Omar Sy - Café com Filme

Crítica do filme Voando Alto | O pouso da águia é inspirador

Filmes biográficos estão cada vez mais comuns e, vez ou outra, acabamos tendo a oportunidade de conferir a história de alguém que superou todas as expectativas e conquistou o mundo com muita insistência.

Entre tantas adaptações desse tipo, aquelas que revelam as batalhas de vida de desportistas certamente chamam muita atenção, já que há um longo caminho entre sonhar e começar a voar.

É provável que você nunca tenha ouvido falar no nome Eddie “The Eagle”, até porque se trata de um desportista britânico que participava de eventos pouco comuns aos brasileiros, mas a história dele realmente tem muito para mostrar e inspirar ao público.

Tudo começa quando ele ainda era um garotinho, sonhando com a possibilidade remota (para não dizer quase impossível) de chegar às Olimpíadas. O filme então aborda resumidamente algumas fases da infância, passando pela juventude, mostrando as frustrações, os obstáculos e outros perrengues.

Nem é preciso dizer como essa história acaba, afinal se estamos falando de uma biografia que virou filme, você deve ter noção do final. Só que a graça do filme não está na vitória, mas no caminho trilhado. Temos aqui um filme interessante para motivar atletas e pessoas comuns que miram sonhos impossíveis. Vamos falar um pouco sobre os rasantes desta obra que tem Taron Egerton e Hugh Jackman nos papéis principais.

Superação e insistência são importantes

A forma como o filme aborda a história de Eddie Edwards é bem linear. Tudo começa quando ele ainda era uma criancinha, mostrando já o desejo do garoto em conquistar uma vaga nas Olimpíadas. Toda criança tem um sonho, mas sempre tem aqueles pais que não botam fé quando o sonho é algo muito grandioso ou difícil de alcançar. E o filme bate insistentemente nesta tecla.

Nem todo mundo que sonha em ser um atleta vai levar essa ideia pra frente. Às vezes, por limitações físicas, outras por questões de oportunidades, mas, além de mostrar que é possível superar essas barreiras, a história de Eddie The Eagle dá ênfase para a dificuldade que é sonhar alto sem ter o apoio dos pais e encarando um ambiente hostil com muitas pessoas que parecem não querer fazer o mínimo de esforço para incentivar novos atletas.

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O roteiro segue legal a história de Eddie Edwards, mostrando ele se adaptando a novas modalidades, bem como sendo insistente em seu sonho. E a história fica mais interessante ainda quando o caminho do jovem cruza com o do treinador Bronson Peary (Jackman), que, no começo, é apenas um beberrão que teve um histórico interessante nos esportes.

O relacionamento dos dois se dá de forma convincente e claro que Hugh Jackman rouba a cena várias vezes. Ele continua com seu jeitinho Wolverine de ser. O personagem dele aqui novamente é um cara beberrão e talvez até um pouco arrogante. Combina perfeito. Só que o ator não se sai bem apenas nesse sentido. Seu porte físico e sua presença em cenas radicais acabam colaborando muito para a construção da história.

Adrenalina para encarar os desafios

Em questão de fotografia, o longa dirigido por Fulaninho simplesmente dá um show em imagens. Naturalmente, os cenários deste esporte são de tirar o fôlego, então era de se esperar que os visuais nas montanhas e nas redondezas acabassem deixando a película incrivelmente elegante.

Contudo, o filme “Voando Alto” não se destaca apenas neste quesito. A montagem do filme é caprichosa, intercalando as frustrações com informações importantes e deixando a história bem fácil de digerir.

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As cenas de salto na neve são muito empolgantes. A ideia de construção com visões em primeira pessoa, combinando com algumas movimentações de câmera bem próxima dos personagens deixa o resultado empolgante. Apesar de ser uma descida muito rápida, o filme faz pausas dramáticas para mostrar a tensão do esporte e também para deixar a adrenalina tomar conta da telona.

No fim das contas, o importante aqui não é a vitória mesmo, mas toda a jornada e a possibilidade de poder participar de algo tão inspirador. Você talvez não saia dando grandes risadas, emocionado ou mesmo chocado com a história de Eddie The Eagle, mas certamente a vontade e a coragem do rapaz vai deixar você mais confiante quanto os desafios futuros. Bom filme pra ver no cinema.

Cantando de Galo | Trailer dublado e sinopse

Toto é um jovem galo que é o menor de todos na granja onde nasceu. Ele tem o grande sonho de se tornar o grande galo do povoado. Mas quando um fazendeiro ameaça destruir o seu lar e a sua família, Toto e seus amigos irão viajar para encontrar um treinador que possa ajudá-lo a defender seu lar ao mesmo tempo em que vivem uma grande aventura e a descoberta do amor.

