- Café com Filme

Crítica do filme Música, Amigos e Festa | Em busca da batida da vida

Filmes sobre as loucas aventuras da juventude moderna viraram terreno comum nos últimos anos. Com foco em bagunças inusitadas, embaladas por muita música eletrônica, esses títulos conquistaram o público que adora eventos badalados.

Pensando nisso, muitas produtoras e diretores apostam suas fichas em filmes que usam do espaço audiovisual para mostrar que a vida tem roteiros prontos que são recheados de diversão, gente bonita, bebidas e confusões.

O próprio título de "Música, Amigos & Festa" revela a proposta nessa linha. Estrelado por Zac Efron, o longa-metragem fala sobre o que é necessário fazer na vida para encontrar a própria voz, o próprio estilo, um rumo — e de preferência no ramo da música eletrônica.

musicaamigosfesta0 f86fb

No mundo da música eletrônica e da noite de Hollywood, Cole (Efron) é um aspirante a DJ de 23 anos que passa os dias confabulando com os amigos e as noites trabalhando na batida que vai incendiar o mundo. Tudo muda quando ele encontra James (Wes Bentley), um DJ mais experiente, que topa ensinar a Cole o caminho, mas nem tudo vai ser tão simples.

Levando a galera à loucura

Tirando obras que falam especificamente sobre algum artista ou uma determinada vertente da música eletrônica — característica até mais comum em documentários — a abordagem dos sons de sintetizadores como elemento substancial para um roteiro é pouco comum em filmes. A ousadia nesse ponto é fundamental para construir aqui um filme um pouco diferente.

É claro que o bonitão Zac Efron não é um DJ gabaritado e o propósito aqui nem é dar um curso completo sobre música eletrônica, mas alguns conceitos apresentados para nortear a plateia sobre como funciona o desenvolvimento desse tipo de som acaba sendo bem interessante para levar um conteúdo mais interessante ao público.

musicaamigosfesta3 3ce35

Nem tudo que é falado é tão simples e tampouco o filme dá conta de falar sobre os tantos ritmos que preenchem esse vasto mundo chamado música eletrônica. Contudo, a tentativa é válida e o filme consegue ter uma sintonia interessante entre tutoriais básicos, o processo de criação e a hora de agitar a galera.

Uma coisa curiosa é que, diferente de outros filmes sobre zoeiras com a galera, o longa “Música, Amigos e Festa” acaba tendo um propósito mais claro para tanta festança e diversão, uma vez que DJs realmente têm suas vidas cercadas por eventos, gente bonita, bebidas e todo o tipo de clichês que você pode imaginar.

Apesar desses diferenciais bacana, assim como o título no Brasil sugere, a execução de “Música, Amigos e Festa” se apoia sobre trivialidades. O dia a dia do DJ Cole e sua carreira, em fase bem inicial, é o ponto de partida, sendo que seus relacionamentos com os amigos e garotas permeiam o avanço da trama e também do sucesso do cara neste meio.

Nada além do óbvio

Na parte visual, “Música, Amigos e Festa” acerta em todos os pontos, já que é uma obra que aborda apenas pessoas comuns, vestidas com roupas simples e em cenários bem habituais. Tirando algumas cenas em ambientes abertos com muita gente, as cenas são bem básicas, mas bem executada.

O uso de câmeras lentas e efeitos especiais são recorrentes, acentuando a empolgação da galera nas festas, as cenas românticas e também as aulas básicas de música eletrônica do DJ Cole. A edição do filme é caprichada e não deixa a desejar em momento algum.

Curiosamente, apesar de ser um filme sobre produção musical, o espectador não deve ter nada de original na parte de trilha sonora. A seleção dos sons é muito boa, com faixas que embalam o roteiro de forma competente. Não tem como dizer que não combina as cenas com os sons, porém não há nada de genial aqui, já que é um filme que se apoia nas músicas.

musicaamigosfesta4 16093

É claro que toda a construção de um título desse naipe com Zac Efron no papel principal e a bela atriz Emily Ratajkowski como par romântico só poderia ser permeada por um mundo que só existe em Hollywood. O filme é sim uma grande alusão ao suposto mundo dos DJs, o que deixa a trama um tanto quanto superficial, mas não dava para esperar outra coisa.

