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Crítica do filme Tron: Ares | A história rasa do ChatGPT que ganhou novos Ares com gráficos incríveis

Em 1982, Tron apresentou ao mundo uma ousada visão do ciberespaço, quando computadores ainda eram novidade. Quase trinta anos depois, Tron: O Legado (2010) trouxe a franquia de volta com visual arrojado e trilha marcante do Daft Punk. Agora, em 2025, "Tron: Ares" surge como o elo improvável dessa trilogia esparsa — uma mistura de nostalgia, experimentação digital e um esforço visível para manter o brilho de uma ideia que sempre foi mais fascinante visualmente do que emocionalmente.

A trama apresenta Ares, um programa avançado enviado do mundo digital ao real — o primeiro contato direto entre humanos e uma inteligência artificial materializada. O conceito é promissor, especialmente em tempos de ChatGPTs e robôs humanoides, mas o roteiro transforma essa premissa potente em uma narrativa rasa, repleta de momentos previsíveis e explicações que soam tão artificiais quanto o próprio protagonista.

A história, simples e diluída, dificilmente exigiria duas horas de projeção. Há uma sensação constante de que muitos diálogos ou cenas servem apenas para costurar o próximo espetáculo visual. O resultado é um filme que deslumbra os olhos, mas raramente mexe com o coração. Ainda assim, é impossível negar que a estética — limpa, reluzente e geométrica — continua sendo a alma da franquia.

tronares00 a819bFonte: Divulgação/Walt Disney Studios

Será que a saga Tron tem energia suficiente para conquistar uma nova geração? O fascínio atual pela inteligência artificial é capaz de reacender o interesse por uma franquia que nunca encontrou um público cativo?

Tron: Ares vale a pena?

O novo capítulo da franquia brilha pelo visual e pela imersão no mundo digital, com uma trilha sonora ousada, mas tropeça no roteiro e na emoção. É um bom espetáculo visual, mas sem o aprofundamento que um tema tão atual merecia. Se você quer um filme pipoca, vale o ingresso! Mas se busca mais conteúdo, talvez seja melhor aguardar outros lançamentos de ficção científica.

Só nos Computer como nunca antes

Do ponto de vista técnico, "Tron: Ares" é impecável. A produção é um verdadeiro upgrade de firmware cinematográfico: luzes, texturas e movimentos em CGI atingem um nível de refinamento impressionante. Cada cena parece uma pintura digital em movimento, com design sonoro que mergulha o espectador em um mundo pulsante, metálico e imersivo.

A trilha sonora do Nine Inch Nails é, sem exagero, um dos pontos mais altos do filme (inclusive, está abaixo, só dar o play para curtir enquanto lê o restante do texto). Trent Reznor e Atticus Ross abandonam o estilo eletrônico dançante do Daft Punk e criam algo mais sombrio e experimental. São faixas que misturam distorções metálicas, pulsos industriais e atmosferas densas — sons que se encaixam com precisão cirúrgica nas imagens de circuitos, cabos e entidades digitais. O filme pode até tropeçar na história, mas acerta em cheio no som.

O problema é que, fora do espetáculo sensorial, pouco sobra. Os personagens são tão rasos quanto os diálogos que os movem. Ares e companhia transitam entre dilemas simplistas sobre “propósito” e “liberdade”, em falas que parecem saídas de um episódio de Pinky e o Cérebro. O roteiro não se arrisca em questões filosóficas nem constrói vínculos emocionais; prefere ficar na superfície luminosa de sua própria estética.

A construção de vilões caricatos, focados apenas em suas ambições de dominar o mundo a qualquer custo, torna tudo ainda mais cansativo — um tipo de antagonismo de manual que já não empolga, especialmente em um contexto de ficção científica que poderia explorar dilemas éticos e existenciais mais ricos.

tronares05 2b076Fonte: Divulgação/Walt Disney Studios

A franquia, que sempre brincou com a fronteira entre homem e máquina, agora aposta na inversão: não são mais os humanos que entram na Rede, mas os programas que ganham corpo no mundo real. É uma ideia interessante, mas que o filme nunca explica de forma convincente. E está tudo bem — nem tudo precisa de uma lógica científica exaustiva. Explicar em detalhes o processo de “materialização” digital só tornaria o filme mais arrastado, e talvez até pedante.

