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Crítica do filme Pi | Darren Aronofsky em plena genialidade

Pi (1998) é “Darren Aronofsky na veia”, ou seja, em sua melhor forma e, sobretudo, com pouco dinheiro. Orçado em 60 mil dólares e com lucros acima de 3 milhões de dólares, “Pi” é uma produção de thriller psicológico. Com pouco recurso e muita técnica de montagem, Aronofsky encanta com o mesmo estilo que influenciaria o seu maior clássico seguinte, “Requiem para um sonho” (2000), em cortes rápidos e linguagem de videoclipe que marcam a rotina dos personagens na trama.

No caso de Requiem, os cortes rápidos e cíclicos marcam o uso de heroína, em PI, marcam os momentos que Max se vale diariamente de barbitúricos. Esses signos marcam o ciclo de loucura dos personagens ao mesmo tempo que transformam a narrativa enquanto o plot evolui para finais marcantes.

Em “Pi”, é Sean Gullette quem interpreta Max Cohen, um gênio que busca um modelo matemático que preveja o futuro (especialmente da Bolsa de Valores) a partir da combinação do Pi, com a sequência Fibonacci e a Cabala judaica. Em suma, é a partir desse caldeirão de Arquimedes, Fibonacci e a Geometria Sagrada do Retângulo Áureo que essa supermente irá mergulhar em uma obsessão do início ao fim.

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Na trama, o segredo da sequência completa do PI, dentro do computador de Cohen, o fará ser alvo até mesmo de interesse do serviço secreto americano e de uma seita hassídica judaica que pregava o segredo do Pi como forma de poder para prever o futuro.

Pi é irracional mesmo?

Max Cohen é influenciado pelo seu mentor e ex-professor, interpretado pelo grande Mark Margolis (ele mesmo, o Salamanca de Breaking Bad), a observar as leis da natureza e a dimensão circular e infinita presente nas folhas e nas conchas do mar. Ele busca desvendar um padrão matemático (ou uma constante) para o número Pi, ou seja, uma racionalização plena a partir de um número irracional, o qual produz uma sequência infinita de números após a vírgula.

A partir do momento em que o supercomputador de Max encontra esse padrão finito, a máquina toma consciência de si mesma e, entre aspas, morre. Ao queimar seu processador na incrível tarefa de encontrar esse padrão, Cohen passa a viver entre a paranoia da loucura e um embate com forças locais, como os investigadores de Wall Street, que pretendem financiar um novo processador para que ele encontre padrões na bolsa de valores.

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Com ajuda de uma seita hassídica, Max consegue cruzar o valor do Pi com os números Fibonacci, desvendando que o círculo é a forma universal perfeita: uma constante no PI capaz de prever até mesmo as flutuações da bolsa de valores.

Entre uma obsessão matemática e uma solução para os males da humanidade

No decorrer do filme, vemos que signos como o “conhecimento matemático” ou a “crença na Cabala” são figurativizados em outras formas, como poder e controle da bolsa de valores, de forma que esse poder investido dá a força suprema de controlar o capitalismo reinante. Na mesma direção em que o poder do controle da previsão do câmbio financeira surge, a loucura é outro signo que acompanha a mente atormentada de Max, pois a insanidade é inserida na trama, em torno da paranoia e da teoria conspiratória que aparecem na relação entre Cohen (não sabemos se real ou imaginária) e os interesses maiores de Wall Street.

Recheado de referências à mitologia e a história da matemática (mito de Dédalo, Arquimedes, Euclides, Geometria Sagrada, Cabala), com elementos de paranoia e thriller de suspense, “Pi” é a primeira produção de Aronofsky a ter boa repercussão da crítica e a receber prêmio de melhor filme do Festival de Sundance, entre outras premiações em 1998. Após esses mais de vinte anos, vemos que o filme não envelheceu mal, seja pela temática de teoria da conspiração (mais a boa e velha matemática clássica), seja pela direção criativa. Sobre esse aspecto, não é preciso dizer que Darren Aronofsky consegue, de fato, tirar “leite de pedra”.

Aronofsky, um gênio da matemática financeira

Orçado em incríveis US$ 60.000 dólares (sim, 60 mil doletas), o filme “Pi” conseguiu arrecadar mais de $3.000.000. Podem achar pouco, mas, em virtude de ser um filme experimental, faturou bastante. Digo experimental, porque a própria característica de filmagem, em preto e branco, sobretudo em alto contraste, foi uma escolha corajosa do diretor (além dos parentes que atuaram no filme).

