50 Cent - Café com Filme

Com Amor, Van Gogh | Trailer legendado e sinopse

1891. Um ano após o suicídio de Vincent Van Gogh, Armand Roulin (Douglas Booth) encontra uma carta por ele enviada ao irmão Theo, que jamais chegou ao seu destino. Após conversar com o pai, carteiro que era amigo pessoal de Van Gogh, Armand é incentivado a entregar ele mesmo a correspondência.

Desta forma, ele parte para a cidade francesa de Arles na esperança de encontrar algum contato com a família do pintor falecido. Lá, inicia uma investigação junto às pessoas que conheceram Van Gogh, no intuito de decifrar se ele realmente se matou. Uma verdadeira obra de arte, premiada na 41ª Mostra Internacional de Cinema.

Crítica do filme Virei um Gato | House of Cats

Em 30 anos de carreira, Kevin Spacey já foi de tudo um pouco. Do bandido Verbal, em “Os Suspeitos”, ao ambiciosíssimo Frank Underwood, em House of Cards, passando pelo pai suburbano frustrado Lester Burnham, em Beleza Americana, esse grande ator já teve oportunidade de representar quase todo o tipo de pessoa. Então, por que continuar dando vida a humanos?

Deve ter sido esse o raciocínio seguido por Spacey ao assinar o contrato para o papel do excêntrico milionário Tom Brand na comédia “Virei um Gato”.

No filme, que é a verdadeira definição de “comédia sessão da tarde”, o empresário é uma daquelas pessoas extremamente ocupadas com o trabalho e obcecada com os objetivos profissionais, que não consegue tirar tempo nem para comprar o presente de aniversário da filha.

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Depois de muita enrolação e propostas de alternativas, ele decide comprar o que a menina realmente pediu de presente, um gato. Porém, devido a uma série de infortúnios entre a decisão de comprar o gato e chegar para a festa da filha, Brand passa por um curioso e inesperado acidente que faz com que ele troque de corpo com o bichano.

Elenco que é purrrr-a diversão!

No que diz respeito aos aspectos técnicos, o longa-metragem dirigido por Barry Sonnenfeld (Família Adams, a trilogia MIB e agora responsável pela nova sequência de Desventuras em Série) e escrito por Gwyn Lurie e Matt Allen não inova em quase nada.

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Muitas tomadas internas, salvo uma ou outra exceção. Figurino ok, maquiagem também ok, trilha sonora bastante compatível com a proposta. 

O diferencial de “Virei um Gato” é, na verdade o seu elenco. Além do próprio Kevin Spacey, o longa-metragem traz também Jennifer Garner, no papel da esposa de Brand, Lara, além de Cheryl Hines e Christopher Walken.

A menina Malina Weissman também chama a atenção. Não que se trate de um super destaque, mas faz um bom trabalho e é bom prestarmos atenção nela, já que foi a atriz escalada para o papel de Violet na “Desventuras em Série” que o Netflix está produzindo com exclusividade.

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Dito isso, bem, ninguém vai ao cinema ver um filme chamado “Virei um Gato” esperando uma grande obra prima do cinema, certo? Então baixe os níveis de exigência com o perfeccionismo técnico e se entregue à diversão.

Os mais engraçados clichês

Apesar do plot bastante óbvio, essa comédia com uma pegada infantil não decepciona não. O motivo pelo qual “Virei um gato” dá certo (ainda que com esse nome bem  pouco criativo, né, gente), é a junção das boas e velhas lições de moral com algumas boas piadas e cenas de gatinhos fazendo gatices e fofices. 

A presença do fofíssimo Sr. Bola de Pelos (Mr. Fuzzypants) é diversão garantida. É claro que, se fosse só por isso, a gente podia apenas ficar uma hora e meia na frente do computador vendo vídeos engraçados de gatinhos no youtube. Mas, a dublagem de Kevin Spacey dá o tom da graça que faz valer a pena ver o filme.

Somados a algumas cenas feitas com computação gráfica, os takes do gatinho que “interpreta” Sr. Bola de Pelos conseguem nos divertir do começo ao fim – especialmente se você for um amante dos bichanos. Nesse caso, dá um pause aí no scroll do Cats of Instagram e vai lá dar um incentivo ao novo filme do Kevin Spacey, que a diversão é garantida.

