida da alma…

O elenco do novo Suspiria é uma cabala de talento maior. Tilda Swinton, sempre interessante na tela, aparece como uma altiva e sóbria professora Blanc. A atriz mantém um olhar assustador ao longo de todo o filme e evoca o medo sem imposições físicas.

Enquanto isso, Dakota Johnson, mesmo sem muito brilho, consegue entregar um desempenho equilibrado, misturando bons e maus momentos na frente da câmera. Diferente de Chloë Grace Moretz, que apesar de aparecer em alguns poucos minutos, é muito mais impactante do que sua colega de cena.

Também vale destacar a presença de Mia Goth -- a britânica, filha de uma brasileira – que vem trilhando um caminho interessante desde a sua estreia em Ninfomaníaca. Outra menção honrosa é a participação de Jessica Harper, a Susie Bannion do filme original, que deponta em uma digna homenagem a atriz que protagonizou o filme de Argento. 

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O delírio é uma mentira que mostra a verdade

Podemos dizer que, em determinados momentos, essa refilmagem de Guadagnino é sim superior ao clássico de Argento, todavia a genialidade quintessencial da obra original sublima qualquer contraponto técnico. Argento usa a câmera de maneira angustiante, e abusa das cores para transformar o ambiente em parte da narrativa, algo podado justamente pelo refinamento técnico da refilmagem.

A fotografia proposta por Guadagnino é diametralmente oposta a de Argento, e funciona dentro de uma proposta estética e narrativa diferente da vista no filme original. Méritos também para Inbal Weinberg (Três Anúncios para Um Crime) que assina o design de produção e Giulia Piersanti (Um Mergulho no Passado) cujo figurino reconstrói os turbulentos anos 70 em uma cidade cuja divisão ideológica se materializava em um muro.

Além disso, a trilha sonora de Thom Yorke (da banda Radiohead) é outro ponto forte do filme. A melancolia característica do artista ajuda a traduzir o sentimento da época e o próprio medo inerente a saga de Susie.

Lindo e cativante, o filme propoem a exploração do poder feminino, mas não ajuda o espectador nessa jornada

Suspiria – A Dança do Medo tem vários méritos, mas suas limitações são rapidamente aumentadas devido as inevitáveis comparações com a obra original. Se os defeitos do filme original são sobrepujados pelo arrojo artístico de Argento, o mesmo não ocorre na produção de Guadagnino, assim, o ritmo lento e o roteiro mal estruturado acabam pesando muito mais. Independente disso, A Dança do Medo ainda é um bom suspense sobrenatural, especialmente se não tivesse o prefixo Suspiria.

Com Cine Passeio, Curitiba resgata tradição de cinemas de rua

Depois de mais de uma década com seus cinemas concentrados unicamente em shopping centers, Curitiba volta a ter um estabelecimento do tipo fora dos agitados centros comerciais. Inaugura nesta quarta-feira (27/3) em Curitiba o Cine Passeio, novo complexo cultural da cidade, com duas salas de cinema e estrutura para formação audiovisual e inovação na área da economia criativa.

O complexo retoma o conceito dos cinemas de rua que deixou de existir em 2005, quando o último do tipo fechou suas portas, e faz referência a duas antigas salas de Curitiba, os cines Luz e Ritz. Com capacidade para 90 pessoas, as novas salas foram equipadas com modernos sistemas de projeção e sonorização e prometem não ficar devendo a nenhum outro da cidade.

Além das duas salas, o complexo possui uma sala multiuso com 110 lugares (Estúdio Valêncio Xavier), a Sala Video On Demand (que se refere a consumo de conteúdos digitais), espaços para cursos, uma unidade do coworking público municipal Worktiba e, no terraço, uma área para exibições a céu aberto e um espaço coberto para eventos. No local também funcionará uma cafeteria.

Sobre o prédio

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O investimento no projeto foi de R$ 9,5 milhões, recurso captado pela Prefeitura por meio de comercialização de cotas de potencial construtivo. Com área de 2.597 m², o Cine Passeio ocupa uma edificação histórica, classificada como Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP), que foi totalmente restaurada e adaptada para receber as atividades culturais dentro do programa Rosto da Cidade.

Programação de inauguração

Para a inauguração, a Rua Riachuelo será interditada na noite da quarta-feira (27). A festividade começa do lado de fora do prédio, quando a fachada será usada como tela para a projeção de imagens que fazem referências à história do cinema mundial. A sessão inaugural será no dia seguinte, na quinta-feira (28/3), às 20h, com a exibição do filme "Albatroz" e as presenças do diretor Daniel Augusto e dos atores Alexandre Nero e Maria Flor.