Crítica do filme A Bruxa | Caindo nos sortilégios do perverso

O longa-metragem “A Bruxa” está dando o que falar, com elogios vindo até do mestre Stephen King. Os boatos que sopram aos quatro ventos prenunciam que temos aqui uma obra de terror com uma pegada genuína, o que vem deixando o público curioso para conferir o filme na telona.

O roteiro centraliza em algumas temáticas recorrentes do século XVII, mais precisamente com uma abordagem atenuada sobre o fervor religioso e as diferenças de crenças da época, incluindo aqui toda a polêmica da existência de bruxas e os pactos com Lúcifer.

Na trama, o espectador é levado para uma casa à beira de uma floresta assustadora. A residência em questão é o novo lar de uma família que foi expulsa do vilarejo após uma discussão sobre fé e os conceitos da igreja.

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Neste ambiente inóspito dominado pela infertilidade, a pobreza, a miséria e a descrença começam a tomar conta dos familiares. Algo que poderia ser um novo começo acaba se tornando um pesadelo quando o bebê da família desaparece e as outras crianças começam a agir de forma estranha.

A tensão aumenta quando todos começam a suspeitar da jovem adolescente Thomasin (Anya Taylor-Joy), que estava cuidando do recém-nascido e que não sabe explicar o que aconteceu. Seria isto uma bruxaria? Um lobo teria levado o bebê? Ou a garota está escondendo algo? As opiniões ficam divididas e o espectador é convidado a entrar de cabeça na trama cheia de reviravoltas.

Floresta densa, silêncio profundo, incômodo constante

O gênero de terror me fascina muito, pois fico realmente surpreso como uma mídia pode nos deixar tão apavorados. Acontece que não há muitos filmes desse tipo que se mostrem assustadores ou de grande qualidade. Nos últimos anos, então, Hollywood foi tomada por uma onda de produções que forçam clichês e trazem roteiros furados.

Felizmente, o diretor e roteirista Robert Eggers sabia o que estava fazendo. Aliás, a chegada deste novato ao segmento é talvez uma das mais gratas surpresas. Tirando alguns curtas que assinou e outros títulos em que tomou as rédeas na parte de produção de design, o cineasta assume aqui seu primeiro grande projeto e se mostra muito competente e dedicado.

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Seguindo uma construção de fatos vagarosa e muito focada em alguns detalhes, o diretor e sua equipe conseguiram transpassar do roteiro para a telona uma experiência sinistra, de atmosfera pesada e de segredos ocultos que demoram a se desenrolar. A floresta é talvez o cenário mais importante, pois ali residem os perigos, os medos e os pecados.

Aqui, a fotografia do filme ajuda muito, pois a paleta de tons cinzas e contraste reduzido dá o tom de seriedade e aumenta o mistério intrínseco do tema principal.  O filme foca muito nesse ambiente, faz questão de deixar o espectador prestando a atenção em cada árvore, enaltecendo cada pormenor deste local assustador. Cada passo adiante é uma chance a menos de escapar de uma ameaça constante.

"A Bruxa" é um convite para cair nos deleites do inimigo, um passo a frente e você entra na cantiga, de onde não há volta; um passo atrás e você se arrisca a cair nos sortilégios do perverso, onde você nunca vai querer entrar.

Tal qual a mata, a residência começa a ser tomada pelo clima de tensão. A névoa da manhã, as noites escuras, os ambientes apertados, as plantações, os animais ao redor da casa e outros detalhes ajudam a construir a tenebrosidade da residência, que fica cada vez mais assustadora. Não sabemos o que reside nas entranhas da mata ou ao redor da casa, mas o perigo é prenunciado e toda a plateia fica em silêncio para acompanhar as artimanhas do mal.

Enquanto o público não emite um som, a respiração começa a ficar ofegante. A trilha sonora acompanha o medo refletido nos olhos fixados na telona. Com tons distorcidos, sons que incomodam os tímpanos e volume que vai aumentando gradativamente, o cérebro imagina mil coisas. O suspense construído durante a trama é o grande ponto. O filme é angustiante e tenso.

Muito religioso e cheio de artimanhas

A floresta é um convite para o terror, mas, em muitas cenas, o roteiro parece querer manter certa distância do local, pois há outra pauta ainda mais interessante: a religiosidade da família. Conforme as desgraças vão acontecendo, os personagens deixam seus sentimentos aflorarem de forma convincente, revelando seus preceitos e seus pecados.

