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Oscar 2019 | Veja quem foram os grandes vencedores desta edição!

A 91ª edição do Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas teve sua cerimônia neste domingo (25), em uma noite da qual saíram improváveis vitoriosos. Mais marcado do que nunca pela presença de blockbusters, o evento teve como grandes protagonistas "Bohemian Rhapsody" e "Pantera Negra", que levaram quatro e três estatuetas, respectivamente.

Derrubando favoritos que eram dados como certos, como Christian Bale, para Melhor Ator, e Glen Close, como Melhor Atriz, a cerimônia trouxe algumas surpresas em determinadas categorias, mas não tanto em outras - é o caso de "Roma" levando o prêmio de Melhor Fotografia, por exemplo. O filme de Afonso Cuarón deu ainda o título de Melhor Direção ao mesmo e levou Melhor Filme Estrangeiro.

Mas foi "Green Book" o grande vencedor da noite, como Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, além do Ator Coadjuvante, que ficou com Mahershala Ali. Veja a seguir quais foram estes e os demais vencedores do Oscar 2019!

Melhor Filme

Vencedor Melhor Filme - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Green Book - Produzido por  Jim Burke, Charles B. Wessler, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly e Nick Vallelonga

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Indicados Melhor Filme - Oscar 2019:

  • Pantera Negra - Produzido por Kevin Feige
  • Infiltrado na Klan - Produzido por Spike Lee, Sean McKittrick, Jason Blum, Raymond Mansfield e Jordan Peele
  • Bohemian Rhapsody - Produzido por  Graham King
  • A Favorita - Produzido por  Ceci Dempsey, Ed Guiney, Lee Magiday e Yorgos Lanthimos
  • Roma - Produzido por  Alfonso Cuarón e Gabriela Rodriguez
  • Nasce Uma Estrela - Produzido por Bill Gerber, Bradley Cooper e Lynette Howell Taylor
  • Vice - Produzido por Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Adam McKay e Kevin J. Messick

Melhor Direção

Vencedor Melhor Direção - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Alfonso Cuáron (Roma)

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Indicados Melhor Direção - Oscar 2019:

  • Spike Lee (Infiltrado na Klan)
  • Pawel Pawlikowski (Guerra Fria)
  • Yorgos Lanthimos (A Favorita)
  • Adam McKay (Vice)

Melhor Atriz

Vencedora Melhor Atriz - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Olivia Colman (A Favorita)

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Indicadas Melhor Atriz - Oscar 2019:

  • Yalitza Aparicio (Roma)
  • Glenn Close (A Esposa)
  • Lady Gaga (Nasce Uma Estrela)
  • Melissa McCarthy (Poderia me Perdoar?)

Melhor Ator

Vencedor Melhor Ator - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Rami Malek (Bohemian Rhapsody)

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Indicados Melhor Ator - Oscar 2019:

  • Christian Bale (Vice)
  • Bradley Cooper (Nasce Uma Estrela)
  • Willem Dafoe (No Portal da Eternidade)
  • Viggo Mortensen (Green Book)

Melhor Ator Coadjuvante

Vencedor Melhor Ator Coadjuvante - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Mahershala Ali (Green Book)

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Indicados Melhor Ator Coadjuvante - Oscar 2019:

  • Adam Driver (Infiltrado na Klan)
  • Sam Elliot (Nasce uma Estrela)
  • Richard E. Grant (Poderia me Perdoar?)
  • Sam Rockwell (Vice)

Melhor Atriz Coadjuvante

Vencedora Melhor Atriz Coadjuvante - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Regina King (Se a Rua Beale Falasse)

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Indicadas Melhor Atriz Coadjuvante - Oscar 2019:

  • Amy Adams (Vice)
  • Marina de Tavira (Roma)
  • Emma Stone (A Favorita)
  • Rachel Weisz (A Favorita)

Melhor Roteiro Original

Vencedor Melhor Roteiro Original - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Green Book (Peter Farrelly, Nick Vallelonga e Brian Currie)

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Indicados Melhor Roteiro Original - Oscar 2019:

  • A Favorita (Deborah Davis e Tony McNamara)
  • No Coração da Escuridão (Paul Schrader)
  • Roma (Alfonso Cuarón)
  • Vice (Adam McKay)

Melhor Roteiro Adaptado

Vencedor Melhor Roteiro Adaptado - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Infiltrado na Klan - Escrito por Spike Lee, David Rabinowitz, Charlie Wachtel e Kevin Willmott

