Omar Sy - Café com Filme

All Creatures Here Below | Trailer oficial e sinopse

Gensan (David Dastmalchian) e Ruby (Karen Gillan) vivem à margem da sociedade em Los Angeles, lutando para sobreviver diante da pobreza. Numa noite fatídica, eles tentam tomar algo que sempre lhes foi negado, o que desencadeia uma série de eventos com terríveis consequências.

Seu crime impulsivamente cometido os faz fugir da polícia. Eles buscam refúgio em sua cidade natal, Kansas City, um lugar cheio de segredos sombrios que os assombraram desde que fugiram anos atrás.

Crítica do filme Cópias - De Volta à Vida | John Wick perde a família e a moral!

Você já parou pra pensar que se não fosse a ciência a humanidade estaria fadada a uma expectativa de vida ridiculamente baixa? Sem os avanços da medicina talvez muita gente não chegaria nem aos 20 anos, afinal estaríamos a mercê de qualquer ameaça ao nosso frágil organismo. Assim, podemos dizer que o ser humano sempre deu o clássico “jeitinho” de trapacear a morte e prolongar seus dias na Terra.

Todavia, em nome de um código moral aleatório que segue os preceitos da bíblia (???), muitos avanços recentes foram freados para evitar que o ser humano pudesse “brincar de deus”. É o caso das pesquisas com células-tronco e das experiências com clonagem, que são alvo de críticas, mesmo que essas ideias pudessem salvar incontáveis vidas através de curas para doenças incuráveis.

É claro que as notícias que chegam até a gente podem não revelar toda a verdade e sempre pode ter algo acontecendo por debaixo dos panos, mas via de regra muita coisa leva décadas para acontecer de fato. Felizmente, nos filmes a coisa é bem diferente, sendo que podemos ter ficções que mostram as possibilidades de um mundo com esse tipo de avanço.

Esta é a base de “Cópias - De Volta à Vida”: um mundo com ciência avançada o suficiente para termos a possibilidade de transferir a consciência humana para robôs e também para testar uma biomedicina que desafia as leis da natureza. No centro da história, acompanhamos o neurocientista William (Keanu Reeves), que busca usar a tecnologia de sua companhia para recuperar sua família que morreu num acidente.

copiasdevoltaavida01 fcc9f

A ideia não é nova, mas roteiros desse tipo costumam ter potencial. Ocorre que os resultados são desastrosos como experimentos com cobaias em um laboratório de baixo orçamento. O script preguiçoso não dá argumentos sólidos, o que abre espaço para inúmeros furos. Além disso, há diversas questões técnicas e de atuação que fazem o filme apresentar vários bugs.

Seria Keanu Reeves o novo Nicolas Cage?

Quem acompanha a carreira de Keanu Reeves sabe que o ator já teve altos e baixos, sendo que sua ficha tem títulos bem questionáveis, incluindo aí “Bata Antes de Entrar”, “47 Ronins” e “O Dia em que a Terra parou” (e isso só pra citar alguns), mas há também filmes marcantes como o icônico “Matrix”, “A Casa do Lago” e o recente “De Volta ao Jogo” (mais conhecido como John Wick para os íntimos).

Assim, com esses marcos, principalmente o mais recente “John Wick: Um Novo Dia para Matar” (e já temos o terceiro episódio, “Parabellum” quase saindo do forno), os fãs de Neo ficam ansioso a cada nova aventura do ator. Daí o porquê de haver algum burburinho para “Cópias - De Volta à Vida”, porém eu já deixo o alerta para baixar as expectativas se você é fã do gênero, porque não temos nada no nível de “Eu, Robô”.

