Crítica do filme Segredos de um Crime | Crime ocorre, nada acontece, feijoada

Como bem disse Eduardo Galeano, “na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que padece”. Esta é a lógica que se estabelece no enredo do longa-metragem “Segredos de um Crime”, quando o detetive Malcolm Toohey (Joel Edgerton) acidentalmente (ou seria inconsequentemente?) comete um crime.

Em um dia intenso e de muito trabalho, ele é considerado um herói pelos colegas depois de tomar um tiro durante uma perseguição que deu fim a um caso que já vinha se estendendo há tempos. Como não poderia deixar de ser, a comemoração se passa na mesa de um bar e termina com todos os policiais deveras encachaçados.

E o que todos nós civis aprendemos diariamente é que a primeira coisa que você não deve fazer depois de beber álcool é o que mesmo? Isso, dirigir. Mas parece que essa regra não vale para autoridades. Autorizado e, de certa forma, até mesmo incentivado pelos colegas policiais tão alterados quanto ele, Malcolm abraça o volante e vai embora dirigindo, mesmo sonolento e alcoolizado, munido da senha que vai liberar seu passe na blitz. O resultado não poderia ser pior.

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No caminho para casa, ele atinge o pequeno William (Axel Nookadu), um entregador de jornais que fazia seu trajeto rotineiro. No calor do momento, assustado, Malcolm mente para os policiais de trânsito e para os socorristas que primeiro aparecem no local, dizendo que quando chegou ali, o menino já estava no chão.

Como possui credibilidade na força policial, os demais aceitam sua palavra e ele tenta seguir a vida como se nada tivesse acontecido, enquanto William é internado em estado grave.

Quando o criminoso é "um dos seus"

Entre os primeiros a chegarem à cena do atropelamento do menino, os detetives Jim Melic (Jai Courtney) e Carl Summer (Tom Wilkinson) acabam assumindo o caso. Enquanto Carl se esforça para fazer vista grossa ao erro do colega, Jim fica com a pulga atrás da orelha e não compra essa história de inocência.

E é na dança da culpa ou não culpa encenada entre estes três personagens que se concentra e se apoia todo o enredo de “Segredos de um Crime”, daí a importância da escolha de três excelentes atores para os papéis. O destaque, é claro, vai para o veterano Tom Wilkinson (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, O Patriota) e para Joel Edgerton (O Presente), que encarnam magistralmente as personas dos policiais.

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Jai Courtney (Esquadrão Suicida) também faz um bom trabalho, embora não se destaque tanto, talvez até pelo fato de que seu personagem é bastante juvenil e inexperiente, o que transparece bem em sua construção.

O fato é que o trabalho de atuação e a interação que se constrói entre os três é bastante consistente e dá sustentação a um longa-metragem de quase duas horas em que pouco acontece de concreto.

Um conflito psicológico

Dirigido por Matthew Saville, “Segredos de um Crime” é um filme em que quase se pode dizer que o climax acontece no começo da história, e que todo o restante é um grande desdobramento lento e enrolado desse ponto alto.

A história não traz nada de muito surpreendente, pois logo no começo - especialmente se tiver visto o trailer - você já sabe sobre o que a trama vai tratar. E é aí que reside o mérito do roteiro, que é assinado pelo próprio Joel Edgerton, de conseguir manter o interesse do público mesmo quando o desenrolar é previsível. O conflito, aqui, é puramente psicológico.

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Corroído pela culpa, o próprio detetive Malcolm inflige sobre si uma punição mental pior do que qualquer sentença judicial, a autoflagelação moral. Quando nenhuma escolha é a adequada e, mesmo o que pareceria politicamente correto, acaba prejudicando alguém além dele, o detetive se encontra frente a um enigma moral impossível de resolver.

Apoiado em uma trilha sonora que balança entre o drama e o suspense, o dilema que se constrói na cabeça do protagonista é o ponto central do longa-metragem, então não espere um filme de ação cheio de correria, tiroteios e reviravoltas, pois o ritmo do filme é bastante diferente de muitos outros do gênero.

