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Critica do filme Millennium: A Garota na Teia de Aranha | Bug do Millennium

A série literária “Millennium” conseguiu, ao longo da última década, vender mais de 80 milhões de cópias ao redor do globo. A trilogia original, escrita pelo falecido escritor sueco Stieg Larsson, rendeu uma série de filmes em sua terra natal — que ajudaram a mostrar o talento da sueca Noomi Rapace para o mundo — bem como uma refilmagem estadunidense comandada pelo brilhante, David Fincher.

Mesmo com algumas diferenças, as duas adaptações conseguiram fazer um belo trabalho em trazer todo o clima de tensão dos livros. Na verdade, um dos pontos mais interessantes das adaptações é como tanto na versão sueca como na hollywoodiana, a cadência narrativa e o clima de mistério são análogos, focando na investigação e desenvolvimento dos personagens. Vale destacar que a refilmagem de David Fincher foi indicado para cinco estatuetas do Oscar 2012, faturando o prêmio de melhor edição.

Apesar de a Sony ter planejado as continuações para a Millennium: Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (2012), os projetos nunca saíram do papel. Enquanto isso, no reino da 6ª arte, lá nos idos de 2013, o escritor David Lagercrantz foi incumbido pela editora Norstedts de escrever uma continuação da Trilogia Millennium de Stieg Larsson. Batizado no Brasil como A Garota na Teia de Aranha (Det som inte dödar oss) o quarto romance da série Millennium, promoveu o retorno da dupla Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist.

Percebendo a volta do interesse do público, a Sony resolveu retomar o projeto diretamente da quarta  parte, A Garota na Teia de Aranha, deixando para trás o diretor David Fincher e os atores Rooney Mara ( Lisbeth Salander) e Daniel Craig (Mikael Blomkvist). Sob a tutela de Fede Alvarez, responsável pelo ótimo O Homem nas Trevas, e com um elenco revigorado — encabeçado por Claire Foy (O Primeiro Homem) — a nova adaptação é um misto curioso de continuação e reboot (recomeço) da série, se distanciando das outras iterações e tentando criar um estilo próprio.

Grande é a teia que tecemos, quando aos outros enganamos

Como dito anteriormente, o filme se inspira no quarto livro da franquia Millennium, o primeiro de David Lagercrantz, que assumiu a linha após a morte do criador Stieg Larsson. Por conta disso, é inevitável a estranheza quanto ao cenário, pois assume-se que espectador está minimamente familiarizado com os personagens e temas da série. 

Sem perder tempo, Fede Alvarez coloca nos dentro do duro mundo de Lisbeth Salander. Após os eventos da trilogia original — que não recebem sequer um “flashback” para benefício dos espectadores mais deslocados — Mikael Blomkvist (Sverrir Gudnason) seguiu escrevendo para a revista Millennium, na qual publicou várias reportagens sobre o Lisbeth Salander (Claire Foy) e seu passado sombrio. 

A hacker ficou conhecida como uma espécie de anti-heroína, que ataca homens corruptos e misóginos. Apesar da fama repentina, ela consegue se manter distante da mídia até que contatada por Balder (Stephen Merchant), um programador que pede que Lisbeth recupere uma de suas criações o Firefall — um projeto governamental capaz de assegurar o controle os arsenais nucleares de qualquer nação.

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Lisbeth, temendo que o programa caia nas mãos erradas, aceita a missão e consegue extrair o programa dos servidores da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. Entretanto, um grupo de criminosos conhecidos como Aranhas, também estão interessados no sistema, sendo que os mesmos também possuem uma conexão muito próxima a Lisbeth.

Como esperado em qualquer tecno-thriller temos uma boa dose de digitação acelerada em telas múltiplas. A trama, que não traz nada de original, se desenvolve razoavelmente bem, introduzindo algumas curvas morais e dilemas éticos. Entretanto, tudo parece muito distante do estilo taciturno estabelecido tanto na trilogia original como na refilmagem de David Fincher.

A investigação ainda acontece, mas de uma maneira muito mais acelerada. A escolha de Fede Alvarez pela ação em detrimento do suspense pode afastar fãs das histórias originais, ao mesmo tempo em que deixa claro seu intento em criar algo diferente.