Confira a galeria de imagens e entre no clima!

Joe Manganiello será o Exterminador em novo filme do Batman

Parece que as redes sociais são as novas ferramentas do cinto de utilidades do Batman. Ben Afleck, o homem sob do manto do Cavaleiro das Trevas, tem utilizado bastante as suas contas do Facebook e Twitter para divulgar detalhes da produção da nova aventura solo do Homem Morcego. 

Afleck, que encarna o “morcegão” desde Batman vs Superman: A Origem da Justiça, assumiu o roteiro, a direção e a produção do próximo filme solo do personagem da DC e recentemente divulgou um vídeo enigmático no qual revelava a figura do Exterminador (Deathstroke em inglês), vilão/anti-herói recorrente no universo dos quadrinhos. Agora, depois de confirmar a identidade do vilão do filme, “Batfleck” revelou quem está por trás da máscara do mercenário Slade Wilson (alcunha do Exterminador), trata-se de Joe Manganiello (Magic Mike XXL).

Manganiello, famoso pelas suas participações nos seriados How I Met Your Mother e True Blood, encarnará o personagem que será um dos oponentes de Batman no filme que está previsto para 2018. O ator não é nenhum novato no mundo dos filmes de super-heróis. Em 2001, Sam Raimi escalou Joe Manganiello como o valentão Flash Thompson, no primeiro título da franquia Homem-Aranha.

Saga Indiana Jones e outras novidades chegam à Netflix em setembro de 2016

A Netflix vai encerrar setembro com uma super novidade no catálogo. A partir do dia 30, será possível conferir os quatro filmes da Saga Indiana Jones na plataforma!

Agora vai ser fácil fazer maratona com “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida”, “Indiana Jones e o Templo da Perdição”, “Indiana Jones e a Última Cruzada” e “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”. A galera da Netflix ficou tão empolgada que fez até um trailer especial para comemorar a novidade, dá uma olhada aqui.

Mas os filmes da saga não chegam sozinhos. Em setembro, estreiam também “A Grande Aposta” (já disponível), “O Livro de Eli”, “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”, entre outros de uma lista que ultrapassa os cem títulos.

Selecionamos alguns dos mais esperados entre os que entrarão na lista para você conferir!

Já disponíveis

A lenda do Zorro

Quando tiranos ameaçam mudar o curso da história, Alejando de la Vega coloca sua máscara e capa negras e defende a Califórnia na pele do espadachim Zorro

O Livro de Eli

Eli precisa proteger um texto sagrado que promete salvar a raça humana e parte em uma busca por um país traumatizado pelas sequelas do apocalipse.

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As Crônicas de Nárnia: O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa

Mandados a uma casa de campo por segurança durante a II Guerra Mundial, quatro crianças descobrem um guarda-roupas mágico que os leva à mágica terra de Nárnia.

Anjos da noite - A evolução

A caça-vampiros Selene e o lobisomem Michael aprendem mais sobre a guerra entre os Death Dealers e os Lycans e tentam mostrar a verdade sobre suas linhagens.

Anjos da Noite: O Despertar

Quando humanos descobrem sobre a existência dos clãs dos vampiros e dos Lycan, começa uma guerra para erradicar as duas espécies. A vampira guerreira Selene consegue escapar da prisão e assume o comando dos dois clãs nesta guerra que terá um fim inesperado.

A Grande Aposta

Quatro pessoas de fora do mundo das altas finanças previram o colapso do crédito e a bolha imobiliária em meados dos anos 2000 resolvem prejudicar os grandes bancos pela falta de conhecimento e, claro, principalmente pela ganância. Basicamente, eles viram uma oportunidade no meio da crise que ninguém mais conseguiu enxergar.

Leia a crítica do filme.

11 de setembro

Missão Madrinha de Casamento

A vida de Annie (Kristen Wiig) está uma bagunça. Mas quando ela descobre que a melhor amiga de toda sua vida está noiva, ela simplesmente tem que ser a madrinha de Lilian.

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Apesar de estar apaixonada e dura, Annie segue fingindo durante rituais caros e bizarros. Com uma única chance de conseguir que tudo seja perfeito, ela irá mostrar para Lilian e para suas damas de honra o quão longe se pode ir por alguém que você ama.

