Omar Sy - Café com Filme

Thelma & Louise | Trailer e sinopse

Louise trabalha como garçonete e vive um relacionamento conturbado com o músico Jimmy. Thelma é casada com Darryl, que deseja que ela seja a perfeita dona de casa. Cansadas da vida que levam, as amigas decidem pegar a estrada para fugir da rotina. Mas, tudo se complica quando elas cometem um crime.

Crítica do filme Transformers: O Último Cavaleiro | Uma explosão de decepção!

A saga iniciada em 2007 nos cinemas completa dez anos, mas talvez já deveria ter acabado lá pela terceira tentativa. A recepção do público e da crítica deixa isso bem claro, mas é claro que os produtores não poderiam deixar de tentar novas aventuras com essa turminha alienígena.

Agora, o desespero e o tédio travam uma verdadeira guerra em “Transformers: O Último Cavaleiro”, que para muitos poderia ser mesmo o último filme. Eu até tinha alguma esperança neste quinto episódio, mas o tombo foi grande demais para Optimus e sua turma.

Michael Bay retorna na cadeira de diretor, porém a substituição dos roteiristas não parece ter sido a melhor das ideias para uma saga já machucada pelos inúmeros golpes anteriores. A chave para salvar o futuro da série seria fazer uma verdadeira salada de robôs, carros e naves. Já aviso: deu ruim!

Depois de anúncios sobre materiais para mais uma dúzia de filmes, a turma da Paramount resolve começar a mais recente aventura contando os segredos do passado dos Transformers aqui na Terra — pois é, reza a lenda que eles estão aqui desde os tempos do Rei Arthur.

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Esses são só os primeiros problemas deste longo (e bota longo nisso, são 2 horas e meia) episódio. Todavia, a lambança fica “melhor” quando o roteiro se liga ao quarto filme. Optimus Prime se foi e a salvação do mundo recai sobre os ombros de Cade Yeager (Mark Wahlberg); Bumblebee; um lorde inglês (Anthony Hopkins) e uma professora de Oxford (Laura Haddock).

Eu vou detalhar um pouco dos erros do filme, mas, só para adiantar, é tanta coisa acontecendo, com batalhas intensas, explosões rolando, carros em alta velocidade, explosões rolando, diálogos cheios de informação, explosões rolando, viagens espaciais, explosões rolando, descobertas a todo instante e mais explosões, que você fica tonto e cansado. Então, a dica logo de cara é: poupe seu tempo e dinheiro.

Um universo de possibilidades jogado num buraco negro

Filmes como “Transformers: A Era da Extinção” são bastante propícios para introdução de personagens e também para arrumar um quilo de problemas, já que se trata de um reboot, onde os roteiristas têm espaço para preparar a franquia para um novo ciclo. Todavia, uma continuação como “O Último Cavaleiro” definitivamente não pode se dar ao luxo de perder tempo com besteiras, ainda mais quando há tanto para explicar.

O primeiro grande problema deste novo capítulo dos Transformers é a tentativa de abraçar todo um universo, sem ao menos conseguir dar conta de detalhar coerentemente suas ideias. Essa história de voltar ao passado para contar um pouco dos autobots que chegaram aqui em épocas anteriores é perfeitamente aceitável e, em partes, até empolgante.

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Considerando que Cybertron já está aí na praça faz uns milhões de anos, não é de se admirar que esses aliens-robôs-carros-dinossauros-e-dragões tivessem dado uns pulinhos aqui em épocas distantes. Todavia, a pegada mais reforçada na piada talvez não seja a mais adequada para fazer este link com o passado, já que o épico pode acabar ficando mais chato do que empolgante.

Agora, se tem um erro muito maior é a introdução de novos personagens pouco relevantes e até desgastantes para o roteiro. Na tentativa de dar uma pegada mais teen e fisgar os adolescentes, os responsáveis pelo script tiveram a ideia descabida de colocar a personagem Izabella para “ajudar” o protagonista Yeager. Péssima decisão. Diálogos sem qualquer propósito, atuações bem fracas e cenas irritantes são o resultado dessa manobra.

A bagunça poderia parar por aqui, mas aí a produção decidiu jogar o brilhante Anthony Hopkins num papel dum velho manjador no meio do rolo. O cachê deve ter sido estratosférico para Hopkins — com toda sua reputação — topar entrar nesta enrascada. É claro que ele se destaca em meio a tantos personagens fracos, mas seu personagem precisa retomar o “fio da meada” a cada dez minutos, pois as novidades não param de pintar na tela. O robô amigo de Hopkins até que não é de todo ruim e pode até ser uma alívio cômico inteligente.