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O beijo da mulher-aranha

Claire Foy é o maior destaque do filme, não apenas por ser o nome mais famoso do elenco — seguida talvez por Sylvia Hoeks (Blade Runner 2049) — mas por entregar uma interpretação sólida.  A atriz — que ganhou fama com o seriado The Crown, mas que já vinha mostrando seu talento em filmes como Distúrbio, Uma Razão para Viver e do recente O Primeiro Homem — consegue emular o estilo de suas predecessoras, as igualmente excelente Rooney Mara e Noomi Rapace.

Elementos quintessenciais como a fluidez de gênero e sexualidade são evidenciadas por movimentos sutis e pela própria caracterização andrógina de Claire Foy. Se alguns podem questionar o sotaque da atriz, pouco se pode criticar quanto a forma como ela entrega as falas. Com um talento especial ela consegue se apropriar da personagem ao mesmo tempo em que faz referência ao estilo daquelas que a antecederam, seja no tom de voz ou até mesmo na forma como segura um cigarro.

Todavia há uma disparidade entre a Lisbeth de Claire Foy e a Lisbeth imaginada por Alvarez. Claire Foy faz um belo trabalho em trazer para telas o simulacro esperado pelos fãs da série, entretanto, “A Garota na Teia de Aranha” é uma nova visão da série Millennium e fica claro como o diretor tentou imprimir seu estilo, inserindo muito mais ação do que nas iterações anteriores. Assim a atuação de Foy acaba destoando um pouco do cenário, haja vista que ela traz muito da essência taciturna dos originais e não parece abracar totalmente o estilo “Jason Bourne” da nova Lisbeth.

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Porque aranhas não ficam presas nas próprias teias?

Millennium: A Garota na Teia de Aranha é um bom thriller policial, repleto de ação, mistério e algumas reviravoltas interessantes. Fede Alvarez entrega um trabalho interessante, mesmo que menos criativo do que O Homem nas Trevas, enquanto Claire Foy domina a película como a hacker-vingadora-feminista-pansexual Lisbeth Salander.

O grande ponto, negativo ou não, é a dissonância de A Garota na Teia de Aranha com o resto da franquia. Nos livros, nas adaptações suecas e na refilmagem estadunidense, fica evidente o tom sóbrio da narrativa e dos personagens. No entanto, em A Garota na Teia da Aranha temos algo totalmente diferente, com uma Lisbeth mais ativa, um Blomkvist que beira a inutilidade, e uma história megalomaníaca que se espelha em um episódio da franquia 007.

Fede Alvarez entrega um bom filme, que não tem nada a ver com a franquia Millennium!

As mudanças abalam a apreciação do filme como uma nova edição da série Millennium, mas ajudam a entregar um filme ágil que possui uma identidade própria e que abre muitos caminhos para o futuro da personagem. A pergunta que fica é se esse distanciamento todo é algo bom ou ruim? 

Crítica do filme A Casa que Jack construiu | A arte nos alicerces da loucura

Quem já viu ao menos um filme de Lars von Trier sabe que o cara não faz filme para as massas – e não estou falando num sentido pejorativo, mas é fato que seus roteiros são pouco digeríveis e muita gente só consegue sentir repulsa a suas analogias.

Suas abordagens de temas chocantes são pra lá de polêmicas e, ao menos a meu ver, ele tem fases um tanto distintas. Eu já vi o lado dele mais voltado à natureza humana, bem como já pude ver sua percepção de insignificância do ser perante o universo.

Agora, em sua mais recente adaptação, von Trier parece querer explorar o lado mais obscuro da mente humana, numa viagem pela lógica – se é que esse termo se aplica em alguma coisa do cineasta – de um serial killer.

Afinal, o que motiva alguém a matar outrem? O que leva alguém a matar repetidas vezes, de forma até compulsiva, tantas pessoas pelo simples prazer de ver a vida se esvair? Há tantos impulsos, variáveis, emoções e pensamentos que se disfarçam de motivações, mas será que há uma justificava final?

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Esta é uma das raízes para tantos filmes sobre assassinos em série: explicar o inexplicável. É claro que cada roteirista tem uma determinada inclinação para uma abordagem, que dificilmente vai conseguir chegar a algum lugar, mas alguma conclusão sempre pode ser tirada – até mesmo da mais confusa das obras.