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Mais do que os efeitos de saturação e contraste, claramente presentes no filme todo, o que me encanta em Aronofsky é que podemos esperar sempre uma montagem criativa, com poucos recursos, no entanto, com ponto de vista também subjetivo que nos faz entrar na cabeça do protagonista Max (acrescido de uma trilhada sonora ora de atmosfera, com efeitos de baixo, ora com um Trap acelerado). Por exemplo, a montagem em looping presente em Requiem para um sonho (quando os personagens se drogam), já estava presente em “Pi”  quando Max entra no modo loucura, a tomar remédios frente ao espelho do banheiro, a fim de ativar o modo paranoia, imaginando até uma furadeira enfiando na sua cabeça.

Em suma, o filme organiza muito bem os signos que dizem respeito à padronização do universo e um possível poder matemático que prevê exatamente como as coisas podem ser a partir de um padrão exato, como a espiral de Fibonacci, que pode ser encontrada inclusive na natureza, como nas folhas, frutos e nos caracóis dos oceanos. Ao final, concluímos que o PI é um paradoxo: é um número irracional construindo uma racionalidade suprema.

Critica do filme O Mistério de Silver Lake | O mistério faz tudo valer a pena?

Depois do interessante, Corrente do Mal, David Robert Mitchell segue intrigando audiências com sua nova produção e mostra que tem tudo para se tornar um dos diretores “fetiche” daquele seu amigo “cinéfilo cult”. Com aspirações “Lynchnianas”, o diretor e roteirista cria um bom neo-noir em “O Mistério de Silver Lake”, que prende a atenção mesmo que deslizando em exageros surreais e a ausência de uma edição coerente.

Sem pedir desculpas pelo seu estilo, Mitchell pode até se perder dentro da própria teia conspiratória que guia a —  desnecessariamente longa — trama da película, mas ainda consegue entregar um filme envolvente que entrará no catálogo de “pérolas cult” da próxima geração de hipsters. Por sinal, a própria percepção desta afirmação como crítica ou elogio ao trabalho do diretor é justamente parte do seu apelo, e um ótimo indicador de seu estilo singular, que não pretende agradar a todos.

Enquanto Michell tenta coordenar a sua orgia metalinguística surreal, Andrew Garfield entrega uma das melhores atuações da carreira, em um movimento que desconstrói a sua imagem de gala, e se transforma em uma grande sátira a quintessencia hollywoodiana que o define, tanto como ator e personagem.

Em “O Mistério de Silver Lake”, David Robert Mitchell acerta mais do que erra, no entanto, seus defeitos prejudicam muito o desenvolvimento do filme, com um roteiro deliberadamente confuso, que mistura elegantemente elementos da cinematografia dos irmãos Coen e David Lynch, e uma edição pouco inspirada, além da longa duração, deixam o filme lento e pouco acessível, mas uma boa escolha para fãs do gênero e/ou de cinema autoral.

Qual é o mistério, velhinho?

Sam é o arquétipo hollywoodiano falido, um cara que aparentemente não trabalha, mas tenta manter a aparência com um carro estiloso, um apartamento repleto de memorabilia vintage, e um círculo de amizades povoado por pessoas com mais aporte financeiro que ele. Um dia, entre baseados, sexo casual e pequenas doses de voyeurismo, um breve flerte com a sua vizinha Sarah (Riley Keogh) acaba rendendo muito mais do que a ilusão de um romance cinematográfico. Antes mesmo que poder celebrar a conquista, Sam descobre que Sarah desapareceu durante a noite, sem qualquer indício de como ou porque.

Em meio a suas desilusões existenciais, ou como forma de reprimi-las, Sam embarca em uma missão de encontrar a “garota dos sonhos”, adentrando na proverbial toca do coelho que se esconde sob Silver Lake e a própria indústria cultural popular. Conspirações, cultos, figuras estranhas, mensagens escondidas e um assassino de animais de estimação aparecem como nós em um longo "Fio de Ariadne" que não leva até a saída do labirinto.

Sam é a epitome de uma juventude depressiva, incapaz de se identificar com qualquer coisa, que simplesmente se entrega ao destino na esperança de que o universo se alinha e que eles finalmente possam fazer parte de algo maior, mesmo que seja uma conspiração ou um culto. O Mistério de Silver Lake reúne pistas, detalhes, referências que indicam a reposta para o maior segredo do universo, ou não; como a própria vida do protagonista, nada realmente importa ou tem um significado maior.

Meus sentidos de aranha estão tilintando!

A arte do escapismo

Sem a mesma inspiração ou talento de obras como o delirante Barton Fink, o intoxicante Vício Inerente ou o onírico Cidade dos Sonhos, a viagem criativa de David Robert Mitchell celebra a liberdade narrativa apresentada pelos mestres que obviamente inspiram a sua criação, mesmo que não alcance — nem de longe — o mesmo patamar de competência. Ao juntar todas as “peças” do seu quebra-cabeças, Mitchell parece não ser capaz de encaixar elas adequadamente.