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Completa o time de protagonista a jovem Vivian Wembley (Laura Haddock), que apesar de justificável — de uma forma extremamente forçada — está aqui para roubar a cena com sua exuberância. Infelizmente, mais um filme em que uma protagonista feminina está ali praticamente só em função do seu par romântico, aliás, romance extremamente forçado a todo momento. Desgastante!

Chapéu mexicano dos Transformers

Se “Transformers: O Último Cavaleiro” não é lá um grande filme — aliás, não é nem um pequeno filme, né? —, ele certamente tem os ingredientes certos para virar um brinquedo de parque de diversões no melhor estilo chapéu mexicano, pena que isso seja péssimo para quem está indo ao cinema. É sério, o filme é ação do começo ao fim, não dá nem para respirar. Tem tanta coisa acontecendo, que não deve haver uma única cena com câmera estática por mais de um minuto.

Em meio a toda essa confusão de “fala do passado, apresenta personagem, explica as coisas, volta com protagonista, explica novamente, apresenta mais gente, explica melhor essa história aí”, o filme fica jogando transformers, carros, mísseis, naves, dinobots e qualquer tranqueira na sua cara a todo instante.

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O resultado é uma tontura absurda, uma explosão de efeitos — que deveria ser mágica, mas — que dá um cansaço visual, rachas incessantes em todo tipo de terreno, uma trilha sonora que não se aquieta por um único instante (algo que até o próprio filme satiriza) e uma falação sem fim.

É claro que os aficionados por automóveis vão pirar nos novos modelos apresentados. Não há dúvidas de que muitas batalhas são bem programadas, ainda mais com os efeitos de câmera lenta bem utilizados. Bem como não podemos nos queixar da volta desses personagens icônicos à telona. Todavia, todo e qualquer esforço da produção é simplesmente jogado no lixo nesse caleidoscópio tecnológico-bagunçado-cansativo.

Tudo isso já é ruim o bastante, mas, novamente, temos mais um filme de Transformers que peca ao colocar os humanos em posições um tanto poderosas. Só que isso nem é lá uma grande incoerência dado o restante da história da carochinha vinda de Cybertron. Não foi dessa vez que o time de Michael Bay acertou, mas esperamos ansiosamente os próximos doze filmes para detonar em grande estilo!

Crítica do filme Uma Família de Dois | Toma que a filha é tua

Antes de começar a ler essa crítica, eu vou sugerir que você acesse esse link aqui e dê o play nessa musiquinha. Deu? Então volta aqui comigo e bora falar sobre esse filme lindo?

Pois bem, “Uma Família de Dois” estreou no Brasil primeiro durante o Festival Varilux de Cinema de 2017, depois oficialmente nas programações regulares das salas de cinema, trazendo a história de Samuel (Omar Sy), um legítimo fanfarrão francês que vive uma vida de festeiro às custas da patroa, em um hotel à beira-mar no sul ensolarado da França.

Entre romancinhos de uma noite só, muita festa e bebedeira, ele um dia acorda sacudido pela vida, quando Kristin (Clémence Poésy, a Fleur, da saga Harry Potter) aparece em sua porta carregando no colo a pequena Gloria (Gloria Colston), então com apenas alguns meses de vida, e dizendo que a pequena é filha dele.

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Depois de persegui-la de um jeito desengonçado até Londres para, sem sucesso, tentar devolver a criança à mãe, Samuel se vê embolado em uma confusão completamente inesperada, na qual extravia os documentos, perde o emprego e tem seu caminho cruzado com o do produtor de TV Bernie (Antoine Bertrand).

Oito anos se passam, Samuel arruma com Bernie um trabalho como dublê de série de TV e cria Gloria do jeito que dá - com uma casa e uma vida que toda criança sonhou ter - até que um dia Kristin aparece para, mais uma vez, virar a vida de Samuel de ponta-cabeça.

Um roteiro de sete

Se a história toda demanda um elenco reduzido e um núcleo principal de apenas quatro pessoas, a produção, por sua vez, foi um belo de um trabalho coletivo. Dirigido pelo quase desconhecido Hugo Gélin,  “Uma Família de Dois” tem um roteiro feito a várias mãos - originalmente escrito por Eugenio Derbez, Leticia López Margalli e Guillermo Ríos com colaboração de Igor Gotesman e diálogos do diretor Hugo, de Mathieu Oullion e Jean-André Yerles.