Lars von Trier, como de praxe, resolve seguir uma vertente mais ousada, mostrando toda a violência possível de alguém que mata por prazer, mas sem deixar de mostrar que, apesar de quase inexplicável, pode haver um tom de coerência e até de arte por trás de tamanha brutalidade.

Em “A Casa que Jack construiu”, acompanhamos a jornada de Jack (Matt Dillon), que nos conta suas peripécias ao longo de doze anos, período em que refinou suas habilidades em uma série de assassinatos. Felizmente, desta vez, o cineasta conseguiu resumir a história em pouco menos de três horas, mas há boas motivações.

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Só para adiantar, é um filme brutal em sua essência, que visa retratar apenas o lado do assassino, então não espere nada menos do que uma pegada desumana e visceral. Na sala em que eu estava, um idoso saiu logo após uma hora de filme e chamou todos os espectadores de “perturbados”. Engraçado porque é verdade.

Bom, mas vamos ao que interessa. Abaixo, vou comentar um pouco sobre minha perspectiva desta obra de Lars von Trier. Por se tratar de um filme um bocado complexo, é inevitável fazer um texto mais elaborado sem entrar em detalhes. Então, esteja avisado: esta crítica contém spoilers.

Filme, documentário ou debate?

Via de regra, filmes como “Zodíaco”, “Seven” ou “O Silêncio dos Inocentes” seguem uma linha bastante clara dentro de um cenário fictício. Vez ou outra, alguns roteiros usam de recursos com diálogos em segundo plano para facilitar a linha de raciocínio, mas esta não é uma regra para os títulos de suspense pautados em serial killers.

Nesse sentido, até determinada parte, von Trier segue a cartilha, com uma história até linear e uma conversa de fundo, que pode ser entre o protagonista e um psicólogo, por exemplo. Todavia, o papo secundário aqui parece ser um recurso conveniente para dar mais sustento a uma outra linha de raciocínio, já que somente a história principal seria violência gratuita sem motivo – não que a adição de uma conversa mude isso.

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É claro que os desavisados já podem estranhar um bocado o filme após o primeiro capítulo, já que tão logo possível, o diretor nos presenteia com cenas ilustrativas para embasar as falas do personagem. Isso vai desde cenas de tigres na selva até um pianista tocando com maestria. Qual o sentido? Às vezes, nenhum. Mas é a arte...

E eis aqui o ponto que quero chegar, essa discussão de arte insistente no filme é algo que talvez faça algum sentido na cabeça do protagonista – e por que não de outros tantos psicopatas que fizeram atrocidades ao longo da história da humanidade? A destruição, a morte e a violência dificilmente são associadas à arte, mas eis o trunfo do filme, que tenta sugerir o bizarro e inconcebível para muitos espectadores.

O mais interessante é que não é de todo tosca a linha de lógica do assassino, uma vez que ele consegue formular boas justificativas para suas ações, mesmo que isso seja completamente contra a moral e a civilidade. Logo, somos presos em sua mente e queremos saber qual será seu próximo passo e onde ele quer chegar – e mais, o que tudo isso pode ter a ver com a casa dele.

Um ponto válido a ser apontado é que o diretor dinamarquês quebra a máxima de sua estranheza inerente ao balancear esse debate entre a ficção e a arte. Além disso, a meu ver, ele parece querer se justificar com esta obra, já que as questões apresentadas por Jack também são pertinentes para outros artistas.

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Enquanto tantas pessoas questionam os limites da arte e criticam fortemente os títulos de von Trier, ele mesmo resolve se justificar e propor que, às vezes, é preciso um bocado de estranheza, violência desmedida, assuntos inconvenientes e uma linguagem ousada para criar algo único e memorável.

No fim, esta parece ser a mensagem, a arte deve perpetuar, custe o que custar. Se isto é certo? Provavelmente não. Se alguém concorda? Também não. Mas oras, não assistimos aos filmes porque compactuamos com um ponto de vista, mas porque queremos fazer parte deste debate e opinar sobre a arte alheia.