David Robert Mitchell mistura cinema de autor e de gênero em um filme inter interseccional

Somando mais acertos do que erros, “O Mistério de Silver Lake” é um filme incompleto. Mesmo que o diretor mostre bons elementos ao longo do seu desenvolvimento, ainda há muito que melhorar. Talvez pela ambição artística, ou pela simples falta de maturidade, Mitchell não demonstra a mesma habilidade que Lynch ou os irmãos Coen para lidar com um roteiro e uma história que necessariamente não leva a "lugar algum".

É fácil vislumbrar um futuro em que David Robert Mitchell e “O Mistério de Silver Lake” se transformem em itens "cult" altamente "fetichizados" por suas reflexões masturbatórias sobre o processo artístico, influencia cultural do entretenimento e o escapismo pelo extraordinário. Todavia, por enquanto, parece que as suas coisas ainda não estão maduras o suficiente.

Crítica do filme O Orfanato | Atmosfera de terror ou terror de atmosfera?

El Orfanato” (The Orphanage, 2007) é um dos poucos filmes que nos faz lembrar o momento plot twist do clássico “O Sexto Sentido”. Veja como a ótima parceria do diretor J. A. Bayona com a coprodução de Guillermo del Toro é capaz de concretizar em termos de suspense, quando se trata de terror de atmosfera, com pitadas Hithcockianas e captação de som envolvente.

Sabe aquele frio na espinha que temos ao assistir o clássico “O Sexto Sentido”? Pois é, com “O Orfanato” (título em português), acredito que temos um efeito tão ou mais surpreendente nos segmentos finais (sim, apesar de o andamento assustador nos prender, vocês podem criar expectativa para o final, pois, a mim, agradou muito quando me dei conta sobre a descoberta de Laura, a protagonista do filme).

Com produção executiva de Guillermo del Toro (que havia recentemente dirigido “O Labirinto do Fauno”, Pan’s labyrinth, 2006), e com direção de J. A. Bayona, a produção consegue misturar muito bem uma atmosfera de thriller (com muita tensão a todo momento, o que é difícil de se manter em filmes do gênero), trabalhar com jump scares bem pontuados, que acontecem em momentos certos e, para fechar, um som ambiente que nos faz pensar estarmos em um mundo de sonhos (pois tem uma reverberação estranha, em eco, imersiva).

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Em geral, o filme produz uma atmosfera que passa pelo crivo da protagonista e dessas mesmas impressões se vale para produzir um misto de signos complexos, como realidade e ilusão, loucura e paranormalidade, junto a traumas e a uma gratidão que a protagonista vai respeitar, mas a respeito da qual não saberemos se chegará a seus desígnios.

Loucura sob um viés ambíguo

A temática da gratidão, de cara, nos faz simpatizar com a protagonista. Laura foi criada em um orfanato para crianças deficientes. Ao crescer e se casar, ela e seu marido, o médico Carlos, resolvem adotar uma criança soropositiva, Simón. Para completar o desejo de Laura, compram uma mansão, que foi o mesmo casarão em que Laura fora educada.

Lá, fazem uma festa especial para Simón, convidam a vizinhança para que conheçam o lar de Laura, com vagas para crianças especiais (lembrem-se que o sonho de Laura envolvia a gratidão pelo local), e, a partir da festa, coisas estranhas acontecem, sobretudo o sumiço de Simón nos segmentos iniciais (não é spoiler, é bem no começo), que fará ligação com fatos passados acontecidos no orfanato.

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Com poucos personagens (além dos três citados, há mais três personagens paranormais e uma psicóloga - aliás, fato curioso: entre eles está Edgar Vivar, o Seu Barriga do Chaves), a trama alterna entre a localidade da casa e uma praia próxima, com foco em uma caverna sinistra, próxima à enseada, lugar que dá início ao mistério da trama.

A partir disso, o terror de “O Orfanato” será elaborado a começar pelo passado dessa casa, que se constrói de momentos os quais Laura lembra aos pedaços, em que aos poucos vai remendando um quebra-cabeça mental. A sua aparente confusão mental é revelada à medida que se revela a sua infância no local, pois ela sempre teve que tomar psicotrópicos (no filme, percebemos aos poucos que ela teve problemas mentais, e essa ambiguidade entre estar sã ou revivendo algo do passado reflete-se na maneira com que lida com o marido e com o sumiço do filho.

Um terror normal, paranormal ou além do normal?

Enfim, os dois locais onde se passa a maioria da história (na casa e nas cavernas à beira-mar) constroem também a temática da paranormalidade, tendo em vista que o thriller nos faz ficar divididos entre a realidade, a aparição de seres estranhos e a loucura, até os momentos finais.

