Stan Lee - Café com Filme

Crítica do filme Círculo de Fogo: A Revolta | Jaegers e Kaijus batendo em você

Robôs gigantes batendo em monstros colossais é uma ideia muito boba, mas também muito divertida. Isso ficou bem claro com o primeiro “Círculo de Fogo”, talvez pela visão peculiar de Guillermo del Toro ou por todo mundo levar suas crianças interiores para assistir sem muita expectativa.

Como sempre, uma sequência já era esperada, mas sofreu diversos contratempos e atrasos, incluindo a saída de del Toro e do ator principal Charlie Hunnam, que interpretou o piloto de Jaeger Raleigh Becket. Em “Círculo de Fogo: A Revolta“ Steven S. DeKnight assume a direção de um filme com potencial para ser ainda maior e mais divertido, ainda que bobo, só que agora contando com Del Toro apenas na produção.

“Círculo de Fogo: A Revolta“ acontece 10 anos após os eventos do primeiro filme, em que Stacker Pentecost (Idris Elba) se sacrifica para fechar a fenda que permite os Kaijus chegarem na Terra. Seu filho, Jake Pentecost (John Boyega) tenta aproveitar os tempos de paz da melhor forma possível, já que o planeta ainda está se recuperando de toda a destruição causada pelos eventos passados.

pacificrimup 1 5c1f6

Para manter esse estilo de vida, ele rouba partes de Jaegers abatidos para vender no mercado negro. Durante uma dessas empreitadas, Jake perde uma peça importante para uma garotinha chamada Amara Namani (Cailee Spaeny), que criou um Jaeger menor por conta própria. Ambos são capturados pela Pan Pacific Defense Corps, uma polícia que monitora Jaegers “piratas”, e precisam escolher entre ir para a cadeia ou se alistar no exército de robozões.

Então descobrimos que Jake passou a roubar após abandonar a academia de pilotos de Jaeger, e seu retorno é motivado por sua irmã adotiva Mako Mori (Rinko Kikuchi), enquanto Amara decidiu construir seu próprio Jaeger para poder se proteger sozinha, já que perdeu toda sua família durante os ataques anteriores. Parece uma sólida construção de personagens, questões familiares e legados, mas é aí que a coisa desanda.

Não é nenhum Transformers, mas...

Em seguida, vemos uma sequência de clipes desconexos repletos de personagens secundários que passam facilmente despercebidos, mas sem muita explicação do que aconteceu com os pilotos do primeiro filme. Na academia, um grupo de adolescentes que estão sendo preparados para se tornar os próximos Rangers (Power Rangers? Não, é assim que os pilotos de Jaeger são denominados).

Todos eles parecem já ter uma história pronta, mas são todos bem desinteressantes. Jake se encontra com seu antigo parceiro Ranger, Nate Lambert (Scott Eastwood), e existe uma pseudo rivalidade entre eles, mas que é deixada para trás algumas cenas adiante.

Uma empresa privada liderada por Liwen Shao (Jing Tian), com a ajuda do Dr. Newt Geiszler (Charlie Day), apresenta um projeto de Jaegers drones, controlados remotamente, para proteger a humanidade. Mako Mori e o Dr Hermann Gottlieb (Burn Gorman) e o resto do PPDC temem se tornar irrelevantes perante essa automatização. Quando novos ataques acontecem, fica claro que algo estranho está acontecendo diante da PPDC e a Corporação Shao. Cabe a Jake e seus companheiros cancelarem o apocalipse, de novo.

Tá, mas e a pancadaria?

