Documentário "Faça Você Mesma" contará história do punk feminista no Brasil

Foi depois de ler o livro "Riot Grrrl: Revolution Girl Style Now!", de Nadine Monem, que a diretora Letícia Marques teve o estalo de criar um produto cinematográfico para contar a história desse movimento e falar sobre o Riot Grrrl e o punk feminista no Brasil.

Depois de já ter trabalhando com filmes publicitários, moda e conteúdo web, ela decidiu partir para outras áreas do audiovisual. Seu primeiro curta-metragem documentário, O Corpo Conforme, recebeu em 2008 o prêmio Júri Popular no 16º Festival Mix Brasil.

Atualmente, ela se concentra em projetos similares, focando especialmente no longa-metragem documentário “Faça Você Mesma”, seu primeiro longa na direção, que já está há cinco anos na cabeça da cineasta. “Escrevi um esboço e deixei a ideia guardada até que entre conversas no Facebook sobre a representatividade feminina na cena musical a Patricia Saltara me deu um salve pra eu fazer um filme na nossa versão riot e entrei de cabeça instantaneamente”, conta.

O objetivo, segundo ela, é criar uma reflexão sobre a própria cena punk, onde até então não existia nenhum registro documental, mas peças de arquivo de algumas pessoas espalhadas por aí.

“A ideia então vem de querer juntar este material, e da percepção de que até então esta cena não tinha sido contada ou inscrita na história da cena musical brasileira. E então eu decidi levar este projeto em uma residência em NYC e apresentar o projeto lá, que ainda era uma ideia embrionária. Filmamos então algumas entrevistas em maio de 2016 e levei este material comigo para residência e o filme então começou a ganhar uma forma depois destas quatro semanas no Union Docs em Nova Iorque”, conta.

O Café com Filme conversou com a idealizadora de “Faça Você Mesma”, Letícia Marques, para conhecer um pouco melhor o contexto de desenvolvimento do longa. Confira a entrevista na íntegra!

Quais foram os principais desafios encontrados até agora para desenvolver o Faça Você Mesma?

Conseguir fazer a produção do filme com um orçamento pequeno, mesmo tendo muitas voluntárias trabalhando no filme, aluguéis de equipamento restringem um pouco sairmos filmando mais. E fazer a campanha de financiamento coletivo que mesmo com muita divulgação em várias mídias e compartilhamento nas redes sociais atingir a meta é uma tarefa difícil, e é um trabalho diário chamar pessoas para apoiar.

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O Brasil tem uma vasta produção de cinema independente, muito rica em conteúdo e diversidade, mas que infelizmente acaba ficando muito concentrada em um público bastante segmentado. Como você vê esse cenário no Brasil e como pensa em realizar a distribuição do Faça Você Mesma? Onde você gostaria que o filme fosse exibido?

Eu acho que hoje no Brasil a forma de distribuição está mudando (e no mundo) porque lá dentro, os diretores de conteúdo sabem que há publico para diferentes nichos e eles mesmos querem explorar esses conteúdos para diferentes pessoas e mercados no Brasil. E ao meu ver os nichos servem bem para o cinema independente, você  só precisa de uma estratégia de distribuição e licenciamento coerente para dar certo. Essa segmentação de certa forma hoje faz com que alcancemos mais facilmente nosso público e de fato muitos assuntos são de nicho e não funcionam com um publico mais abrangente.

É cedo para falar em distribuição porque não começamos de fato uma análise em cima, mas gostaria que o filme seguisse para festivais internacionais e nacionais, festivais voltados para a comunidade de documentários e da música e posteriormente levar o filme às plataformas digitais e eventos, exibições em varias partes do Brasil. E de fato, se licenciarmos para última janela, a televisão, estaremos levando para um público mais geral e o alcance será maior, o que seria muito positivo.

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The Hats, trio de punk rock criado em 2001, em São Paulo,
uma das bandas cujas integrantes foram entrevistadas para o documentário.

Seria o Crowdfunding uma solução para o cinema independente no Brasil?

Gostaria que sim e espero que cada vez mais o cinema independente consiga financiar filmes desta forma e consequentemente criar comunidades de cinema/documentários que possam financiar os filmes.

Quais as principais referências e inspirações do filme?