Embora a paranormalidade seja parte da temática principal, a ambiguidade que separa a sanidade da loucura perpassa o plot desse filme, uma vez que não sabemos se vivemos a loucura de um personagem, se a insanidade apossou-se de todos ou se há uma maldição no local (em um dos momentos, até a ciência psicológica e a crença paranormal entram em conflito para averiguar o que se passa de fato naquela casa, um antigo orfanato misterioso para crianças especiais).

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O Rotten Tomatoes concede 87% em média tanto pela crítica quanto pelo público (concordo com o Rotten, pois eu concederia entre 8 e 8,5). O site IMDB, sempre mais exigente, concede 7,4, também uma ótima nota a esse tipo de filme, que mistura terror, atmosfera e um excelente drama sobre a compreensão da loucura e de si próprio.

O mérito desse filme está na construção da atmosfera de tensão, semelhante aos primeiros filmes de M. Night Shyamalan, sobretudo “O Sexto Sentido”, pois os sustos são dosados e a construção da tensão mantém-se em todos os segmentos. Que bela contribuição fez Guillermo del Toro na coprodução executiva desse filme, aliás, pouco visto a quem pergunto, por isso, sempre gosto de indicá-lo, pois é um filme além do normal, que faz bela contribuição ao cinema do subgênero terror de atmosfera.

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Crítica M8 - Quando a Morte Socorre a Vida | Visibilidade para os injustiçados

Quando falamos em cinema como um termo generalista para os filmes, as pessoas logo pensam em produções cinematográficas hollywoodianas, protagonizadas por grandes celebridades de países do primeiro mundo e, muitas vezes, focadas em temas ficcionais. Não que o cinema não tenha outros inúmeros desdobramentos e espaço para uma infinidade de outras concepções a partir do ponto de vista do público.

No entanto, ainda que o cinema seja supostamente um espaço livre tanto do ponto de vista temático quanto da perspectiva da produção das obras, é inegável que a balança da sétima arte pende muito para o lado ocidental e foca muito mais nas culturas ocidentais, protagonizadas por homens, brancos, de boa condição financeira e heterossexuais.

Felizmente, há um bom tempo, diversos movimentos levantados por inúmeros cineastas, atores, roteiristas e produtores (para citar alguns) vêm tomando ações das mais variadas para transformar este meio, seja com a inserção de outros grupos étnicos, raciais e de gênero na produção e na protagonização, bem como pela abordagem de temas que exibem outras realidades que não sejam a do galã estereotipado de Hollywood.

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Assim, é maravilhoso quando podemos ver um filme como “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” ganhando voz e vez no circuito ao levantar diversas dessas bandeiras, ainda trazendo uma história relevante (fictícia talvez até certo ponto, mas baseada em várias histórias reais) e com excelente qualidade técnica. Se você chegou munido de preconceitos, recomendo baixar as armas e ler com atenção alguns parágrafos do porquê vale prestar atenção nesta obra.

Um filme necessário

Dirigido pelo cineasta Jeferson De, “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” não conta uma simples história de um protagonista brasileiro negro da periferia que busca seu lugar no mundo. O roteiro assinado por Jeferson De e Carolina Castro vai muito além do trivial e abraça inúmeras histórias que jamais foram contadas por conta da injustiça social e que, aliás, nunca poderiam ser contadas, pois em muitos casos foram enterradas como indigentes.

Calma, há sim um fio condutor a ser acompanhado e ele nos mostra a história de Maurício (Juan Paiva), um jovem que acabou de entrar para o curso de Medicina numa Universidade Federal e que começa a enfrentar diversos dilemas dentro da sala de aula e também em seu cotidiano. O rapaz é filho de Cida (Mariana Nunes), uma auxiliar de enfermagem, que desempenha mais do que o papel de mãe, pois traz o relato de quem já passou por situações de preconceito e serve como uma ponte para expandir as temáticas.

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Bom, mas voltando ao jovem Maurício, em sua primeira aula de anatomia, ele é apresentado a M8 (Raphael Logam), corpo que servirá para os estudos de biologia de vários colegas de classe durante o primeiro semestre. Todavia, enquanto muitos enxergam apenas um cadáver pronto a ser estudado, Mauricio vê alguém semelhante e enfrenta angústias para desvendar a identidade desse rosto desconhecido em uma jornada assustadora e com um choque de realidade.

Com um roteiro pronto a atender inúmeras questões raciais, econômicas, sociais, culturais, religiosas e até de gênero, o filme “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” dá uma aula aos inocentes que acham que o mundo gira em torno de seus respectivos umbigos. Mesmo que de forma dramática e encenada, os inúmeros aspectos abordados na rotina de Maurício são apenas um xerox do que a gente vê diariamente nos jornais, na televisão e na internet.