Infelizmente toda esse arco burocrático/conspiratório é a parte interessante do filme, porque quando a ação começa de verdade, o que bate mais forte é a frustração. Apesar do cuidado gráfico e conceitual no desenvolvimento dos Jaegers, o mesmo não pode ser dito quanto aos seus oponentes Kaijus. A direção de DeKnight funciona muito bem com os personagens humanos, enfatizando as performances dos atores principais, mas as cenas de luta são compostas basicamente por Jaegers sendo derrubados. Inclusive as cidades estão ali apenas para serem destruídas mesmo, não existindo a menor pretensão de salvar ou cuidar dos possíveis habitantes.

pacificrimup 3 c5fdf

“Círculo de Fogo: A Revolta“ tenta expandir o universo criado por Del Toro e Travis Beacham, mas se perde no terceiro ato com explicações bem fracas sobre toda a mitologia que envolve os Kaijus e os Precursores, além de soluções bobas para resolver o problema realmente.

Sem dúvida é um filme com um tom mais leve, e o grande responsável por isso é John Boyega. Seu personagem é um dos poucos que parecem convincentes, demonstrando insegurança e sentimentos reais ao invés de ter apenas algumas falas engraçadas. Eastwood só está ali como contraponto ao estilo despojado de Jake, inclusive em momentos meio constrangedores que sugerem um triângulo amoroso com a Ranger Jules Reyes (Adria Arjona), personagem feminina que está ali apenas e exclusivamente para ser o interesse amoroso dos dois.

Spaeny faz um excelente trabalho no papel de Amara, especialmente ao contracenar com Boyega. Existe uma dinâmica de irmãos entre Amara e Jake, algo que foi muito mal explorado em relação a Jake e Mako. Temos ainda os cientistas malucos Gorman e Day retornando com seus personagens, mas não são tão engraçados e divertidos quanto da primeira vez.

pacificrimup 2 0444f

Como sempre, o 3D é bastante dispensável e não ajuda muito na hora de entender a confusão visual de algumas batalhas. E pensando naqueles que não tem muita paciência, a cena pós-crédito é assim que o filme acaba. “Círculo de Fogo: A Revolta“ não é a continuação que todos esperavam, e se um novo filme for produzido nesses mesmos moldes, possivelmente será uma catástrofe maior do que qualquer Kaiju.

Adeus Christopher Robin | Trailer legendado e sinopse

Esta história belamente filmada, dirigida por Simon Curtis a partir do roteiro de Frank Cottrell-Boyce e Simon Vaughan, apresenta um raro vislumbre sobre o relacionamento entre o escritor amado pelas crianças A. A. Milne (Domhnall Gleeson), e seu filho Christopher Robin (Will Tilston). No final da Primeira Guerra Mundial, Milne é inspirado pelos brinquedos de seu filho a criar o mundo mágico do Ursinho Puff — o que lhe transforma em uma celebridade imediata. Mas o sucesso internacional dos livros tem um custo para o autor, seu jovem filho e sua esposa Daphne (Margot Robbie).

Desobediência | Trailer oficial e sinopse

Ronit (Rachel Weisz) retorna para sua cidade natal após a morte de seu pai distante, um rabino. Ao chegar ela acaba relembrando de uma paixão proibida pela melhor amiga de infância, Esti (Rachel McAdams), atualmente casada com seu primo.

Qual filme ganhou o Oscar 2018? Conheça os vencedores aqui!

Após um 2017 movimentado por grandes estreias, os cinéfilos de plantão estavam apenas no aguardo da grande noite do ano: o Oscar. Com um espetáculo repleto de shows (incluindo homenagens já habituais), discursos calorosos e, claro, agradecimentos sem fim, o evento parou o mundo - exceto alguns brasileiros que estavam vendo o BBB - que observa as estrelas comentando sobre suas atuações.

Como de praxe, a cerimônia foi realizada no Dolby Theatre, em Los Angeles, e transmitida em diversas emissoras ao redor do mundo neste domingo (04). Novamente, a apresentação ficou por conta do humorista Jimmy Kimmel, que apresentou as celebridades responsáveis pela entrega das estatuetas e aproveitou cada deixa para fazer suas piadas.

A surpresa da noite foi o filme "A Forma da Água", que levou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Design de Produção e Melhor Trilha Sonora. Outros filmes como "Três Anúncios Para um Crime" e "O Destino de Uma Nação" também apareceram com algumas estatuetas, mas certamente "Dunkirk" e "Blade Runner 2049" foram as surpresas nas categorias técnicas.