Violência do jeito que a gente gosta

Bom, apesar de todo esse debate de arte, uma coisa que eu devo enaltecer aqui foi a capacidade de Lars von Trier de sair de sua zona de conforto (e desconforto para os demais) para entrar em uma linha mais direta e inteligível. É bom sim que “A Casa que Jack construiu” seja em seu cerne um filme de serial killer, pois podemos ver outras capacidades do diretor.

Ainda que dividido em alguns capítulos para criar esse debate, o roteiro é centrado nas histórias de Jack, de modo que podemos acompanhar com clareza de detalhes toda sua psicopatia e nos deleitar com um banho de sangue, pautado em uma brutalidade, às vezes, até descomunal. Não, as mortes apresentadas não ficam só no básico, afinal esta é a melhor assinatura do diretor. E daí a polêmica, claro.

Felizmente, temos um ator incrivelmente persuasivo no papel principal. Matt Dillon se consagra aqui, dando uma aula de encenação e loucura como vimos poucas vezes. Enquanto alguns psicopatas tendem a se esconder nos filmes, Jack domina toda a película, já que a perspectiva do roteiro é completamente avessa ao comum. E aí é que entra a necessidade de alguém muito talentoso e dedicado.

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Particularmente, eu vejo Dillon aqui num misto entre a loucura e o charme. A forma como Matt Dillon expressa cada frase e a força com que ele domina as cenas, bem como suas vítimas, é algo para aplaudir em pé.

Não sei porquê, mas ele me pareceu um ator que consegue balancear as caretas insanas de Jim Carrey e a postura pomposa de Josh Brolin. Faz sentido? Talvez não, mas só achei válido comentar que algumas cenas ele me lembra um ou outro, talvez eles tenham feito a mesma escola de artes cênicas.

Obviamente, para a mágica acontecer do jeito que a gente gosta, há toda uma produção consistente, com situações propícias e coadjuvantes colaborativos – incluindo uma participação especial de Uma Thurman. A edição do filme também ajuda consideravelmente, uma vez que há cenas um bocado difíceis que precisam de realismo e o timing perfeito para nos convencer de que tudo é real.

E falando em apreciar um bom filme de violência, eis aqui um ponto interessante de “A Casa que Jack construiu”: uma obra talvez quase desnecessária (se julgarmos que não há um vilão e um bandido), mas que nos chama a atenção pelo teor exagerado de brutalidade. E por que gostamos de filmes assim? Eu não sei, talvez seja a sensação de impotência, pânico ou angústia, mas algo muito forte prende nossa atenção.

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Nesta obra em específico, o cineasta nos dá boas razões porque gostamos de ver tal tipo de arte, sendo que uma delas é a possibilidade de apreciar a incrível burrice humana. Outro motivo é a nossa admiração pelos mistérios da mente, que aqui se acentuam num nível extraordinário. Enfim, há várias lições e argumentações muito válidas neste longa-metragem, que merecem nossa atenção.

Muita gente não vai ver graça ou qualquer razão para ver este filme, porém eu acho que os aficionados por serial killers e os fãs do diretor vão encontrar aqui um prato cheio de sanguinolência para degustar com calma. Há muitas cenas e ideias geniais, que você certamente vai precisar curtir no cinema para aproveitar toda a maestria de Lars von Trier.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald | A magia de uma franquia gigante

Essa crítica é livre de spoilers e o filme será muito melhor se você não souber nada sobre ele, além é claro de ter lido todos os livros e visto todos os “Harry Potter”  e “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. Se você já assistiu, evite contar publicamente sobre os segredos da trama.

A segunda parte de uma franquia sempre traz diversos desafios. O charme do primeiro filme precisa ser reproduzido enquanto uma nova história é contada. E quando o filme é o segundo de uma série de cinco, a dificuldade aumenta consideravelmente. Esse é possivelmente o maior problema de “Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald”, ser uma história inacabada e incompleta no meio de um mundo fantástico repleto de magia.

É preciso contar uma história que se insira em um contexto maior e preencher com momentos feitos para agradar os fãs de forma balanceada, e infelizmente não foi dessa vez que isso aconteceu. Novamente David Yates assume a direção e quem assina o roteiro é ninguém menos que a autora J. K. Rowling, responsável por criar todo o mundo de Harry Potter, mas que como roteirista é uma ótima escritora de livros.