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Assim, é muito bom ver um filme que toca em várias feridas e que mostra como a questão da desigualdade está diretamente atrelada a um racismo estrutural, que se dá nos mais diversos níveis da sociedade. E mais importante: coerente como deve ser uma obra responsável, o título vai muito além do vitimismo e tenta ponderar outros lados que tentam colaborar no combate ao racismo, mas que ainda tropeçam ao não ter a mesma percepção de mundo.

Tentando abraçar o mundo

Com ótimas atuações de Juan Paiva e Mariana Nunes e a presença de grandes nomes como Zezé Motta e Pietro Mário, o filme tem um elenco bem diversificado, que faz um trabalho competente ao construir a história de Maurício. O jovem Paiva personifica muito bem as dores e dilemas de um jovem que sofre golpes de todos os lados e passa por uma fase muito conturbada chamada “vida”.

Talvez o único tropeço do filme seja a busca em abraçar todas as causas e cair em divagações sobre temas que não são exatamente dão continuidade ao cerne proposto pela obra. Ao menos, essa é a impressão que fica quando algumas cenas ficam em aberto e quando determinados trechos são abordados tão vagamente. Com menos de uma hora e meia de duração, a produção não cansa e, quem sabe, um roteiro até mais extenso poderia dar conta de tudo e seguir no mesmo propósito.

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De qualquer forma, é muito bom ver pequenas situações que ao menos servem como uma breve pincelada de tantos absurdos que podem ser falados e abalar a vida de um jovem que já passa por inúmeras situações complexas por diversas questões sociais. Muito bom ver também um filme que aborda outros gêneros musicais e religiões de matrizes africanas, pois tais aspectos não apenas compactuam com o enredo, como também diversificam o cenário dos filmes nacionais.

Por fim, mas não menos importante, eu acho importantíssimo comentar sobre a direção bem pontual de Jeferson De, que mostra muito talento em um filme tão diversificado, indo de ótimas cenas de terror sobrenatural nas aulas de anotomia até situações de terror psicológico e com carga dramática profunda, como uma abordagem policial truculenta e rotineira. E ele conclui sua obra de forma magistral, homenageando os tantos negros injustiçados.

É óbvio que “M8 – Quando A Morte Socorre A Vida” não resolve a questão do racismo no cinema, tampouco é uma obra perfeita em questões técnicas ou de roteiro, porém é um filme bem intrigante e que serve muito mais como protesto educacional do que como ficção. Uma produção necessária e que vem para dar um alento a tantos que foram por tanto tempo invisíveis.

Crítica do filme Invasão Zumbi 2: Península | Ambição na contramão

O que acontece quando um filme faz muito sucesso e agrada tanto a crítica especializada quanto o público? Sim, isso mesmo, ele ganha uma sequência! É o caso de quase toda obra de terror e claro que não seria diferente no cinema oriental, que também é conhecido pelo uso dessas artimanhas, ainda mais com títulos que têm repercussão internacional.

Assim, quatro anos após a estreia de “Invasão Zumbi”, o diretor e roteirista Sang-ho Yeon, que encabeçou o primeiro filme, volta para a segunda dose e, novamente, como diretor e corroteirista (em ambos, ele dividiu a escrita com outros). E, considerando o brilhantismo do primeiro filme, nada pode dar muito errado, certo? Errado!

Se você acompanha um mínimo de cinema, talvez você tenha notado que há uma certa discrepância entre filmes originais e suas respectivas continuações. Então, antes de entrar em detalhes, eu já deixo a orientação: tire o pé do acelerador, porque o trem do hype quase sai dos trilhos nesta sequência.

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Curiosamente, mesmo com tempo para polir roteiro e aspectos técnicos, bem como com muito mais dinheiro (uma vez que o primeiro longa-metragem deu um bom retorno), “Invasão Zumbi 2: Península” não consegue acompanhar a maestria de seu predecessor. Quer saber o porquê? Então, acompanhe os próximos parágrafos para saber se você deve se arriscar indo ao cinema.

Não deixa o trem descarrilhar...

Para você que desembarcou e ficou perdido na estação, vale a seguinte informação: a história de “Invasão Zumbi 2: Península” não tem relação direta com o primeiro filme. Então, você não precisa ver a obra de origem para entender este filme, bem como não adianta esperar personagens comuns, pois o filme joga o público em cenários totalmente distintos.

Justamente para desconectar os filmes e evitar possíveis tragédias, Sang-ho Yeon resolve separar as histórias com um bom intervalo de tempo: quatro anos (sim, o mesmo tempo que demorou para sair a continuação é exatamente o tempo que avança na história). Isso dá um bom respiro para evitar erros de roteiro e ainda garante infinitas possibilidades no caos zumbi.