Confira os indicados e vencedores do Oscars 2018 na lista abaixo!

Melhor Filme

Vencedor Melhor Filme - Oscar 2018:

A Forma da Água

aformadaagua melhorfilme2018 c7772

Indicados Melhor Filme - Oscar 2018:

Melhor Direção

Vencedor Melhor Direção - Oscar 2018:

Guillermo del Toro - A Forma da Água

guillermodeltoro aformadaagua melhordiretor 53cfb

Indicados Melhor Direção - Oscar 2018:

Melhor Atriz

Vencedora Melhor Atriz - Oscar 2018:

Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime

francesmcdormand melhoratriz a75d5

Indicadas Melhor Atriz - Oscar 2018:

Melhor Ator

Vencedor Melhor Ator - Oscar 2018:

Gary Oldman - O Destino de Uma Nação

garyoldman melhorator 1eae2

Indicados Melhor Ator - Oscar 2018:

Melhor Ator Coadjuvante

Vencedor Melhor Ator Coadjuvante - Oscar 2018:

 Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime

samrockwell atorcoadjuvante befe0

Indicados Melhor Ator Coadjuvante - Oscar 2018:

Melhor Atriz Coadjuvante

Vencedora Melhor Atriz Coadjuvante - Oscar 2018:

Allison Janney - Eu, Tonya

allisonjanney atrizcoadjuvante 85582

Indicadas Melhor Atriz Coadjuvante - Oscar 2018:

Melhor Roteiro Original

Vencedor Melhor Roteiro Original - Oscar 2018:

Jordan Peele - Corra!

jordanpeele roteirooriginal 6feb9

Indicados Melhor Roteiro Original - Oscar 2018:

Melhor Roteiro Adaptado

Vencedor Melhor Roteiro Adaptado - Oscar 2018:

James Ivory - Me Chame Pelo Seu Nome

mechamepeloseunome roteiroadaptado 48d3c

Indicados Melhor Roteiro Adaptado - Oscar 2018:

Melhor Animação

Vencedor Melhor Animação - Oscar 2018:

Viva - a Vida é uma Festa

viva animacao a0ece

Indicados Melhor Animação - Oscar 2018:

Melhor Documentário em Curta-Metragem

Vencedor Melhor Documentário Curta-Metragem - Oscar 2018:

Heaven is a Traffic Jam on the 405

heavenisatraffic documentariocurta f5caa

Indicados Melhor Documentário Curta-Metragem - Oscar 2018:

  • Edith+Eddie
  • Heaven is a Traffic Jam on the 405
  • Heroin(e)
  • Kayayo: The Living Shopping Baskets
  • Knife Skills
  • Traffic Stop

Melhor Documentário em Longa-Metragem

Vencedor Melhor Documentário Longa-Metragem - Oscar 2018:

Icarus

icarus documentario f508f

Indicados Melhor Documentário Longa-Metragem - Oscar 2018:

Melhor Filme Estrangeiro

Vencedor Melhor Filme Estrangeiro - Oscar 2018:

Uma Mulher Fantástica (Chile)

umamulherfantastica filmeestrangeiro 24b86

Indicados Melhor Filme Estrangeiro

Melhor Curta-Metragem

Vencedor Melhor Curta-Metragem - Oscar 2018:

The Silent Child

thesilentchild curtametragem f74de

Indicados Melhor Curta-Metragem - Oscar 2018:

  • DeKalb Elementary
  • The Eleven O’Clock
  • My Nephew Emmett
  • The Silent Child
  • Watu Wote/All of Us

Melhor Curta em Animação

Vencedor Melhor Curta em Animação - Oscar 2018:

Dear Basketball - Glen Keane e Kobe Bryant

dearbasketball curtaanimacao 2631a

Indicados Melhor Curta em Animação - Oscar 2018:

  • Dear Basketball
  • Garden Party
  • Lou
  • Negative Space
  • Revolting Rhymes

Melhor Canção Original

Vencedor Melhor Canção Original - Oscar 2018:

"Remember Me" - Viva: a Vida é uma Festa

Indicados Melhor Canção Original - Oscar 2018:

Melhor Fotografia

Vencedor Melhor Fotografia - Oscar 2018:

Roger Deakins - Blade Runner 2049

rogerdeakins bladerunner2049 fotografia 97c18

Indicados Melhor Fotografia - Oscar 2018:

Melhor Figurino

Vencedor Melhor Figurino - Oscar 2018:

Mark Bridges - Trama Fantasma

markbridges figurino 33e9f

Indicados Melhor Figurino - Oscar 2018:

Melhor Maquiagem e Cabelo

Vencedor Melhor Maquiagem e Cabelo - Oscar 2018:

Katsuhiro Tsuji - O Destino de Uma Nação

katsuhirotsuji maquiagemcabelo 47846

Indicados Melhor Maquiagem e Cabelo - Oscar 2018:

Melhor Mixagem de Som

Vencedor Melhor Mixagem de Som - Oscar 2018:

Gregg Landaker, Gary A. Rizzo e Mark Weingarten - Dunkirk

dunkirk mixagemdesom 8af1a

Indicados Melhor Mixagem de Som - Oscar 2018:

Melhor Edição de Som

Vencedor Melhor Edição de Som - Oscar 2018:

Richard King and Alex Gibson - Dunkirk

richardking edicaodesom 2a5ab

Indicados Melhor Edição de Som - Oscar 2018:

Melhores Efeitos Visuais

Vencedor Melhores Efeitos Visuais - Oscar 2018:

John Nelson, Gerd Nefzer, Paul Lambert e Richard R. Hoover - Blade Runner 2049

bladerunner2049 efeitosvisuais ca499

Indicados Melhores Efeitos Visuais - Oscar 2018:

Melhor Design de Produção

Vencedor Melhor Design de Produção - Oscar 2018:

Paul Denham Austerberry, Shane Vieau e Jeffrey A. Melvin - A Forma da Água

formadagua designdeproducao f8bae

Indicados Melhor Design de Produção - Oscar 2018:

Melhor Montagem

Vencedor Melhor Montagem - Oscar 2018:

Lee Smith - Dunkirk

dunkirk montagem 9f99d

Indicados Melhor Montagem - Oscar 2018:

Melhor Trilha Sonora

Vencedor Melhor Trilha Sonora - Oscar 2018:

Alexandre Desplat - A Forma da Água

Indicados Melhor Trilha Sonora - Oscar 2018:

m cafe 5407e

O que você achou dos resultados da 90ª edição do Oscars? Teve alguma surpresa ou acertou nas suas apostas? Conta pra gente nos comentários!

Crítica do filme Pantera Negra | Wakanda para sempre!

Se você já está morto por dentro e não suporta mais esse filmes de heróis, a boa notícia é que “Pantera Negra” diverge em muitos aspectos já tradicionais desse gênero. É possível assistir sem nunca ter visto nenhum outro filme da Marvel e mesmo assim ter uma experiência incrível. Felizmente não é o caso da maioria, já que T’Challa (Chadwick Boseman) angariou diversos fãs desde sua aparição em “Capitão América: Guerra Civil”. O texto não contém grandes spoilers, mas é extremamente recomendável assistir antes de ler.

O filme inicia pouco tempo após os eventos que dividiram os Vingadores em dois times e da trágica morte do rei de Wakanda, T’Chaka. Agora o princípe T’Challa se prepara para assumir o manto e comandar a nação como Pantera Negra. Fica claro que não é apenas mais um filme de origem, já que T’Challa vem sido treinado para ser rei e Pantera desde criança. Agora é necessário assumir novas responsabilidades e aos poucos entender as escolhas controversas de seus antepassados enquanto comanda uma nação secreta composta por cinco tribos que apesar de pacíficas, não possuem um consenso em todos os assuntos.