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Indicados Melhor Roteiro Adaptado - Oscar 2019:

  • A Balada de Buster Scruggs - Escrito por Joel Coen e Ethan Coen
  • Poderia me Perdoar? - Escrito por Nicole Holofcener e Jeff Whitty
  • Se a Rua Beale Falasse - Escrito por Barry Jenkins
  • Nasce Uma Estrela - Escrito por Bradley Cooper, Will Fetters e Eric Roth

Melhor Animação

Vencedor Melhor Animação - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Homem-Aranha no Aranhaverso (Bob Persichetti, Peter Ramsey, Rodney Rothman, Phil Lord e Christopher Miller)

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Indicados Melhor Animação - Oscar 2019:

  • Os Incríveis 2 (Brad Bird, John Walker e Nicole Paradis Grindle)
  • Ilha de Cachorros (Wes Anderson, Scott Rudin, Steven Rales e Jeremy Dawson)
  • Mirai (Mamoru Hosoda e Yūichirō Saitō)
  • WiFi Ralph - Quebrando a Internet (Rich Moore, Phil Johnston e Clark Spencer)

Melhor Documentário Curta-Metragem

Vencedor Melhor Documentário Curta-Metragem - Oscar 2019:

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Indicados Melhor Documentário Curta-Metragem - Oscar 2019:

  • Black Sheep
  • End Game
  • Lifeboat
  • A Night at the Garden

Melhor Documentário em Longa-Metragem

Vencedor Melhor Documentário Longa-Metragem - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Free Solo

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Indicados Melhor Documentário Longa-Metragem - Oscar 2019:

  • Hale County this Morning , This Evening
  • Minding the Gap
  • RBG
  • Of Fathers and Sons

Melhor Filme Estrangeiro

Vencedor Melhor Filme Estrangeiro - Oscar 2019:

m cafe 5407e Roma - Alfonso Cuarón (México)

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Indicados Melhor Filme Estrangeiro - Oscar 2019:

  • Cafarnaum - Nadine Labaki (Líbano)
  • Guerra Fria - Paweł Pawlikowski (Polônia)
  • Nunca Deixe de Lembrar - Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha)
  • Assunto de Família - Hirokazu Kore-eda (Japão)

Melhor Curta-Metragem

Vencedor Melhor Curta-Metragem - Oscar 2019:

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Indicados Melhor Curta-Metragem - Oscar 2019:

  • Detainment
  • Fauve
  • Marguerite
  • Mother

Melhor Curta em Animação

Vencedor Melhor Curta em Animação - Oscar 2019:

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Indicados Melhor Curta em Animação - Oscar 2019:

  • Animal Behaviour
  • Late Afternoon
  • One Small Step
  • Weekends

Melhor Canção Original

Vencedor Melhor Canção Original - Oscar 2019:

m cafe 5407e  "Shallow" (Nasce uma Estrela) - Música e Letra de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt

Indicados Melhor Canção Original - Oscar 2019:

  • "All The Stars" (Pantera Negra) - Música de Mark Spears, Kendrick Lamar Duckworth e Anthony Tiffith; Letra de Kendrick Lamar Duckworth, Anthony Tiffith e Solána Rowe
  • "I'll Fight" (RBG) - Música e Letra de Diane Warren
  • "The Place Where Lost Things Go" (O Retorno de Mary Poppins) - Música e Letra de Marc Shaiman e Scott Wittman
  • "When A Cowboy Trades His Spurs For Wings" (A Balada de Buster Scruggs) - Música e Letra de David Rawlings e Gillian Welch

Melhor Fotografia

Vencedor Melhor Fotografia - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Roma (Alfonso Cuarón)

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Indicados Melhor Fotografia - Oscar 2019:

  • Guerra Fria (Łukasz Żal)
  • Nasce Uma Estrela (Matthew Libatique)
  • A Favorita (Robbie Ryan)
  • Nunca Deixe de Lembrar (Caleh Deschanel)

Melhor Figurino

Vencedor Melhor Figurino - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Pantera Negra (Ruth E. Carter)

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Indicados Melhor Figurino - Oscar 2019:

  • A Balada de Buster Scruggs (Mary Zophres)
  • A Favorita (Sandy Powell)
  • O Retorno de Mary Poppins (Sandy Powell)
  • Duas Rainhas (Alexandra Byrne)

Melhor Maquiagem e Cabelo

Vencedor Melhor Maquiagem e Cabelo - Oscar 2019:

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Indicados Melhor Maquiagem e Cabelo - Oscar 2019:

  • Border
  • Duas Rainhas

Melhor Mixagem de Som

Vencedor Melhor Mixagem de Som - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Bohemian Rhapsody (Paul Massey, Tim Cavagin e John Casali)

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Indicados Melhor Mixagem de Som - Oscar 2019:

  • Pantera Negra (Steve Boeddeker, Brandon Proctor e Peter Devlin)
  • O Primeiro Homem (Jon Taylor, Frank A. Montaño, Ai-Ling Lee e Mary H. Ellis)
  • Roma (Skip Lievsay, Craig Henighan e José Antonio García)
  • Nasce Uma Estrela (Tom Ozanich, Dean Zupancic, Jason Ruder e Steve Morrow)

Melhor Edição de Som

Vencedor Melhor Edição de Som - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Bohemian Rhapsody (Nina Hartstone e John Warhust)

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Indicados Melhor Edição de Som - Oscar 2019:

  • Pantera Negra (Benjamin A. Burtt e Steve Boeddeker)
  • O Primeiro Homem (Mildred Iatrou Morgan e Ai-Ling Lee)
  • Um Lugar Silencioso (Erik Aadahl e Ethan Van der Ryn)
  • Roma (Sergio Díaz, Skip Lievsay)

Melhores Efeitos Visuais

Vencedor Melhores Efeitos Visuais - Oscar 2019:

m cafe 5407e  O Primeiro Homem (Paul Lambert, Ian Hunter, Tristan Myles e J. D. Schwalm)

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Indicados Melhores Efeitos Visuais - Oscar 2019:

  • Vingadores: Guerra Infinita (Dan DeLeeuw, Kelly Port, Russell Earl e Dan Sudick)
  • Christopher Robin (Christopher Lawrence, Michael Eames, Theo Jones e Chris Corbould)
  • Jogador Nº 1 (Roger Guyett, Grady Cofer, Matthew E. Butler e Dave Shirk)
  • Han Solo - Uma História Star Wars (Rob Bredow, Patrick Tubach, Neil Scanlan e Dominic Tuohy)

Melhor Design de Produção

Vencedor Melhor Design de Produção - Oscar 2019:

m cafe 5407e Pantera Negra (Hannah Beachler e Jay Hart)

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Indicados Melhor Design de Produção - Oscar 2019:

  • A Favorita (Fiona Crombie e Alice Felton)
  • O Primeiro Homem (Nathan Crowley e Kathy Lucas)
  • O Retorno de Mary Poppins (John Myhre e Gordon Sim)
  • Roma (Eugenio Caballero e Bárbara Enríquez)

Melhor Montagem/Edição

Vencedor Melhor Montagem - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Bohemian Rhapsody (John Ottman)

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Indicados Melhor Montagem - Oscar 2019:

  • Infiltrado na Klan (Barry Alexander Brown)
  • A Favorita (Yorgos Mavropsaridis)
  • Green Book (Patrick J. Don Vito)
  • Vice (Hank Corwin)

Melhor Trilha Sonora

Vencedor Melhor Trilha Sonora - Oscar 2019:

m cafe 5407e  Pantera Negra (Ludwig Göransson)

Indicados Melhor Trilha Sonora - Oscar 2019:

  • Infiltrado na Klan (Terence Blanchard)
  • Se a Rua Beale Falasse (Nicholas Britell)
  • Ilha de Cachorros (Alexandre Desplat)
  • O Retorno de Mary Poppins (Marc Shaiman)

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O que você achou dos resultados da 91ª edição do Oscars? Teve alguma surpresa ou acertou nas suas apostas? Conta pra gente nos comentários!

Reino do Superman | Trailer oficial e sinopse

Depois que o Superman é enterrado, após a batalha com Apocalypse, seu corpo é roubado do túmulo. Enquanto autoridades investigam, novos Superman completamente diferentes começam a aparecer em cena, e todos se perguntam se Superman reencarnou e, se for o caso, qual dos novos Superman é o verdadeiro Homem de Aço?

Pantera Negra leva o maior prêmio no "Oscar" dos atores

O Sindicato de Atores de Hollywood (Screen Actors Guild‐American Federation of Television and Radio Artists) realizou ontem, dia 27 de janeiro de 2019, a 25ª edição do SAG Awards. Com poucas surpresas, a cerimônia reservou o grande prêmio da noite — Melhor Elenco — para Pantera Negra e consolidou a liderança de Glenn Close (Melhor Atriz) e Mahershala Ali (Melhor Ator Coadjuvante) na corrida pelo Oscar.