Por outro lado, a obra não deixa de mostrar as dificuldades na construção de uma carreira, aqui focada na questão da musicalidade, mas poderia ser qualquer outro ramo, já que a mensagem do filme fica bem clara. A amizade também é um ponto muito explorado no filme, o que dá uma pausa para o romance e o trabalho. Enfim, filme bem vodka com açúcar, mas uma pedida perfeita para quem adora música, festas e amigos.

Crítica do filme O Homem nas Trevas | Prenda a respiração ou morra

O Homem nas Trevas” é uma surpresa bem agradável para os fãs de terror. Apesar do título cafona (no original é Don’t Breathe, muito mais condizente com o filme), não espere nada sobrenatural. Somos apresentados a uma realidade pesada e dura, e em determinado ponto do filme, quase pós-apocalíptica.

O responsável por esse thriller de tirar o fôlego é Fede Alvarez, diretor que conquistou o público com o remake brutal "A Morte do Demônio" (Evil Dead, no original). Mas ao contrário desse, a violência se sustenta em um roteiro instigante, e que deixando alguns pequenos furos de lado é bem convincente, mas obviamente tudo é para criar a ambientação necessária para a história ser desenvolvida.

Tentarei não dar nenhum spoiler nessa crítica, pois metade da graça está nos eventos que ocorrem dentro da casa do Homem Cego. Mas adianto que durante o filme a tensão é constante e crescente, sem alívio cômico e repleto de momentos totalmente desesperadores.

Respire fundo

A premissa do filme é bastante simples, mas é visível o cunho social por trás de todos os eventos. Na cidade de Detroit, Rocky (Jane Levy), Alex (Dylan Minnette) e Money (Daniel Zovatto), levam a vida invadindo casas de pessoas mais afortunadas.

Alex é o responsável por desativar os sistemas de segurança, e essa é uma tarefa fácil pois seu pai trabalha com proteção domiciliar e tem acesso a todas as chaves das casas. Então vemos os três amigos invadindo e pegando objetos de valor para revender, mas como não é muito fácil vender itens roubados de grande valor nas ruas, eles precisam de uma nova estratégia.

DontBreatheTrio.0 2eba5

Rocky é uma delinquente adolescente que vive com os pais negligentes, ela promete a sua irmã mais nova que vai se mudar para outra cidade e levá-la junto. Buscando a quantidade certa de dinheiro para fugir, seu namorado, Money, convence-a a invadir a casa de um homem cego, que supostamente tem um cofre no porão, para um último golpe que vai mudar a vida de todos.

Alex é contra roubar dinheiro, mas aceita participar porque é apaixonado por Rocky, e essa é a motivação mais fraca do filme. Logo nos primeiros momentos dentro da casa, eles descobrem que o cego não é tão impotente quanto parece, e a tensão começa e não para até o fim do filme.

Quando as luzes se apagam, somos todos iguais

A casa é bem característica de filmes de terror, com madeira rangendo e cheia de perigos em potencial, além de ser localizada em um bairro abandonado e bem afastado da civilização, dando um aspecto pós-apocaliptico que corrobora com a tensão e as chances de alguém intervir são nulas.

É interessante notar também que esse é um filme de terror sem uma bússola moral, pois os protagonistas estão longe de serem heróis, apesar de receberem um castigo muito mais cruel do que mereciam. E o vilão não é necessariamente mau, apesar de suas ações parecerem realmente inhumanas.

DB 05 6e71a

Os diálogos são quase inexistentes na maior parte do filme, e quando algo é finalmente dito, serve apenas para te deixar mais aterrorizado, o que é bem interessante. Novamente, vou omitir os detalhes para evitar os spoilers, mas Stephen Lang fez um excelente trabalho como O Homem Cego, assim como Jane Levy, a única que realmente parece ter motivações reais para estar ali.

Os sons, ou a ausência de ruídos, são praticamente um personagem a parte dentro da trama, e o título Don’t Breathe (Não Respire) se justifica em diversos momentos chave. Os momentos de silêncio são tensos e a expectativa por um susto é grande, e mesmo esses elementos óbvios de filmes desse gênero são usados de uma forma bem interessante.

Por fim, “O Homem nas Trevas” é menos sustos e mais suspense, com um subtexto de cunho social e uma analogia bem descarada de justiça cega, uma aposta bem interessante dentro das ondas de remakes e sequências que invadem os cinemas nos últimos tempos.