13 de setembro

Cidade de Deus: 10 Anos Depois

O documentário investiga o destino dos atores que participaram do premiado filme brasileiro. Ele mostra como está a vida dos atores do filme uma década após o sucesso que o levou a ser exibido em países de cinco continentes diferentes e também como a boa recepção afetou a vida de cada um deles.

15 de setembro

Oz: Mágico e Poderoso

A aventura fantástica da Walt Disney Pictures Oz Mágico e Poderoso, dirigida por Sam Raimi, imagina as origens do adorado personagem de L. Frank Baum, o Mágico de Oz. Quando Oscar Diggs (James Franco), um inexpressivo mágico de circo de ética duvidosa é afastado da poeirenta Kansas e acaba na vibrante Terra de Oz, ele acha que tirou a sorte grande – e que fama e fortuna o aguardam.

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Isso até que ele encontra três feiticeiras, Theodora (Mila Kunis), Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams), que não estão convencidas de que ele é o grande mágico que todos estão esperando. Relutantemente envolvido nos problemas épicos que a Terra de Oz e seus habitantes enfrentam, Oscar precisa descobrir quem é bom e quem é mau antes que seja tarde demais. Lançando mão de suas artes mágicas por meio da ilusão, ingenuidade e até de um pouco de magia, Oscar se transforma não apenas no grande e poderoso Mágico de Oz mas também em um homem melhor.

21 de setembro

Os Croods

Uma comédia pré-histórica que acompanha a atrapalhada e divertida aventura da primeira família que já habitou a Terra, enquanto eles partem em busca de uma nova casa, depois que a caverna do clã foi destruída. O que os Croods não sabiam era que, além das pedras da caverna, existia um mundo novo e fantástico, que mudaria suas vidas para sempre.

23 de setembro

Audrie & Daisy

Audrie e Daisy não se conheciam, mas foram assediadas e agredidas por garotos considerados amigos. Este documentário original Netflix conta as histórias de suas tentativas de suicídio e superação e aborda uma temática fundamental nos dias de hoje, a do ciberbullying.

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Os Smurfs 2

O feiticeiro Gargamel volta a atacar em "Os Smurfs 2". Não conseguindo criar criaturinhas tão fofinhas quanto os Smurfs, o feiticeiro trabalhou duro para conseguir criar uma nova espécie de criaturas malvadas chamada Naughties.

Acontece que Smurfette acabou descobrindo que Gargamel criou um feitiço secreto capaz de transformar os Naughties em Smurfs. Agora, ela foi sequestrada pelo terrível vilão. Em "Os Smurfs 2", nossos amiguinhos azuis se juntam aos humanos para resgatar a preciosa Smurfette.

30 de Setembro 

Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida

Indy (Harrison Ford) e sua decidida ex-namorada Marion Ravenwood (Karen Allen) sobrevivem a armadilhas, combatem nazistas e encaram serpentes em sua incrível missão ao redor do mundo, em busca da mística Arca da Aliança. Experimente uma empolgante aventura com o primeiro e único Indiana Jones.

Indiana Jones e o Templo da Perdição

O arqueólogo tem agora que resgatar as pedras roubadas por um feiticeiro, para libertar crianças escravizadas. Para tanto, enfrenta os poderes mágicos e o fanatismo de um culto que sacrifica seres humanos.

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Indiana Jones e a Última Cruzada 

Indiana Jones tem acesso a um misterioso envelope que contém informações sobre a localização do lendário Santo Graal, o cálice que Jesus Cristo teria utilizado na Última Ceia. Quando seu pai, o professor Henry Jones (Sean Connery), é sequestrado pelos nazistas, o aventureiro irá embarcar numa missão perigosa para salvá-lo e impedir que a relíquia sagrada caia em mãos erradas.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Indiana Jones (Harrison Ford) e seu ajudante Mac (Ray Winstone) escapam por pouco de um encontro com agentes soviéticos, em um campo de pouso remoto. Agora, Indiana está de volta à sua casa na Universidade Marshall, mas seu amigo e reitor da escola, Dean Stanforth (Jim Broadbent), explica que suas ações recentes o tornaram alvo de suspeita e que o governo está pressionando para que o demita.