Além disso, é importante enfatizar que parte da conexão entre os filmes parece ser puro marketing, pois os nomes originais não são bem diferentes. O primeiro é conhecido apenas como “Trem para Busan”, enquanto o segundo recebe o título de “Península”. Assim, o acréscimo de “Invasão Zumbi” é justamente para garantir o interesse da galera e indicar que se trata de uma continuação.

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Eis um ponto relevante para ficar atento, uma vez que “Invasão Zumbi 2: Península” não parece uma continuação, mas uma expansão do universo apresentado no primeiro, o que são coisas completamente distintas. Esclarecido isso, vale falar um pouco sobre a história. Aqui, acompanhamos novos protagonistas, em situações muito mais caóticas.

Quatro anos após o surto de zumbis, a península coreana ficou devastada. E o roteiro tenta retratar isso ao levar o filme para um contexto internacional, com trechos de reportagens na televisão americana e até personagens ocidentais. Nesse ponto, não há como negar que a contextualização é importante, já que um caso desses jamais ficaria somente nas notícias locais da Coreia do Sul.

Paralelamente, somos levados a conhecer os protagonistas da história, mas com uma ênfase maior em Jung-seok, um ex-soldado que conseguiu fugir do país, após um episódio complicadíssimo – aliás, vale menção para as ótimas cenas de introdução, de altíssimo nível em execução e drama. Depois de ficar refugiado um tempo em Hong Kong, ele recebe uma missão de retornar à Coreia do Sul e lá, surpreendentemente, ele encontra alguns sobreviventes.

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É nessa mistura de um apocalipse zumbi sem precedentes com personagens humanos à beira da loucura, que somos levados à “Península”. As sucessões de fatos são desdobramentos da trama principal, que poderiam levar a lições pertinentes ou cenas memoráveis, mas que acabam parecendo puro exibicionismo regado a clichês e dramas que não conseguem a comoção almejada.

É videogame ou filme?

Agora, momento charada: O que Vin Diesel e Invasão Zumbi 2 têm em comum? Resposta: ambos são Velozes e Furiosos! Eu realmente queria entender em que mundo o autor do primeiro filme achou que seria uma boa ideia fazer essa mistura de apocalipse zumbi com corridas absurdas em cenários inusitados, pois o filme parece ser muito inspirado na famosa franquia de carros.

E não é pouca coisa, viu? Algumas longas cenas parecem mais fases de videogame do que parte do contexto do filme. Eu até entendo a possibilidade de brincar com isso e usar até “Zumbilândia” como referência, afinal um mundo destruído dá esse tipo de abertura. Todavia, muitos minutos de filme são roubados nessas brincadeiras, que não agregam e beiram o tédio.

Há outros pontos que destoam muito do antecessor, como a ambientação, a trilha sonora e até mesmo os protagonistas. É claro que ao propor essa expansão da infestação zumbi, o filme precisou de novos cenários, mais amplos, tomados de carros jogados para todos os lados e da natureza tomando conta do ambiente urbano.

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Com a ampla gama de filmes hollywoodianos que já retrataram isso inúmeras vezes, a tarefa de trazer inovação à telona é árdua. Todavia, o que cria uma sensação de familiaridade é o uso de cenas e músicas já conhecidas em outras mídias. Por exemplo: eu não pude deixar de relacionar cenas de “passeio” com trilhas embaladas por acordes de violão com o famoso jogo The Last of Us.

Quanto aos personagens, é claro que é impossível manter uma mesma pegada em filmes separados por quatro anos de roteiro, porém o que fez de “Invasão Zumbi” um sucesso foi o protagonismo. Lá, a inexperiência jogava em favor da emoção e do drama; aqui, há excesso de heroísmo, que muda não só o rumo do filme, bem como o gênero.

Parece uma americanização forçada na tentativa de cativar mais fãs ocidentais. E o pior: para os olhos mais atentos, fica muito evidente o uso descomedido de cenas em computação gráfica. E isso fica evidente pela baixa qualidade nos efeitos visuais. Talvez um recurso inevitável dado o tamanho do caos proposto, mas faltou esmero. Enfim, o tiro saiu pela culatra.

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E olha, pelo tom do meu texto e com tantos argumentos apresentados, fica evidente que eu me decepcionei com o resultado final. Contudo, para ser justo, eu acho bom ponderar que “Invasão Zumbi 2: Península” ainda consegue honrar de certa forma seu predecessor ao nos mostrar compaixão e humanidade num mundo tomado por ganância e violência.

Já tava bom, diz que ia mudar ele pra melhor, aí tava ruim, agora parece que piorou...

Talvez esteja na hora do criador da obra repensar se vale insistir na franquia, pois um terceiro episódio pode ser arriscado se continuar nessa pegada. E fica a dica: se você gosta de zumbis e só quiser curtir um filme com pipoca, é provável que “Invasão Zumbi 2” divirta e passe longe do tédio (o que é bom), mas não espere a mesma emoção, ok? É o famoso: veja por sua conta e risco.

