Rainhas do Crime | Trailer legendado e sinopse

Rainhas do Crime é estrelado pela indicada ao Oscar Melissa McCarthy (Poderia Me Perdoar?), Tiffany Haddish (Viagem das Garotas) e Elisabeth Moss (da série de TV O Conto de Aia), que interpretam três donas de casa do bairro de Hell’s Kitchen, Nova York, em 1978, cujos maridos mafiosos são mandados para a prisão pelo FBI.  Deixadas quase sem nada, elas assumem as rédeas da máfia da irlandesa – provando, inesperadamente, estarem prontas para tudo, desde gerenciar os negócios ilegais até eliminar a concorrência... literalmente.

Crítica do filme Polar | Se o trabalho não te matar, a aposentadoria vai!

A webcomic/graphic novel Polar chamou a atenção dos fãs de quadrinhos com seus visuais estilizados e narrativa peculiar — que na publicação original não possuía caixas de diálogo e portava apenas três cores (branco, vermelho e laranja). A mistura criativa de uma trama neo-noir, violência exagerada e um protagonista forte logo colocou o nome da produção entre os favoritos para receber uma adaptação para os cinemas.

Sem perder tempo, a Dark Horse Comics anunciou que Polar: Came From the Cold seria adaptado para os cinemas, produzido como uma colaboração entre a divisão de entretenimento da editora (a mesma de O Máscara, Hellboy e 30 dias de Noite) e a Constantin Film. Três anos na gaveta depois, os produtores confirmaram que Mads Mikkelsen estrelaria o thriller de ação, com Jonas Åkerlund (Lords of Chaos) na direção e roteiro de Jayson Rothwell.

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Pouco tempo depois a Netflix entrou como distribuidora e logo foi confirmada a presença de Vanessa Hudgens, Katheryn Winnick e Matt Lucas no elenco. Além disso, também foram adicionados Johnny Knoxville e o veterano Richard Dreyfuss, sem contar que o filme teria uma trilha sonora original produzida pelo DJ canadense Deadmau5.

Parecia que estava tudo bem encaminhado para um lançamento de peso, mas parece que todo o sexo, violência e gracejos visuais não foram suficientes para derreter os corações dos espectadores. Polar não é nada ruim, mas nunca alcança todo seu potencial. Com uma direção dinâmica, mas pouco inspirada e uma trama um tanto batida, fica o destaque apenas para fãs de quadrinhos em busca de algo diferente no catálogo da Netflix.

“Quando eu pensei que estava fora… eles me puxam para dentro”

Duncan Vizla (o excepcional Mads Mikkelsen), também conhecido como Kaiser Negro, é um habilidoso e implacável assassino profissional que está contando os dias para seu aniversário de 50 anos, data que marca o início da sua aposentadoria. Com um plano de aposentadoria generoso provido pelo seu empregador o enojante Sr. Blut (Matt Lucas), Vizla se encontra em um misto de inquietação e conformidade com o seu futuro. 

Entretanto, parece que o Sr. Blut tem uma estratégia financeira diferente e parece que Duncan nunca chegará a sacar a sua polposa pensão. Com uma legião de assassinos extravagantes em sua folha de pagamento, Blut simplesmente prefere despachar seus antigos funcionários, poupando assim eventuais gastos com as aposentadorias.

Assim, não demora muito para que o Kaiser Negro seja forçado de volta a ativa. Escondido na tranquila Triple Oak, Montana, Duncan espera pelo ataque enquanto se aproxima da sua enigmática vizinha, a jovem Camille (Vanessa Hudgens). A trama de Jayson Rothwell não tem o mesmo impacto que o material original, os quadrinhos de Víctor Santos. Mesmo com algumas reviravoltas interessantes, a narrativa depende demais da estilização exagerada dos personagens, algo que funciona nas graphic novel, mas se traduz como "bobo" no filme.

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Ele veio do frio

Saído do universo dos videoclipes musicais, o diretor Jonas Åkerlund mostra muito dinamismo no comando câmera e construção das cenas, no entanto, tudo parece um tanto raso e sem grande impacto. Apesar de contar com muito estilo, principalmente na retratação dos assassinos — alinhado com a extravagância dos quadrinhos — o diretor não consegue imprimir personalidade na sua direção, e no final fica a impressão de estarmos acompanhando uma peça publicitaria ou um videoclipe altamente estilizado.

A trama funciona muito bem nos quadrinhos, e as escolhas narrativa de Víctor Santos são perfeitamente condizentes com a mídia. No entanto, a saga do assassino veterano em busca de vingança já parece um tanto batida e são raras as histórias nesse molde que realmente trazem algo inovador, seja na narrativa ou na ação em si — nem todo mundo acerta como John Wick.