Menos animais, mais crimes

O filme começa imediatamente após os eventos do primeiro filme, onde o sinistro mago das trevas Gellert Grindelwald (Johnny Depp) foi capturado pelo MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América) com a ajuda de Newt Scamander (Eddie Redmayne). Contudo, cumprindo sua promessa, Grindelwald fugiu da prisão e passou a reunir seguidores que, na maioria dos casos, desconheciam suas verdadeiras intenções: criar magos de sangue puro para dominar todos os seres não mágicos.

Na tentativa de frustrar os planos de Grindelwald, Albus Dumbledore (Jude Law) recruta seu ex-aluno Newt Scamander, que concorda em ajudá-lo, sem saber dos perigos que enfrentará pelo caminho. Tina (Katherine Waterston), Queenie (Alison Sudol) e Jacob (Dan Fogler) voltam para se aventurar pela Europa, enquanto dois lados se enfrentam, à medida que o amor e a lealdade são postos à prova, até mesmo entre amigos e familiares, em um mundo de bruxaria cada vez mais dividido.

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Assim como “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” marcou uma mudança de tom na franquia, em “Crimes de Grindelwald” tudo é muito mais sombrio. O filme todo é mágico, os efeitos especiais são fascinantes e impecáveis, assim como o design de roupas, locações e principalmente as criaturas fantásticas.

Porém, se em “Animais Fantásticos e Onde Habitam” eles eram parte central da trama, aqui eles são meramente um artifício para demonstrar efeitos especiais ou vender bonecos. O foco é voltado totalmente para o desenvolvimento dos personagens, o que não é necessariamente ruim, mas destoa totalmente do que o primeiro filme propõe.

Como ser um trouxa no mundo mágico

Não entenda mal, eu adorei o filme e tenho certeza que será um sucesso entre os fãs. Mas ao sair do cinema e voltar para a realidade, você com certeza vai se questionar sobre o sentido de tudo. Mas fazendo uma respectiva, é apenas um monte de ideias jogadas na tela, algumas até desnecessárias.

Um bom exemplo é Nagini (Claudia Kim), a Maledictus destinada a se transformar permanentemente em uma cobra, algo que foi revelado durante um trailer. O fato dela mais tarde se tornar o animal de estimação de Voldemort é bastante relevante, porém durante o filme ela simplesmente está ao lado de Credence (Ezra Miller), fazendo nada.

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Quanto ao tão aguardado papel de Jude Law como o jovem Dumbledore. Seu relacionamento com Grindelwald é sugerido de forma tão sutil que talvez até passe despercebido. Pessoalmente achei que apesar de Law não aparecer tanto durante o filme, Dumbledore continua sendo uma figura bastante respeitável e poderosa, com certeza veremos mais demonstrações de sabedoria e poder nos próximos filmes, mas aqui a sensação de insaciedade permanece.

E é nesse ponto que eu gostaria de chegar. É claro que todo fanservice é agradável, mas no final a sensação é que não havia uma história ali, apenas momentos que serão explorados em um dos próximos filmes, tornando “Os Crimes de Grindelwald” apenas uma prévia para algo que ainda não existe. O roteiro se perde em diversas tramas confusas e desnecessárias, com personagens demais e nenhuma profundidade.

Rowling é uma excelente escritora, mas a diferença de livros para o cinema é gritante. Ela tende a adicionar muito mais do que o filme precisa, detalhes, monólogos cansativos e cenas sem graça, algo que poderia ser facilmente solucionado com um co-roteirista ou até mesmo um editor para guiá-la até o produto final. A esperança é que isso aconteça nos próximos capítulos.

Só magia top

O principal problema do primeiro filme era a falta de desenvolvimento dos personagens, focando mais nas criaturas. Esse problema foi revertido de forma bem eficaz, já que agora tudo gira em torno de relacionamentos e confrontos familiares.

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Redmayne continua impressionante como Scamander. Sua incapacidade de olhar nos olhos de alguém por mais que alguns segundos, sua doçura cativante e empatia com qualquer criatura transborda em todos os momentos. O problema é que colocam esse ser tímido e esquisito no meio de um confronto épico e ele precisa decidir de que lado vai ficar, tomando partido ativamente para mudar o mundo ao invés de esperar que outras pessoas façam isso por ele.