As atuações são bem alinhadas com os papeis, nos levando a crer que estamos ali presenciando uma família em conflito e com medo do desconhecido. Nesse sentido, o elenco ajuda muito a chamar a atenção. A novata Anya Taylor-Joy, que até então só tinha feito coisas para TV, é a grande estrela do longa-metragem e desperta tanto o clima de suspense quanto o de inocência.

Kate Dickie, que você já conhece de Game of Thrones, e Ralph Ineson, que já fez dezenas de pontas em grandes filmes, também são responsáveis pelo bom desenvolvimento da trama. Além da caracterização, ambos se mostram muito empenhados, deixando a plateia irrequieta. Ineson é talvez o mais notório, já que tem papel de destaque e assusta com sua entonação macabra.

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É legal perceber que, mesmo o título do filme propondo uma coisa, temos no desenrolar uma forma completamente distinta da proposta habitual para filmes com essa pegada. A religiosidade exagerada da família é algo que ajuda a dar vida ao mito das bruxas, às crenças e aos subsequentes atos de cada um.

Durante bom tempo, os diálogos inteligentes sustentam a trama, apenas aumentando o suspense e deixando o espectador pensando em inúmeras hipóteses do que pode estar por trás dos misteriosos acontecimentos. Talvez, o grande problema para alguns seja o excesso de barulho e a pequena dosagem de bruxarias, já que o longa é cheio de truques, mas, às vezes, pode não entregar tudo que se espera. Contudo, o filme ainda se mostra instigante até o último instante.

Enfim, “A Bruxa” tem sim muito a oferecer, seja pela abordagem mais de suspense com longas cenas de tensão ou pela temática pouco retratada no cinema. Esses diferenciais são o grande trunfo do filme, o que é bom para quem busca algo novo, mas pode ser um tiro no pé do ponto de vista financeiro, já que o grande público ainda prefere filmes de terror com clichês.

Crítica do filme Joy: O Nome do Sucesso | Podia ser a minha família ou a sua

A primeira coisa que eu tenho a dizer pra você que está pensando em ver Joy: O Nome do Sucesso é: não vá ao cinema se você estiver em um dia de pouca paciência ou vivendo um daqueles momentos em que sua família parece estar querendo acabar com toda a calma que existem dentro de você. Joy é um filme extremamente irritante. 

Nos primeiros minutos de filme, eu estava assim: 

É uma daquelas histórias em que todo mundo parece estar ali só pra desacreditar a protagonista e atrasar seu sucesso. Me senti um pouco assistindo Harry Potter, onde todo filme é a mesma coisa – Harry e os amigos estão sempre tentando alertar os adultos sobre o que está acontecendo, mas ninguém acredita até que uma grande merda acontece. 

Inspirado na história real da norte-americana Joy Mangano, o longa é dirigido por David O. Russel e traz Jennifer Lawrence no papel da protagonista. Joy é uma mulher com um talento especial para inventar coisas que, como tantos de nós, tem seus sonhos de uma vida perfeita frustrados pela realidade. 

Joy O Nome do Sucesso

Contada pela avó da protagonista, Mimi (Diane Ladd), a história começa com uma Joy criança e ruma para a fase adulta, já descompensada. Joy é uma mulher que vive na mesma casa com os dois filhos, a mãe largada às traças e viciada em telenovelas (Virgina Madsen), o pai que mais uma vez foi “devolvido” pela última esposa (sempre genial Robert De Niro) e o ex-marido Tony (Édgar Ramirez), um músico de zero projeção que vive no porão da protagonista.

Entram na história também a amiga de infância de Joy, Jackie (Inmate Daya de Orange Is The New Black, Dascha Polanco), a meia-irmã Peggy (Elizabeth Röhm) e a nova namorada do pai, Trudy (Isabella Rossellini). Com esse tanto de gente dando pitaco na vida da mulher, o que pode dar errado, não é mesmo?

Joy sou eu, Joy é você

Quem é que nunca sentiu que estava carregando o mundo nas costas sozinho? O roteiro do longa é conduzido de maneira muito eficiente. À medida que a história vai se desenrolando, vamos ficando cansados junto com a protagonista, que, por sinal, foi muito bem executada por Jennifer Lawrence – embora eu concorde com algumas críticas que sugerem que talvez uma atriz um pouco mais madura tivesse sido uma melhor escolha para o papel. 

