Omar Sy - Café com Filme

Crítica do Filme Cada Um Na Sua Casa | Bolhas, alienígenas e fofura

Alienígenas incrivelmente bonitinhos vem para a Terra tomar o planeta de nós, prendendo os humanos em "reservas", lugares isolados para que todos possam desfrutar do planeta. E dessa forma fofa e adorável, o filme nos conta uma história velada sobre imperialistas que se sentem vítimas. 

Estamos falando do novo filme da Dreamworks, Cada Um Na Sua Casa. Saindo do estereótipo, temos uma menina negra como protagonista, com cabelos encaracolados e diversos penteados bonitos. O longa foi baseado no livro infantil "The True Meaning of Smekday" (O verdadeiro significado de Smekday) de Adam Rex. 

Como dito, a história é sobre alienígenas chamados Boov que chegam à Terra para dominar o planeta. E para se acomodarem, eles movem os humanos para comunidades fechadas, enquanto ficam com as cidades e todo o espaço que restou. O motivo dessa invasão é que os Boov estão fugindo de uma raça alienígena muito mais sinistra, os Gorg, que já estão perseguindo e destruindo os planetas em que os Boov vivem.

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Mas durante essa mudança, uma garota chamada Gratuity "Tip" Tucci (dublada pela cantora Rihanna) acaba se separando de sua mãe e fica sozinha no meio da cidade infestada de Boovs. Após uma série de eventos, ela acaba se juntando a um Boov atrapalhado chamado Oh (dublado por Jim Parsons, o Sheldon de Big Bang Theory) que em sua incessante busca por amigos acaba enviando um convite para a galáxia toda comparecer na sua festa, incluíndo os Gorg, que estão loucos por uma boa destruição.

O filme todo é focado na fofura dos personagens, os Boov são adoráveis, variam de cor com suas emoções e inventam palavras novas para coisas que já existem, praticamente tudo que uma criança gosta. Eles gostam de uma vida calma e fogem ao menor sinal de perigo. Seu líder é o Capitão Smek, cujo dever é salvar a todos, mas é o primeiro a fugir em qualquer situação. Ele é muito semelhate ao Rei Julius de Madagascar (EU ME REMEXO MUITO!) e acaba sendo uma das partes mais divertidas do filme. 

Não bastasse isso, Tip tem um gato chamado Porco, que é desnecessário mencionar o quanto é adoravél, e toda a tecnologia dos Boov é baseada em bolhas, então todas as cenas tem um aspecto surreal e calmo. Oh consegue modificar o carro de Tip com a tecnologia das bolhas e deixa tudo colorido por onde passa, enfim, o filme todo lembra muito um videogame colorido.

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E a trama se desenvolve atráves de piadas e uma amizade relutante que acaba sendo bem bonitinha também. Mas de forma velada, o filme fala sobre colonização e exclusão social, mas sem parecer chato. Os Boov, como todo colonizador, acham que estão ajudando os humanos e dando uma vida melhor para todos, enquanto se sentem vítimas por serem perseguidos pelos Gorg.

De qualquer forma, o filme diverte bastante, a história se desenvolve de uma forma interessante e o final faz tudo parecer mais adorável ainda, se é que isso é possível! Mas a boa notícia aos pais é que as músicas do filme são todas comerciais, principalmente canções da Rihanna, obviamente.

Então não precisam se preocupar com "Você quer brincar na neve" e "Let it go" ecoando por meses em suas cabeças. Assistam ao filme Cada Um Na Sua Casa no cinema, dublado ou não, mas não vejam em 3D, porque é caro, apesar de os efeitos visuais serem lindos.

5 anos de Café com Filme | Uma longa jornada e muito café [promoção]

Esse não é nem de longe meu filme favorito, mas ainda está na lista. Para mim, o Hobbit: Uma Jornada Inseperada foi bem marcante, tanto o livro quanto o filme. Sempre adorei fantasia medieval, e possivelmente isso nem seria considerado um gênero se não fosse a extensa obra de Tolkien.

Após o tremendo sucesso da trilogia O Senhor dos Anéis nas telonas, a popularidade desse tipo de história aumentou exponencialmente e continua popular. Por isso mesmo Peter Jackson, diretor que transpôs as obras de Tolkien ao cinema, não poderia deixar passar a oportunidade de adaptar mais um livro.

Mas o erro foi querer transformar um livro em três. Claro, não foi uma escolha pessoal, mas isso estragou um pouco uma história excelente. Mas deixando o rancor de lado, a primeira parte de O Hobbit traz um frescor aos fãs da Terra Média, e até mesmo aos cineastas. Peter Jackson inovou com suas câmeras tecnológicas que capturam uma realidade ainda mais real do que seus olhos podem ver, tudo isso em 48 frames por segundo!

