A dr. Anna Fox (Amy Adams) é uma alcoólatra reclusa que passa os dias em seu apartamento em Nova York assistindo a filmes antigos e observando seus vizinhos. Quando a família Russell se muda para o prédio da frente, ela passa a espionar o que seria a família perfeita, até testemunhar uma cena chocante que muda sua vida.
Holden (Ben Affleck) e seu amigo Banky (Jason Lee) ganham a vida fazendo uma tirinha de sucesso em Nova Jersey. Amigos há anos, eles levam uma vida tranquila até o dia em que Holden conhece a roteirista Alyssa (Joey Lauren Adams). Apaixonado, não mede esforços para conquistá-la, mas surpreende-se ao descobrir que os dois têm mais em comum do que ele poderia imaginar.
A 91ª edição do Oscar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas teve sua cerimônia neste domingo (25), em uma noite da qual saíram improváveis vitoriosos. Mais marcado do que nunca pela presença de blockbusters, o evento teve como grandes protagonistas "Bohemian Rhapsody" e "Pantera Negra", que levaram quatro e três estatuetas, respectivamente.
Derrubando favoritos que eram dados como certos, como Christian Bale, para Melhor Ator, e Glen Close, como Melhor Atriz, a cerimônia trouxe algumas surpresas em determinadas categorias, mas não tanto em outras - é o caso de "Roma" levando o prêmio de Melhor Fotografia, por exemplo. O filme de Afonso Cuarón deu ainda o título de Melhor Direção ao mesmo e levou Melhor Filme Estrangeiro.
Mas foi "Green Book" o grande vencedor da noite, como Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, além do Ator Coadjuvante, que ficou com Mahershala Ali. Veja a seguir quais foram estes e os demais vencedores do Oscar 2019!
Melhor Filme
Vencedor Melhor Filme - Oscar 2019:
Green Book - Produzido por Jim Burke, Charles B. Wessler, Brian Hayes Currie, Peter Farrelly e Nick Vallelonga
Indicados Melhor Filme - Oscar 2019:
Pantera Negra - Produzido por Kevin Feige
Infiltrado na Klan - Produzido por Spike Lee, Sean McKittrick, Jason Blum, Raymond Mansfield e Jordan Peele
Bohemian Rhapsody - Produzido por Graham King
A Favorita - Produzido por Ceci Dempsey, Ed Guiney, Lee Magiday e Yorgos Lanthimos
Roma - Produzido por Alfonso Cuarón e Gabriela Rodriguez
Nasce Uma Estrela - Produzido por Bill Gerber, Bradley Cooper e Lynette Howell Taylor
Vice - Produzido por Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Adam McKay e Kevin J. Messick
Nunca Deixe de Lembrar - Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha)
Assunto de Família - Hirokazu Kore-eda (Japão)
Melhor Curta-Metragem
Vencedor Melhor Curta-Metragem - Oscar 2019:
Skin
Indicados Melhor Curta-Metragem - Oscar 2019:
Detainment
Fauve
Marguerite
Mother
Melhor Curta em Animação
Vencedor Melhor Curta em Animação - Oscar 2019:
Bao
Indicados Melhor Curta em Animação - Oscar 2019:
Animal Behaviour
Late Afternoon
One Small Step
Weekends
Melhor Canção Original
Vencedor Melhor Canção Original - Oscar 2019:
"Shallow" (Nasce uma Estrela) - Música e Letra de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt
Indicados Melhor Canção Original - Oscar 2019:
"All The Stars" (Pantera Negra) - Música de Mark Spears, Kendrick Lamar Duckworth e Anthony Tiffith; Letra de Kendrick Lamar Duckworth, Anthony Tiffith e Solána Rowe
"I'll Fight" (RBG) - Música e Letra de Diane Warren
"The Place Where Lost Things Go" (O Retorno de Mary Poppins) - Música e Letra de Marc Shaiman e Scott Wittman
"When A Cowboy Trades His Spurs For Wings" (A Balada de Buster Scruggs) - Música e Letra de David Rawlings e Gillian Welch
Roma, de Alfonso Cuarón, foi consagrado o melhor filme na 72.ª cerimônia do British Academy Film Awards (o BAFTA 2019), mas o grande vencedor da noite foi A Favorita. Com quatro estatuetas, o épico familiar mexicano de Cuarón levou quatro categorias (Melhor Diretor, Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia e Melhor Filmes), enquanto a "dramédia" histórica de Yorgos Lanthimos saiu com sete prêmios, incluindo Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante.
Outros destaques da noite foram a entrega do prêmio de revelação para Letitia Wright (Pantera Negra), melhor ator para Rami Malek (Bohemian Rhapsody) e Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali (Green Book - O Guia). Como uma das ultimas grandes premiações antes do Oscar, o BAFTA é um bom termometro para o que deve acontecer na cerimônia hollywoodiana.