Crítica do filme A Conexão Francesa | Justiça incisiva num filme realista

A cada obra europeia que chega aqui, temos mais uma oportunidade de admirar um cinema feito com paixão, muito mais real e ligado a grandes histórias. Não é por acaso que, de uns tempos para cá, esses filmes figuram em tantas premiações.

Este é também o caso de “A Conexão Francesa”, filme dirigido por Cédric Jimenez e com Jean Dujardin (ganhador do Oscar por sua interpretação em “O Artista”) no papel principal.

A história de “A Conexão Francesa” é baseada em fatos, os quais acompanham a chegada do juiz Pierre Michel (Dujardin) em Marselha, onde ele foi encarregado de desmembrar uma articulada quadrilha de traficantes.

O grupo de criminosos é comandado por Gartan Zampa (Gilles Lellouche), o qual expandiu os negócios para fora da cidade e faz transações até mesmo com italianos que comandam as vendas nos Estados Unidos. Com tal amplitude de atuação, esse esquema ficou conhecido como a Conexão Francesa, sendo este o principal alvo, pelo qual o juiz Michel ficou obcecado.

conexaofrancesa0 1809e

Com forte dose de ação, adrenalina constante e uma trama recheada de reviravoltas, “A Conexão Francesa” não apenas consegue ser fiel à realidade com um roteiro bem complexo, como também nos entrega uma retratação dos fatos com alto nível de qualidade na execução. É um filme que mostra a ousadia do cinema francês e deixa a plateia intrigada.

Tramoia de dar nó na cabeça

A sinopse de “A Conexão Francesa” é bastante inteligível, já que ressalta apenas a importância de dois personagens na história. Todavia, a longa época de violência que serve de base para o roteiro teve uma gangue de grandes criminosos, os quais são transportados juntos para a telona, com o objetivo claro de ressaltar o excelente trabalho do juiz, bem como o poder de Zampa.

Como você deve imaginar, como em qualquer círculo de transgressores, a corja que obedece ao rei do crime não se restringe apenas aos bandidos e foras da lei que trabalham no tráfico. A história aqui aborda a influência no comando da polícia, nos grandes estabelecimentos, nas ruas, na política e por aí vai. O longa retrata justamente essas conversas e relações em todos os âmbitos.

As minúcias exigem uma boa dose de atenção, ainda mais que a trama usa de artimanhas para esconder o jogo 

O espectador é levado a acompanhar a história dos dois lados, observando tanto a investigação de Michel quanto as sujeiras de Zampa. Acontece que são muitos nomes e atividades em paralelo, o que acaba começando a confundir a plateia. A similaridade entre personagens, bem como o uso de apelidos (usados no crime) e nomes (referenciados pela justiça) também deixa o desenrolar um bocadinho complexo.

Veja bem, a história de “A Conexão Frances” não tem falhas, mas as minúcias acabam exigindo uma boa dose de atenção. Felizmente, a trama usa de artimanhas para esconder o jogo, de modo que algumas surpresas sempre ficam no cano do revólver, só esperando para pegar o público de surpresa. O roteiro segue de maneira intensa, com reviravoltas que nos deixam boquiabertos com a violência e o tamanho do círculo criminoso.

conexaofrancesa1 dac0f

A veracidade dos fatos também chama a atenção, já que, segundo a reportagem do site Short List, o filme foi todo montado com a ajuda da filha de Zampa, a qual presenciou vários acontecimentos de camarote. A familiaridade do diretor Cédric Jimenez com sua cidade natal também é um fator que ajudou, já que ele cresceu nessas ruas e acompanhou as histórias na televisão.

Bang-bang à la francesa

A produção do filme “A Conexão Francesa” é algo que chama a atenção. O filme é livre de firulas, indo sempre direto ao ponto. A primeira cena já mostra o ritmo, com um tiroteio em plena luz do dia e uma violência retratada de perto, o que incrementa a realidade pretendida e choca a plateia com as ações dos criminosos.

A direção acerta nesse ponto, pois a câmera sempre está ali para mostrar a brutalidade de perto. Outra coisa importante é que não tem nada de quadros estáticos aqui, já que o diretor acompanha os personagens para todo lado. A movimentação ajuda a passar a sensação de tensão e, ao contrário do que vemos em outros títulos de ação, não impede de entender toda a circulação nos campos de combate.