A história conta como o hobbit Bilbo Bolseiro parte, a pedido de seu amigo Gandalf, em uma aventura inusitada a com uma companhia de treze anões liderados pelo lendário guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho, para retomar o Reino de Erebor, terra dos anões que foi conquistada há muito tempo pelo dragão Smaug.

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E no decorrer dessa aventura é que Bilbo encontra o Um Anel, que estava em posse do famoso Gollum. Esse resumo não faz o menor jus a essa incrível história, e as sequências A Desolação de Smaug e a Batalha dos Cinco Exércitos só servem para vender mais ingressos, salvo pouquíssimas cenas.

De qualquer forma, o livro que inspirou essa história é excelente. É o tipo de livro que você começa a ler e não vai conseguir largar até terminar. E ao contrário da trilogia O Senhor dos Anéis, em que os mínimos detalhes são descritos para enriquecer a Terra Média, O Hobbit foi escrito para ser um livro infantil, então ele é narrado com um tom mais leve, humorístico e aventureiro.

E como não podia deixar de ser, vários detalhes interessantes foram deixados de lado na adaptação para o cinema, por isso recomendo e muito a todos os fãs que não tem paciência para ler nada muito longo ou complexo, O Hobbit.

Acredito que para quem não leu ainda, a trilogia O Hobbit pareceu boa o suficiente, mas como qualquer livro sempre será melhor que o filme (com a possível exceção de Clube da Luta), lendo você terá uma experiência mais rica.

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5 anos de Café com Filme

Esta postagem faz parte das celebrações pelos cinco anos do Café com Filme, comemorados no dia 29 de março de 2015. O Café completa meia década de vida e, por isso, vamos oferecer diversos prêmios aos nossos leitores, sempre relacionados às postagens especiais feitas pela equipe do site. A promoção começa hoje (05) e você tem até às 23h59 do dia 12 de abril para responder — ao enviar sua resposta, você afirma ter lido e concordado com os termos do regulamento:

Boa sorte!

O livro O Hobbit foi fornecido pela Livraria A Página para a realização deste concurso cultural.

Super Velozes, Mega Furiosos | Trailer legendado e sinopse

Super Velozes, Mega Furiosos (SuperFast!, EUA, 2015) é uma divertida sátira à série de ação "Velozes & Furiosos", escrita e dirigida pela dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer ("Super-Heróis: Liga da Injustiça", "Espartalhões").

Na comédia, o policial Paul White (Alex Ashbaugh), trabalhando sob disfarce, chega junto à gangue ilegal de corredores de rua liderada por Vin Serento (Dale Pavinski) numa das provas noturnas do grupo. Vin e Paul provam no asfalto que são velozes, são furiosos e juntos decidem elaborar um plano para dar um golpe duplo num dos mais perigosos chefões do crime de Los Angeles, Juan Carlos de la Sol (Omar Chaparro).

Sob o Mesmo Céu | Trailer legendado e sinospe

Cameron Crowe, diretor de Jerry Maguire, nos traz a história de um militar (Bradley Cooper) que está em uma fase ruim e recebe a chance de retomar sua carreira no Havaí. Enquanto busca a redenção profissional, ele também tenta colocar um ponto final em um antigo amor (Rachel McAdams), além de ter que lidar com sentimentos inesperados por sua parceira no projeto, uma promissora jovem da Força Aérea (Emma Stone).​

Insubordinados | Teaser oficial e sinopse

Janete tem 32 anos e sua vida está em suspensão. Com o pai (Um coronel da PM reformado) internado em estado terminal, ela não faz mais nada além de passar os dias ao lado dele no hospital. Enquanto espera o fim inevitável dessa jornada dolorosa, Janete escreve sem parar, ora em seu laptop, ora num caderno.

Ao longo dos dias Janete cria uma trama policial que a ajuda a entrar em contato com seus medos e desejos mais profundos, uma válvula de escape que revela muito do que ela é e de como ela enfrenta essa situação tão dura.

Assim, a delegada assistente Diana Simões passa a ser o alter ego de Janete e algumas pessoas que a cercam, como a enfermeira Beth, o chapeiro Jurandir, o médico Dr. Maurício e o faxineiro Giba, passam a tomar parte na fantasia literária da moça. O filme busca despretensiosamente lembrar como a criatividade pode ser transformadora. É um elogio aos narradores, aos que amam contar estórias.