Joy é a representação de uma infinidade de mulheres que precisam dar conta sozinhas dos problemas de todo mundo. Por que as pessoas depositam todo o peso da vida delas em cima do pescoço de uma única mulher? É um questionamento importante que a história de Joy Mangano nos coloca e é algo tão estrutural que às vezes a gente nem percebe. 

Joy Mangano

Também assinado por David Russel, o roteiro é a melhor parte do longa. A personagem é super bem construída como uma mulher que, mesmo confrontada com todo tipo de desafio, segue em frente e se impõe, com um empurrãozinho de Neil Walker (Bradley Cooper).

O mais sensacional é que o filme passa com louvor no Teste de Bechdel e no crivo de qualquer pessoa que atente para a consistência das personagens femininas no cinema. Joy: O Nome do Sucesso é sobre a saga de uma mulher cujo grande objetivo não é, pasmem, apenas conquistar um homem. Quero dizer, os homens estão ali, vários deles, mas ela não vive em função deles. Ela não precisa disso. Ela precisa de discernimento para lidar com as situações que caem sobre seus ombros e de apoio de quem está a seu redor, mas seu drama principal não envolve conquistar um coração, mas seguir em busca do seu sonho de inventar coisas que facilitem a vida dos outros. 

Onde foi que eu já vi isso antes?

Ver Joy: O nome do Sucesso é ficar com aquela sensação de que você já assistiu a algo semelhante antes. Talvez essa impressão seja o resultado do trabalho conjunto do trio Lawrence – Cooper – Russel. Os três já trabalharam juntos em O Lado Bom da Vida e em Trapaça, e retomaram a parceria para esta nova produção. 

Em vários aspectos, o longa repete a fórmula utilizada nas produções anteriores. O ritmo é parecido, assim como os enquadramentos e o estilo dos diálogos. 

O que também lembra muito os dois filmes anteriores é a trilha sonora – o que é, na verdade, um mérito, pois David Russel parece saber selecionar e mixar muito bem as canções com as cenas. Embora tenha uma ou outra composição original, a trilha sonora é mais comercial, mas muito bem sincronizada com os momentos do filme. 

Entre as canções utilizadas, alguns clássicos de Elvis Presley, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, David Buckley, Bee Gees e The Rolling Stones, além de um bonitinho e um tanto constrangedor dueto de Jennifer Lawrence e Edgar Ramirez cantando Something Stupid.

Enfim, Joy: O nome do Sucesso nunca vai ser um super clássico do cinema, mas é divertido e tem um bom ritmo, altamente recomendável pra quem quer passar um pouco de raiva, mas também dar algumas risadas. 

As mulheres no cinema | Teste de Bechdel e #FilmHerStory

Vamos fazer uma brincadeira, juntos? Sim? Então, pega na minha mão e vem comigo:

– Primeiro, pense em um filme que tenha pelo menos duas mulheres.

Pensou? Essa é fácil, né? 

– Agora, nesse filme que você escolheu, essas mulheres conversam uma com a outra?

Já ficou um pouco mais restrito, né? Aquele primeiro filme que você pensou não se aplicava? Pense em outro.

– Agora responda: Elas conversam sobre alguma coisa que não seja um homem?

Ihhhh, agora complicou, hein? 

Gif Meryl Streep no Oscar 2015

Pois é. Isso não era beeeem uma brincadeira. O nome desse desafio que você acabou de fazer é Teste de Bechdel e ele surgiu nos quadrinhos Dykes to Watch Out For [Lésbicas com quem você tem que tomar cuidado, em uma tradução bem livre], da cartunista norte-americana Alison Bechdel. As perguntas foram inspiradas na fala de uma amiga de Alison, Liz Wallace, e fazem referência a um trecho do ensaio “Um Teto Todo Seu” de Virginia Woolf, que já trazia o tema da superficialidade na representação feminina.

Originalmente, o teste estava na tirinha A regra, publicada, vejam vocês, em 1985. A peça era uma forma da artista de se manifestar contra a forma como as mulheres eram retratadas no cinema – e nas produções audiovisuais de maneira geral –, sempre em papeis coadjuvantes, superficiais e quase sempre vivendo em função de um drama que envolve um homem. 

A Regra, que deu origem ao Teste de Bechdel

Bem, se eu ainda estou escrevendo esse texto aqui hoje, é porque o cenário ainda não é o ideal, não é mesmo? Faça o teste e aplique você mesmo as três perguntinhas de Bechdel a todos os filmes que você for assistir, você vai ver porque as mulheres ainda têm muito caminho pela frente quando o assunto é igualdade de representação e de direitos.