Bom, realmente temos Keanu Reeves no filme, mas o ponto é que ele não é um ator incrível para filmes emocionantes e convenhamos que só pela sinopse já dá pra ver que não é algo fácil perder a família, já que isso realmente causa uma carga emocional. Todavia, assim como John Wick não ficou triste pela perda do cachorro (vamos dizer que ele ficou bem puto), ele também parece não ter emoções ao perder a família.

copiasdevoltaavida02 49df8

Reeves mostra que é incrível em ser um robô, um ser tão superior que quase não consegue cair em prantos após uma tragédia. Talvez o objetivo do cara é competir com Nicolas Cage no jogo do sério... O roteiro mostra talvez uma única cena de choro e o cara fica de cabeça baixa porque ele deve ter vindo mesmo da Matrix, aí não sabe como expressar suas emoções. E é importante bater nessa tecla, pois ele leva o filme quase que sozinho, então é difícil não ficar incomodado com essa indiferença.

História inusitada que vira piada

Apesar da atuação fraca do protagonista, o filme “Cópias - De Volta à Vida” (aliás, esse subtítulo dá a impressão de uma continuação de “De Volta ao Jogo”, não?), talvez o maior problema aqui é justamente a sucessão de decisões inconsequentes do roteiro. É tanta coisa simplesmente jogada no script, que é perfeitamente normal a plateia começar a se questionar como alguém aprovou a verba pra fazer o filme.

E você pode estar achando que eu sou chato ou extou exagerando, mas eu não consigo aceitar o fato de os roteiristas empurrarem por goela abaixo uma indústria bilionária que não tem a mínima segurança para detectar roubos de equipamentos milionários (e isso só pra citar um único fato que joga os argumentos frágeis pelo ralo). Ok, o fator ficção tem lá seu valor, mas é tudo tão fácil que também fica difícil aceitar numa boa.

Aliado a esses fatos temos uma direção bem meia boca, que não faz questão nem de nos convencer nos principais atos. Ela funciona para uma ou outra cena mais básica, mas a gente espera algo bem mais grandioso para uma ficção que quer lidar com robótica e um futuro incrível.

copiasdevoltaavida03 e1268

Fecha com chave de ouro os efeitos lá dos anos 2000, com robôs rudimentares e interfaces virtuais que já vimos similares em filmes como “Minority Report”. De novo, não é terrível, mas a somatória das mancadas deixa o resultado aquém do esperado, que é melhor esperar pra ver na Tela Quente ou na Netflix.

Talvez a única parte legal do filme é a abertura para o diálogo sobre essas tecnologias e os avanços da ciência. Enfim, eu queria dizer que “Cópias - De Volta à Vida” está entre os melhores, mas hoje é um grande não!

Ação Entre Amigos (1998) | Trailer oficial e sinopse

Lutando contra o regime militar brasileiro, os amigos Miguel, Paulo, Elói e Osvaldo são presos pelas forças de repressão da ditadura em 1971 e torturados durante meses por Correia, responsável pela morte de Lúcia, namorada de Miguel.

Vinte e cinco anos depois, os quatro amigos se reúnem ao tomar conhecimento de que o torturador, ao contrário da versão oficial, está vivo. Decidem então seqüestrá-lo e matá-lo. Todavia, ao ser capturado, Correia faz uma revelação surpreendente que muda toda a história.

Crítica do filme Happy Hour | Dá espaço ao teu desejo

É muito bom ver debates sobre assuntos sérios que conseguem fugir de abordagens já esgotadas. Importante pontuar aqui que debate sério não necessariamente indica uma pauta de relevância social ou que visa uma crítica aprofundada, mas pode ser apenas a discussão de coisas triviais como as dúvidas comuns do coração, que, por sinal, afetam uma parcela gigantesca do público que vai ao cinema. Afinal quem nunca amou, né?

Eis o caso do filme “Happy Hour”, uma produção brasileira-argentina que traz à tona a questão de uniões que são transformadas pela proposição de um relacionamento aberto. Este poderia ser um título dramático, que leva o debate ao extremo, mas os roteiristas optaram por uma abordagem mais light, com direito a um tom de comédia, que garante reflexões, sem perder as chances de arrancar boas risadas.