A violência retratada de perto incrementa a realidade e choca a plateia com as ações dos criminosos

Uma característica importante é que o filme não fica de floreios com efeitos especiais, então não espere câmeras lentas ou balas voando perto das lentes. Isso é perfeitamente cabível para um filme datado, já que seria difícil conciliar a modernidade desses recursos com a época da trama. Aliás, falando nisso, a construção de cenários e cenas é caprichada, de modo que somos transportados para o passado com detalhes.

A fotografia colabora ao colocar o espectador no meio da trama. As belas paisagens da França garantem um charme para os confrontos entre a lei e o crime. Já os ambientes internos são adequados tanto para retratar residências da época quanto para enaltecer o luxo de Zampa – em locais que destoam de forma gritante do restante.

O trabalho na trilha, na edição e na mixagem de som se mostra coerente com a proposta, ao colocar  canções francesas da época para embalar as cenas e sons realistas que casam com as imagens. O resultado é excelente, com barulhos de tiros convincentes e uma combinação ótima entre diálogos e música de fundo. Destaque para “This Bitter Earth”, que entrega uma sequência emocionante.

conexaofrancesa3 6aec3

No meio de tudo isso, temos um elenco competente que entrega ótima performance. Os holofotes ficam, claro, sobre Dujardin, que se mostra eloquente e articulado ao encarar toda a bandidagem, a ponto de colocar sua família em risco, e Lellouche, ator que transpassa medo e respeito para a telona. O restante do elenco complementa bem, em diálogos persuasivos e que agregam à história.

O conjunto da obra é excelente, de modo que somos convencidos dos perigos da época e do heroísmo de um homem que teve a coragem de encarar o rei do crime de Marselha. “A Conexão Francesa” é um filme dramático, intenso e elegante. Uma excelente pedida para conhecer mais uma obra francesa e um pouco de história.

Crítica Star Trek: Sem Fronteiras | A Jornada nas Estrelas que os fãs merecem!

O reboot de Star Trek - lá em 2009 - para os cinemas foi uma sacada genial da Paramount Pictures. A produtora acertou em cheio com a pegada mais jovial, cômica e repleta de ação, introduzindo os personagens da série clássica para uma nova geração de fãs.

A nova Jornada nas Estrelas teve ótima recepção e não por acaso a retomada da história de Khan, em "Além da Escuridão", acabou ajudando a popularizar ainda mais a saga. Com uma ótima introdução e uma equipe que se mostrou muito simpática, a nova equipe da USS Enterprise se mostrou pronta para desbravar o universo.

A divulgação de "Star Trek: Sem Fronteiras" começou há bastante tempo, mas alguns tropeços acabaram deixando os fãs bastante preocupados. Com Justin Lin no comando do terceiro filme, os fãs acreditaram que o filme seria um "Velozes e Furiosos nas Estrelas". O primeiro trailer também não ajudou com um ritmo acelerado e até destoante da proposta do título.

Felizmente, o resultado foi surpreendentemente positivo. A construção de "Star Trek - Sem Fronteiras" aproveita muito daquilo que os fãs adoravam nos episódios antigos e dá continuidade aos primeiros filmes, com ação desenfreada, novas tecnologias, efeitos visuais de outra galáxia e uma estética muito bonita.

startreksemfronteiras1 0af7f

Na história, Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto), Uhura (Zoe Saldana), McCoy (Karl Urban), Sulu (John Cho), Chekov (Anton Yelchin) e Scotty (Simon Pegg) retornam à Enterprise para uma difícil aventura intergaláctica. Eles são levados a locais não explorados, onde encontram um inimigo que vai colocar tudo que eles acreditam em cheque. Dê um passo adiante para entrar na Enterprise e conhecer mais desta nova jornada.

Vida longa e próspera à Jornada nas Estrelas

Com os dois filmes anteriores servindo de plano de fundo, a equipe de produção desta nova aventura teve liberdade para desenvolver melhor o universo de Star Trek, uma vez que não é mais necessário gastar muito tempo com introdução de personagens ou apresentação da missão.