A Martha Shane documentarista norte americana foi a primeira inspiração, entre conversas ela abriu meus olhos para fazer o filme de forma diferente, estar no Union Docs em NYC fazendo a residência também me fez olhar e pensar em diferentes formas de se fazer um filme. O filme da Martha Shan é uma inspiração, “After Tiller” e a referência primeira é “Wildness” de Wu Tsang. “Ovarion Psycos” e “The Punk Singer” também são referências para “Faça Você Mesma”.

Sobre o conteúdo do filme, em si, embora o feminismo esteja ganhando cada vez mais espaço, o riot grrrl ainda permanece desconhecido pra muitas mulheres. Como vocês tiveram contato com ele?

Eu tive contato com riot grrl através de duas amigas em Florianópolis (SC). Uma me apresentando o Dominatrix e a outra bandas como Bikini kill. Depois fui morar nos Estados Unidos e tive contato com a gravadora Kill Rock Stars e uma certa cena punk e indie americana, lá tive a oportunidade de ver um show do Bratmobile em 2000. Voltando para o Brasil em 2001 foi quando de fato comecei a frequentar os shows em São Paulo e conhecer a cena riot grrrl brasileira.

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Quem são as principais entrevistadas do filme e como elas foram selecionadas?

Em termos de importância para o início da cena, tenho que citar a Isabela Gargioulo e Carol Pfister que ainda serão entrevistadas e também a Debora Biana, ex-baterista do Dominatrix, e Marina Pontieri que estavam lá desde o início. E também temos as personagens principais do filme que não necessariamente começaram a cena mas perpetuam ela hoje e o filme então busca o sentido do riot na vida  delas como a Bah Lutz, Flavia Biggs, ex-guitarrista do Dominatrix e guitarrista do The Biggs, Gigi Louise e Andressa Saboya.

Nas primeiras entrevistas tentei buscar quem estava diretamente na cena por um longo período de tempo, como a Debora, que tocou desde o início no DMX e a Flavia, que também esteve presente na cena e deu continuidade no riot grrrl com outros projetos. E a Silvana Mello, vocalista do Lava., por ter começado uma das primeiras bandas de repercussão na cena indie musical.

Qual é o principal objetivo do filme?

Inspirar outras mulheres e pessoas a serem o que querem ser, transmitir um certo sentimento de pertencimento e identificação por parte de tudo que a história do filme traz e certamente  trazer reconhecimento a estas histórias e inscrevê-las na cena musical brasileira.

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O documentário “Faça Você Mesma” tem direção de Leticia Marques, direção de fotografia de Janice D’Avila, produção de Patricia Saltara, produção executiva e montagem de Leticia Marques e som de Helena Duarte.

Para contribuir com o projeto do filme, basta acessar este link e ajudar!

Os desafios do cinema independente | Entrevista com diretor Eduardo Colgan

Um tiro foi suficiente para Eduardo Colgan, diretor paranaense, dar luz, câmera e ação ao curta “A Rua Muda” que estreou no Festival Olhar de Cinema 2017 e aborda a violência policial em lugares públicos nas grandes cidades.  O filme conta a história de quatro amigos que presenciaram o disparo de um tiro em uma das ruas mais movimentadas na noite de Curitiba. 

Baseado em fatos reais, a autocrítica e a identificação com o telespectador são pontos chaves para prender atenção durante todo o curta de Colgan. Afinal, quem nunca presenciou uma ação de violência pelas ruas da sua cidade? O filme é uma crítica as diferentes classes sociais presente em uma única rua: Rua Riachuello no bairro São Francisco. 

O diretor mais uma vez levou produções paranaenses às telas de festivais nacionais e internacionais. Em 2013, o curta "Vitória" ganhou prêmio de Melhor Atriz com Camila Hubner no Festival Kinoarte de Cinema e também participou da segunda edição do Festival Olhar de Cinema. Seu curta "Quatro e Fíntchy" participou da 15º Mostra de Filme Livre no Rio de Janeiro em 2015.

Na sua quarta produção, Eduardo Colgan conta para nossa equipe como é colocar em prática uma produção independente sem incentivo. Também comenta um pouco mais sobre o mistério do curta "A Rua Muda". Confira:

O filme “A Rua Muda” é uma autocrítica. Como foi feita a montagem de misturar a ficção com eventos reais que você presenciou?

Por um momento eu e meus amigos iríamos atuar, mas não ia ser legal. Então, chamei alguns amigos que não presenciaram o evento da abordagem da polícia e que já atuaram em outros curtas. Depois de personificar os personagens, o filme ficou com outra cara.  No decorrer do filme houve várias mudanças, por exemplo: um personagem participou de uma cena que não era dele, e a cena das fotos que foi feita sem roteiros, eram realmente os personagens reagindo a fotos reais deles.