Ao deixar a cidade Indiana conhece o rebelde jovem Mutt Williams (Shia LaBeouf), que tem uma proposta: caso o ajude em uma missão, Indiana pode deparar-se com a caveira de cristal de Akator. Agentes soviéticos também estão em busca do artefato, entre eles a fria e bela Irina Spalko (Cate Blanchett), cujo esquadrão de elite está cruzando o globo atrás da Caveira de Cristal.

As Tartarugas Ninja

Com este filme, a franquia que conquistou plateias de todas as idades nas décadas passadas chega agora ao século 21. A cidade precisa de heróis. A escuridão tomou conta de Nova York depois que Destruidor e seu clã maligno dominou tudo com pulso de aço: da polícia aos políticos. O futuro era incerto até que quatro irmãos marginalizados surgem do esgoto e decobrem um novo destino como Tartarugas Ninja. As Tartarugas precisam trabalhar com a destemida repórter April O' Neil (Megan Fox) e seu operador de câmera sagaz Vern Fenwick (Will Arnett) para salvar a cidade e desvendar o plano diabólico do Destruidor.

Veja a crítica do filme

Transformers: A Era da Extinção

Os Autobots e os Decepticons desapareceram da face da Terra, mas um grupo de cientistas e empresários, na busca por aprender com as invasões passadas dos Transformers, acaba ultrapassando as barreiras da tecnologia. Ao mesmo tempo, uma poderosa ameaça Transformer coloca a Terra em sua mira. Começa a épica batalha entre o bem e o mal, a liberdade e a escravidão.

Leia a crítica do filme.

Amanda Knox

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Amanda Marie Knox é uma autora norte-americana que, assim como seu namorado italiano, foi presa na Itália em 2007 pelo assassinato de Meredith Susanna Cara Kercher, uma colega de quarto britânica. 

Duas vezes, ela foi indiciada e absolvida da autoria de um assassinato. Este documentário traz depoimentos de pessoas que conheceram de perto o circo mediático.

Crítica do filme Aquarius | Tão bagunçado quanto a política brasileira

Desde que foi anunciado, "Aquarius" vem nos intrigando. Que filme nacional é esse que, mesmo sem ser uma comédia pastelão, vem lotando salas no Brasil todo e ganhando destaque em eventos internacionais de cinema? Qual é a história deste produto cultural que se tornou uma verdadeira bandeira da resistência política em um momento importantíssimo da história do país?

Finalmente fomos conferir essa novidade do cinema nacional. Confesso, não é fácil deixar um tantinho de lado os posicionamentos políticos e pensar em "Aquarius" apenas como um filme, sem levar em consideração todo o contexto polêmico que o cerca. Tentarei. Vem comigo?

Com direção e roteiro de Kleber Mendonça Filho, o longa-metragem conta a história da escritora e jornalista Clara (Sônia Braga), moradora do famigerado condomínio "Aquarius", na praia da Boa Viagem, em Recife. Contextualização necessária: essa praia se tornou um reduto da classe alta e média-alta na capital pernambucana, que vem criando um histórico de despejo de famílias inteiras, justificado pela "expansão", crescimento e remodelagem da cidade.

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Clara vive neste apartamento desde a década de 70, ali criou seus filhos, escreveu seus livros, lutou contra uma doença, viu a vida passar. Acontece que, quando tudo está encaminhado para uma aposentadoria tranquila, chega o caminhão do progresso atropelando tudo: a construtora Bonfim quer a todo custo comprar o apartamento de Clara, último remanescente habitado no prédio, para construir mais um condomínio de alto padrão.

Conflitos, conflitos por todos os lados

Apesar de se vender como um filme sobre a situação de Clara e seu condomínio e sobre as relações de poder que se mostram quando uma grande incorporadora vem com tudo pra cima de uma moradora, "Aquarius" é sobre muito mais do que isso.

O filme é um verdadeiro retrato de uma mulher de 60 anos e seus conflitos. Conflitos de classe, conflitos de geração, conflitos internos, conflitos femininos e feministas, conflitos familiares.