Desde o começo do filme, somos levados a acompanhar todas as cenas com um nível de detalhes fantástico, algo também possível graças ao roteiro que vai direto ao ponto, focando sempre em novidades. O diretor Justin Lin trabalhou lado a lado com cada especialista para entregar um filme perfeito em todos os quesitos.

startreksemfronteiras2 4d302

"Sem Fronteiras" entrega tudo que queremos: várias cenas clássicas dentro da nave, muitos perigos nas missões, planetas para descobrir, novas raças para interagir, táticas especiais para resolver os problemas e, claro, tripulantes muito participativos. Cada personagem desenvolve papel fundamental para a resolução da trama.

Os atores principais estão em suas melhores performances, conseguindo pegar as principais característica dos antigos protagonistas e entregando muitas novidades para levar os fãs a apostarem suas fichas nesta nova equipe.

Algo que deixa o filme muito equilibrado também é o tom de humor, com destaque para Spock que, mesmo com sua seriedade, consegue arrancar gargalhadas com piadas bem inteligentes. As cenas com Anton Yelchin nos deixam um tanto tristes, pois o ator havia conquistado um espaço na tripulação e agora dá adeus à série. A história também consegue prestar uma bonita homenagem à Leonard Nimoy. Só acertos!

Audaciosamente indo rumo ao desconhecido

Os roteiristas e produtores de "Sem Fronteiras" tinham um grande desafio em mãos: introduzir ineditismo, uma vez que os fãs já tiveram sua dose de nostalgia nos primeiros filmes. A missão era dificultosa, pois qualquer adição à série deveria se encaixar no universo de Gene Rodenberry, sem atropelar fatos apresentados anteriormente.

Ainda que não entregue genialidade em todos os momentos, o roteiro elaborado por Doug Jung e Simon Pegg surpreende até mesmo os fãs mais aficionados, sem deixar a coerência de lado e aproveitando várias referências para levar uma história muito empolgante para a telona. As cenas espaciais dão vez para uma trama mais pé no chão, que acaba agregando bastante ao entrelaçar as várias habilidades dos persoangens.

"Sem Fronteiras" mostra que a saga não tem mais limites e o desconhecido só é algo que ainda não foi explorado

O cenário principal do novo filme também não havia sido explorado na série, o que nos leva a conhecer um lugar inusitado. A riqueza de detalhes e as explicações apresentadas convencem bastante, de modo que dão embasamento para desenvolver toda a trama do novo vilão. Neste ambiente hostil, os espectadores também são apresentados a uma nova personagem que integra a equipe com perfeição: Jaylah (Sofia Boutella).

A fotografia do filme, aliás, é um dos pontos de destaque. A escolha de um ambiente rico em detalhes para exploração e destruição ajudou muito no desenvolvimento da trama. As perseguições em terra são tão empolgantes como em grandes títulos da ação, algo que se deve também aos personagens atualizados - principalmente esse Kirk mais heróico.

As tecnologias diferenciadas dos confins do universo garantem uma infinidade de possibilidades, as quais são bem desenvolvidas para dar mais emoção à trama. Os efeitos especiais também colaboram nesse sentido, com sequências de tiroteio espacial que colocam os fãs numa guerra nunca antes vista nos episódios ou nos filmes. Tudo isso, é claro, com a ótima percepção de dentro e fora da nave, com a equipe muito sincronizada.

startreksemfronteiras3 768bc

Importante notar ainda que o desenrolar da história não seria o mesmo sem o capricho na trilha sonora. O responsável aqui é Michael Giacchino (que já trabalha com J.J. Abrams faz um bom tempo). O cara conseguiu pegar as músicas clássicas da série e dar uma repaginada que se encaixa adequadamente ao mistério da nova trama, sem deixar de apresentar novidades na sonoridade que casam perfeitamente com as cenas de ação.

Basicamente, o título "Sem Fronteiras" mostra que a saga não tem mais limites e o desconhecido só é algo que ainda não foi explorado. Filme mais do que recomendado para os fãs de Jornada nas Estrelas e para todo o público que adora uma boa ficção espacial.

Crítica do filme Nerve | Essa brincadeira ainda vai dar choro!

O cinema em geral carece de propostas inovadoras, algo que os filmes com pegada young adult vêm tentando reverter nos últimos anos.