Estes momentos de intimidade criaram uma conexão com o telespectador no qual ele consegue se ver dentro da história e se relacionar. 

A primeira cena do filme, que são os personagens reagindo à imagem da câmera, também foi um momento chave entre a ficção e o evento real. 

Em alguns momentos, a polícia está presente nas filmagens. Como foram realizadas as cenas?

O vídeo foi um amigo meu que gravou, mas o filme é mais ficcional como realmente aconteceu. O áudio é roteirizado, em algumas cenas coloquei sonoras para recriar o confronto. Em relação à polícia que apareceu em cena com os atores, foi coincidência, eles estavam saindo da balada e a cavalaria apareceu na hora. E outro momento é quando eles estão correndo e o carro da polícia surge na rua. Foi sorte! A gente gravou as cenas muito antes do programa Balada Protegida do prefeito Rafael Greca entrar em operação. 

Boa parte do público que estava presente hoje já presenciou uma ação de violência em lugares públicos, como é retratado no filme. Essa identificação ajuda a consolidar o cinema independente?   

A identificação é necessária para qualquer filme ser bom. Ter uma real intenção, propósito e os atores sendo reais e verdadeiros é necessário para qualquer filme, não somente no cinema independente, embora seja mais presente. Quando o diretor tem um projeto que deseja muito colocar em prática, o filme vira parte da alma dele, o que é diferente, às vezes, de uma produção hollywoodiana que contrata roteirista, ou compra o roteiro. O esquema de produção fica mais separado. E nos filmes independentes, o filme faz papel de filho para os diretores, uma criatura que ele pariu depois de anos de trabalho. Mesmo se o roteiro vier de outra pessoa, você fica tanto tempo trabalhando e tentando fazer o filme estrear que cria uma conexão quase física.

O único jeito de fazer filme aqui no Brasil é a vontade do coletivo

Em relação o financiamento do filme, uma parte foi feito por apoio. Como é criar um filme sem ter incentivo e com pouco recursos financeiros?

Há o seu lado bom! Você vê que as pessoas estão participando porque elas realmente acreditam na ideia ou querem debater e achar uma resposta. Os nossos apoios foram práticos: figurino disponibilizado por Fermín Cacarecos e a trilha sonora por Onça Disco, menos a música de abertura que pedimos autorização para usar. O resto foi do próprio bolso. A temática do filme que critica a estrutura urbana da Prefeitura de Curitiba e da Guarda Municipal não iria passar em um edital. É triste! E devido ao poucos recursos há poucos enquadramentos, mas faz parte. Se você tem limitações, é preciso aprender a lidar com elas para que o produto final converse com todo o filme, não adianta mascarar a falta de recursos. 

Como você enxerga o cenário cinematográfico de Curitiba?

Desde que começou o curso de Cinema na Faculdade de Artes do Paraná (FAP), aumentou o número de pessoas que ingressaram na área audiovisual. Ao mesmo tempo, teve uma popularização de câmeras digitais e smartphones. O vídeo é um elemento presente na vida de todo mundo, independente de quem faz cinema ou não, todo mundo é ligado com o audiovisual o dia inteiro. Então, sim, aumentou a vontade de fazer vídeos e amigos se ajudando para dar forma a eles, embora os editais estejam cada vez mais escassos - o edital estadual saiu pela última vez há quatro anos atrás. Alguns recursos que são comuns em outros países, a gente não tem essa base, então o único jeito de fazer filme aqui é a vontade do coletivo. A situação atual é boa, mas há muito material que poderia estar chegando em mais lugares com mais força e mais potência

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Assista ao curta-metragem no Festival Olhar de Cinema, em Curitiba.

Entrevista: Letícia Nascimento fala sobre o curta “Quando o Verde Toca o Azul”

Lançado oficialmente durante o 18º Festival Kinoarte de Cinema em Londrina, no Paraná, o curta-metragem “Quando o Verde Toca o Azul” é  uma produção com equipe e elenco locais e o segundo filme de Letícia Nascimento como roteirista e diretora, que estreou na direção cinematográfica com o curta “Onde o Coração Canta” (2015), vencedor do prêmio de melhor filme londrinense pelo júri popular no 17º Festival Kinoarte de Cinema, no ano passado.