Crítica do filme Tenet | Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos

Aviso: se você está aqui em busca de uma conclusão simplificada para "Tenet", é provável que você saia da página do mesmo jeito que entrou. Esta não é apenas uma crítica sobre a nova obra de Christopher Nolan, mas uma análise do que entendemos como cinema e o porquê da dificuldade na aceitação de obras que fogem do padrão de Hollywood.

Eu já escrevi centenas de críticas. Muitas são produzidas mentalmente antes mesmo de eu sair do cinema. Outras levam um período de tempo razoável para serem finalizadas. Algumas são publicadas e, mesmo devidamente polidas, não conseguem abranger toda a minha interpretação de uma obra.

Minhas análises das produções de Christopher Nolan certamente se encaixam nesta última categoria. Não que o conteúdo fique inacabado, sabe? Contudo, abordar temas complexos que nem foram decifrados pela ciência ou que tentam simular grandes paradigmas é algo de tamanho complexidade que pode resultar em textos presos em loops temporais.

O ponto é: como sintetizar tantas ideias elaboradas de uma trama tão complexa, a qual não pode ser definida  numa sinopse? E mais: como criticar um emaranhado de conceitos sem chegar ao ápice da epopeia? Impossível. Tanto que eu nem sequer vou tentar entrar nos desdobramentos da trama. Definitivamente não.

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A verdade é que após tantos filmes aclamados e com uma reputação marcada apenas por infindáveis elogios, Christopher Nolan parece ter chegado num ponto de sua carreira sem volta. Para o cineasta, não basta mais levar medalha de ouro. Ele quer seu lugar no Olimpo hollywoodiano. E isso é o que o público espera dele: genialidade sem precedentes.

Uma carreira agora orientada pela perseguição dos temas mais inusitados e jamais concebidos por qualquer outra mente. Isso exige do cineasta uma revolução em roteiro e em direção. Ele definitivamente entrega algo de um nível surpreendente em "Tenet", talvez para agradar os cinéfilos mais exigentes, mas até que ponto vale a viagem pelo inexplorado mundo de ideias?

Será que os infinitos desdobramentos de "mindblowing" (que eu traduzo livremente aqui como doideira) levam a alguma posição privilegiada? Afinal, seria o cinema uma forma de entretenimento ou de exploração do inimaginável? Vale a pena divagar tanto a ponto de cansar o espectador pelos diálogos intrincados e os conceitos mais difíceis de sumarizar?

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Eu acho que não há respostas definitivas para nenhuma dessas perguntas. E se tem alguém que não precisa se preocupar com nada disso é Christopher Nolan. Todavia, é inegável que seus filmes cada vez mais viajados devem ter duas consequências inevitáveis: mais fãs pedindo criações que demandam muito mais do intelecto, mais críticas - sejam especializadas ou do público em geral - argumentando a complexidade desnecessária que acaba dificultando o entretenimento.

Sator Arepo Tenet Opera Rotas

Quando pensamos em filmes enquanto obras de arte, podemos encontrar diferentes propósitos, inclusive é claro retratos de ideias abstratas que podem ter como única finalidade a reflexão sobre o que concebemos como uma realidade. Em casos extremos como o de "Tenet", o roteiro pode se concretizar como genial, mas talvez a duras penas, uma vez que ele priva o espectador do entretenimento clássico em detrimento de uma abordagem aprofundada.

A verdade é que quando há um questionamento de temas impossíveis de serem decifrados, sejam eles sonhos, viagens através de buracos negros ou a exploração de uma inversão no tempo, não há limites para conjecturações. Todavia, scripts desse garbo inevitavelmente soam de forma mais restritiva do que inclusiva.

Às vezes, fazer o espectador pensar pode ser genial, já que o cinema tem esse poder de questionamento e reflexão, mas isso pode ser uma faca de dois gumes. "Tenet" é o tipo de obra que não permite à plateia divagar ou tecer comentários, pois uma frase perdida resulta na perda da linha de raciocínio e aí é frustração na certa.

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Importante frisar que o novo filme de Christopher Nolan marca a volta de grandes estreias aos cinemas do mundo afora. Como todas as obras do cineasta, seu mais recente projeto também foi feito para apreciação na telona, onde há uma imersão completa neste mundo de situações impossíveis, em que a ação e a viagem temporal são mais impactantes.

Eu já ouvi muitas pessoas falarem como os filmes prévios do Nolan exigiram mais do que uma sessão para absorsão total dos conceitos. Assim, não tenha dúvidas de que "Tenet" pode requisitar uma segunda ida ao cinema ou a espera do lançamento nos streamings para uma segunda interpretação, mais cautelosa e já pautada nas teorias introduzidas na primeira experiência.