Ainda que a linguagem mais jovial seja um fator limitante na hora de conversar com outros públicos, é inegável que algumas ideias conseguem nos levar para outros horizontes.

No caso de “Nerve – Um Jogo sem Regras”, não precisamos sequer sair da nossa realidade para ver um novo mundo diferente. Vee (Emma Roberts) é uma jovem que tem uma vida social meio parada, o que a leva a entrar no Nerve, um jogo virtual de “Verdade ou Desafio”, o qual leva a proposta ao extremo, mas somente com os desafios.

O game é acompanhado por vários usuários online, que podem ver as transmissões ao vivo e votar para decidir o que os jogadores devem fazer. No começo, tudo é diversão e a jovem até fica famosa, mas logo o jogo começa a ficar perigoso. Com a ajuda de Ian (Dave Franco), outro jogador, ela vai tentar superar os desafios, porém o game pode não ser tão simples.

nerve0 303bf

Quer saber se o filme ficou bom? Então, pra você que não quer entrar muito em detalhes, podemos dizer que o conjunto da obra ficou legal. A receita está certinha: protagonistas jovenzinhos, aventuras inusitadas e um debate bem atual. Uma ótima pedida para quem curte tecnologia e adrenalina. Se você quiser mais detalhes, acompanhe o restante da crítica.

Os perigos da tecnologia

“Nerve – Um Jogo sem Regras” tem basicamente dois protagonistas: Vee e o próprio Nerve. A jovem interpretada por Emma Roberts está ali para representar qualquer um de nós. Ela não é especial e se deixa envolver pela tecnologia. Ninguém pode culpá-la também, afinal, todo mundo adora novidades e essa porta do mundo virtual ajudou muita gente a socializar.

O roteiro de "Nerve" se desenvolve de forma empolgante, com novos desafios que se entrelaçam

Do outro lado da telinha do celular, temos o outro protagonista, que, apesar de controlar vários dos personagens na trama, é controlado pelos amigos da própria Vee e por outras tantas pessoas que vivem no anonimato. Essa coisa do software interagir de uma maneira tão ampla com as pessoas é algo bem recente e se faz interessante na trama.

O conceito de Nerve parece um familiar, não? Pois é, conforme eu já expliquei no TecMundo, o game usa Realidade Aumentada para levar a galera a enfrentar desafios virtuais no mundo real, tal qual no Pokémon Go. A diferença é que o jogador não interage com a tela, mas apenas faz streamings dos desafios, tipo um gameplay da vida real.

nerve1 796f3

O roteiro do filme se desenvolve de forma empolgante, introduzindo novos desafios e entrelaçando os jogadores, que acabam alterando as provas uns dos outros. Acontece que o jogo pode tomar proporções exageradas, o que é usado justamente para desenvolver o debate por trás da história.

Nerve cria uma relação perigosa entre os jogadores e os observadores, em que os fãs decidem o destino dos jogadores. O sistema por trás do game é complexo e aproveita os dados públicos dos participantes, de modo que os espectadores sabem tudo sobre quem participa. O pior é que as pessoas que comandam o jogo (um público pagante) tomam as decisões no anonimato.

Mais do mesmo sobre a juventude

Toda essa questão tecnológica é positiva, principalmente pelo debate, mas a trama com as relações entre os jovens não tem nada de novidade. O filme cai na mesmice com intriguinhas, paqueras, festas e por aí vai. Não tem problema nesse ponto, já que é para ser um filme moderno, só não adianta esperar algo inovador. “Nerve” não quer ser esse filme.

Nerve pode não ser revolucionário, mas sua temática contemporânea se faz importante e a montagem é bem atual

A direção fica a cargo de Henry Joost e Ariel Schulman, que até agora só tinham feito curtas, documentários e uns filmes — de execução um tanto questionável — da franquia “Atividade Paranormal”. Em “Nerve – Um Jogo sem Regras”, no entanto, a dupla mostra algum talento, ainda que as ideias aqui apresentadas não sejam lá muito geniais.

O filme se apoia muito em cenas que apresentam telas de computadores e celulares, com foco nas interfaces já existentes de vários programas e serviços (incluindo produtos da Google, Microsoft e Facebook) e incrementando com alguns recursos de audiovisual para a criação da interface do jogo Nerve.