Crítica do filme Silent Hill: Revelação | As trevas são reais neste inferno 3D

Adaptações de videogames para as telonas são sempre polêmicas. Tirando uma ou outra obra (como o primeiro Silent Hill), a grande maioria acaba se revelando uma grande porcaria.

Com “Silent Hill: Revelação”, a história não é muito diferente nesse sentido. Muitos fãs gostaram do que viram, outros tantos acharam péssimo o resultado. Os críticos – que não entendem nada do jogo – acabaram criticando o roteiro e a execução do filme.

Bom, eu vi o filme lá em 2013, quando ele finalmente saiu aqui no Brasil (aliás, grande mancada lançar com quase um ano de atraso) e, na época, acabei achando meia boca. Entretanto, eu resolvi dar uma segunda chance para o título e até comprei a versão em Blu-ray para conferir a parte 3D do longa-metragem.

Hoje, pretendo comentar sobre os prós e contras do filme, falar como ele se aproxima do jogo (o Silent Hill 3 é o game utilizado de base para o desenvolvimento da história) e qual foi meu veredito após ter visto uma segunda vez a obra de Michael J. Bassett. Seja você um fã do título da Konami, um apreciador do gênero de terror ou apenas um cinéfilo, esta crítica pode ser mais interessante do que você imagina.

Conectando os pontos

A primeira coisa que é preciso ter em mente antes de sair descendo o pau no filme diz respeito a proposta do diretor (que também é o roteirista) deste longa-metragem. A missão em “Silent Hill: Revelação” não era nada simples, pois era preciso tomar uma decisão para agradar o público:

  • Criar uma adaptação fiel ao jogo (e ignorar o primeiro filme, o que agradaria os fãs de SH3);
  • Fazer uma continuação direta do primeiro filme (e deixar de lado tudo do game, talvez até pensando em uma história bem diferente, o que era um tiro no escuro);
  • Usar elementos do jogo e criar um elo com o primeiro filme (equilibrando as duas coisas e agradando um público muito maior).

Como você sabe, Bassett optou pela última opção, o que foi a coisa mais difícil a se fazer. O terceiro game da série pode ser considerado uma continuação do primeiro, o que, na teoria, poderia facilitar as coisas. Acontece que o longa-metragem lá de 2006 já teve diversas discrepâncias ao sair dos consoles e ir para as telonas, o que deixou tudo ainda mais complicado.

Para atrair a atenção dos fãs do game, o filme começa já pela cena no parque de diversões – tal qual no jogo, trazendo referências claras como o coelho Robbie. Logo em seguida, para mostrar que esta é uma continuação do primeiro filme, o roteiro começa a desenvolver a trama dando pistas de como Sharon (que agora se chama Heather) conseguiu escapar de Silent Hill.

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O título também comenta sobre a mudança de nome, da cor de cabelo, mostrando detalhes sobre como seu pai (nosso amigo Sean Bean está de volta e morre somente no mundo dos sonhos) manteve controle sobre a situação por tantos anos, introduz as roupas do jogo e apresenta diversas similaridades com o game. Tudo até aqui é muito bem equilibrado e faz sentido.

Para incutir o terror, o filme alterna algumas cenas reais e do mundo bizarro de Silent Hill. É importante notar que essas cenas estão apenas na mente de Heather, já que ela não está na cidade e portanto nada ali é real. Várias coisas que ela vê são apenas influências de sua memória quando ela ainda estava na cidade amaldiçoada – vale notar que o pai dela mente e fala que ela apenas sofreu um acidente, situação em que a mãe dela morreu.

Hora de contar a história do jogo

Não demora muito para que conheçamos o detetive Douglas Cartland. Ele é o mesmo personagem (com roupagem e aparência muito semelhantes) e tem a mesma missão do jogo: levar Heather até a Ordem de Valtiel. As situações em que eles se encontram são bem parecidas, mas começam a aparecer algumas diferenças quando não é o detetive que dá pistas mais claras sobre Silent Hill para Heather.

Em vez do apoio de Cartland, a personagem principal do filme acaba obtendo a ajuda de Vincent Smith (que também se assemelha ao homem que vemos no game). As anotações sobre Silent Hill e outros detalhes são encontrados no diário e nos recortes de jornais que Harry da Silva (a alteração de sobrenome já é algo que veio do primeiro filme) guardou em sua casa junto com o Selo de Medatron – este item aparece nos jogos Silent Hill 1, 2, 3 e Downpour, às vezes com outros nomes.

Bom, a relação entre Heather e Vincent é talvez a maior cagada de “Silent Hill: Revelação”. Primeiro existe a questão de ele não ser um personagem tão importante na trama do jogo, depois temos a questão que transformam ele apenas em um garoto apaixonado (no jogo, ele é alguém importante na Ordem). Ele vira melhor amigo da filha de Harry, mas serve apenas para contar toda a trama para a garota (algo que deveria ser feito por Cartland).