A 72.ª cerimônia do British Academy Film Awards aconteceu ontem, dia 10 de fevereiro, com apresentação de Joanna Lumley. Confira a lista completa de vencedores do BAFTA 2019:
Este é um ano inusitado para a mais famos premiação de filmes do mundo. O Oscar mudou muito ao longo de seus mais de 90 anos, sendo que a edição de 2019 trouxe algumas indicações que deixaram o público intrigado com as decisões tomadas pela academia. É por isso que nossa equipe resolveu sentar para debater e falar altas besteiras sobre a 91ª edição do Oscar; e por isto este é o Podcafé de número 091 — e também porque a gente não liga para as regras de numeração.
Bom, voltando ao que importa, neste ano, temos "Pantera Negra" concorrendo na categoria de Melhor Filme, algo inusitado, já que outros tantos títulos de heróis da Marvel e da DC (alguns talvez até mais aclamados por críticos e pelo público) jamais chegaram neste patamar. Além disso, temos o famoso "Filme do Queen" (ou vulgo "Bohemian Rhapsody") na corrida de Melhor Filme, fazendo dupla com outro musical inesperado aqui: "Nasce Uma Estrela".
Tudo isso fez nos perguntar: mas o que está acontecendo com os velhinhos da Academia? Eles caducaram de vez? Será que esta mudança drástica nas indicações do Oscar se deu também pela tal dança das cadeiras dos membros que compõem o quadro de manjadores da Academia? Ou será que o Oscar é o novo MTV Movie Awards em que os filmes pop vão ganhar cada vez mais destaque?
Além disso, observando bem a lista dos indicados do Oscar na maioria das categorias, é fácil perceber uma enorme semelhança com outras premiações, principalmente com o Globo de Ouro. Temos entre os selecionados, filmes como "Infiltrado na Klan", "Green Book - O Guia", "A Favorita" e "Vice" (este último que obviamente vai ficar em segundo lugar). E isso sem falar em "Roma", um filme da Netflix que está concorrendo em 10 categorias! Simplesmente inimaginável e até bem polêmico para muita gente.
E aí a gente fica pensando se o Oscar não passou a ser apenas um repeteco de outros importantes eventos, que já não consegue mais se destacar, tanto pelas inúmeras polêmicas de outros verões (em que os caras davam 12 estatuetas pra um único título) quanto pela falta de uma seleção prévia que realmente consiga surpreender o público positivamente.
Embarque conosco neste papo, em que falamos sobre os filmes indicados na maioria das categorias, os atores e atrizes do ano, e até mesmo sobre os filmes que deram zebra, como "O Primeiro Homem" — que mesmo sendo patriota não aparece em quase nenhuma categoria — e "O Retorno de Mary Poppins" (que curiosamente não ganhou quase nada de destaque, mesmo sendo uma produção claramente com cara de Oscar).
Enfim, estas e outras tantas questões estão neste episódio polêmico. Dá o play!
Então, o que você achou dos indicados do Oscar? Quais são suas apostas nas principais categorias? Conta pra gente no campo de comentários e fique ligado que faremos a cobertura completa do evento no dia 24 de fevereiro. Obrigado pela sintonia e até lá :)
Adam McKay criou uma carreira sólida no reino das comédias idiotas. Ao lado de Will Ferrell, parceiro de SNL, a dupla entregou alguns do melhores e mais abusados títulos do gênero, incluindo O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy, Quase Irmãos e Os Outros Caras, e é aqui que as coisas começam a ficar mais interessantes.
É muito fácil classificar a filmografia de McKay como um mero apanhado de piadas de “pinto e peido”, mas com um pouco de atenção podemos observar sua crítica social mesmo dentro da comédia mais absurda. Em Os Outros Caras — comédia de ação policial de 2010 com Will Ferrell e Mark Wahlberg — o diretor faz uma crítica ferrenha ao sistema financeiro estadunidense, mostrando que Wall Street opera no mesmo nível de criminalidade que um esquema de pirâmide à lá Charles Ponzi.
Ainda em 2013, Adam McKay dirige O Âncora 2: Tudo Por um Furo, outra “comédia ridícula”, na qual ele desfere mais golpes contra a “indústria da notícia” e a mercantilização da informação, navegando pelas fake news. Culminando com A Grande Aposta, filme de 2015 sobre a crise financeira de 2007.
Em A Grande Aposta, McKay provou que é capaz de entregar muito mais do que piadas de gosto duvidoso. Indicado em cinco categorias no Oscar 2016, levando a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado, o filme se camufla com um estilo de “clipe musical” — extremamente ágil e rítmico — para explicar as minúcias da intrincada estrutura financeira estadunidense que colapsou em 2007. O elenco recheado de estrelas e a estrutura dinâmica misturando drama, comédia e documentário entregam uma crítica mordaz a todos os operadores do sistema. O que finalmente nos traz até Vice.
A nova empreitada de Adam McKay acompanha a asquerosa jornada de Dick Cheney — vice-presidente dos Estados Unidos durante as administrações George W. Bush — pelos meandros de Washington. Com o mesmo estilo de A Grande Aposta, e um elenco tão qualificado quanto, Vice explora a carreira de um dos políticos mais influentes da história dos Estados Unidos para pintar um retrato caricato de quem só pode ser descrito como um amigável agente do anticristo — ou algo menos ofensivo, caso você não seja um esquerdopata propagador de mentiras.