Produzido com apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC) via Prefeitura Municipal de Londrina, o curta apresenta a personagem Laura, 34 anos, que tem casa, marido e um bom emprego, e vive em uma rotina engessada. A partir de uma memória traumática, Laura, repentinamente, muda seu comportamento em busca de uma resposta para as questões que rodeiam os seres humanos.

O Café com Filme conversou com a roteirista e diretora Letícia Nascimento para saber mais sobre "Quando O Verde Toca o Azul" e sobre oas desafios da carreira de cineasta no Brasil, seus projetos para os próximos trabalhos e a repercussão do curta-metragem. Confira!

Café com Filme: Conta pra gente um pouco sobre a produção, de onde veio a ideia pro roteiro?

Letícia Nascimento: Esse roteiro surgiu em 2013 durante minha participação no Núcleo de Dramaturgia Audiovisual do SESI/Londrina, do qual fiz parte por três anos. Na época, participei de um pitching com ele e obtive um retorno muito positivo, inclusive com proposta de produtora para produzi-lo. Essa ideia ficou guardada por um tempo e após rodar o primeiro curta, achei que era hora de dar vida a ele. No processo eu me desafiei a partir de uma palavra, no caso REPENTINA, para construir o roteiro. Foi uma experiência muito interessante, este é um roteiro que abriu muitas portas pra mim. Para a filmagem mudei algumas coisas, o roteiro sempre muda quando vamos rodar, praticamente ganha vida.

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CF: Você já produziu algo antes ou esse é seu trabalho de estreia?

LN: Este é meu segundo curta-metragem como diretora e roteirista. O primeiro foi Onde o Coração Canta (2015), que venceu o Prêmio de Melhor Filme Londrinense pelo júri popular no 17 Festival Kinoarte de Cinema. Ele, assim como Quando o Verde Toca o Azul, traz uma personagem feminina como protagonista (vivida pela Thais Vicente).

CF: Você não está numa capital e o mercado de cinema fora das grandes metrópoles pode ser bem escasso, como você enxerga isso? De alguma forma a localização prejudicou o desenvolvimento do curta?

LN: Concordo que o cinema no interior pode ser mais complexo, mas Londrina é uma cidade "privilegiada" neste sentido. Temos um Festival de Cinema, que é o da Kinoarte, que é um dos mais consolidados do Brasil; contamos com patrocínio da Prefeitura de Londrina, que patrocinou este segundo curta via Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) e, atualmente, tem muita gente boa produzindo cinema na cidade. Claro que se comparado aos grandes pólos do cinema brasileiro, estamos num processo de construção, mas acredito que a vontade de fazer cinema, ultrapassa muitas barreiras e limitações.

CF: Como vc começou a trabalhar com cinema?

LN: =) Eu sou apaixonada por cinema desde criança. A primeira vez que fui ao cinema, lembro de ter ficado extasiada por aquela tela imensa e aquele som e pelo poder que a história tinha sobre nós - lembro que diversas vezes eu olhava os meus colegas do lado e os via com as boquinhas abertas. Aquilo me seduziu desde muito cedo, como a literatura. Eu sempre gostei muito de escrever e um belo dia decidi que quando eu crescesse iria escrever as histórias do cinema. Mais tarde descobri que essa era a função do roteirista e comecei a escrever "roteiros" por conta, sem nenhum tipo de técnica, apenas do jeito que eu achava que era. Com o advento da internet, rsrs, eu pude me jogar nas bibliotecas de roteiro, ler muitas coisas, pesquisar e fui me aperfeiçoando. Minha vontade, inclusive atual, sempre foi de ser roteirista.

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A direção veio mais de uma necessidade de consolidar logo um roteiro em filme - nosso mercado é pautado em diretores dirigindo os próprios roteiros, existe uma grande dificuldade de encontrar alguém que queira dirigir um projeto seu, porque todo mundo têm seus próprios projetos. E aí, um dia reuni uma equipe com a cara e a coragem e rodamos o primeiro curta. Quis o destino que um tempo depois um outro roteiro fosse aprovado em edital e em um ano rodei dois filmes. Essa transformação dos roteiros em filme pode parecer repentina, mas a vontade de fazer cinema e essa maturação vem de muito longe.

CF: Já tem outros trabalhos em andamento, pro futuro?

