Crítica do filme Noite Sem Fim | Tédio sem fim para um filme de ação!
A carência de experimentalismos me dá a impressão de que alguns atores são ineficazes naquilo que fazem quando olho para todos os papeis que já realizaram em suas carreiras. Liam Neeson é o principal exemplo de quem nos filmes de ação faz o mesmo papel, com o perfil de sempre e o temperamento parecidíssimo em comparação com os personagens que representou anteriormente.
Em Noite Sem Fim ele também é um cara durão, mas com coração sensível a determinados valores e disposto a salvar as pessoas com quem ele estabelece certa relação afetiva. Como em Busca Implacável, aqui ele também faz o perfil paizão envolvido em tretas cabeludas e que a nós nunca sabemos exatamente como começaram.
Estando na pele de Jimmy Conlon ele faz o papel de um experiente atirador da máfia e leal ao chefão Shawn Maguire (Ed Harris). Sua vida de assassino profissional fez com que se distanciasse de seu filho Michael (Joel Kinnaman), que vive com a esposa e uma filha e não faz a menor questão de se encontrar com o próprio pai.
Após fracassar na carreira de lutador de boxe, Michael trabalha como motorista de limusine. Por puro azar em seu serviço ele acaba atendendo traficantes e se mete acidentalmente numa história cabulosa, testemunhando o assassinato. Adivinha quem intervém para salvar a vida do rapaz? Sim, o paizão com o currículo cheio de antecedentes nessa função de matar pessoas.
O problema é que, para salvar o próprio filho, o velho Jimmy é colocado num jogo de negociações que obedecem regras morais estabelecidas pela amizade que ele construiu durante décadas com o chefe da máfia. Talvez esse seja o aspecto mais curioso da trama: os derramamentos de sangue que podem ou não serem realizados para que a amizade entre os dois continue preservada, num jogo que envolve promessas difíceis de serem quebradas. São comportamentos morais que foram construídos por meio da amizade entre os dois coroas e que só fazem sentido para eles dois.
O enredo se desenvolve de modo bem precário e o que acontece é pura desculpa para cenas de perseguição cheias de tiroteios e explosões. Há uma tentativa de resgatar virtudes num assassino, talvez a redenção por meio do amor que sente pelo filho e após tantos anos servindo ao crime. Mas a tentativa é fraca...
Somado à péssima história, os diálogos que a compõe são ainda piores. Claro, sempre existe público na sala de cinema que vai achar engraçadíssimo tiradas como “a sua esposa não reclama de engolir meus trinta centímetros”.

O que dá pra salvar a produção e afastar a sensação de que o dinheiro foi jogado fora, é justamente as cenas de ação e a apreensão que algumas delas transmitem. Mesmo com desfecho desinteressante, a expectativa que se cria faz com que o espectador torça até o último minuto por um final feliz.
Outro ponto positivo é a variedade de cenários urbanos, residências e até um combate que acontece no meio de uma brumosa floresta. Mas, sério, isso faz parte do meu esforço em procurar algo bom num filme mixuruca...