Ainda assim, não deixa de ser curioso pensar como algumas obras conseguem equilibrar conceitos complexos e emoção — Interestelar, por exemplo, traduziu teorias físicas engenhosas de forma acessível e envolvente, provando que é possível unir ciência e sentimento sem perder o público.

Lá vem Jared Leto no grau dando seu show!

A sequência de perseguição com as motos de luz é, sem dúvida, o ponto alto do filme. É o tipo de cena que faz valer o ingresso: rápida, vibrante e impecavelmente coreografada. Além disso, em outras cenas que mostram mais do mundo virtual e seus softwares em versões humanoides, a dualidade visual — com azuis frios e vermelhos incandescentes — reforça a eterna luta entre o bem e o mal no universo Tron. Nesse momento, Ares atinge o que sempre prometeu: uma experiência visual eletrizante.

Jared Leto, no papel do programa titular, é um caso curioso. O ator parece preso em uma maré de auto sabotagem artística: depois de um Coringa desastroso e performances erráticas, ele assume aqui um papel que exige pouca emoção e muita presença digital. Seu Ares é um amontoado de pixels carismáticos que tenta, sem sucesso, despertar empatia — um robô que, como o Homem de Lata de Oz, sonha em ter um coração.

tronares03 bc59eFonte: Divulgação/Walt Disney Studios

Greta Lee, por outro lado, oferece uma das atuações mais humanas do filme. Ela funciona como elo de ligação entre os universos, transitando com naturalidade entre o drama e a ficção científica. Sua personagem carrega o peso da única linha emocional genuína da história, equilibrando vulnerabilidade e racionalidade. Greta faz um verdadeiro malabarismo: ora perseguida, ora solucionadora dos problemas — uma figura que tenta dar coerência emocional onde o roteiro falha.

Gillian Anderson, a eterna Dana Scully, merece menção especial. Não apenas pela performance sólida, mas pela deliciosa ironia de vê-la novamente envolvida em tramas sobre mundos digitais e conspirações tecnológicas. Se existe alguém com “formação” para lidar com inteligências artificiais rebeldes, é ela, afinal, Arquivo X já explorava ameaças de servidores autoconscientes antes mesmo do termo “IA generativa” existir.

tronares02 bb6e1Fonte: Divulgação/Walt Disney Studios

Evan Peters, por sua vez, tem o azar de interpretar o vilão mais genérico do pacote: o jovem gênio da tecnologia, claramente inspirado em figuras como Mark Zuckerberg, cuja ambição o torna quase uma caricatura. O problema não é o ator — que faz o possível —, mas o personagem, que soa mais como um arquétipo de vilão do Vale do Silício do que alguém com camadas ou motivações reais.

Jeff Bridges surge como uma aparição simbólica, quase divina, para conectar Ares às origens da franquia. Seu Kevin Flynn é a ponte entre o clássico e o moderno — uma homenagem elegante que não precisava acontecer, mas que funciona como uma saudosa piscadela aos fãs. Ver Leto e Bridges lado a lado é testemunhar, em um só quadro, o contraste entre duas gerações de Tron: o criador e a criação, o humano e o código, o passado analógico e o futuro renderizado em 8K.

Apesar de tudo, há algo cativante no contexto em que "Tron: Ares" chega. Em plena era da inteligência artificial, o filme desperta reflexões involuntárias sobre o poder e os limites da tecnologia. Mesmo sem aprofundar o tema, é curioso como a ficção continua insistindo na ideia de que a IA um dia se voltará contra seus criadores — talvez mais um espelho das nossas próprias inseguranças do que uma previsão realista.

tronares04 713efFonte: Divulgação/Walt Disney Studios

Infelizmente, a ambição filosófica não se sustenta. Tron: Ares encerra tentando abrir espaço para uma continuação, mas o descompasso entre visual e narrativa sugere que dificilmente veremos outro capítulo tão cedo. A bilheteria não está das melhores e o histórico da franquia indica que o próximo reboot, se vier, pode demorar mais vinte anos.