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Toda essa galera é bem pouco conhecida, mas um dos nomes talvez  lhes seja familiar, vindo do longa-metragem mexicano “Não Aceitamos Devoluções”. Pois é, o filme é meio que um remake francês do original mexicano, com o mesmo roteirista - com a diferença que no mexicano o roteirista Eugenio Derbez é também ator que faz o protagonista.

Bem, não aceitamos devoluções, mas aceitamos cópias, desde que bem-feitas - e esse é sem dúvida o caso de “Uma Família de Dois”, que resulta em uma produção divertidíssima, encantadora e bonita.

(Sy)nônimo de sucesso

Um dos motivos do sucesso do filme é, sem dúvida nenhuma a atuação de Omar Sy. É claro que você lembra dele do trabalho maravilhoso em “Intocáveis”, “Samba” ou talvez pelo palhaço “Chocolate”, certo? Sy é um dos atores mais proeminentes da França e já ganhou um super destaque internacional por essas e outras produções.

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Sua atuação cheia de comicidade, mesmo nos papéis em que ele precisaria ser um pouco mais sério, é sinônimo de risos da plateia. Nesse filme em específico, o dueto do ator com a pequena Glória Colston é de uma sintonia invejável.

Aliás, um parênteses: que belezinha que é ver um filme com personagens negros, com personagem gay, e apenas atuando em  uma história na qual eles poderiam ser brancos ou  negros, tanto faz. Fazendo o papel apenas de… pessoas, sem a pegada da raça. Essa é uma das belezas de sair um pouco do circuito Hollywood-novelas da Globo, perceber que nem todo cinema é excludente, que nem todo mundo retrata gay como estereotipado e negro em profissões subalternas.

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Fechados os parênteses, outra coisa que vale dizer é que, na ponte aérea entre Paris e Londres, a produção é filmada em cenários que vão desde a praia paradisíaca em que Samuel trabalhava na França até as ruas e vielas mais famosas de Londres, passando por cenários de filmagem dos estúdios britânicos onde o personagem trabalha e pelo quarto incrível e maravilhoso da Glória.

Tudo é supercolorido, cheio de vida, com tons contrastantes e uma paleta digna de circo e parque de diversões - que inclusive estã inclusos nas locações do filme.

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Aregra é: diversão a toda hora, do minuto em que sai da cama até a hora em que vai dormir. Afinal, toda criança merece uma vida cheia de brincadeiras e não podia ser diferente quando o próprio pai ainda não terminou de crescer.

Quem pariu Mateus que embale

Não se abandona uma criança. Isso deveria ser premissa básica para qualquer ser humano. Mas, infelizmente, a vida tem nuances e o mundo às vezes leva as mulheres a um nível de desespero em que não conseguem encontrar saída.

E, embora “Uma Família de Dois” se construa muito mais sobre a relação entre Samuel, Gloria e Bernie, ele não deixa de estimular, de uma certa forma, um julgamento negativo quanto à atitude de Kristin de abandonar a filha - quando na verdade, se não tivesse feito isso, a menina provavelmente teria tido uma vida muito, mas muito pior.

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Em outras palavras, a atitude de Kristin foi muito mais altruísta do que se tivesse ficado com a menina. E, se for pra deixar o filho e virar as costas, que seja com o pai da criança, né mores.

A parte boa é que o roteiro do longa-metragem coloca ali essa questão em alguns de seus diálogos, embora pinte a Kristin como megera quando ela volta pra demandar a entrada da vida de Glória.

No fim das contas, embora seja um pouco sobre isso, o longa-metragem se centra muito mais na relação pai e filha e como ela pode ser sim muito divertida, e transita entre o humor - que é predominante no roteiro - e alguns picos de drama extremamente bem construídos que podem levar facilmente o espectador às lágrimas.
Então pegue sua pipoca, seu lencinho e seu bom humor e aproveite esse filme que vale super a pena!

A Escolha Perfeita 3 | Trailer legendado e sinopse

Depois do enorme sucesso ao ganhar o Campeonato Mundial, as Bellas se encontram separadas e descobrem que não há bons empregos para cantoras. Mas quando elas tem a chance de se reunir para uma tour do outro lado do mundo, o grupo de nerds vai voltar com tudo para fazer mais músicas  e tomar decisões bem questionáveis, uma última vez.