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A partir de sexta-feira (29/3) entra em cartaz uma programação de lançamentos e filmes inéditos, nacionais e estrangeiros. As sessões têm horários variados e os ingressos poderão ser adquiridos na bilheteria a R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada), com preços promocionais entre segunda e quarta-feira. As sessões especiais de inauguração, no dia 28, serão divididas - uma sala será fechada para convidados, a outra receberá público pagante, e os ingressos podem ser adquiridos a partir das 18h30 na bilheteria do local.

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Veja a programação de inauguração

Sala Ritz

Albatroz
(Brasil/Israel, nacional, 2017, suspense, 93’)
Casado com Catarina, Simão se apaixona pela atriz judia Renée, com quem viaja a Jerusalém. Ali o fotógrafo registra um atentado terrorista e se torna mundialmente famoso, porém muitos disparam críticas à sua atitude: em vez de tentar evitar a tragédia, preferiu fotografar.
Elenco: Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Maria Flor, Camila Morgado
Direção: Daniel Augusto
Classificação Indicativa: 12 anos
Estreia: 28/3 – 20h (abertura oficial das salas de exibição)
Data e horário: 29/03 a 03/04 – 14h45 - $ 16 | 8

Suspíria: A Dança do Medo
(EUA, leg, 2018, suspense/terror, 152’)
Susie Bannion, uma bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Assim que ela chega, Patricia desaparece. Tendo um progresso extraordinário com a orientação de Madame Blanc, Susie faz amizade com outra dançarina, Sara, que compartilha com ela todas suas suspeitas obscuras.
Elenco: Dakota Johnson, Tilda Swinton, Doris Hick
Direção: Luca Guadagnino
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 17h30 - $ 16 | 8

Vox Lux: O Preço da Fama
(EUA, leg, 2018, drama, 170’)
Celeste (Natalie Portman) é uma menina que sobrevive após uma grande tragédia, o que a torna conhecida nacionalmente. Após um tempo, ela se lança como cantora e alcança o estrelato.
Elenco: Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin, Raffey Cassidy
Direção: Brady Corbet
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e Horário: 29/3 a 3/4 – 20h15 - $ 16 | 8

Sala Luz

Um Banho de Vida
(França, leg, 2018, Comédia, 122’)
Bertrand está no auge dos seus 40 anos e sofre de depressão. Depois de usar uma série de medicamentos que não surtiram nenhum efeito, ele começa a frequentar a piscina do bairro em que vive. Lá ele conhece outros homens com histórias semelhantes à sua.
Elenco: Mathieu Amalric, Guillaume Canet, Benoît Poelvoorde
Direção: Giles Lellouche
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 15h - $ 16 | 8

Uma Viagem Inesperada
(Brasil, leg, 2018, Drama, 86’)
Pablo é um engenheiro argentino que mora no Brasil. Ele trabalha como responsável pela criação de uma nova plataforma de petróleo numa empresa localizada no Rio de Janeiro. Porém, quando seu filho passa por um problema, Pablo retorna em busca de soluções.
Elenco: Pablo Rago,Tomás Wicz, Débora Nascimento
Direção: Juan José Jusid
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 17h45 - $ 16 | 8

Happy Hour: Verdades e Consequências
(Argentina, leg, 2018, Comédia, 115’)
Após um acidente, Horácio muda completamente suas perspectivas de vida e decide confessar para sua esposa, Vera, que deseja ter relações com outras pessoas, embora ainda queira continuar o casamento.
Elenco: Letícia Sabatella, Pablo Echarri, Luciano Cáceres
Direção: Eduardo Albergaria
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 20h - 16 | 8

Sessão da Meia-noite

Morto Não Fala
(Brasil, nacional, 2018, terror, 110’)
Plantonista de um necrotério, Stênio possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta.
Elenco: Daniel de Oliveira, Fabíula Nascimento, Bianca Comparato, Marco Ricca
Direção: Dennison Ramalho
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e horário: 29/3 (sexta-feira) – meia-noite
Local: Salas Luz e Ritz - $ 16 | 8

Cinema a céu aberto

Estômago
(Brasil, nacional, 2007, Drama, 110’)
Raimundo Nonato é um migrante nordestino que chega à cidade grande em busca de oportunidade. Aprende a profissão de cozinheiro, na qual se desenvolve e recebe uma melhor oportunidade de trabalho. Sua vida se complica ao se envolver com a prostituta Iria.
Elenco: João Miguel Serrano, Fabíula Nascimento, Babu Santana, Carlo Briani
Direção: Marcos Jorge
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e Horário: 30/3 (sábado) – 19h30
Local: Terraço - $ 50

