Crítica do filme Círculo de Fogo: A Revolta

Jaegers e Kaijus batendo em você

por
Thiago Moura

22 de Março de 2018
Fonte da imagem: Divulgação/Universal Pictures
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Robôs gigantes batendo em monstros colossais é uma ideia muito boba, mas também muito divertida. Isso ficou bem claro com o primeiro “Círculo de Fogo”, talvez pela visão peculiar de Guillermo del Toro ou por todo mundo levar suas crianças interiores para assistir sem muita expectativa.

Como sempre, uma sequência já era esperada, mas sofreu diversos contratempos e atrasos, incluindo a saída de del Toro e do ator principal Charlie Hunnam, que interpretou o piloto de Jaeger Raleigh Becket. Em “Círculo de Fogo: A Revolta“ Steven S. DeKnight assume a direção de um filme com potencial para ser ainda maior e mais divertido, ainda que bobo, só que agora contando com Del Toro apenas na produção.

“Círculo de Fogo: A Revolta“ acontece 10 anos após os eventos do primeiro filme, em que Stacker Pentecost (Idris Elba) se sacrifica para fechar a fenda que permite os Kaijus chegarem na Terra. Seu filho, Jake Pentecost (John Boyega) tenta aproveitar os tempos de paz da melhor forma possível, já que o planeta ainda está se recuperando de toda a destruição causada pelos eventos passados.

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Para manter esse estilo de vida, ele rouba partes de Jaegers abatidos para vender no mercado negro. Durante uma dessas empreitadas, Jake perde uma peça importante para uma garotinha chamada Amara Namani (Cailee Spaeny), que criou um Jaeger menor por conta própria. Ambos são capturados pela Pan Pacific Defense Corps, uma polícia que monitora Jaegers “piratas”, e precisam escolher entre ir para a cadeia ou se alistar no exército de robozões.

Então descobrimos que Jake passou a roubar após abandonar a academia de pilotos de Jaeger, e seu retorno é motivado por sua irmã adotiva Mako Mori (Rinko Kikuchi), enquanto Amara decidiu construir seu próprio Jaeger para poder se proteger sozinha, já que perdeu toda sua família durante os ataques anteriores. Parece uma sólida construção de personagens, questões familiares e legados, mas é aí que a coisa desanda.

Não é nenhum Transformers, mas...

Em seguida, vemos uma sequência de clipes desconexos repletos de personagens secundários que passam facilmente despercebidos, mas sem muita explicação do que aconteceu com os pilotos do primeiro filme. Na academia, um grupo de adolescentes que estão sendo preparados para se tornar os próximos Rangers (Power Rangers? Não, é assim que os pilotos de Jaeger são denominados).

Todos eles parecem já ter uma história pronta, mas são todos bem desinteressantes. Jake se encontra com seu antigo parceiro Ranger, Nate Lambert (Scott Eastwood), e existe uma pseudo rivalidade entre eles, mas que é deixada para trás algumas cenas adiante.

Uma empresa privada liderada por Liwen Shao (Jing Tian), com a ajuda do Dr. Newt Geiszler (Charlie Day), apresenta um projeto de Jaegers drones, controlados remotamente, para proteger a humanidade. Mako Mori e o Dr Hermann Gottlieb (Burn Gorman) e o resto do PPDC temem se tornar irrelevantes perante essa automatização. Quando novos ataques acontecem, fica claro que algo estranho está acontecendo diante da PPDC e a Corporação Shao. Cabe a Jake e seus companheiros cancelarem o apocalipse, de novo.

Tá, mas e a pancadaria?

Infelizmente toda esse arco burocrático/conspiratório é a parte interessante do filme, porque quando a ação começa de verdade, o que bate mais forte é a frustração. Apesar do cuidado gráfico e conceitual no desenvolvimento dos Jaegers, o mesmo não pode ser dito quanto aos seus oponentes Kaijus. A direção de DeKnight funciona muito bem com os personagens humanos, enfatizando as performances dos atores principais, mas as cenas de luta são compostas basicamente por Jaegers sendo derrubados. Inclusive as cidades estão ali apenas para serem destruídas mesmo, não existindo a menor pretensão de salvar ou cuidar dos possíveis habitantes.

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“Círculo de Fogo: A Revolta“ tenta expandir o universo criado por Del Toro e Travis Beacham, mas se perde no terceiro ato com explicações bem fracas sobre toda a mitologia que envolve os Kaijus e os Precursores, além de soluções bobas para resolver o problema realmente.

Sem dúvida é um filme com um tom mais leve, e o grande responsável por isso é John Boyega. Seu personagem é um dos poucos que parecem convincentes, demonstrando insegurança e sentimentos reais ao invés de ter apenas algumas falas engraçadas. Eastwood só está ali como contraponto ao estilo despojado de Jake, inclusive em momentos meio constrangedores que sugerem um triângulo amoroso com a Ranger Jules Reyes (Adria Arjona), personagem feminina que está ali apenas e exclusivamente para ser o interesse amoroso dos dois.

Spaeny faz um excelente trabalho no papel de Amara, especialmente ao contracenar com Boyega. Existe uma dinâmica de irmãos entre Amara e Jake, algo que foi muito mal explorado em relação a Jake e Mako. Temos ainda os cientistas malucos Gorman e Day retornando com seus personagens, mas não são tão engraçados e divertidos quanto da primeira vez.

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Como sempre, o 3D é bastante dispensável e não ajuda muito na hora de entender a confusão visual de algumas batalhas. E pensando naqueles que não tem muita paciência, a cena pós-crédito é assim que o filme acaba. “Círculo de Fogo: A Revolta“ não é a continuação que todos esperavam, e se um novo filme for produzido nesses mesmos moldes, possivelmente será uma catástrofe maior do que qualquer Kaiju.

Fonte das imagens: Divulgação/Universal Pictures

Círculo de Fogo: A Revolta

É hora de sentar o pau nesses Kaijus... novamente!

Diretor: Steven S. DeKnight
Duração: 132 min
Estreia: 22 / Mar / 2018
Thiago Moura

Curto as parada massa.