Panteranegra 3 016fa

Ryan Coogler é o responsável pela direção e roteiro, juntamente com Joe Robert Cole. Ambos contribuíram de uma forma muito rica para a construção da história. Ryan nasceu em Oakland, Califórnia, e sua cidade natal está representada com muito cuidado no longa, assim como grande parte da cultura africana. Wakanda, a nação mais desenvolvida tecnologicamente do mundo, fica camuflada sobre o manto de um país de simples fazendeiros. Mas assim que o manto é desvelado, entramos de cabeça em uma maravilhosa paisagem afrofuturista.

O Afrofuturismo é um movimento que surgiu na década de 60 e prega um encontro entre a história, o resgate da mitologia e cosmologias africanas com a tecnologia, a ciência, o novo e inexplorado. Wakanda é exatamente isso, o relacionamento entre o real e o fantástico que também é representado visualmente ao longo do filme. A cidade é um misto entre periferia urbana, com grafites e pichações, tribo africana e metrópole futurista, ainda que com um aspecto familiar a qualquer um que observe seu cotidiano.

Não podemos esquecer do lado mais místico, com diversos ritos de passagem e utilização de uma planta com o poder de conectar o usuário aos seus antepassados em uma paisagem surreal particular para cada um, desde uma savana até um apartamento no subúrbio da Califórnia, sem que nada disso soe estranho para o espectador.

El Dorado é logo ali

Logo no ínicio é revelado que a fonte de toda essa riqueza é o Vibranium, um raro metal  miraculoso e versátil. Um meteoro rico em Vibranium caiu na Terra há eras, e os povos locais souberam utilizar esse presente como fonte energética, desenvolvendo sua cultura e tecnologia absurrdamente em comparação ao resto do mundo, tudo isso por trás da fachada de um simples país de terceiro mundo.

Panteranegra 5 47d63

O povo de Wakanda assiste aos eventos do mundo “exterior” sem nunca se envolver, sabendo que sua supremacia só pode ser mantida em segredo, e eles gostam muito disso. Só que nem todos os afrodescendentes têm o privilégio de morar em Wakanda, alguns nasceram lá e foram enviados a outros países para vigiar e reportar. E fora de Wakanda eles não são tão bem tratados quanto deveriam.

Enquanto seus aliados debatem qual a posição do país em relação ao mundo turbulento que está em constante mudança, inimigos externos tornam ainda mais difícil tomar uma decisão. Ulysses Klaue (Andy Serkis), um traficante de armas e artefatos e um ex-soldado das forças especiais americanas chamado Erik 'Killmonger' Stevens (Michael B Jordan) estão atrás de vibranium, mas cada um com razões diferentes: Klaue só quer lucrar com o raro material enquanto Killmonger quer encontrar uma forma de chegar até Wakanda e clamar pelo trono, acreditando ser o herdeiro legítimo.

Apesar da maioria dos filmes Marvel ser pautado em diversas piadas e questões que não vão muito além de “como mataremos esse vilão que quer conquistar o mundo?”, Coogler faz questão de deixar tudo isso de lado e aborda questões como racismo, o tratamento dos africanos e afrodescendentes ao redor do mundo, de que forma confrontar os erros de seus ancestrais e o que uma nação superdesenvolvida significa para países menos prósperos. Todos esses assuntos são bem sérios e relevantes, mas Coogler consegue adicionar essas camadas a um blockbuster com elegância e sutileza, sem parecer uma palestra para audiência.

Claro que as piadas estão presentes, afinal é um filme Marvel. Mas é tudo muito bem dosado e inserido nos momentos certos, sem o exagero dos outros filmes mais recentes. A ação também está bem afinada aos moldes pré-estabelecidos, tudo muito impressionante. Mas essa nem é a parte mais interessante do filme.