Dumbledore diz que admira Newt porque ele não procura poder, mas que “simplesmente pergunta-se, essa é a coisa certa a se fazer?”. Newt não vem de uma linhagem poderosa ou é o protagonista de uma profecia antiga, seu superpoder é simplesmente sua bússola moral, sendo um perfeito herói do ponto de vista narrativo. Redmayne retrata magistralmente todo o conflito de Scamander, seus olhos brilham e ele fica em paz enquanto está perto de uma criatura mágica, mas parece melancólico enquanto precisa fazer coisas mais mundanas e sérias.

Conhecemos também a relação de Newt com seu irmão Theseus Scamander (Callum Turner), um auror que representa tudo que ele não gostaria de ser, além de Leta LeStrange (Zoe Kravitz) a moça do retrato que Newt carregava e todos os motivos que levaram Leta e Newt não ficarem juntos.

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O retorno de Jacob e Queenie deixam de ser apenas o alívio cômico para dar lugar a questionamentos a respeito do que é seguro e moral em relacionamentos amorosos. Tina continua sendo uma Auror de respeito e a tensão entre ela e Newt é um contraponto perfeito a Jacob e Queenie. Gostaria de explorar mais sobre esses assuntos, mas é melhor você assistir.

Credence Barebone, o Obscurial do primeiro filme não tem muito desenvolvimento, passando a maior parte do tempo emburrado e tentando descobrir quem ele é realmente, mas sem muito sucesso. Por outro lado, Grindelwald (Johnny Depp) é instantaneamente cativante como vilão, tanto por seu histórico fora das telas quanto por seu jeito e aparência bizarros. Particularmente acho Grindelwald um vilão muito mais interessante que Voldemort (Ralph Fiennes), um ponto positivo é que não se parece com nenhum dos já característicos personagens de Depp.

Seu crime foi amar demais?

J.K. Rowling adiciona milhares de referências ao universo bruxo que todos conhecem e amam, versões mais novas de personagens consagradas (algumas até contradizendo materiais anteriores) e expande a magia para além dos muros da escola. Porém os problemas de narrativa atrapalham um pouco o encanto, apesar de todas as reviravoltas que a história conta. 

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Os Crimes de Grindelwald te convidam a investir novamente em personagens que talvez sejam realmente incríveis em filmes futuros, mas que por enquanto são apenas ideias colocadas alternadamente em cenas magníficas e tediosas. É bastante ambíguo sim, assim como os supracitados crimes, você vai ser convidado a amar ou odiar o longa, sem chance para ficar em cima do muro.

Crítica do filme Bem Vindo a Marly Gomont | Uma história sobre resiliência

O cinema antes de qualquer funcionalidade tem como princípio contar histórias, às vezes de ficção e outras inspiradas em histórias reais de pessoas que marcaram uma época, uma sociedade, um país ou até mesmo um pequeno vilarejo, como é o caso do filme  “Bem Vindo a Marly Gomont” de Julien Rambaldi, que conta a trajetória de Seyola Zantoko, jovem médico, que decide morar com a sua família no interior da França.

Ser estrangeiro não é fácil, construir o seu sonho longe do seu país de origem é um desafio que leva tempo e coragem, especialmente no caso de Seyola Zantoko, médico negro natural de Kinshasa capital do Congo, que após se formar em medicina e recusar um cargo de prestígio em seu país que enfrentava a ditadura liderado pelo General Mobutu,  aceitou a proposta de ser médico em um pequeno vilarejo francês chamado “Marly Gomont”, que nunca teve moradores negros até a mudança da família Zantoko.

Longe de ser um filme que se aprofunda com questões raciais, “Bem Vindo a Marly Gomont” conta as dificuldades, desafios e superações que a família Zantoko enfrentou na  pequena cidade. De uma forma leve e com uma narrativa que mistura os momentos de drama  sem tirar o humor do roteiro, o filme expõe o impacto de ser diferente em uma terra fértil para ignorância, como disse o próprio personagem natural de Marly Gomont, o fazendeiro Jean (Rufus).

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A grande virtude do filme fica por conta da simplicidade e sutileza que Kanini, filho de Zantoko, narra a sua história e da sua família. Sendo o co-escritor do longa junto com o diretor Rambaldi e o roteirista Benoit Graffit, o filho mais novo de Zantoko mostra a prepotência da classe política, o bullying presente na vida colegial e a cultura afro em suas várias vertentes.