Podres poderes
O estilo ágil de McKay é percebido já nos primeiros segundos de filme. Entramos na vida de Dick Cheney em um momento crucial, durante os ataques terroristas de 11 de setembro. Conforme seguimos a agitação dos funcionários da Casa Branca somos transportados para Wyoming de 1963, onde Cheney é um jovem trabalhador braçal, bêbado, sem perspectivas que acabara de largar a faculdade e é confrontado por sua esposa Lynne Cheney que estabelece um ultimato para que seu marido se endireite e encontre seu caminho na vida.
Com muito humor e uma linguagem extremamente acessiva, o diretor segue acompanhando a carreira de Cheney, saltando para 1969 quando trabalhou com Donald Rumsfeld, assessor econômico de Nixon, tornando-se um agente político experiente enquanto conciliava a vida em família, chegando até ao cargo de chefe de gabinete da Casa Branca para o presidente Gerald Ford, enquanto Rumsfeld se torna secretário de Defesa.
Mesmo sem nunca permitir a total empatia pelo protagonista, Adam McKay ainda consegue entregar momentos de humanidade dentro de um personagem tão moralmente lacônico. Com a saída dos republicanos da Casa Branca o político veterano resolve concorrer para o congresso, época em que sofre seu primeiro ataque cardíaco.
Fragilizado físico e politicamente, sua esposa Lynne entra em cena para apoiar o marido, mostrando que as alianças de Cheney começam dentro do seu lar, com um relacionamento sólido com uma esposa e filhas que o apoiam incondicionalmente. Eis que Mary, a filha mais nova do casal se assume homossexual, fazendo com que o pai — por motivos altruístas ou meramente estratégicos — resolve deixar suas ambições presidenciais de lado em prol da privacidade de sua filha, cuja sexualidade certamente seria utilizada como arma política em uma eventual campanha. Neste momento temos uma pequena amostra do homem por trás do enxofre.
McKay vilifica Cheney na medida das ações do homem, mas não se esquece que até mesmo Lúcifer foi um anjo. Entretanto, esse não é o fim da história de Dick Cheney, mesmo que o diretor brinque que a escolha por proteger sua filha teria resultado em uma vida digna, saudável e feliz ao lado de toda sua família.
Tudo muda quando em 2000, o então candidato republicano George W. Bush chama Cheney para compor a sua chapa na campanha. Eis que as engrenagens maquiavélicas do veterano negociador de influencias percebe na imaturidade do jovem Bush um atalho para a presidência.
Mal encarnando
A história de Cheney é atraente por si só, mas é a performance de Christian Bale que realmente entrega o engenho ardiloso por trás de suas ações. Se a transformação física já é impressionante, é a atenção aos gestos, cacoetes e até mesmo timbre de voz que esconde a malícia do personagem. Como o próprio Bale “brincou” em seu discurso de agradecimento pela estatueta de melhor ator no Globo de Ouro, Satã foi sua maior inspiração para o papel; deixando assim bem claro o sabor diabólico de sua interpretação.
No mesmo nível infernal de qualidade, temos Steve Carell. Na pele do abrasivo Donald Rumsfeld o ator entrega mais um desempenho sólido, mostrando que a parceria com McKay é projetada exclusivamente para fazer a Lu Belinmorder a língua (brincadeira Lu)
Enquanto isso, Amy Adams se transforma em Lynne Vincent Cheney com um misto de austeridade e compaixão. Sua força na tela faz jus a verdadeira Lynne cujos princípios religiosos, políticos e familiares nem sempre se mostraram alinhados, mas que estabeleceu fundações sólidas para que seus familiares pudessem edificar suas carreiras.
Flerte comunista da grande mídia contra o cidadão de bem
Adam McKay refinou suas habilidades e deu mais corpo ao estilo apresentado em A Grande Aposta. Algumas ideias do título anterior são incrementadas, enquanto a o diretor/roteirista ainda brinca com formatos e narrativas.
O elenco excepcional da um toque especial ao filme. O destaque maior fica para Christian Bale, um dos favoritos ao Oscar 2019, mas não podemos deixar de mencionar o trabalho Amy Adams e Steve Carell, ambos entregam atuações sólidas.
Vice é um ótimo filme, seja por aspectos técnicos ou artísticos. A direção é inventiva e bem estruturada, enquanto o roteiro é suficientemente inteligente para ser didático sem ser enfadonho. A condução é ágil, e repleta de humor, sendo que os textos, diálogos e a composição do filme estão todos muito bem amarrados.
A imagem demoníaca do ex-vice-presidente é um olhar liberal dos feitos de um republicano conservador, mesmo que não traga inverdades
Para além da película, McKay nunca precisou dizer abertamente seu posicionamento político, pois sempre ficou evidente sua inclinação liberal. Em outras palavras, se a sua visão política do mundo não está alinhada com a do diretor, certamente ficará enraivecido com todo o “mimimi” canhoteiro que permeia a narrativa. Dito isso, a visão da vida de Dick Cheney apresentada por McKay pode até conter um exagero ou outro, mas no final não traz nenhuma grande inverdade.