Temos aqui um protagonista inusitado: Horácio (Pablo Echarri) é um argentino que mora no Brasil há 15 anos, trabalha como professor e tem sua vida virada de ponta-cabeça após deter um bandido num acidente. Como se a vida já não fosse bagunçada o suficiente, ele decide embarcar numa onda de sinceridade, quando percebe que tem desejo por outras mulheres, propondo uma mudança no relacionamento com Vera (Letícia Sabatella).

happyhour01 fce99

O que essa história de heroísmo tem a ver com o romance? Talvez não muito, mas a gente está falando de um filme sobre seres humanos, então nem sempre é possível ter um amor de Hollywood – e um pouco de contexto não vai mal. Felizmente, “Happy Hour - Verdades e Consequências” explica os pormenores e vai além ao construir uma dinâmica legal sobre um assunto tão complexo, bem como faz tudo isso de forma engraçada e empolgante.

O diálogo sincero – e inconclusivo – do amor

O amor é talvez o sentimento mais complexo e talvez por isso ele seja tão recorrente em filmes. Com essa busca insaciável por respostas, autores já bolaram todo tipo de argumentos para tentar resolver enigmas dos relacionamentos, mas, no fundo, a gente sabe que sendo algo tão pessoal, o amor não se apresenta como um tema com respostas prontas, por isso tudo sempre é um experimento na telona.

A abordagem da pauta em “Happy Hour” usa como ponto de partida a comodidade de um relacionamento duradouro. A desconstrução do lugar comum se dá com a tomada de decisão de um dos lados para o início de um debate que, por ventura, pode acabar em um relacionamento aberto. Todavia, uma simples linha no roteiro é o pontapé inicial para desdobramentos sem fim na cabeça dos personagens.

A partir disso, o script discute questões sobre (in)fidelidade, as dinâmicas de relações com termos amplos (e tradicionais), bem como os limites entre amor e desejo. Tais divagações ocorrem tanto entre quatro paredes quanto em cenas externas que visam mostrar as (re)ações dos envolvidos nesse novo diálogo. De forma paralela, temos os coadjuvantes com opiniões, exemplos e cenas que complementam as lacunas do tema.

happyhour02 2ebf8

Apesar da intenção em mostrar dois lados, a condução é mais voltada ao Horácio, que não apenas traz o tema para debate, como também vivencia esse lado aventureiro. É bom ver a sagacidade do roteiro em nunca entregar o ouro, então mesmo que tudo pareça claro, é difícil tomar conclusões precipitadas. No fim, alguns podem achar um tanto vago, mas eu vejo que “Happy Hour” não tem resolução simples, tal qual o amor.

Importante mencionar que o sucesso do filme está diretamente ligado à ótima escolha dos atores, que mostram uma química incrível e permitem uma excelente dinâmica graças também a esse mix intercultural. Pablo Echarri é um ator engraçadíssimo e que parece nem precisar se esforçar muito para roubar a cena. Da mesma forma, a querida Letícia Sabatella não fica por menos e acrescenta o drama necessário ao tema.

Macacos me mordam, que filme engraçado!

Agora, tão importante quanto um roteiro inteligente para debater o assunto principal, é a presença de cabeças pensantes para criar uma ambientação propícia para as situações inusitadas do romance. E eis o trunfo de “Happy Hour - Verdades e Consequências”, que mescla as turbulências do relacionamento na confusão do dia a dia, que conta com trivialidades, mas também com surpresas que deixam o filme muito divertido.

Primeiro, a gente tem um personagem bem propício para esse alívio da temática. Horácio é um argentino, que chama a atenção não necessariamente por ser um galã nos moldes americanos (não desmerecendo o ator, que tem boa presença em cena), mas por ser um homem estereotipado, ainda mais para o público brasileiro, que já tem certas considerações aos hermanos.

happyhour03 5f566

Ele não é bem um cara mulherengo, mas o filme tenta forçar a característica de forma inerente, até para dar a deixa ao tema principal. Acredito que a dosagem é na medida, garantindo recursos para a trama e ainda adicionando cenas divertidas ao script. Da mesma forma, a fixação do personagem pelo tema do relacionamento aberto cria confusões nos diálogos com sua esposa, que busca sempre desviar do assunto.