O que acontece agora determina o que acontece com o resto do mundo

É necessário enaltecer o trabalho de todos os atores envolvidos. Todas as escolhas foram extremamente acertadas, só tem gente talentosa e bonita! É notável o fato do elenco contar com apenas dois atores brancos, Andy Serkis e Martin Freeman, que interpreta o agente da CIA, Everett Ross. Ele até tem algumas cenas de destaque, mas fica bem apagado em comparação ao resto do elenco, só servindo de conexão entre Wakanda e os EUA.

Panteranegra 4 f00a4

Chadwick Boseman, o grande rei T’Challa, está bastante confortável como Pantera, mas seu papel dentro da trama torna ele um dos personagens menos interessantes. Não entenda mal, sua atuação está excelente, com um sotaque falso bem convincente, cenas de ação incríveis e diversos momentos e falas bem marcantes. Acontece que os outros personagens são tão complexos quanto o protagonista, que se a história fosse sobre qualquer um deles o filme seria tão incrível quanto.

Destaque principalmente para as mulheres, que ao contrário da maioria dos filmes são numerosas e com papéis realmente importantes. Começando por Okoye, interpretada por Danai Gurira, conhecida como Michonne pelos fãs de Walking Dead. Ela é a líder das Dora Milage, um grupo de mulheres guerreiras que atuam como guarda-costas do rei Pantera Negra. É comum que quando ela esteja em cena ela roube a atenção, as vezes apenas olhando de forma ameaçadora e pronta para derrubar qualquer ameaça a Wakanda.

Letitia Wright é outra surpresa maravilhosa. Ela já mostrou do que é capaz no episódio Black Museum, de Black Mirror. Aqui ela é Shuri, irmã caçula de T’Challa, com um intelecto quase inigualável, superando facilmente gênios da tecnologia como Tony Stark. Ela é responsável por boa parte das cenas mais engraçadas do filme, além de comandar TODO o desenvolvimento tecnológico de Wakanda. Ela é a responsável por criar a roupa de vibranium do Pantera, por exemplo.

Panteranegra 2 12d8e

E ainda temos Nakia (Lupita N’yongo), que poderia facilmente ser apenas o par romântico do rei Pantera, mas só se ela quisesse — e não quer. Ela é a bússola moral do filme, enquanto Okoye representa a tradição, ela faz uma ponte entre a ancestralidade e o novo. Seu desejo é que Wakanda abra suas fronteiras, para poder finalmente ajudar todos os necessitados. Ela também é uma guerreira que poderia facilmente intregrar as Dora Milage, mas prefere atuar fora de Wakanda, onde sabe como agir para fazer a diferença, mas não deixa de ser querida entre os seus conterrâneos por esse motivo.

No lado masculino, temos o excelente Winston Duke como M’Baku, que possui um papel de antagonismo dentro de Wakanda, por ser líder da tribo que venera o deus macaco Hanuman, enquanto a tribo dominante venera a deusa pantera Bast. Daniel Kaluuya, indicado ao Oscar por “Corra!”, é W’Kabi, responsável pela tribo que vigia as fronteiras de Wakanda.

Panteranegra 1 f66aaTodos os personagens representam um avanço na história ou algum aspecto dos conceitos a serem explorados dentro da trama, exatamente como tem que ser. Também vale destacar o cuidadoso trabalho de Ruth E. Carter, responsável pelo figurino. Ela se inspirou em tribos e na história africana para dar vida aos modelos de roupa de Wakanda, cada vestimenta dá aos personagens uma profundidade a mais.

Mas quem rouba mesmo a cena é o vilão. Killmonger (Michael B Jordan) tem uma motivação convincente e possui quase tanto tempo de tela quanto seu rival, não é tão absurdo torcer por ele em alguns momentos. Considerando o sutil teor político que o filme propõe, temos o radicalismo de um homem que pretende chegar ao poder e armar seus irmãos oprimidos contra seus opressores, vingando todo seu sofrimento. Do outro lado, há um pacifista, que prega a defesa dos semelhantes, não quer atacar ninguém, no máximo reagir às agressões.