A disputa para continuar no apartamento que lhe é tão caro é, na verdade, o pano de fundo para que conheçamos as reflexões de Clara sobre a superação de sua doença, seu envelhecimento e redescobertas emocionais e sexuais, sua relação com a família e os filhos.

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Por conta disso, em termos de estrutura, o ponto chave do filme é também seu Calcanhar de Aquiles: o roteiro muito recheado e ambicioso é bem intencionado, pois todas as questões que o roteirista tenta trabalhar são importantíssimas. No entanto, por conta disso o filme acaba ficando denso demais e um tanto cansativo – e não apenas por ser muito longo.

"Aquarius" é um verdadeiro retrato de uma mulher de 60 anos e seus conflitos

São inseridos diversos personagens dispensáveis e várias cenas compridas que não acrescentam muito à história, que parecem ter sido inseridas para explicar certos pormenores da história, e isso não contribui de uma forma muito positiva. O filme poderia encolher uma meia hora sem perder conteúdo, apenas inserindo respostas para essas perguntas em outros contextos.

Passado e presente

Dividido em três atos, “Aquarius” começa no ano de 1979 e tem seus primeiros minutos contatos em cenas da época que são esteticamente muito bem feitas. Extremamente cuidadosa com o figurino e ambientação histórica, a direção é atenciosa com as roupas, calçados, detalhes de decoração. Tudo é muito caprichado na composição, apesar de algumas falhas de montagem que aparecem nas cenas que se passam atualmente.

Já a trilha sonora do filme é um verdadeiro deleite – um plus se você for apreciador de sons da década de 70, tanto de MPB quanto de clássicos internacionais. Durante toda a duração do longa-metragem, a música tem uma presença quase que materializada, já que a protagonista também tem uma forte relação com o universo musical.

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As canções ajudam a marcar o temo do filme, embalam algumas das cenas e até mesmo contribuem para a solução de determinados conflitos da história. Assim, a trilha sonora funciona quase como um personagem coadjuvante, muito mais do que um mero recurso técnico da produção.

Menção honrosa para Sonia Braga, que faz um trabalho maravilhoso. Enquanto o restante do elenco passa com atuações discretas, a atriz chama a atenção e diva completamente no papel de Clara. Desfila leve e solta como se Clara fosse ela em todas as cenas, desde as mais tranquilas em que dá um despretensioso mergulho na praia, até as mais intensas ou mais quentes.

Muitos retratos

O trabalho de Kléber Mendonça Filho faz um belo retrato de uma cidade dividida, da desigualdade social que tão fortemente marca a cidade de Recife – e o Brasil, por extensão. Mas não apenas isso, "Aquarius" faz um primoroso retrato da vida de uma mulher de meia idade, suas descobertas (e redescobertas), as dúvidas, a soltura de algumas amaRras, o surgimento de outras.

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O problema é que, para resolver tudo isso, Kléber precisaria de muito mais tempo e muito mais espaço. A história da Clara, observada por todos estes ângulos que ele aborda no filme, bem poderia ser contada em uma série ou minissérie. Relatada em um filme, se tornam quase duas horas e meia que passam arrastadas graças às cenas longas de diálogos e reflexões, algumas bastante cansativas.

“Aquarius” é um filme importante, que aborda uma série de questões que precisam ser urgentemente discutidas. Não é à toa que vem levando aos cinemas um público acima do normal para produções nacionais.

Um grande auê por um produto que não entrega tudo aquilo que promete

É uma pena que seja a chamada “pregação para convertidos”, uma vez que a maioria das salas são lotadas por quem já sabe do que o filme se trata – tanto que não são poucos os relatos de sessões encerradas por sonoros gritos de “Fora Temer”.

Para atingir o grande público, talvez seria uma boa ideia enxugar um pouco a história, cortar alguns personagens e algumas cenas, encurtar outras e priorizar algumas das discussões. Se vale a pena prestigiar o longa-metragem? Sem dúvida. Se o público brasileiro já financia tanta produção fraca, por que não pagar pra conhecer uma história mais aprofundada?

No entanto, temos aqui um caso de um grande auê por um produto que não entrega tudo aquilo que promete. "Aquarius" é mais bandeira política do que uma grande obra de arte. Não é genial, é apenas um filme bem intencionado, mas que carece de alguns ajustes.