Aliás, o jogo virtual usa muitas cenas do mundo real com a sobreposição de botões e elementos gráficos que ressaltam o uso da realidade aumentada. A parte virtual então não tem nada de surpreendente, mas a forma como ela é trabalhada acaba intercalando muito bem com as cenas em que vemos os personagens participando dos desafios. Montagem bem legal e atual.

nerve2 ca3b2

Em questão de trilha sonora, “Nerve” faz o que deve fazer: abusa de trilhas comerciais que se conectam com a história e o público-alvo (muito pop e eletrônica). O filme não tem nada de composição original, mas isso não é ruim, já que não é para ser um Tron. Os sons embalam as festas, os momentos de adrenalina e, claro, as cenas mais emotivas.

“Nerve – Um Jogo sem Regras” pode não ser revolucionário, mas sua temática contemporânea se faz importante e a história de fundo não é de todo ruim. Filme recomendado para os jovens (principalmente para os fãs de Emma Roberts) que vão adorar a musicalidade e a diversão. Obra interessante para quem quer ficar antenado no debate das novas tecnologias.

Crítica do filme Um Namorado Para Minha Mulher | Tentar arrumar as vezes piora

Me frustrou um pouco mais saber que "Um Namorado Para Minha Mulher" é uma obra adaptada de um filme argentino de comédia dramática lançado em 2008, entitulada “Un Novio Para Mi Mujer”, do diretor Juan Taratuto. O filme fez bastante sucesso no país, e os produtores decidiram vender os direitos de adaptação para outros países, incluindo Espanha, México e Brasil.

Oito anos depois, sob a direção de Julia Rezende (“Ponte Aérea”), chega aos cinemas nacionais a adaptação, com a mesma estrutura e personagens principais, mas com uma ambientação contemporânea e regional. Além disso, o filme foca na comédia e esquece o drama, o que não é necessariamente ruim, mas acaba tornando tudo um pouco mais superficial e até infantil.

A história começa com um típico casal feliz, Chico (Caco Ciocler), casado com Nena (Ingrid Guimarães), mas que após quinze anos de vida conjugal se tornou uma mulher amarga e insatisfeita, reclamando de absolutamente todos os aspectos de uma vida cotidiana.

Um namorado para minha mulher 2 185f5

Chico não aguenta mais essa situação e não se sente capaz de salvar o casamento, muito menos de acabar com tudo. Então a coisa mais óbvia a se fazer é contratar alguém para seduzir sua mulher, fazendo ela se apaixonar por outro e forçar ela a acabar com o casamento, certo?

É bem absurdo, mas como é uma comédia a gente tem que relevar a situação. Então Chico é convencido por seus amigos a contratar um cara chamado Corvo (Domingo Montagner), que se diz sedutor e leva a vida fazendo exatamente isso, seduzindo a mulher dos outros e sendo pago pelos maridos por isso. Parece legítimo.

Acontece que o tal Corvo é um tiozão esquisito, com uma peruca que mais parece um poodle e
um estilo circense bem peculiar. E se fosse num contexto real a Nena não ia nem conversar com o cara, mas tudo bem, é apenas uma comédia

Um namorado para minha mulher 1 da6c9

Ou pelo menos deveria ser, pois o desfecho da última parte do filme é totalmente desestruturado e sem sentido, deixando de lado a comédia para concluir a história de uma forma dramática e com a famosa lição de moral  “só dá valor para as coisas quando as perde”.

Talvez a única coisa que seja interessante seja a atuação de Ingrid Guimarães. A atriz já se consagrou nas comédias nacionais após "De Pernas pro Ar" e "Loucas Pra Casar", que parecem agradar bastante o público brasileiro. A protagonista é chata e insatisfeita com a vida, e o melhor lugar para canalizar isso é um canal no Youtube, um emprego que ela consegue com um amigo de seu marido, Gastão (Paulo Vilhena). Dessa forma, ela consegue reclamar do cotidiano e em paralelo ser seduzida, o que acaba sendo a parte engraçada do filme.

"Um Namorado Para Minha Mulher" é um filme bem despretensioso, mas de certa forma datado. Até mesmo algumas piadas estão desatualizadas ou forçadas demais, então acredito que a menos que você queira muito ver esse filme, talvez seja melhor esperar passar na televisão.