Mostra Glauber Rocha - 80 Anos

30/03   - 15h Palestra Glauber Rocha - 80 anos, com Fernando Brito                                     
             - 17h Exibição do filme Barravento                                       
31/03    - 17h Deus e o Diabo na Terra do Sol                                   
02/04    - 19h Terra em Transe                                
03/04    - 19h O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro                                 
04/04    - 19h O Leão de Sete Cabeças                                 
05/04    - 19h A Idade da Terra
Local: Estúdio Valêncio Xavier                                 
Entrada gratuita

Sessão Matinê

Tito e os Pássaros
(Brasil, nacional, 2018, Animação, 73’)
O filme conta a história de um menino que é responsável, junto com seu pai, por achar a cura para uma doença que é contraída após a pessoa tomar um susto.
Elenco: Pedro Henrique, Marina Serretiello, Matheus Solano, Enrico Cardoso
Direção: Gustavo Steinberg/Gabriel Bitar/André Catoto
Classificação Indicativa: livre
Data e horário: 31/3 (domingo) – 10h30
Local: Salas Luz e Ritz - $ 16 | 8

CINE PASSEIO | Endereço: Rua Riachuelo, 410 – Centro (esquina com a Rua Presidente Carlos Cavalcanti)

Suspíria - A Dança do Medo | Trailer legendado e sinopse

Susie Bannion (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Ela chega assim que Patricia (Chloë Grace Moretz) desaparece misteriosamente. Tendo um progresso extraordinário, com a orientação de Madame Blanc (Tilda Swinton), Susie acaba fazendo amizade com outra dançarina, Sara (Mia Goth), que compartilha com ela todas suas suspeitas obscuras e ameaçadoras.

Crítica do filme Cinquenta Tons de Liberdade | Ainda dá tempo de não ver

Atenção, essa crítica contém spoilers!

Um ano depois da estreia de "50 Tons Mais Escuros", chegou aos cinemas o terceiro e último filme da franquia. Agora acabou então, né, pessoal?

Depois de terminar o segundo filme com um pedido de casamento, "Cinquenta Tons de Liberdade" chega para contar aos espectadores o desfecho do romance entre Anastasia (Dakota Johnson) e Christian (James Dornan).

Já nos cartazes de divulgação, a protagonista aparecia de vestido de noiva, então já dava pra saber desde há muito tempo que o último longa-metragem da saga criada por E. L. James se dedicaria a retratar a vida de casados de Christian e Ana.

Ensaiando um mistério

Desde o início do filme, "Cinquenta Tons de Liberdade" vai lançando tímidas tentativas de engatar em suspense e mistério. A história que ganhou fama por flertar com a ousadia em termos de sensualidade tentou entrar também na seara do mistério, mas tropeça em clichês do começo ao fim.

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O triângulo forçado entre Ana, Christian e Jack Hyde definitivamente não funciona e as enfiadas de ação no meio do roteiro de um filme que é claramente um romancinho bem simples - com um protagonista bilionário e uma moça tímida e sem graça que, pelo menos de vez em quanto, ensaiam uma transa.

A pergunta que não quer calar

Afinal de contas, o que tanta gente viu em Cinquenta Tons de Cinza? Ao menos nos filmes, quase nada é mostrado e Cinquenta Tons de Liberdade continua sendo tão puritano quanto os dois primeiros títulos da franquia.

Os tais ~~gostos estranhos~~ de Christian não surpreendem ninguém, no fim das contas ele só tem um quarto cheio de brinquedinhos caros e sua atração física é construída só em cima dos carrões e da dinheirama.

Ao menos no terceiro filme, a história adaptada por Niall Leonard e dirigida por James Foley consegue diminuir um pouco o tom de relacionamento abusivo empoderando Ana, mas continuo batendo na tecla de que a franquia promove uma equivocada romantização desse tipo de namoro/casamento.

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Não caiam nessa, mulheres, nenhum homem abusivo vai se dobrar quando se apaixonar por você. Eventualmente, ele vai voltar a ser agressivo, o Christian não existe. E o tanto que ele te ~~ama~~ não justifica essa possessividade e essa necessidade de controle que ele tem sobre você.

Se for ver esse filme, vá com isso em mente e com a cabeça aberta a dar umas risadas dos diálogos clichês, das situações embasbacantes de tão absurdas e disposto a passar uma horinha e pouco curtindo a trilha sonora, pois esse é o único ponto positivo de 50 Tons, desde o primeiro filme.