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Mas se há algo que Polar acerta, bem no centro do alvo por sinal, é na escolha de Mads Mikkelsen. O ator fetiche de 9 entre 10 nerds, está primoroso na pele do assassino veterano Duncan Vizla. O estoicismo o próprio das atuações do dinamarquês se ajustam perfeitamente a persona espartana do Kaiser Negro.

Sin City

Polar é um bom filme de ação, com uma trama neo-noir nada inovadora, mesmo que ainda reserve algumas surpresas para o final. O elenco é muito bom com destaque todo especial para as atuações de Mads Mikkelsen e Vanessa Hudgens que tentam trazer mais personalidade para o show visual de Jonas Åkerlund.

Por sinal, Åkerlund faz um trabalho descente em apresentar uma visão estilizada de ação, sexo e violência. O problema é que o diretor falha em fazer isso de uma maneira original, capaz de caracterizar o seu trabalho e não apenas compilar clipes elaborados.

Polar é limitado e perde mais apelo quando comparado a outros títulos; como as caracterizações de Sin City ou a ação de John Wick

No final, Polar não ousa o suficiente para ser lembrado, especialmente com tantas adaptações de quadrinhos análogas com desenvolvimentos muito superiores. Dentro do catálogo de produções da Netflix, Polar ainda mantêm alguma relevância, mas não passa de uma escolha secundária para quem busca algo na mesma linha do ótimo John Wick.

Estrada Para Perdição | Trailer oficial e sinopse

Durante a Depressão, mais exatamente no inverno de 1931, Michael Sullivan (Tom Hanks) é um zeloso pai de família, que ama muito sua esposa, Annie Sullivan (Jennifer Jason Leigh), e seus filhos, Michael Sullivan Jr. (Tyler Hoechlin) e Peter Sullivan (Liam Aiken). Porém, ele vive moralmente em conflito, pois trabalha como assassino profissional para um irlandês, John Rooney (Paul Newman), um idoso chefe de quadrilha que criou Sullivan como se fosse seu filho. Michael Jr., o filho mais velho, fica curioso sobre a profissão misteriosa do seu pai, então se esconde no automóvel dele e acaba testemunhando a execução de Finn McGovern (Ciarán Hinds), que foi morto por Connor Rooney (Daniel Craig), o filho biológico de John.

Michael vê seu pai e outros capangas ajudarem a terminar o "serviço", ficando tão apavorado que tenta fugir. Rapidamente seu pai entende que o filho viu tudo, mas Sullivan tentou acalmar Connor, dizendo que seu filho não diria nada. Aparentemente ele teve sucesso, mas Connor é na verdade bem paranóico e instável.

Connor acredita que só terá segurança quando Sullivan e toda a sua família estiver morta, logo ele mesmo mata a mulher de Sullivan e Peter, o caçula. Porém Sullivan, que seria morto em outro local, consegue escapar e rapidamente pega Michael e foge.

Enfurecido com estas traições, Sullivan decide se vingar, mas antes pretende deixar o filho com parentes em Perdição, uma cidade rural. Quando o perigo eminente passa, ele acaba expondo para Michael os aspectos mais sangrentos de sua profissão, mas logo Harlen Maguire (Jude Law), um assassino profissional, está no seu encalço. Sullivan tenta então atingir os mafiosos, roubando altas quantias que eles têm em bancos, pois pretende forçar as quadrilhas que ofereçam Connor em sacrifício para ele, em troca, terminar com os roubos.

Critica do filme Alita: Anjo de Combate | Visão hiperfuturista meio embaçada

Longe de alcançar o mesmo impacto que a obra de Yukito Kishiro, a adaptação cinematográfica do mangá cyberpunk Gunnm — publicado originalmente entre 1990 e 1995 e conhecido no ocidente como Battle Angel Alita, ou Alita: Anjo de Combate —, é uma mistura equilibrada de erros e acertos. Saído do limbo de desenvolvimento e sob a tutela de James Cameron e Robert Rodriguez, o filme acerta em cheio no visual, mas escorrega na narrativa.

A enxurrada de efeitos ajuda a construir uma ambientação ciberpunk imersiva e análoga a do mangá/anime original, com direito a grandes olhos amendoados (próprios dos “quadrinhos” nipônicos). Infelizmente, toda essa maravilha estética não tem paralelo no roteiro. A história é apressada e pouco envolvente, enquanto os personagens parecem “ocos” e sem essência.

Mesmo com alguns “bugs”, Alita ainda se destaca como um esforço interessante na adaptação para os cinemas de uma das obras mais icônicas dos mangás/animes japoneses. Entretanto, em nenhum momento a produção realmente alcança todo o seu potencial.