Semelhante ao longo francês Intocáveis (2011) de Olivier Nakache e Éric Toledano, o filme de Julien aborda principalmente à procura de aceitação, tanto pelo médico que chegava a reprimir os costumes e o modo que a sua família agia quanto moradores do vilarejo que também sofriam por serem “diferentes”. Contudo, a repressão era advertida com humor, especialmente por Anne Zantoko (Aissa Zinga), esposa do médico, que com base de comentários ácidos torna a história mais leve e cômica.

Bem vindo à Marly-Gomont não é somente um filme sobre racismo, e sim uma de história resiliência de uma família estrangeira em uma terra cheia de preconceitos, algo um tanto comum nos dias de hoje. Porém, longe de utilizar os momentos difíceis para basear as angústicas que os personagens viveram, o filme emociona com cenas de superação e de saídas divertidas que arrancam lágrimas de emoção e humor.

Critica do filme Operação Overlord | Os terrores da guerra

O grande feito de Operação Overlord é não apresentar grandes erros. Misturando gêneros e narrativas o filme faz um trabalho competente sem se sobressair em nenhum lado. O título — que por muito tempo foi dado como atrelado a franquia Cloverfield, muito provavelmente por conta do envolvimento de J.J. Abrams na produção — é comandado pelo novato Julius Avery, que faz um belo trabalho de câmera e entrega algumas cenas interessantes, mesmo que a soma total de seu trabalho não seja impressionante.

Combinando elementos de bons filmes de guerra com bons thrillers sobrenaturais, Operação Overlord apresenta uma mescla dinâmica que podem até não se destacar separadamente, mas que acabam trabalhando muito bem como um todo. A ação e o medo são bem dosados e mesmo com alguns escorregões na direção e no roteiro, Julius Avery e a dupla Billy Ray e Mark L. Smith, entregam um filme ágil e envolvente.

A inserção do elemento sobrenatural traz outro nível de terror ao já caótico cenário da Segunda Guerra Mundial. Fãs de videogames certamente reconhecerão elementos de Wolfenstein 3D, mas esse conceito não é nenhuma novidade, haja vista os elementos de “misticismo nazi” em filmes como Indiana Jones e Horror em Alto Mar, sem contar o anime Hellsing e os quadrinhos de Hellboy. O que Operação Overlord faz com muita habilidade é navegar entre os gêneros sem causar muitas marolas.

As causas ocultas da presente guerra

Antes mesmo das forças aliadas desembarcarem nas praias da Normandia, no que seria o evento estratégico decisivo da Segunda Guerra Mundial, uma missão de suporte já acontecia em plena madrugada. Para garantir o sucesso da operação Aliada, era necessário destruir uma estação de comunicação do Eixo instalada na pequena vila francesa de Cielblanc. Assim os paraquedistas da 101ª Divisão Aerotransportada são enviados para penetrar as linhas alemãs horas antes do Dia D, preparando o terreno do que seria o início do fim da Segunda Grande Guerra.

O que os soldados não sabem é que além de aparato de comunicação, a vila de Cielblanc também esconde um segredo nazista ainda mais perigoso. Antes de chegar ao solo o esquadrão já sofre as primeiras baixas. Abatidos antes de alcançar seu objetivo, os poucos soldados devem se organizar rapidamente para tentar cumprir a missão, caso contrário toda a ofensiva pode falhar.

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Entre os sobreviventes temos o bastião moral Boyce (Jovan Adepo) e o endurecido Ford (Wyatt Russell) — Russell e Adepo entregam atuações muito boas e evidenciam a dualidade moral da guerra e quais os limites em um cenário tão aterrador. Independente de eventuais questionamentos históricos, é poderosa a mensagem de se colocar um soldado negro em uma posição de destaque dentro do filme — mesmo que na realidade a segregação racial também evidenciasse dentro do próprio exército estadunidense.

Depois de encontrarem outros soldados do pelotão, Tibbet (John Magaro) e Chase (Iain De Caestecker), o grupo segue com a missão rumo a Cielblanc. Lá acabam esbarrando com Chloe (Mathilde Ollivier) uma jovem francesa presa no meio do conflito. Fazendo o necessário para sobreviver a guerra enquanto cuida de sua tia — vítima dos nazistas em seus experimentos profanos — e de seu irmão menor Paul (o carismático garotinho Gianny Taufer).