Além da narrativa principal, o filme consegue trazer um alívio cômico ímpar ao abusar de recursos narrativos alheios aos protagonistas. A adição de cenas intermediárias (com direito a reportagens televisivas sem pé nem cabeça) aos problemas dos personagens garantem ótimas risadas. E o cenário do Rio de Janeiro, cheio de turistas e atrações famosas ainda permite insistir em piadas sem deixar o ritmo cansativo.

Legal ver que o filme abraça um punhado de pequenas histórias de forma dinâmica. Louvor da direção de Eduardo Albergaria, que tem aqui seu primeiro longa-metragem para cinema e que acerta ao conseguir abraçar reações opostas em uma mesma cena. Da mesma forma, ele se destaca por ter um claro posicionamento de câmera em situações inusitadas, sejam elas constrangedoras ou engraçadas.

happyhour04 d93bd

O roteiro de quatro mãos também consegue pontuar muito bem todos os temas, sem deixar o ritmo cair. Seja você um fã de comédias ou romances, certamente “Happy Hour - Verdades e Consequências” se mostra uma excelente pedida pra ver no cinema, bem como uma ótima oportunidade para mostrarmos apoio aos filmes nacionais – e com um toque argentino, claro. Bom também pra ter novas visões do amor.

Com Cine Passeio, Curitiba resgata tradição de cinemas de rua

Depois de mais de uma década com seus cinemas concentrados unicamente em shopping centers, Curitiba volta a ter um estabelecimento do tipo fora dos agitados centros comerciais. Inaugura nesta quarta-feira (27/3) em Curitiba o Cine Passeio, novo complexo cultural da cidade, com duas salas de cinema e estrutura para formação audiovisual e inovação na área da economia criativa.

O complexo retoma o conceito dos cinemas de rua que deixou de existir em 2005, quando o último do tipo fechou suas portas, e faz referência a duas antigas salas de Curitiba, os cines Luz e Ritz. Com capacidade para 90 pessoas, as novas salas foram equipadas com modernos sistemas de projeção e sonorização e prometem não ficar devendo a nenhum outro da cidade.

Além das duas salas, o complexo possui uma sala multiuso com 110 lugares (Estúdio Valêncio Xavier), a Sala Video On Demand (que se refere a consumo de conteúdos digitais), espaços para cursos, uma unidade do coworking público municipal Worktiba e, no terraço, uma área para exibições a céu aberto e um espaço coberto para eventos. No local também funcionará uma cafeteria.

Sobre o prédio

cine passeio curitiba b33ed

O investimento no projeto foi de R$ 9,5 milhões, recurso captado pela Prefeitura por meio de comercialização de cotas de potencial construtivo. Com área de 2.597 m², o Cine Passeio ocupa uma edificação histórica, classificada como Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP), que foi totalmente restaurada e adaptada para receber as atividades culturais dentro do programa Rosto da Cidade.

Programação de inauguração

Para a inauguração, a Rua Riachuelo será interditada na noite da quarta-feira (27). A festividade começa do lado de fora do prédio, quando a fachada será usada como tela para a projeção de imagens que fazem referências à história do cinema mundial. A sessão inaugural será no dia seguinte, na quinta-feira (28/3), às 20h, com a exibição do filme "Albatroz" e as presenças do diretor Daniel Augusto e dos atores Alexandre Nero e Maria Flor.

cine passeio curitiba2 38ebe

A partir de sexta-feira (29/3) entra em cartaz uma programação de lançamentos e filmes inéditos, nacionais e estrangeiros. As sessões têm horários variados e os ingressos poderão ser adquiridos na bilheteria a R$ 16 (inteira) e R$ 8 (meia-entrada), com preços promocionais entre segunda e quarta-feira. As sessões especiais de inauguração, no dia 28, serão divididas - uma sala será fechada para convidados, a outra receberá público pagante, e os ingressos podem ser adquiridos a partir das 18h30 na bilheteria do local.