No fim, "Tron: Ares" é um espetáculo sensorial irresistível: um delírio digital que impressiona pelos efeitos, encanta pelos sons, mas não resiste quando se tenta buscar substância. É o típico caso em que o hardware é de última geração, mas o software ainda precisa de uma boa atualização.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos | Trailer legendado, trailer dublado e sinopse

Com o vibrante cenário de um mundo retrô-futurista inspirado nos anos 1960, "O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos" apresenta a Primeira Família da Marvel — Reed Richards/Senhor Fantástico (Pedro Pascal), Sue Storm/Mulher Invisível (Vanessa Kirby), Johnny Storm/Tocha Humana (Joseph Quinn) e Ben Grimm/O Coisa (Ebon Moss-Bachrach) enquanto enfrentam seu desafio mais assustador até então.

Forçados a equilibrar seus papéis de heróis com a força de seus laços familiares, eles precisam defender a Terra de um deus espacial voraz chamado Galactus (Ralph Ineson) e seu enigmático Arauto, Surfista Prateado (Julia Garner). E como se o plano de Galactus de devorar o planeta inteiro e todos nele já não fosse ruim o suficiente, a história se torna muito pessoal.

Vencedores Oscar 2025 | Ainda Estou Aqui leva prêmio de Melhor Filme Internacional!

A 97ª edição do Oscar aconteceu neste domingo, 2 de março de 2025, e foi marcada pela primeira estatueta concedida para um filme brasileiro. "Ainda Estou Aqui" ganhou o prêmio de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. Apesar das indicações para Fernanda Torres como Melhor Atriz e para o filme "Ainda Estou Aqui" como Melhor Filme, ambos os prêmios foram para "Anora".

Confira a lista de vencedores do Oscar 2025:

Vencedor Melhor Filme Oscar 2025

Anora

Indicados Melhor Filme Oscar 2025

Vencedora Melhor Atriz Oscar 2025

Mikey Madison - Anora

Indicados Melhor Atriz Oscar 2025

Vencedor Melhor Ator Oscar 2025

Adrien Brody - O Brutalista

Indicados Melhor Ator Oscar 2025

  • Timothée Chalamet - Um Completo Desconhecido
  • Colman Domingo - Sing Sing
  • Ralph Fiennes - Conclave
  • Sebastian Stan - O Aprendiz

Vencedora Melhor Atriz Coadjuvante Oscar 2025

Zoe Saldaña - Emilia Pérez

Indicados Melhor Atriz Coadjuvante Oscar 2025

  • Monica Barbaro - Um Completo Desconhecido
  • Ariana Grande - Wicked
  • Felicity Jones - O Brutalista
  • Isabella Rossellini - Conclave

Vencedor Melhor Ator Coadjuvante Oscar 2025

Kieran Culkin - A Verdadeira Dor

Indicados Melhor Ator Coadjuvante Oscar 2025

  • Yura Borisov - Anora
  • Edward Norton - Um Completo Desconhecido
  • Guy Pearce - O Brutalista
  • Jeremy Strong - O Aprendiz

Vencedor Melhor Direção Oscar 2025

Sean Baker - Anora

Indicados Melhor Direção Oscar 2025

  • Brady Corbet - O Brutalista
  • James Mangold - Um Completo Desconhecido
  • Jacques Audiard - Emilia Pérez
  • Coralie Fargeat - A Substância

Vencedor Melhor Roteiro Original Oscar 2025

Anora - Sean Baker

Indicados Melhor Roteiro Original Oscar 2025

Vencedor Melhor Roteiro Adaptado Oscar 2025

Conclave - Peter Straughan

Indicados Melhor Roteiro Adaptado Oscar 2025

  • Um Completo Desconhecido
  • Emilia Pérez
  • Sing Sing
  • Nickel Boys

Vencedor Melhor Animação Oscar 2025

Flow

Indicados Melhor Animação Oscar 2025

Vencedor Melhor Filme Internacional Oscar 2025

Ainda Estou Aqui

Indicados Melhor Filme Internacional Oscar 2025

  • A Garota da Agulha
  • Emilia Pérez
  • The Seed of the Sacred Fig
  • Flow

Vencedor Melhor Documentário Oscar 2025

 No Other Land - Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Yuval Abraham

Indicados Melhor Documentário Oscar 2025

  • Black Box Diaries
  • Guerra da Porcelana
  • Trilha Sonora para um Golpe de Estado
  • Sugarcane