Confira a lista completa dos vencedores do SAG Awards 2019 nas categorias de cinema:

Melhor Elenco

m cafe 5407e Pantera Negra - Anagela Bassett, Chadwick Boseman, Sterling K. Brown, Winston Duke, Martin Freeman, Danai Gurira, Michael B. Jordan, Daniel Kaluuya, Lupita Nyong’O, Andy Serkis, Forest Whitaker, Letitia Wright

Melhor Ator

m cafe 5407e Rami Malek – Bohemian Rhapsody

Melhor Atriz

m cafe 5407e Glenn Close – A Esposa (2018)

Melhor Ator Coadjuvante

m cafe 5407e Mahershala Ali – Green Book - O Guia

Melhor Atriz Coadjuvante

m cafe 5407e Emily Blunt –- Um Lugar Silencioso

Crítica do filme Green Book – O Guia | A graça nas estradas da desgraça

A vida poderia ser bastante simples se o ser humano tivesse a mínima noção de como funciona a sociedade e uma boa dose de dignidade para respeitar o próximo. Todavia, a história já cansou de nos provar que a humanidade sempre funcionou com base nos mais inimagináveis atos de rivalidade, em que um homem sempre quer se impor e se mostrar superior ao seu semelhante.

O principal problema é que, na grande maioria dos casos, isso obviamente aconteceu com uma maioria esmagando, humilhando e tirando proveito de uma minoria – ou de diversos grupos em posição de oprimidos. Não é preciso ser nenhum gênio em história para saber dos tantos grupos de brancos que se aproveitaram e abusaram da mão de obra – e também do psicológico – dos negros.

Nos Estados Unidos da América, a segregação racial foi ainda mais emblemática. Algo que começou lá no período da escravidão perpetua até os dias de hoje, mas muitos períodos foram marcados de forma mais incisiva por casos históricos. Este era um panorama comum nas décadas de 1950 e 1960, época em que se passa a história de “Green Book - O Guia”.

Neste filme, acompanhamos um breve período da vida de Tony Lip (Viggo Mortensen), um segurança, de origem italiana, que ficou famoso no Bronx por seus modos ousados, algo que eventualmente chamou a atenção do Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), um pianista negro mundialmente famoso, que necessitava de um motorista para acompanhá-lo em uma turnê pelo sul estadunidense.

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Já sabendo da situação de rejeição em várias partes do país, o doutor entrega o “Livro Verde” para seu motorista parar apenas nos poucos estabelecimentos que aceitam a presença de negros. Não será uma viagem fácil para eles, mas mesmo a plateia que está de carona deve estar pronta para o desconforto, as desavenças e a sensação de desprezo pelo racismo inerente.

É o carro da lição de vida que está passando, freguesia

A pauta principal de “Green Book” é escancarada, por isso o filme faz questão de ir além do óbvio, falando sobre moral, princípios e aspectos essenciais que fazem de nós humanos. É importante perceber que, para tanto, o filme cria uma inversão de papéis, estranhada pelos personagens que cruzam pela dupla e não conseguem conceber a possibilidade de um homem branco ser motorista de um negro.

Apesar do estranhamento por terceiros, os dois protagonistas tratam o tema de forma bem direta e se apresentam abertos ao não ignorar que existem inúmeras questões que separam seus mundos. Num claro duelo de personalidade, que retrata um homem simples e outro culto, podemos ver as diferenças de importância dada a determinadas ações e situações; e ais aqui um trunfo do filme.

Para conseguir dar vasão a tantas pautas, em diferentes ocasiões, a obra se baseia em dois alicerces: direção e roteiro. Primeiro, eu acho importante falar do diretor Peter Farrelly, que é conhecido por ser um cara muito da comédia – principalmente por ser a mente por trás de “Debi e Lóide”. Se a ideia era abordar o tema racial de forma mais leve, a escolha do diretor claramente teve um peso importante.

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O resultado de Farrelly no comando das câmeras é primordial para o sucesso da obra, pois ele consegue colocar duas realidades distintas num mesmo quadro e ainda permite a extração de inúmeras emoções em cenas bem pontuais. Um simples enquadramento dentro do carro nos dá a oportunidade de ver o comportamento dos personagens e suas reações instantâneas a pautas como “frango frito é uma delícia”.