{gallery}Cine Passeio{/gallery}

Veja a programação de inauguração

Sala Ritz

Albatroz
(Brasil/Israel, nacional, 2017, suspense, 93’)
Casado com Catarina, Simão se apaixona pela atriz judia Renée, com quem viaja a Jerusalém. Ali o fotógrafo registra um atentado terrorista e se torna mundialmente famoso, porém muitos disparam críticas à sua atitude: em vez de tentar evitar a tragédia, preferiu fotografar.
Elenco: Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Maria Flor, Camila Morgado
Direção: Daniel Augusto
Classificação Indicativa: 12 anos
Estreia: 28/3 – 20h (abertura oficial das salas de exibição)
Data e horário: 29/03 a 03/04 – 14h45 - $ 16 | 8

Suspíria: A Dança do Medo
(EUA, leg, 2018, suspense/terror, 152’)
Susie Bannion, uma bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Assim que ela chega, Patricia desaparece. Tendo um progresso extraordinário com a orientação de Madame Blanc, Susie faz amizade com outra dançarina, Sara, que compartilha com ela todas suas suspeitas obscuras.
Elenco: Dakota Johnson, Tilda Swinton, Doris Hick
Direção: Luca Guadagnino
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 17h30 - $ 16 | 8

Vox Lux: O Preço da Fama
(EUA, leg, 2018, drama, 170’)
Celeste (Natalie Portman) é uma menina que sobrevive após uma grande tragédia, o que a torna conhecida nacionalmente. Após um tempo, ela se lança como cantora e alcança o estrelato.
Elenco: Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin, Raffey Cassidy
Direção: Brady Corbet
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e Horário: 29/3 a 3/4 – 20h15 - $ 16 | 8

Sala Luz

Um Banho de Vida
(França, leg, 2018, Comédia, 122’)
Bertrand está no auge dos seus 40 anos e sofre de depressão. Depois de usar uma série de medicamentos que não surtiram nenhum efeito, ele começa a frequentar a piscina do bairro em que vive. Lá ele conhece outros homens com histórias semelhantes à sua.
Elenco: Mathieu Amalric, Guillaume Canet, Benoît Poelvoorde
Direção: Giles Lellouche
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 15h - $ 16 | 8

Uma Viagem Inesperada
(Brasil, leg, 2018, Drama, 86’)
Pablo é um engenheiro argentino que mora no Brasil. Ele trabalha como responsável pela criação de uma nova plataforma de petróleo numa empresa localizada no Rio de Janeiro. Porém, quando seu filho passa por um problema, Pablo retorna em busca de soluções.
Elenco: Pablo Rago,Tomás Wicz, Débora Nascimento
Direção: Juan José Jusid
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 17h45 - $ 16 | 8

Happy Hour: Verdades e Consequências
(Argentina, leg, 2018, Comédia, 115’)
Após um acidente, Horácio muda completamente suas perspectivas de vida e decide confessar para sua esposa, Vera, que deseja ter relações com outras pessoas, embora ainda queira continuar o casamento.
Elenco: Letícia Sabatella, Pablo Echarri, Luciano Cáceres
Direção: Eduardo Albergaria
Classificação Indicativa: 14 anos
Data e horário: 29/3 a 3/4 – 20h - 16 | 8

Sessão da Meia-noite

Morto Não Fala
(Brasil, nacional, 2018, terror, 110’)
Plantonista de um necrotério, Stênio possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta.
Elenco: Daniel de Oliveira, Fabíula Nascimento, Bianca Comparato, Marco Ricca
Direção: Dennison Ramalho
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e horário: 29/3 (sexta-feira) – meia-noite
Local: Salas Luz e Ritz - $ 16 | 8