Nolan, o Maestro do Palíndromo

Na trama, acompanhamos a viagem do protagonista (interpretado por John David Washington - e já respondendo sua questão: não, o protagonista não tem nome) por um mundo obscuro de espionagem internacional, armado com apenas uma palavra – Tenet — e lutando pela sobrevivência de todo o mundo em uma missão que se desdobra em algo além do tempo real. Nas palavras oficiais da sinopse: Não é viagem no tempo. Inversão.

Essa frase em destaque marca uma distinção importante a ser notada antes de ver o filme, pois há diferenças entre viagem no tempo e inversão. A meu ver, a viagem no tempo implica no deslocamento de um sujeito através da linha do tempo, seja para o passado ou futuro. Já a inversão consiste na dúvida: e se fosse possível rebobinar a linha do tempo, como um deslocamento no sentido contrário, e não só de pessoas, mas de objetos e situações?

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Uma passada rápida no trailer impressiona e, se você é do tipo que fica imaginando os tipos de técnicas empregadas para as cenas, é fácil cogitar o uso de meros truques com cenas em modo reverso, brincadeiras simples que qualquer um pode fazer em poucos cliques num software de edição. Obviamente, não há nada de simples em "Tenet", afinal se há alguém empenhado em fazer diferente e impressionar visualmente, esse alguém é Christopher Nolan.

É algo de dar nó a forma como Nolan pensou a direção e também a composição na pós-produção. Mesmo que algumas cenas possam ser coreografadas em reverso, isso exige um grande talento por parte dos atores. No entanto, há momentos que definitivamente exigem muito mais do que embromações. E aí é que entra a genialidade da parada. Mesmo que a história não te convença, ou que você fique perdido, o simples fato de ver esses efeitos já vale cada segundo de projeção.

Aliás, observação pertinente: assim como em outros projetos, Christopher Nolan parece ter alguns desafios próprios em seus filmes, truques de grandezas inusitadas, como tombar um caminhão numa rotação quase impossível (como ele fez em "Batman - O Cavaleiro das Trevas"), explodir um avião no ar ou coisas do tipo. Então, se você gosta de ver coisas absurdamente impossíveis, certamente "Tenet" tem muito a oferecer em termos de cenas impressionantes.

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Em questão de elenco, Nolan ainda resiste em figuras carimbadas como Michael Caine (sem reclamações, apenas um apontamento mesmo), mas o que vale são os novos protagonistas, principalmente com John David Washington no comando do personagem principal. Washington é simplesmente magistral em sua performance, de uma pompa que chega quase a ser um James Bond nas maluquices temporais. Ótimo de diálogos, coreografias e feições. Certamente, o ponto alto do filme!

Essa renovação do protagonista existe em muitos filmes do cineasta e não tenha dúvidas que sua equipe acertou em cheio ao escalar a estrela de "Infiltrado na Klan" junto com Robert Pattinson, que amadureceu muito em sua carreira e entrega uma atuação poderosa. Outros nomes como Aaron Taylor Johnson, Kenneth Branaghm, Elizabeth Debicki e Clémence Poésy também contribuem de forma generosa para o bom andamento dos diálogos, parte fundamental para entender as nuances da história.

Outro aspecto de suma importância como em todos os filmes de Nolan é a trilha sonora muito bem orquestrada. E não digo por ser conduzida por uma orquestra, mas por ser um ponto de apoio para o andamento da trama mesmo. Os sons impactantes, com muitas freadas e aceleradas, com variações abruptas, distorções, sintetizadores de profundidade e uma pegada muito eletrônica destoam muito do que já vimos nas trilhas de Hans Zimmer, isso porque esse é um dos raros projetos em que não temos Zimmer como compositor.

O nome por trás da brilhante trilha sonora de "Tenet" é Ludwig Goransson, artista que já emplacou outros grandes projetos como a musicalidade de "Pantera Negra" e "Creed 2". Aqui, ele foge totalmente do lugar comum e realmente faz um trabalho que impressiona pela ousadia. Toda música tem uma tonalidade que dá a impressão de que o tempo vai acabar. Um casamento perfeito entre imagem e som. Para quem gosta de ouvir trilhas sonoras, vale conferir o álbum no Spotify. 

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A pergunta que ninguém fez, mas não quer calar: é o melhor filme do Nolan? Como toda pergunta desse tipo, a resposta reside somente na opinião de quem está responendo e, particularmente, eu não acho que "Tenet" seja o projeto mais completo do cineasta. Talvez, ele seja o mais ambicioso, mas as dificuldades que o filme tem em vender seus conceitos acabam atrapalhando seu sucesso. Um ótimo filme no todo, mas talvez um pouco exagerado no conceito da doideira e até previsível!