Vencedor Melhor Documentário Curta-Metragem Oscar 2025

A Única Mulher na Orquestra - Molly O’Brien e Lisa Remington

Indicados Melhor Documentário Curta-Metragem Oscar 2025

  • Death by Numbers
  • I Am Ready, Warden
  • O Incidente
  • Instruments of a Beating Heart

Vencedor Melhor Curta-Metragem Oscar 2025

I’m Not a Robot

Indicados Melhor Curta-Metragem Oscar 2025

  • A Lien
  • Anuja
  • The Last Ranger
  • The Man Who Could Not Remain Silent

Vencedor Melhor Curta-Metragem de Animação Oscar 2025

In the Shadow of Cypress

Indicados Melhor Curta-Metragem de Animação Oscar 2025

  • Beautiful Men
  • Magic Candies
  • Wander to Wonder
  • Yuck!

Vencedor Melhor Trilha Sonora em Filme Oscar 2025

O Brutalista - Daniel Blumberg

Indicados Melhor Trilha Sonora em Filme Oscar 2025

Vencedor Melhor Canção em Filme Oscar 2025

El Mal (Emilia Pérez) - Música por Clément Ducol e Camille; Letras por Clément Ducol, Camille e Jacques Audiard

Indicados Melhor Canção em Filme Oscar 2025

  • The Journey (The Six Triple Eight)
  • Like a Bird (Sing Sing)
  • Mi Camino (Emilia Pérez)
  • Never Too Late (Elton John: Never Too Late)

Vencedor Melhor Design de Produção Oscar 2025

Wicked - Design de Produção: Nathan Crowley; Decoração de Set: Lee Sandales

Indicados Melhor *Design de Produção Oscar 2025

*Também conheido como Oscar de Direção de Arte, que inclui Design de Produção e Decoração de Set

Vencedor Melhor Fotografia Oscar 2025

O Brutalista - Lol Crawley

Indicados Melhor Fotografia Oscar 2025

Vencedor Melhor Figurino Oscar 2025

Wicked - Paul Tazewell

Indicados Melhor Figurino Oscar 2025

Vencedor Melhor Maquiagem e Cabelo Oscar 2025

A Substância - Pierre-Olivier Persin, Stéphanie Guillon e Marilyne Scarselli

Indicados Melhor Maquiagem e Cabelo Oscar 2025

Vencedor Melhor Som Oscar 2025

Duna: Parte II - Gareth John, Richard King, Ron Bartlett e Doug Hemphill

Indicados Melhor Som Oscar 2025

Vencedor Melhor Edição Oscar 2025

Anora - Sean Baker

Indicados Melhor Edição Oscar 2025

Vencedor Melhor Efeitos Visuais Oscar 2025

Duna: Parte II - Paul Lambert, Stephen James, Rhys Salcombe e Gerd Nefzer

Indicados Melhor Efeitos Visuais Oscar 2025

Twisters | Novo Trailer legendado, trailer dublado e sinopse

Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones) é uma ex-caçadora de tempestades assombrada por um encontro devastador com um tornado durante seus anos de faculdade, que agora estuda padrões de tempestades nas telas em segurança na cidade de Nova York. Ela é atraída de volta às planícies por seu amigo, Javi, para testar um novo sistema revolucionário de rastreamento. Lá, ela cruza seu caminho com Tyler Owens (Powell), o carismático e imprudente ícone das redes sociais que se diverte postando suas aventuras de caça a tempestades com sua equipe barulhenta, quanto mais perigoso melhor.

Crítica Sobreviventes – Depois do Terremoto | Humanidade perdida nos escombros

O que você faria em meio a um desastre? Entraria em desespero? Buscaria uma saída lógica em meio ao caos? Ajudaria outras pessoas em situação de vulnerabilidade? Ou quem sabe observaria tudo de forma passiva sem muitas esperanças? Estas podem parecer questões filosóficas, mas frequentemente são pautas para diversas obras audiovisuais.