É através de sua visão que também somos impactados com a presença de palco do Dr. Don Shirley e a admiração visível que Tony Vallelonga tem por seu empregador. Não é preciso uma linha de fala, apenas o olhar nos mostra a dinâmica entre eles, bem como a atmosfera venenosa de uma sociedade canalha. Há cenas engraçadas, dramáticas e frustrantes durante essa viagem que tem um destino bem claro.

Atropelando o racismo com bom humor

Para conseguir levar a mensagem com clareza e sem apelar para o velho drama, o trio por trás do script de “Green Book” – o que inclui o dedo de Nick Vallelonga, filho de Tony Lip, que tem conhecimento de causa por ter vivenciado parte da história pessoalmente – usa de inúmeros diálogos para dar dinamismo ao relacionamento empregatício e, posteriormente, de amizade entre os protagonistas.

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O resultado são cenas engraçadíssimas que usam de situações corriqueiras para mostrar as diferenças de percepção de mundo entre os dois. Parte da graça está no jeito característico e avacalhado de Tony Lip, que não levava desaforo para o carro e lidava com as situações da forma mais direta possível – nem que isso resultasse em alguns bate bocas ou em uns bons cruzados de direita na cara da polícia.

Importante mencionar que parte da diversão nessa longa estrada se deve às ótimas atuações de Viggo Mortensen e Mahershala Ali, que entram no personagem de tal jeito que somos totalmente transportados para essa realidade. Mortensen encara uma transformação física e de comportamento bastante impressionante, com um sotaque completamente alheio à sua persona e algumas reações inusitadas.

Da mesma forma, o ganhador do Oscar, Mahershala Ali, nos presenteia com uma performance incrível novamente, encarnando as dificuldades de quem convive em ambientes de opressão e precisa baixar sua cabeça para uma sociedade moldada no preconceito. Apesar de ter sua participação no lado engraçado da história, é Ali que dá o drama e nos faz perceber o peso de cada situação.

Seja com trocadilhos infames, ideias absurdas, discussões sem propósito ou uma simples parada no KFC, “Green Book” consegue levar boas risadas à plateia, sem deixar de lado o importante debate sobre o racismo da época que, muitas vezes, se propaga na atualidade. Um filme necessário e importante para o mundo. Sejamos mais humanos e amáveis, pois a vida só tem graça se compartilhada com nossos semelhantes!

Critica do filme Halloween (2018) | Chegou a hora de encarar o destino

Todos receberam a notícia de que a Blumhouse estava trabalhando em uma nova edição da franquia Halloween com muita alegria. A produtora que criou um “império do terror" prova constantemente que realmente entede do assunto e a ideia de trazer um clássico como Halloween, A Noite do Terror poderia ser uma ótima oportunidade para uma nova geração de fãs entenderem o apelo da obra de John Carpenter.

Conforme detalhes da produção foram emergindo a expectativa foi aumentando. Primeiro a confirmação de que John Carpenter estaria diretamente envolvido — como compositor, produtor-executivo e consultor criativo. Depois veio a revelação de que Jamie Lee Curtis e Nick Castle voltariam para seus papéis como Laurie Strode e Michael Myers. Por fim a informação de que não se trataria de outra refilmagem, mas de uma sequência direta do filme original, desconsiderando totalmente a dezena de títulos subsequentes que o seguiram ao longo dos últimos 40 anos.

A produção certamente chamou a atenção dos fãs, mas será que o produto final realmente alcançou toda a expectativa? A resposta é não, o que não significa dizer que o novo Halloween é um filme ruim, mas o prisma nostálgico e a falta de inovação não atingem os anseios da maioria dos fãs (ou, pelo menos, os meus) que esperavam um retorno triunfal de uma das maiores Scream Queens do cinema e seu perseguidor implacável.

Enterrando o passado

Halloween (2018) e uma continuação direta do filme original, lá de 1978,  e comeca depois dos eventos da fatídica noite de terror em que Michael Myers saiu em um rompante homicida. Dezesseis anos se passaram e com o maníaco preso em uma instituição mental, uma equipe britânica de documentaristas vem aos Estados Unidos para gravar seu podcast em uma série de reportagens sobre Michael Myers e suas vítimas.