LN: Ah, sempre tem, mas o que sei é que agora eu vou focar nos roteiros por um tempo. O processo de direção é muito desgastante pra mim, ainda, e eu preciso voltar as minhas histórias e personagens pra colocar mais coisas pra rodar. Eu digo às vezes que não sei se vou dirigir outro filme, que vou continuar sendo apenas roteirista e pronto, mas acredito que isso ainda pode acontecer sim. rsrs

CF: Quem foram suas inspirações pra esse trabalho?

LN: A Laura é uma personagem muito humana, ao meu ver, e tem até um pouco de mim nela. Ela apresenta uma mulher que tem aquilo tudo que a sociedade impõe como necessário e valoroso, mas que não basta para nenhuma mulher. Ela quer se encontrar, ser mulher, ser humana, ser.

Acho que minhas inspirações para a construção do filme foram outras pessoas, momentos cotidianos.

Eu busquei o acaso-objetivo para construir este roteiro e acho que ele também esteve presente nas filmagens. Agora se formos falar em referências, para construir junto com a equipe o conceito estético/visual do filme, algumas das referências foram "A Árvore da Vida", do Mallick, que é um filme que me encanta por esse poder de expressar muito em pequenos elementos, teve um pouco. Teve também referências de filmes de Lynne Ramsay, que é uma diretora que eu gosto muito, de filmes de Sofia Coppola, Bresson, Cassavetes…Tem sempre muita coisa que motiva um filme.

CF: Os curta-metragens são a porta de entrada numa carreira de cineasta?

LN: Acredito que sim. Eu estava montando o curta e pensando no trabalho que dá e aí toda vez imaginava como isso seria multiplicado no caso de um longa! Fazer um filme é muito trabalhoso, só quem já passou pela experiência de um set sabe do que se trata e cada equipe tem suas particularidades. Então, pensando em dificuldades, recursos e que cinema, além de arte, é técnica, os curtas são a melhor forma de começar, sem dúvidas.

Veja o teaser de Quando o Verde Toca o Azul:

Fica técnica do filme:

Sinopse
Repentina: que se disse ou fez súbita; imprevista; rápida; momentânea. Laura vive em um casulo imaginário. Até eclodir.
Elenco: Luciana Caminoto, Eduardo Lopes Touché, Alan Ferreira, Edimara Alves, Alessandra Pajolla e Juliana Monteiro
Roteiro e Direção: Letícia Nascimento
Produção: Bruno Gehring
Direção de Fotografia: Guilherme Gerais
Direção de Arte: Camila Melara Alcantara
Figurino: Thaina Oliveira Gonçalves
Make Up: Evelise Chaiben
Som direto: Artur Ianckievicz
Trilha Sonora: Lucas Dias Baptista
Projeto Gráfico: Glauber Pessusqui
Coloração: Vinícius Leite
Gaffer: Luiz Rossi
Assistentes de Direção: Marcos Savae (Co-preparação de elenco) e João Mussato
Assistentes de Produção: Raquel Sant’Anna e Nabila Haddad
Assistentes de Fotografia: Arthur Ribeiro (Still) e Elder Maxwhite
Assistentes de Arte: Higor Meíja e Natália Tardin
Assistente de Figurino: Layse Moraes
Patrocínio: Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) via Prefeitura Municipal de Londrina
https://www.facebook.com/QuandooVerdeTocaoAzul

Viggo Mortensen se emocionou com o roteiro de “Capitão Fantástico” [vídeo]

A Universal Pictures divulgou, em sua página no youtube, um vídeo de making off do filme “Capitão Fantástico”, trazendo depoimentos do ator Viggo Mortensen. O ator Frank Langella e o diretor e roteirista Matt Ross também aparecem e contam seus sentimentos sobre a história e a mensagem do filme.

Mortensen disse que riu e chorou ao ler o roteiro do longa, pois aborda a paternidade de uma outra perspectiva, ele destacou que acredita que o filme seja muito especial com muitos momentos que fazem pensar. Ross também se posicionou declarando que a ideia do filme surgiu com a paternidade, onde se perguntava sobre a sua eficiência como pai e como é ter este papel nos EUA atualmente.

A produção conta a história de um pai que se dedica ao máximo a transformar seus seis filhos em adultos extraordinários. Isolados da sociedade, eles serão forçados a abandonar seu querido paraíso por causa de uma tragédia. A partir desse momento, a jornada para o mundo exterior passa a ser desafiadora, e a ideia do que é ser pai é colocada à prova.