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Os diálogos entre os dois são atropelados – só que é válido ter tais falas para construir a personagem da Heather ou o filme não iria para frente mesmo – e as atuações não convencem muito. O pior é que tem uma fala em que o Vincent resolve contar tudo que sabe e não dá tempo nem de o espectador digerir as informações.

Os dois vão na direção de Silent Hill, mas resolvem parar e dar uma boa descansada. Quando Heather acorda no outro dia, ela só atravessa a rua e praticamente já está na cidade amaldiçoada, algo que não convence, porque já poderiam ter ido diretamente sem parar no caminho. Mas ok, quem não se atenta aos detalhes não vai nem notar esse pequeno deslize.

Quanto à cidade, não dá pra reclamar muito. O segundo filme não faz questão de explorar os ambientes, focando apenas nos cenários relevantes para a história, mas há de fato uma ou outra sequência que nos permitem perceber que estamos na mesma cidade do título anterior. Para quem não viu o longa anterior, há algumas boas explicações (ainda que tenha coisas distorcidas, o que pode ser considerado um furinho de roteiro), o que aumenta o mistério em torno da cidade.

Tão logo entramos nos locais mais sombrios e inóspitos, já percebemos que a equipe criativa caprichou no clima do filme e tentou aproximar o máximo possível do que vemos em Silent Hill 3. Há muitos ambientes escuros, que reservam espaço para os monstros aparecerem de surpresa e diversos cenários apresentados relembram o que já conhecemos no game. Ponto para a produção cinematográfica!

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Voltando aos personagens, além do Vincent e do Douglas, conhecemos Leonard Wolf e Claudia Wolf – há uma explicação para ela estar aqui e tudo está conectado ao primeiro filme. Os dois trazem semelhanças às versões do título para consoles, o que é excelente. A atuação de ambos é bem limitada, mas a Claudia, em especial, fica devendo muito com umas falas pobres e previsíveis.

No âmbito dos monstros, não há muito o que reclamar. Os bichos são bem assustadores, com referências claras aos tipos que têm no jogo. O destaque novamente fica para o Cabeça de Pirâmide, que é assustador e muito sinistro. É legal que aqui ele deixa de ser o vilão e passa a ser o salvador da pátria, algo que faz muito sentido se levarmos em conta que ele é carrasco da Alessa.

Misturando as coisas e acrescentando o 3D

Para finalizar, é preciso falar sobre alguns aspectos que deixam “Silent Hill: Revelação” muito interessante. A primeira delas são algumas referências que nos permitem conectar o clima geral do filme ao que temos no jogo. O aniversário de Heather é citado em algumas situações – e é claro que todo fã vai se lembrar da música do game. O coelho sinistro, o parque de diversões, o shopping e outros tantos locais ajudam a montar o filme de forma coerente.

Não são poucas as cenas em que vemos recapitulações do primeiro longa-metragem. Algumas cenas foram refeitas, outas reaproveitadas, mas tudo ajuda a fortalecer a conexão entre os títulos. A presença de alguns puzzles até que funciona legal no filme, mas é claro que não é a mesma experiência do jogo, pois tudo é bem mastigado aqui para deixar o ritmo da trama interessante.

É válido citar ainda algo que me empolgou muito ao rever o filme: os efeitos tridimensionais. Tem gente que não gosta de 3D, tem filme que fica bem ruim em 3D, mas no caso desta obra as cenas foram programadas para funcionar desta forma. As simulações são realistas, as espadas passando em frente aos olhos dão medo e as cinzas caindo na frente da TV também são válidas para dar uma experiência rica ao filme.

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Por fim, é importante comentar sobre um dos aspectos que fazem Silent Hill ser uma das sagas mais geniais de todos os tempos: a trilha sonora. Sério, o trabalho de Jeff Danna (responsável pelas músicas do primeiro filme) e Akira Yamaoka (o mestre das trilhas dos games) é perfeito!

No fim das contas, considero que o resultado do filme está mais para bom do que para ruim. Ele poderia assustar mais e ter menos furos, mas não acho justo apenas xingar o filme sem ter argumentos plausíveis, já que há um bom equilíbrio aqui.

Considerando a dificuldade em tentar unir tanta coisa e agradar a tanta gente, Bassett fez um trabalho de qualidade. Podem me julgar, mas como fã da série, não fiquei decepcionado, até porque Silent Hill: Revelação não atrapalha em nada os games. E gostei de ver Travis Grady aqui, o que reafirma o empenho do diretor.