Depois de um encontro pouco produtivo com Myers e seu novo psiquiatra, Dr. Sartain (Haluk Bilginer) — que assumiu os cuidados de Michael depois da morte do Dr. Loomis — a dupla resolve entrevistar o outro lado dessa psicose, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis). Depois de sobreviver ao ataque, a garota desenvolveu uma paranoia que obviamente afetou, e ainda afeta, toda e qualquer forma de relacionamento, especialmente com sua filha Karen (Judy Greer) e neta Allyson (Andi Matichak). Reclusa, Laurie treina e prepara a sua casamata na qual espera sempre alerta por um eventual retorno de seu atormentador.

Como era de se esperar, bem a tempo da noite do Dia das Bruxas, Michael Myers escapa da prisão e retoma seu caminho de sangue até Laurie, deixando uma boa quantidade de corpos pelo caminho. Agora, Laurie e sua família tem que encarar o seu maior medo, o retorno do bicho-papão em pessoa, Michael Myers, o monolítico psicopata silencioso com a sua máscara inexpressiva de William Shatner.

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Enterrados no passado

O roteiro de Jeff Fradley, Danny McBride e David Gordon Green (que também assina a direção) não é nenhuma pérola do cinema de terror, mas passa longe de ser um fracasso total. Na verdade, ao longo da primeira meia hora, o filme entrega vários conceitos interessantes que por si só já renderiam histórias inteligentes.

Um bom exemplo é a forma como a violência da noite de terror afetou os envolvidos, notadamente vítima e agressor. As feridas de Laurie são muito mais profundas do que cortes e hematomas e a própria ideia de que, para os padrões atuais, Michael Myers não parece tão chocante — como um dos personagens filme propõem.

Afinal, cinco mortes não soam tão horripilantes para jovens millenials que convivem com notícias de seus próprios colegas armados invadindo salas de aula e fuzilando dezenas de crianças de uma só vez. Os tempos mudaram, a violência mudou. Como a “maldade” inerente de Myers é discutida nesse cenário? Qual é a verdadeira motivação de Myers?

Não tem ninguém aqui...

O grande problema do roteiro escrito pelo trio é que todas essas ideias, e outras, não são nem um pouco exploradas. O filme não define qual é o seu verdadeiro foco, trocando entre Laurie e Myers e não se aprofundando em nenhum. Qualquer discussão sobre o próprio gênero slasher é evadida com algumas mortes gráficas ou um momento de drama familiar mal encaixado. O relacionamento de Laurie com sua filha, neta e o próprio Michael Myers é uma discussão realmente interessante que é sumariamente jogada de lado.

De positivo, o momento de empoderamento intergeracional feminino, colocando mãe, filha e neta juntas para superar um terror do passado. No fim, não há nada de novo no fronte, Halloween (2018) tem algumas boas ideias, mas se quer se dá ao trabalho de explorar elas. Uma pena haja vista que tecnicamente, a direção de David Gordon Green traz alguns elementos muito interessantes na fotografia, no ritmo (obviamente inspirado no estilo de Carpenter) e especialmente no plano sequência que acompanha um dos ataques de Michael.

Outro ponto excepcional do filme é a trilha sonora. Como dito anteriormente, o próprio John Carpenter, ao lado de seu filho, Cody Carpenter e de Daniel Davies, trazem todos os sons que marcaram a franquia. Combinando novos arranjos, amplificando velhas partituras e criando algo singular. Os sintetizadores literalmente ditam o tom do filme.

Nossa miga errei toda a base, tá  branca e craquelada

Desenterrando

Longe de ser a prior iteração da franquia, Halloween (2018) é um filme mediano que não alcança todo seu potencial. Dentro dos slasher é uma adição interessante, mas que não é suficientemente assustador, enérgico ou, até mesmo, engraçado.

Fica evidente a necessidade de se reinventar essas franquias, simplesmente mostrar psicopatas esquartejando vítimas não é suficiente para prender a atenção do espectador. Alguns sustos são sempre bem vindos, mas mesmo em um gênero tão visceral quanto o slasher é preciso explorar novas ideais. Todas as histórias já foram contadas, basta encontrarmos novas maneiras de contá-las.

Halloween (2018) enterra o passado sem causar traumas ou lamúrias

Se você é um fã ardoroso e espera algo tão impactante quanto o original certamente sairá do cinema decepcionado. Todavia, o que é apresentado uma espécie de enterro honroso para uma das maiores franquias de terror do cinema. Obviamente ainda vamos ver alguma outra forma de iteração da série Halloween, mas esse filme consegue deixar o passado para trás sem causar indignação nos fãs da velha-guarda, ao mesmo tempo em que abre caminho para reinvenções.