Crítica do filme Segredos de um Crime | Crime ocorre, nada acontece, feijoada

Como bem disse Eduardo Galeano, “na luta do bem contra o mal, é sempre o povo que padece”. Esta é a lógica que se estabelece no enredo do longa-metragem “Segredos de um Crime”, quando o detetive Malcolm Toohey (Joel Edgerton) acidentalmente (ou seria inconsequentemente?) comete um crime.

Em um dia intenso e de muito trabalho, ele é considerado um herói pelos colegas depois de tomar um tiro durante uma perseguição que deu fim a um caso que já vinha se estendendo há tempos. Como não poderia deixar de ser, a comemoração se passa na mesa de um bar e termina com todos os policiais deveras encachaçados.

E o que todos nós civis aprendemos diariamente é que a primeira coisa que você não deve fazer depois de beber álcool é o que mesmo? Isso, dirigir. Mas parece que essa regra não vale para autoridades. Autorizado e, de certa forma, até mesmo incentivado pelos colegas policiais tão alterados quanto ele, Malcolm abraça o volante e vai embora dirigindo, mesmo sonolento e alcoolizado, munido da senha que vai liberar seu passe na blitz. O resultado não poderia ser pior.

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No caminho para casa, ele atinge o pequeno William (Axel Nookadu), um entregador de jornais que fazia seu trajeto rotineiro. No calor do momento, assustado, Malcolm mente para os policiais de trânsito e para os socorristas que primeiro aparecem no local, dizendo que quando chegou ali, o menino já estava no chão.

Como possui credibilidade na força policial, os demais aceitam sua palavra e ele tenta seguir a vida como se nada tivesse acontecido, enquanto William é internado em estado grave.

Quando o criminoso é "um dos seus"

Entre os primeiros a chegarem à cena do atropelamento do menino, os detetives Jim Melic (Jai Courtney) e Carl Summer (Tom Wilkinson) acabam assumindo o caso. Enquanto Carl se esforça para fazer vista grossa ao erro do colega, Jim fica com a pulga atrás da orelha e não compra essa história de inocência.

E é na dança da culpa ou não culpa encenada entre estes três personagens que se concentra e se apoia todo o enredo de “Segredos de um Crime”, daí a importância da escolha de três excelentes atores para os papéis. O destaque, é claro, vai para o veterano Tom Wilkinson (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, O Patriota) e para Joel Edgerton (O Presente), que encarnam magistralmente as personas dos policiais.

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Jai Courtney (Esquadrão Suicida) também faz um bom trabalho, embora não se destaque tanto, talvez até pelo fato de que seu personagem é bastante juvenil e inexperiente, o que transparece bem em sua construção.

O fato é que o trabalho de atuação e a interação que se constrói entre os três é bastante consistente e dá sustentação a um longa-metragem de quase duas horas em que pouco acontece de concreto.

Um conflito psicológico

Dirigido por Matthew Saville, “Segredos de um Crime” é um filme em que quase se pode dizer que o climax acontece no começo da história, e que todo o restante é um grande desdobramento lento e enrolado desse ponto alto.

A história não traz nada de muito surpreendente, pois logo no começo - especialmente se tiver visto o trailer - você já sabe sobre o que a trama vai tratar. E é aí que reside o mérito do roteiro, que é assinado pelo próprio Joel Edgerton, de conseguir manter o interesse do público mesmo quando o desenrolar é previsível. O conflito, aqui, é puramente psicológico.

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Corroído pela culpa, o próprio detetive Malcolm inflige sobre si uma punição mental pior do que qualquer sentença judicial, a autoflagelação moral. Quando nenhuma escolha é a adequada e, mesmo o que pareceria politicamente correto, acaba prejudicando alguém além dele, o detetive se encontra frente a um enigma moral impossível de resolver.

Apoiado em uma trilha sonora que balança entre o drama e o suspense, o dilema que se constrói na cabeça do protagonista é o ponto central do longa-metragem, então não espere um filme de ação cheio de correria, tiroteios e reviravoltas, pois o ritmo do filme é bastante diferente de muitos outros do gênero.

Profundo e consistente, “Segredos de um Crime” é um filme interessante para diferentes tipos de público e super recomendado pelo importante debate que ele levanta. Apesar de ser um pouco cansativo por seu ritmo e pelo desenrolar um pouco truncado, é uma boa escolha recentemente adicionada ao catálogo da Netflix e que vale a pena colocar na lista pra ver.