Profundo e consistente, “Segredos de um Crime” é um filme interessante para diferentes tipos de público e super recomendado pelo importante debate que ele levanta. Apesar de ser um pouco cansativo por seu ritmo e pelo desenrolar um pouco truncado, é uma boa escolha recentemente adicionada ao catálogo da Netflix e que vale a pena colocar na lista pra ver.

O Quarto do Pânico | Trailer legendado e sinopse

Meg Altman (Jodie Foster) e sua filha Sarah (Kristen Stewart) entram em um jogo mortal de gato e rato com três ladrões – Burnham (Forest Whitaker), Raoul (Dwight Yoakam) e Junior (Jared Leto) – durante a invasão brutal de sua casa. Mas o “quarto do pânico” onde elas se esconderam é onde está guardado o que os bandidos desesperadamente procuram.

A Morte Te Dá Parabéns | Trailer legendado e sinopse

Aproveitando a onda de filmes com a pegada do "Dia da Marmota", a Universal Pictures apresenta mais uma obra que explora a repetição de um pesadelo tão real que chega a dar medo. Era para ser um dia alegre, mas Tree tem o desprazer de reviver o mesmo dia inúmeras vezes. Todo dia é a mesma música, as mesmas coisas e... a mesma morte. Agora, ela tem de dar um jeito de descobrir quem está tentando matá-la e o motivo para tal perseguição.

Crítica do filme A Onda | Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura

Você pode não perceber, mas nosso planeta é um organismo complexo em constante evolução. A natureza se adapta diariamente e nós, pequenas criaturas que habitam a superfície, podemos apenas observar os fenômenos de proporções gigantescas.

Movimentações no interior do planeta podem ocasionar terremotos, mudanças nos ventos podem gerar tornados, reações no núcleo da Terra podem despertar vulcões e a força dos mares pode ser testemunhada em fenômenos que recebem o nome de tsunamis.

Todos os anos, vários casos são noticiados, sendo que muitos já serviram de base para filmes de catástrofes. O mais recente título a integrar essa lista é o longa-metragem norueguês “A Onda”, que usa cenários reais para contar uma história assustadora que pode acontecer a qualquer momento — e que você pode ver no Netflix.

O local principal é o fiorde de Geiranger, uma região famosa na Noruega onde o mar invade os espaços entre as montanhas. Os ambientes são de tirar o fôlego, mas os casos de desastres naturais registrados no local deixam a população sempre em alerta para possíveis novas ocorrências de ondas gigantes e deslizamentos de terra.

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A história aqui gira em torno do geólogo Kristian Eikjord (Kristoffer Joner), que estudou a região por anos, mas está prestes a se mudar com sua família para outra parte do país. No entanto, antes de partirem, o especialista das montanhas percebe que há algo de errado e pode ser que uma onda gigante dizime a população local.

É difícil prever se o pior vai acontecer, mas, se a onda vier, o povo terá poucos minutos para escapar da força implacável do mar. Assim, Kristian tem o dever de dar o alerta de “Onda, onda, olha a onda” e avisar para ninguém tentar nadar contra a maré. Tenso, intenso e cheio de surpresas, este é um título que merece sua atenção. Embarque na jangada para saber mais!

Gente que dorme a onda leva

Se você já viu o trailer do filme “A Onda”, você já começou errado. É claro que uma única imagem no Netflix ou o próprio nome já dão um belo spoiler sobre o que vai acontecer, mas esse é o tipo do filme que você começa a assistir e fica só no aguardo pelo momento mais terrível, afinal, em algum momento vai dar ruim.

Com quase duas horas de duração, o longa-metragem dirigido por Roar Uthaug (cineasta que vai encabeçar o novo “Tomb Raider”), se mostra bastante coerente em sua construção. A história começa com tempo suficiente para dar brecha para contextualizar o espectador e apresentar argumentos dos perigos iminentes.