E não por acaso esses também são alguns dos dilemas abordados em “Sobreviventes – Depois do Terremoto”, filme que nos coloca junto aos moradores remanescentes do Hwang Gung Apartments, o único prédio que ficou em pé após um terremoto de proporções devastadoras na gigantesca Seul. Por ser a única esperança da população local, este espaço privado de alguns poucos apartamentos se torna refúgio e também a única esperança para muita gente.

sobreviventesdepoisdoterremoto 76ba0Fonte: Divulgação/Paris Filmes

Alguns residentes optam por ajudar os necessitados, mas outros acham a situação perigosa e complexa. Assim, pensando na inevitável escassez de insumos básicos para a sobrevivência, os moradores do prédio decidem expulsar os estrangeiros que ali se abrigaram temporariamente. Começa então uma corrida pela sobrevivência e uma guerra não apenas por espaço, mas também por todo tipo de suprimento e, principalmente, por superioridade.

Sobreviventes – Depois do Terremoto vale a pena?

Com atuações potentes que exaltam o drama da situação e colocam as emoções mais primitivas em primeiro plano, “Sobreviventes – Depois do Terremoto” é um filme que entrega boa dose de reflexão, mas sem deixar de equilibrar o ritmo com cenas engraçadas e um tanto inusitadas para um cenário de fim de mundo. Uma boa pedida para quem gosta de filmes que fogem do comum!

Filme de Desastre, mas focado no drama

Existe toda uma categoria de filmes hollywoodianos dedicados a abordagem de desastres, sejam eles furacões, vulcões, terremotos ou tsunamis. A abordagem vai desde a mais pura galhofa em “Terremoto: A Falha de San Andreas” com Dwayne Johson (vulgo The Rock) até os dramas mais intensos como “O Impossível” com Naomi Watts.

E a verdade é que não existe uma forma correta ou fórmula perfeita, já que alguns desses filmes são fictícios, enquanto outros são baseados em eventos históricos. No caso de “Sobreviventes – Depois do Terremoto”, o título já é bem explicativo: não se trata de um filme sobre o desastre, mas sim com uma abordagem dos eventos posteriores ao desastre, focando muito no drama.

sobreviventesdepoisdoterremoto02 9fd76Fonte: Divulgação/Paris Filmes

Então, se você espera ver cenas do terremoto engolindo toda a cidade, com sequências de destruições apocalípticas, intercaladas por desespero incessante, saiba que o filme coreano não deve atender todas suas expectativas. No entanto, fique tranquilo, as cenas de eclosão estão aqui, tanto para chocar já no começo da história, quanto posteriormente em alguns flashbacks.

E, por sinal, as sequências catastróficas são de altíssima qualidade, com excelentes efeitos especiais, que chocam pela magnitude dos eventos e a riqueza de detalhes com prédios desabando, carros sendo engolidos e outras situações mirabolantes. E fica o alerta para os mais sensíveis: o filme é bastante gráfico, com cenas de violência exageradas e muito sangue.

Utopia de Concreto

Aliás, retornando no tópico da narrativa, muito boa a construção do filme, que mescla cenas presentes, com os momentos derradeiros dos personagens quando estavam presenciando o começo da desgraça. Através desses arcos, o longa-metragem cruza o caminho dos personagens, de modo que logo fica fácil perceber o rumo dessa história.

Todavia, não se engane, mesmo com alguns clichês, o roteiro de Lee Shin-ji e Tae-hwa Eom — este também diretor da obra — surpreende em vários momentos cruciais, inclusive na conclusão. É óbvio que o ponto principal do filme é tratar de situações extremas, não apenas do terremoto, mas principalmente das personalidades fortes e da falta de sensibilidade do ser humano e, nisso, o filme tem muito êxito!

sobreviventesdepoisdoterremoto03 1895fFonte: Divulgação/Paris Filmes

No fim das contas, parafraseando o título americanizado da obra, temos aqui uma verdadeira Utopia de Concreto, em que os humanos pensam que podem se prender a bens materiais e através disso podem ter superioridade aos demais. Contudo, assim como os prédios, a humanidade pode ruir aos poucos quando os alicerces não são sólidos!

Enfim, se você quer fugir do lugar comum, vale a pena dar uma chance para mais uma obra coreana, que, como de costume, aproveita muito as atuações poderosas para nos mostrar mais do que apenas efeitos especiais. E, não se engane, porque se você gosta de ação e aventura, “Sobreviventes – Depois do Terremoto” é um acerto em cheio, ainda mais se visto na telona!