A arma dos sonhos

No filme seguimos a história da pequena Alita (Rosa Salazar), uma pequena ciborgue que é encontrada desmemoriada em um ferro-velho pelo benevolente cibercirurgião Dyson Ido (Christoph Waltz). Vivendo na Cidade da Sucata (Scrapintown), uma espécie de favela abaixo de Zalen — a última grande metrópole flutuante —, a dupla acaba criando uma relação de pai e filha, enquanto Ido e Alita tentam descobrir mais sobre o seu passado. Em tempo Alita lembra de sua história e de suas habilidades incríveis, sendo na verdade uma relíquia de guerra com poderes extraordinários e é aqui que encontramos os principais problemas do filme.

Por conta da necessidade de espremer muita informação em pouco tempo, o Rodrigues acaba fazendo algumas escolhas narrativas pouco eficientes. Paradoxalmente, o diretor consegue criar uma ambientação sólida, apresentando vários elementos da sociedade e como as coisas funcionam na Cidade da Sucata, entretanto isso não se traduz muito no crescimento dos personagens.

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Tudo acontece muito rápido, sem tempo para que o espectador acompanhe a jornada de cada personagem, forçando uma empatia que não emerge naturalmente. O filme ficou engavetado por mais de dez anos, seja por limitações tecnológicas ou criativas. James Cameron pensou em adaptar o mangá como um seriado, seguindo o sucesso de seu projeto anterior, Dark Angel (que aborda temas similares). Depois de abandonar a idéia, Cameron sugeriu que comandaria o primeiro filme de uma franquia, sendo que o roteiro original da primeira iteração teria cerca de 3 horas de duração.

Finalmente, em 2016, com a introdução de Robert Rodriguez, o projeto começou a ganhar contornos mais sólidos, chegando até a versão de Alita: Anjo de Combate que finalmente chegou às telas. Essas mudanças não comprometem o estilo do filme, mas certamente minaram a sua estrutura narrativa.

Uma coisa é certa, o filme é extremamente dinâmico e, na maior parte, faz um bom trabalho ao apresentar os diversos elementos que compõem o vibrante universo de Alita: Anjo de Combate. Rodriguez fica na sua zona de conforto e entrega o que faz de melhor, um filme de ação. Fica evidente o esforço de Rodriguez para trabalhar a história de maneira que as fundações estejam sólidas para que a franquia possa crescer livremente.

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Sentimentos vazios

Se o metaenrredo é bem amarrado, as histórias dos personagens acabam ficando em segundo plano e sem tempo de tela. Assim, fica difícil empatizar com todos sem acompanhar a sua evolução natural, no fim ficamos com a sensação de que os personagens não têm motivações reais e apenas reagem.

Essa falta de exploração narrativa acaba subestimando um elenco de apóio de alto calibre. Christoph Waltz, Jennifer Connelly e Mahershala Ali não exploram metade de seu talento e ficam reduzidos a coadjuvantes de luxo. E por sinal, antes que xiitas uivem sobre whitewashing, vale lembrar que a história original é totalmente ambientada no que sobrou dos Estados Unidos, nos arredores de Kansas City, Missouri, sendo que Kishiro não perde muito tempo alucubrando sobre isso.

Como o filme não tem tempo para explorar histórias paralelas, não temos como acompanhar o desenvolvimento de seus personagens e como resultado tudo parece raso. Sem saber exato o que motiva os personagens, todas as suas ação parecem desprovidas de emoção e um tanto exageradas ou deslocadas. 

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Começo da caminhada

Robert Rodriguez tem um estilo inteligente na hora de traduzir a arte seqüencial para o cinema. Assim como em Sin City, o diretor é capaz de transportar quadros inteiros das páginas dos quadrinhos/mangas diretamente para a tela, algo a se louvar quando o assunto é adaptações de mídias extremamente visuais.

Enquanto o roteiro pena para conciliar a estruturação de um metaenrredo superior ao mesmo tempo em que carrega um capítulo coerente e interessante, muito acaba se perdendo pelo caminho. O grande problema fica por conta da exploração dos personagens que se tornam rasos frente à profundidade da trama maior. Algo que certamente será melhor abordado no futuro da série.

Alita: Anjo de Combate soa contraditório, mas se faz entender.

Alita: Anjo de Combate é um ótimo filme de ação, uma boa razoável e um capítulo pouco elevado do que pode ser uma franquia muito interessante. Fãs de ação de ficção científica não devem se desapontar, mesmo porque, sobrepujando qualquer falha narrativa, temos um grande espetáculo visual repleto de ação, mesmo que desprovido de grande emoção.