Os meios são distintos, mas o objetivo é o mesmo. A luta contra o racismo é um debate que vem desde Malcom X e Martin Luther King, é bem fácil de aplicar essas ideias a um filme e cair num simples maniqueísmo. Mas apesar de ser um filme de super-herói, com herói e um vilão, existe uma compreensão entre os dois pontos de vista, algo bem semelhante ao que acontece com Professor Xavier e Magneto nos filmes X-Men. 

Panteranegra bd2a6

E para acompanhar toda essa doidera filosófica e estética, Kendrick Lamar foi responsável pela trilha sonora, reunindo cantores e MCs sul-africanos, americanos e britânicos. "Black Panther: The Album - Music From And Inspired By:" conta com diversos convidados como SZA, 2 Chainz, Vince Staples, The Weeknd, James Blake, entre outros, apostando numa variedade sonora, desde graves pesados até cordas mais calmas, além de letras que vão desde rap até algo mais pop. Ouça a trilha aqui:

Ao quebrar a famigerada “fórmula Marvel” e adicionar camadas de filosofia pautadas em movimentos sociais e momento político que vivemos, "Pantera Negra" eleva o já consagrado gênero “filme de herói” a um novo patamar, e a sensação de frescor ao ver um filme que poderia facilmente cair na mesmice ir tão longe é algo bastante notável. A tradição das duas cenas pós-crédito é mantida, a primeira deixando um gancho legal para uma sequência e de quebra cutucando Trump e sua política separatista, enquanto a última interliga "Guerra Civil" a "Guerra Infinita", que felizmente trará diversos desses personagens novamente as telas. Vale a pena conferir, pois dificilmente esse filme será esquecido tão cedo.

A Forma da Água recebe mais dois prêmios e segue forte para os Oscars 2018

A Forma da Água, dirigido e produzido por Guillermo del Toro, ganha ainda mais força na corrida dos Oscars 2018. Com 13 indicações, o filme do diretor mexicano segue faturando premios na Award Season. Dessa vez foi o Sindicato de Produtores de Hollywood e o Sindicato de Diretores que agraciaram a produção com o prêmio de melhor filme e melhor diretor.

A festa do Producers Guild Awards (PGA) 2018 — prêmio do sindicato dos produtores — aconteceu dia 20 de janeiro e também elegeu Viva: A Vida é Uma Festa como a melhor animmação do ano. Esta foi a 29ª Edição do PGA e vale destacar que nos últimos dez anos, oito vezes o vencedor na categoria de Melhor Filme no PGA também ganhou como melhor longa-metragem no Prêmio da Academia.

The 29th Annual Producers Guild of America Awards

Melhor Filme

m cafe 5407e​A Forma da Água

Melhor Animação

m cafe 5407e Viva: A Vida é Uma Festa

Melhor Documentário

m cafe 5407eJane

  • Joshua: Teenager Vs. Superpower
  • Earth: One Amazing Day
  • Cidade de Fantasmas
  • Chasing Coral
  • ​The Newspaperman: The Life and Times of Ben Bradlee

The 70th Annual Directors Guild of America Awards

Na reta final da Award Season, Guillermo del Toro e sua obra mais recente, A Forma da Água, também foram agraciados na 70º Directors Guild of America (DGA), o sindicato dos diretores de cinema e televisão. Além de consolidar del Toro como favorito aos Oscars de Melhor Diretor e Melhor Filme, o DGA 2018 também escolheu Jordan Peele como melhor diretor de cinema estreante com o filme Corra!

Melhor Direção

m cafe 5407eGuillermo del Toro - A Forma da Água

Melhor Diretor Estreante

m cafe 5407eJordan Peele - Corra!

Melhor Direção em  Documentário

m cafe 5407eMatthew Heineman - Cidade de Fantasmas

  • Ken Burns, Lynn Novick - The Vietnam War
  • Bryan Fogel - Icarus
  • Steve JamesAbacus: Pequeno o Bastante para Condenar
  • Errol Morris - Wormwood