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Na primeira parte, o filme faz questão de mostrar todo o esquema de monitoramento da região e como o povo já está preparado para uma situação catastrófica. Esse início do roteiro de John Kåre Raake e Harald Rosenløw-Eeg também se mostra importante para darmos importância aos personagens principais.

Da mesma forma, a construção progressiva do script se mostra bem válida para comentar sobre a incredulidade de muitos cidadãos e como o ser humano se deixa levar pela rotina, ignorando o fato de que a natureza não pestaneja em trabalhar com força. É claro que há conveniências nesta história, mas elas funcionam bem de embasamento ao restante do filme.

Salve-se quem puder!

Após tantas batidas na mesma tecla, o alarme de “Deus nos acuda” finalmente é soado, e aí meu amigo, não sobra um corajoso para enfrentar essa onda de 90 metros de altura. A sequência de desastres é realmente impressionante, tanto pela proporção quanto pela forma como foi construída. Inclusive, é nesse ponto que você pensa “agora dei valor para o cinema norueguês”. Os efeitos são realmente top, minha gente!

Pois é, ainda que seja uma produção um tanto distinta do que estamos habituados a ver nos cinemas, “A Onda” é uma obra construída com atenção aos detalhes. A fotografia é simplesmente magnífica, com ambientes que nos fazem entender o porquê de as pessoas continuarem vivendo numa região tão perigosa.

O tom sombrio dá a pegada mais séria do filme e deixa o espectador um tanto desconfortável quanto às possíveis situações de emergência que podem ser desencadeadas a qualquer momento. Por outro lado, os personagens bem-humorados e marcantes garantem uma narrativa mais solta e preocupante.

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A família principal é o fio-condutor da história, mas é Kristoffer Joner com um rostinho familiar — que vai lembrá-lo de Norman Reedus, o famoso Daryl de The Walking Dead — que garante o desenrolar de toda a trama; e ele o faz muito bem, dando credibilidade ao personagem que se mostra sagaz em suas ações e bastante corajoso.

Para embalar toda essa desgraça (no sentido mais destrutivo da palavra), temos uma trilha muito assustadora. As músicas deixam o clima cada vez mais pesado e o responsável por essa pérola é Magnus Beite, compositor que arrasou ao planejar sons que se complementam e dão intensidade ao desastre.

Enfim, diferente de muita porcaria de Hollywood (que apela para nomes famosos e cenas clichês), o filme norueguês “A Onda” consegue entregar momentos de tensão convincentes, ainda mais pela temática abordada com fidelidade à realidade. Um ótimo filme para ver no conforto da sua casa e para repensar que a Natureza nunca está para brincadeira!

Apocalypse Now | Trailer legendado e sinopse

Em 1969, o capitão Benjamin Willard (Martin Sheen), segue uma jornada rumo a um universo paralelo e perturbador governado pelo coronel Walter Kurtz (Marlon Brando). Ligado às Forças Especiais do Exército, o capitão Willard é enviado para a selva com a missão ultra-secreta para encontrar e matar o descontrolado coronel Kurtz.

Contaminado pelo clima denso da guerra, o coronel montou um exército próprio dentro das matas, opondo-se à guerrilha armada pelos norte-americanos. Conforme Willard e seus patrulheiros navegam pelo interminável rio Nung à procura do misterioso coronel, o poder alucinatório da guerra e a batalha contra a insanidade dão às caras, colocando em risco não só o sucesso da jornada, mas também o equilíbrio emocional das personagens envolvidas.

Colossus 1980 | Trailer oficial e sinopse

No auge da Guerra Fria, os Estados Unidos constroem um super computador capaz de controlar todos dos sistemas de defesa do país, inclusive os mísseis nucleares. O computador acaba desenvolvendo vontade própria e chega a conclusão lógica de que, para o próprio bem da humanidade, esta deve lhe prestar obediência, evitando assim a autodestruição da raça.