Cinema a céu aberto

Estômago
(Brasil, nacional, 2007, Drama, 110’)
Raimundo Nonato é um migrante nordestino que chega à cidade grande em busca de oportunidade. Aprende a profissão de cozinheiro, na qual se desenvolve e recebe uma melhor oportunidade de trabalho. Sua vida se complica ao se envolver com a prostituta Iria.
Elenco: João Miguel Serrano, Fabíula Nascimento, Babu Santana, Carlo Briani
Direção: Marcos Jorge
Classificação Indicativa: 16 anos
Data e Horário: 30/3 (sábado) – 19h30
Local: Terraço - $ 50

Mostra Glauber Rocha - 80 Anos

30/03   - 15h Palestra Glauber Rocha - 80 anos, com Fernando Brito                                     
             - 17h Exibição do filme Barravento                                       
31/03    - 17h Deus e o Diabo na Terra do Sol                                   
02/04    - 19h Terra em Transe                                
03/04    - 19h O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro                                 
04/04    - 19h O Leão de Sete Cabeças                                 
05/04    - 19h A Idade da Terra
Local: Estúdio Valêncio Xavier                                 
Entrada gratuita

Sessão Matinê

Tito e os Pássaros
(Brasil, nacional, 2018, Animação, 73’)
O filme conta a história de um menino que é responsável, junto com seu pai, por achar a cura para uma doença que é contraída após a pessoa tomar um susto.
Elenco: Pedro Henrique, Marina Serretiello, Matheus Solano, Enrico Cardoso
Direção: Gustavo Steinberg/Gabriel Bitar/André Catoto
Classificação Indicativa: livre
Data e horário: 31/3 (domingo) – 10h30
Local: Salas Luz e Ritz - $ 16 | 8

CINE PASSEIO | Endereço: Rua Riachuelo, 410 – Centro (esquina com a Rua Presidente Carlos Cavalcanti)

Crítica do filme Crimes Obscuros | Vislumbres da verdade

Filmes investigativos são tomados por clichês, sejam eles embutidos como parte dos acontecimentos na história ou através de aspectos inerentes aos personagens. As pessoas não costumam tecer comentários negativos a tais detalhes, uma vez que, muitas vezes, essas facilidades são apenas superficiais perante o elenco ou mesmo ao glamour de uma produção hollywoodiana.

Essas trivialidades são cansativas, ainda mais quando em excesso, pois evidenciam os fins comerciais da produção. O resultado em muitos dos filmes do gênero é algo “comum”, ao que já estamos habituados, mas que não condiz com a realidade. Particularmente, eu acho cretina a insistência em detetives que são brilhantes ao ponto de ver uma única pista e solucionar até a árvore genealógica do assassino — e olha que sou fã de Sherlock Holmes, mas me refiro, obviamente, à versão dos livros.

Entre tantas apostas em lugar-comum, temos algumas que são pontos fora da curva, como é o caso de “Crimes Obscuros”. Longe de ser uma obra genial de suspense, a película estrelada pelo comediante Jim Carrey (sim, ele também tem obras sérias em seu currículo; e esta é uma das boas)  chega como um alento por se arriscar num abismo experimental, ainda que existam considerações ao roteiro.

Inspirado em um artigo do New Yorker — de David Grann (que se inspirou em eventos reais) —, o filme “Crimes Obscuros” acompanha a jornada investigativa do policial Tadek (Jim Carrey), que busca pistas para resolver o caso de um assassinato arquivado. Curiosamente, a ocorrência dada como inconclusiva anos antes tem semelhanças com um livro de escritor polonês (Marton Csokas).

crimesobscuros01 09f3b

A grande dificuldade é ligar o assassinato a uma publicação, sendo algo ainda mais complicado quando as pistas já estão frias. Assim, o investigador segue uma trilha perigosa, que envolve até a namorada (Charlotte Gainsbourg) do escritor. No todo, um filme misterioso, que joga principalmente com a carta da inexperiência do detetive, algo que deixa o ritmo mais lento, mas que torna a história convincente.