Além de Viggo Mortensen, o longa ainda traz Trin Miller, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Ann Dows, Erin Moriarty, Missi Pyle, Karhryn Hahn e Steve Zahn no elenco.

Anote na agenda: “Capitão Fantástico” tem estreia marcada para 22 de dezembro no Brasil.

Jayme Monjardim fala sobre adaptação de “O Vendedor de Sonhos”, de Augusto Cury

Responsável por adaptações de livros para o cinema como “Olga”, de Fernando Moraes, e “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo, o diretor Jayme Monjardim lança neste ano “O Vendedor de Sonhos”, que leva para as telas o best-seller homônimo de Augusto Cury. 

Em vídeo recém divulgado, Monjardim conta que desde o início teve “a sensação de que teria nas mãos um projeto incrível”. “Acho que esse é o barato desse trabalho. É a gente alimentar o ser humano de que você pode da uma virada de 180º na sua vida”, diz o diretor. 

Confira o vídeo completo!

“O Vendedor de Sonhos” traz no elenco Dan Stulbach, como Julio César, e o ator uruguaio César Troncoso, como Mestre, além de Thiago Mendonça, Kaik Pereira, Leonardo Medeiros e Mallu Valle, entre outros. O roteiro é de L.G. Bayão, com a colaboração de Augusto Cury e LG Tubaldini Jr.

O filme, que chega aos cinemas em 8 de dezembro, foi produzido por LG Tubaldini Jr e André Skaf (Filmland Internacional), em parceria com Warner Bros. Pictures e Fox International Pictures. A distribuição é da Warner Bros. Pictures e Fox Film do Brasil.

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Baseado no livro de autoria do escritor Augusto Cury “O Vendedor de Sonhos”, que é o maior sucesso editorial nacional da década e já foi traduzido em mais de 60 idiomas, o filme conta a história de um renomado psicólogo que, desiludido com a vida, está prestes a cometer suicídio saltando de um prédio quando é resgatado pelas palavras e atitude do mais improvável dos seres: um mendigo, conhecido como “mestre”. 

Apresentando-se como um vendedor de sonhos, o Mestre oferece a Júlio César um dos seus mais preciosos bens - o sonho de recomeçar.

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Abalado e perdido, o suicida relutantemente desiste de suas intenções e aceita o convite daquele homem intrigante para segui-lo em sua surpreendente e amorosa jornada pela cidade para levar ajuda, esclarecimento e esperança a quem precisa. 

Porém, justamente Júlio Cesar e outros seguidores do “mestre” o levam a um desafio final, onde somente a grande lição salvará a todos. É uma história sobre autoestima, valorização do ser humano e aposta na capacidade que temos de nos superar.

Tezza: o pai d’O Filho Eterno fala sobre a adaptação do livro para o cinema

É só um livro queridinho virar filme que já começam as especulações. Entre grandes e desvairadas expectativas e aquele bom e velho pé atrás, é quase inevitável que os leitores que já mergulharam na história por meio das páginas na literatura esbocem qualquer tipo de reação quando a película é anunciada.

Mas, vocês já pararam pra pensar sobre o que passa na cabeça do cara que bolou aquela trama toda quando vê suas linhas arduamente construída tomarem forma para além daquela que o leitor vai construir com a ajuda da imaginação?

Essa brincadeira entre haters e lovers das adaptações já gerou bastante confusão entre fãs de sagas como O Senhor dos Anéis, por exemplo, assim como dos tantos títulos de Stephen King. King, inclusive, já se manifestou diversas vezes contra algumas das releituras de seus livros. "O Iluminado" dirigido por Kubrick, por exemplo, foi achincalhado pelo autor.

Aqui no Brasil, volta e meia algum livro também vira filme e o mais recente sucesso das livrarias que foi parar no cinema é o premiado "O Filho Eterno".

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A obra conta a emocionante história de um escritor que espera ansiosamente a chegada do primeiro filho e que descobre que terá de se acostumar com uma nova ideia – ser pai de Fabrício, uma criança com Síndrome de Down. São 12 anos de obstáculos, conquistas e descobertas conduzidas com carinho pelo escritor Cristóvão Tezza.

O que esperar desse relato tão íntimo quando ele escapa das página e vai se fixar em outra superfície, a das películas? Para quem já leu, a pergunta que surge é: como é que o diretor Paulo Machline vai conseguir transmitir todo o sentimento envolvido nas palavras do pai? E será que o autor do livro vai gostar do resultado.