Film Her Story

Isso não é um teste oficial com um nome legal, mas agora se faça mais uma pergunta: quantos filmes você viu que falam sobre mulheres importantes da história da humanidade? Cientistas, inventoras, ativistas, nomes que contribuíram para evolução do ser humano? E não venha me dizer que eles só não existem porque as mulheres não contribuíram!

Às vezes, a gente esquece que a história da humanidade contada nos livros ignora a participação feminina. E o cinema com frequência reflete isso. A campanha #FilmHerStory (Filme a História Dela) é uma iniciativa que nasceu justamente para criticar isso e propor uma mudança. Tudo começou em 2015 com o lançamento do trailer oficial de As Sufragistas, no mês da mulher, março. 

As Sufragistas

Além de comemorar o lançamento do filme que conta a luta das inglesas que lutaram pelo direito do voto feminino, a campanha ajuda a lembrar que existem milhares de outras mulheres ainda não tiveram suas histórias contadas nem na literatura e nem no cinema. 

É uma iniciativa que parte do público e que acompanha um movimento que vem acontecendo dentro da própria indústria cinematográfica. 

As mina pira no cinema

Manifestações discretas das mulheres em eventos cinematográficos não são novidade. Contudo, nos últimos cinco anos parece que grandes nomes de Hollywood realmente cansaram do absurdo que é o gap salarial entre atrizes e atores, produtoras e produtores, diretoras e diretores, e daí por diante, entre tantas outras injustiças. 

Embora não se declarem feministas, várias mulheres da história do cinema já colocaram a boca no trombone contra essa realidade. Quem não lembra e não se emociona com o discurso de Patricia Arquette? Vencedora do Oscar de melhor Atriz Coadjuvante em 2015, ela foi ovacionada por uma plateia ensandecida que incluía outra diva do cinema, Meryl Streep rainha suprema da categoria "não aguento mais essa palhaçada que é a desigualdade de direitos das mulheres no cinema"

O discurso de Patrícia era finalizado com a frase:

"A toda mulher que já deu à luz, toda cidadã que paga impostos, nós lutamos pelos direitos de todo mundo. É nossa vez de ter salários igualitários para todos e direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos"

Me arrepio só de lembrar! Veja o discurso na íntegra:

No mesmo ano, Viola Davis fez todo mundo chorar no Emmy, com seu emocionante discurso sobre mulheres negras e (falta de) oportunidades. Não vou nem fazer um recorte, porque esse merece ser visto por inteiro:

É claro, elas não foram as únicas. Emma Watson, com sua (polêmica) campanha He for She também vem chamando a atenção para a necessidade de prestarmos mais atenção sobre isso, bem como as mulheres que lançaram a hashtag #AskHerMore, rebelando-se contra a diferença no tratamento que se dá a mulheres e a homens nas entrevistas. Para as mulheres, se pergunta sobre os vestidos, sobre dicas de beleza e sobre como mantêm a forma física. Para os homens, se pergunta sobre carreira, planos, dificuldades para construir um personagem, etc.

Isso sem falar nos closes de cima a baixo no tapete vermelho, né Cate Blanchett?

Cate Blanchett pergunta: você faz isso com os caras?

Essa rebeldia das mulheres com um cinema dominado pelos homens vem se mostrando presente em todo o mundo. Aqui no Brasil, o desabafo da diretora Anna Muylaert, de Que Horas Ela Volta?, contra declarações machistas de amigos homens sobre seu trabalho também foi bastante discutido no ano passado.

Você conhece mais iniciativas nesse sentido? 

Ah, e se você conhece algum filme que passe no Teste de Bechdel que traga mulheres em papeis mais consistentes, mande pra gente! Comente neste post ou mande um email para [email protected], pois estamos trabalhando em uma lista pra compartilhar aqui no Café com Filme!

O Preço da Fama | Trailer legendado e sinopse

Suíça, finais da década de 1970. Eddy Ricaart é libertado da prisão e recebido por Osman Bricha, um grande amigo. Como ambos se encontram num momento particularmente difícil das suas vidas, decidem fazer um acordo: Osman acolhe-o em sua casa e, em contrapartida, Eddy cuidará da pequena Samira, a filha de Osman, enquanto a mulher está no hospital.

Quando a morte de Charlie Chaplin é anunciada na televisão - assim como a enorme fortuna que deixou à família -, Eddy encontra aí a solução para os problemas económicos de ambos: assaltar o cemitério onde Chaplin foi enterrado, roubar o caixão e pedir um resgate.