Crítica X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

A esperança de um amanhã melhor

por
Fábio Jordan

19 de Maio de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 7 min

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Depois da bagunça que virou a série de filmes X-Men (com direito a duas porcarias de filmes dedicados ao Wolverine), a Fox resolveu se espertar e aproveitar algumas boas ideias para não deixar os mutantes caírem no desgosto dos fãs.

Lá em 2011, tivemos o “X-Men: Primeira Classe”, que já foi legal — se comparado à bosta que foi X-Men 3 — e que mostrava a turminha ainda  jovem. Agora, o diretor Bryan Singer (que dirigiu X-Men: O Filme e X-Men 2) resolveu assumir o projeto novamente e dar vida a uma das histórias mais interessantes dos quadrinhos.

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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” retrata um futuro caótico em que os mutantes (bonzinhos e vilões) estão na merda profunda. As Sentinelas (uns robôs gigantes que têm todos os poderes do mundo e são feitas de um polímero especial) chegaram para destruir geral e nem mesmo a união das turminhas do Magneto e do Xavier conseguiu dar conta do recado.

Como fazer para resolver esse problema? Óbvio: fazendo uma viagem no tempo e impedindo que o projeto das sentinelas fosse para frente (coisa fácil que todo mundo faz quando tá de bobeira). É aqui que entra o poder da Lince Negra (Ellen Page), uma habilidade que surgiu sem nenhuma explicação e garante que uma pessoa volte uns dias no tempo.

O que complica um pouco a missão é essa impossibilidade de mandar alguém algumas décadas para o passado. Felizmente, Logan (também conhecido como Wolverine) tem uma capacidade de se regenerar como ninguém e ele pode voltar quanto tempo quiser. Assim, ele é escolhido para voltar e alertar os jovens Erik e Charles Xavier sobre o que o futuro reserva.

Chegando ao passado, nosso amigo Hugh Jackman vai ter que impedir a Mística de assassinar um homem chamado Bolivar Trask, o qual é o responsável por criar as Sentinelas e zoar legal com os mutantes. Isso é mais ou menos a sinopse do filme — então não me venha reclamar de spoilers. Até parece complicada a história, mas pode ficar tranquilo que você não vai se perder.

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Durante o desenrolar dos acontecimentos, o Professor Xavier, o Wolverine e todo mundo vai explicar o que está rolando várias vezes. Essa repetição de enredo é desnecessária, mas é compreensível, visto que a ideia é fazer com que todo mundo entenda o que está acontecendo.

Mais um filme do Wolverine?

Boa parte de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” se passa na juventude dos mutantes, logo após as tretas do “Primeira Classe”. O Logan é jogado no meio da confusão e tem que ir falar com a molecada que tá brigada. Como era de se esperar, Hugh Jackman continua saradão, engraçadinho e manjador. Ele fica no comando de muitas cenas, mas é bom ressaltar que este não é um filme do bonitão de garras.

Muito pelo contrário. A história é bem balanceada e troca de protagonista conforme o desenrolar dos fatos. Há cenas em que o papel principal é do Xavier e outras que são dominadas pelo Magneto. Tanto McAvoy quanto Fassbender já haviam provado suas capacidades no filme antecessor, mas aqui eles mostram que têm muito para entregar. Apesar de uma ou outra cena podre (como a do Xavier deixando o coração falar mais que a mente), os dois se saem bem.

Temos também outros personagens secundários tomando as rédeas. Um dos que mais ganha destaque logo no começo é o Mercúrio. Ele é mais veloz que o Sonic Ouriço e faz uma das cenas mais legais da película. Sério. Evan Peters mandou bem. Aquilo que vimos em trailers e comerciais é ainda mais foda!

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Destaque especial também para Peter Dinklage, que não é tão fuderengo quanto em Game of Thrones, mas que mostra sua versatilidade em um papel bem diferente. Outros personagens que aparecem bastante são a Mística, a Lince Negra e o Fera. Jennifer Lawrence dispensa comentários, porque é linda e sabe o que faz. Nossa querida Ellen Page arrasa demais nos poderes e sofre tanto quanto em Beyond: Two Souls. E o Nicholas Hoult tá ali de enfeite.

Um filme bom do começo ao fim

Se você viu os últimos “filmes” (se é que assim podemos chamar) do Wolverine, sabe que mesmo tendo bons personagens em mãos e infinitas possibilidades, os roteiristas e produtores podem acabar com toda a esperança dos fãs e fazer as pessoas ficarem receosos quanto ao futuro. Felizmente, o novo filme dos X-Men vem para provar que dá pra fazer coisas boas.

“X-Men: Dias de um Futuro Esquecido” é equilibrado e muito bem balanceado. A história encaixa certinha (apesar de deixar umas dúvidas) e tudo foi muito bem pensado. Não temos um panorama muito amplo do caos que se estabeleceu no mundo, sendo que as cenas no futuro são mais focadas em pequenos cenários. De qualquer forma, existe uma ambientação convincente e dá pra ter uma noção do todo.

Ao mostrar os tempos antigos, o filme ganha outra dimensão. Aqui vemos o mesmo universo do filme antecessor. Os figurinos e os cenários foram devidamente planejados para simular que estamos no passado. Não estranhe se você ver um ou outro aparato tecnológico muito avançado para a década de 1970, pois é preciso considerar que estamos falando das mais altas tecnologias secretas da época.

No que diz respeito à sonoridade, a trilha sonora é estupenda. Aliás, John Ottman está de parabéns. Ele já acompanhou Singer em outros projetos, mas poucos trabalhos dele foram tão expressivos. O filme ainda aproveita algumas canções comerciais, como a bela música “Time in a bottle” de Jim Croce.

Eu não faço ideia de como foi que a Fox teve a ideia de chamar o Bryan Cantor para dirigir esse novo X-Men, mas, com certeza, eles não poderiam ter uma ideia melhor (ok, talvez outros pudessem fazer melhor, porém a escolha foi boa). Singer já estava há um bom tempo sem fazer algo que prestasse, mas mostrou que ainda sabe o que faz.

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Quero deixar aqui também minha admiração por Simon Kinberg. Sério, o roteirista não poderia ter tido melhor forma de se redimir. Depois de cagar geral em “X-Men: O Confronto Final”, Kinberg provou que podia consertar as coisas e fez bonito no novo filme dos mutantes. Tudo está bem amarrado (apesar de haver algumas cenas questionáveis e desnecessárias, mas tá ok) e o resultado final vem para agradar os fãs e para a Fox mostrar que ainda há esperança.

Uma dica: veja a cena pós-créditos (que tem alguns segundos de duração) e pense nas infinitas possibilidades para X-Men: Apocalypse, que chega em 2016 aos cinemas sob a direção de Singer.

Fonte das imagens: Divulgação/