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Bom, a gente foi perguntar a opinião de quem mais conhece essa história toda. O Café com Filme conversou com Cristóvão Tezza pra saber o que ele pensa disso tudo!

Café com Filme: O senhor já teve a oportunidade de ver o filme? O que achou?

Cristóvão Tezza: Sim, vi na pré-estreia no Rio de Janeiro, durante o Festival Internacional. Gostei do filme – é uma ótima narrativa, que segura o espectador do começo ao fim. Marcos Veras está particularmente bom como o pai, assim como Débora Falabella, a mãe, e o menino, Pedro Vinícius, que é uma graça. E achei perfeita a escolha de centrar a história no pai, no seu drama, o que é uma concepção narrativa bastante fiel ao livro.

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CF: Ao leitor de "O Filho Eterno", o livro parece ser muito "seu", parece carregado de um olhar muito pessoal sobre um assunto bastante íntimo. Causa-lhe algum estranhamento a ideia de ter essa história contada nas telonas? Como recebeu essa ideia?

CT: Sou bastante “cuca fresca” com adaptações. O meu trabalho eu já fiz, que foi escrever o livro – a literatura é a minha linguagem. Entendo um filme ou uma peça de teatro baseados em algum livro meu como obras independentes, leituras especiais, individuais, do potencial que está no livro de origem. “O filho eterno”, o filme, é uma obra autoral de Paulo Machline, uma leitura específica, em outra linguagem, do livro que eu escrevi. Assim como a peça de teatro (montada pelo grupo Atores de Laura) é uma obra de Daniel Herz, baseada no meu romance. São leituras bem diferentes, porque são linguagens diferentes. É verdade que, nos dois casos, o roteiro tem uma grande importância, mas é o diretor que lhe dá vida.

CF: Houve alguma participação sua na adaptação? Como consultor, talvez?

CT: Não – desde os anos 1990, quando participei diretamente da adaptação de “Trapo” para o teatro (com direção de Ariel Coelho), faço questão de não participar mais de adaptações. Acho que, como autor, eu seria um péssimo conselheiro. Não tenho a prática viva de roteirista de cinema – e ela é fundamental. E, como escritor do livro, acabo sendo suspeito. É impossível adaptar um livro para o cinema sem modificá-lo muito, sem colocá-lo sobre outra perspectiva. É melhor o desapego ao livro – afinal, minha obra já está inteira nas suas páginas. Um filme é outra leitura.

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CF: Adaptações de livros para o cinema costumam ser polêmicas, no sentido de que muitos leitores exigem uma fidelidade que a diferença de linguagens nem sempre consegue comportar na hora de traduzir uma história literária para um filme. Qual é a sua opinião sobre essa diferença de linguagem?

CT: Como eu disse, são linguagens substancialmente distintas. Vou dar um único exemplo, que me parece cristalino: no romance “Desonra”, a obra-prima do sul africano J.M.Coetze, em nenhum momento o narrador esclarece se os personagens são brancos ou negros (uma informação particularmente relevante em função do histórico racista do país) – ele não dá essa informação ao leitor, e esta “ausência” cria uma tensão especial na leitura. Pois bem, no cinema esta sutileza é absolutamente impossível. É uma variável que a adaptação teve de desprezar.

"O filme cria “outras realidades” que não estão no livro. Isso é absolutamente inevitável."

CF: Existe alguma adaptação que lhe seja especialmente querida nos cinemas?

CT: Gosto de imaginar que a adaptação do romance “O estrangeiro”, de Albert Camus, feita por Visconti, é perfeita. Assisti ao filme em 1968 ou 69 por aí, assim que saiu, e eu tinha acabado de ler o livro. Fiquei fascinado com a fidelidade. Mas nunca mais vi o filme – não existe cópia à disposição em lugar algum.Assim, não posso comprovar, 40 anos depois, se era mesmo tão perfeito assim... Engraçado que, no meu último livro, “A tradutora”, um personagem faz referência a um festival em São Paulo de filmes adaptados de obras literárias, e cita expressamente “O estrangeiro”, de Visconti, como um dos filmes da mostra. Corrigi na ficção esta falha terrível da vida real!...

CF: Em algum momento o senhor já cogitou escrever algo direcionado para esse tipo de linguagem, um roteiro para cinema ou televisão?

CT: Não – a literatura já me ocupa integralmente. Não há mais espaço na minha cabeça para me aventurar em outras linguagens.

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