Na contramão de Hollywood

Apesar de trazer um ator bem americano (que amamos por “Debi & Loide”), o filme “Crimes Obscuros” só tem Jim Carrey de comum, pois o restante da produção se afasta dos padrões da indústria. É importante pontuar isso antes de tudo, pois este não é um “filme do Jim Carrey”, então nem perca dinheiro se você quer ver um filme de comédia como “O Todo Poderoso” — isso evita que você passe raiva e comentários sem noção na sala de cinema.

Bom, além do deslocamento do ator, narrativa e ritmo devem causar estranheza para o grande público. Mesmo quem está acostumado com outros filmes de suspense pode tomar um choque ao ver que este não é um título como “Seven - Os Sete Crimes Capitais” ou “Zodíaco” — até porque o filme de forma alguma dá essa impressão. O ponto é que estamos tratando de uma produção bem europeia, então é uma dinâmica bem alheia aos estereótipos hollywoodianos.

É interessante notar que essa abordagem diferenciada se dá de forma estrutural, então não se trata de uma história fraca ou de uma direção bizarra, mas de uma montagem mais crua. Dessa forma, temos mais respiros entre as ações dos personagens, algo que deixa o ritmo mais pausado e até mais realista. Em vez de termos um gênio no papel principal divagando sobre tudo, seguimos um viés mais falho e, assim, mais convincente.

crimesobscuros02 837dc

Parte da estruturação diferenciada também se dá aos diálogos mais crus e mais críveis, com poucas frases de efeito (tirando as citações do personagem que é um escritor). Muita coisa se passa através dos olhares, do respiro, das reações. Isso aliado ao nível raso de ação torna o filme mais lento, porém ainda muito interessante. Para fechar o pacote, temos uma trilha sonora sombria, que condiz com a confusão dos fatos, mas que foge do padrão.

Protagonismo embebido em enigma

Quem acompanha a vida dos famosos sabe que Jim Carrey teve em um longo hiato em sua carreira de ator e resolveu se dedicar a outras artes, como a pintura. De qualquer forma, quem só viu as comédias talvez estranhe esse ator sério e centrado, que não esboça um sorriso  e que tem um olhar profundo. Não que seja um universo novo para ele, já que temos aí “Número 23” com um Jim Carrey mais sombrio e inusitado.

Curiosamente, através dos últimos documentários e vídeos do ator, podemos ver que ele está numa fase mais reflexiva, algo que parece se misturar com o personagem do filme. Ainda que exista aqui uma clara gama de características próprias do policial, o comportamento de Carrey no decorrer do roteiro é bem caricato e nos faz pensar se ele não trouxe um pouco de seu longo período reflexivo para incorporar ao modus operandi do detetive.

Claro, simplesmente jogar Jim Carrey num filme sem propósito não teria qualquer propósito, então o que temos aqui é uma boa combinação de construção de personagem e de escolha de protagonista. O detetive é o fio condutor do filme, então cerca de 90% do filme depende única e exclusivamente da história do policial que busca se destacar na força policial e, consequentemente, da capacidade interpretativa do ator.

crimesobscuros03 3b6d3

Assim, é impossível dissociar qualquer sucesso do filme da presença de Carrey. Um simples olhar vazio para a tela já nos deixa encucado com o que ele pode estar tramando e orquestra perfeitamente com a história que ruma vagarosamente. O personagem tem lá suas inúmeras falhas, mas se trata de algo que agrega à trama, que tenta não apenas desenvolver a investigação, mas retratar uma região e seus subtemas, como: sexo, violência e machismo.

No mais, eu acho que temos aqui um filme bem construído, com uma fotografia caprichada, uma direção coerente (com ótimos enquadramentos) e um elenco de suporte fenomenal. Se você viu o trailer de “Crimes Obscuros” e ficou intrigado, é bem possível que o filme tenha algumas surpresas que valem o seu ingresso, mas fica o alerta para não esperar uma produção trivial.