Mas até onde o grupo está disposto a ir para completar a missão? Os custos morais podem ser altos demais e não se trata do tipo de economia que permite parcelamentos. Se a guerra em si é uma oposição moral ao pensamento nazifascista, a emulação de suas táticas e comportamentos para derrotá-los já desqualificaria a vitória. Os terrores de Overlord podem ser de origem fantasiosa, mas a metáfora — por mais cafona que seja — ressona muito alto especialmente hoje em dia. 

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Triangulação tática

O primeiro ato inteiro é um filme de guerra como poucos. Começando com uma sequência na qual conhecemos nossos protagonistas conforme se preparam para saltar de paraquedas atrás das linhas inimigas. A tensão é tangível e a ação ganha corpo com o uso muito habilidoso de efeitos especiais e mixagem de som. O caos do cenário nos remete diretamente a sequência inicial do excelente O Resgate do Soldado Ryan.

A dupla Billy Ray e Mark L. Smith aposta nos clichês dos filmes de guerra para contextualizar toda a ação e os personagens, o próprio uso de um pelotão da famosa 101ª Divisão Aerotransportada — a mesma que protagoniza a minissérie Irmãos de Guerra (Band of Brothers) — é uma forma de criar um passado sem perder tempo dentro do filme. O que pode soar como demérito acaba funcionado, pois o espectador sabe exatamente o que esperar de cada personagem sem se apoiar em uma grande construção das personalidades, assim temos o oficial endurecido pela guerra, o jovem idealista, o piadista ítalo-americano e assim por diante.

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Se no primeiro ato o foco é na ação militar, literalmente, a segunda parte desvia mais para o suspense. A marcha dos soldados atrás das linhas inimigas carregava uma tensão própria da guerra, no entanto, a introdução de um elemento de mistério cria uma nova camada de medo. Os sustos (aqueles tradicionais jump scares) estão presentes e bem utilizados. Sem abusar do recurso Julius Avery consegue desestabilizar o espectador com pulos na poltrona.

Por fim, no terceiro ato a ação retorna com tudo, equilibrando todos os elementos e entregando momentos intensos —  mesmo que regados a diálogos fracos e melodramáticos, com direito a discurso do vilão e herói gritando frase de efeito. Mesmo com a narrativa sofrendo um pouco na parte final, especialmente por não saber dosar os frontes — as ações se desenrolaram em dois lugares, nas ruas do vilarejo francês e o interior do laboratório nazista — o diretor faz um trabalho competente e ainda entrega um empolgante plano sequencia pelos corredores labirínticos do reduto fascista, no que é certamente um dos pontos altos do filme inteiro.

Ao vencedor as batatas!

Operação Overlord pode não ser o melhor filme de guerra que você já viu, e sequer é o melhor filme de terror do ano. Entretanto, o filme consegue entregar uma mistura bem equilibrada entre os dois gêneros apresentando um filme que consegue agradar aos fãs de ambos os estilos.

O elenco de jovens talentos entrega atuações convincentes, mesmo quando os diálogos são reduzidos a trocas melodramáticas. Fica o destaque para o trio principal, Jovan Adepo (Um Limite Entre Nós), Wyatt Russell (filho dos veteranos Kurt Russell e Goldie Hawn) e a novata Mathilde Ollivier (que de estrar o novo projeto de Joe Carnahan com Mel Gibson, Frank Grillo e Naomi Watts).

Embrulhado em um belo pacote, Operação Overlord entrega um presente para os fãs de “filmes B”

Nos quesitos técnicos o filme é um sucesso quase que absoluto. A sequência inicial, com a queda do avião e o salto de paraquedas já evidencia todo o empenho da equipe de efeitos especiais e mixagem de som. A maquiagem também é outro destaque, com a nojeira rolando solta (o bom e velho gore) o filme entrega visuais bem trabalhados e monstros dignos de um bom filme de zumbi.

Entre mortos e feridos é fácil reconhecer a vitória de Operação Overlord. O resultado final pode não surpreender, mas não há como negar as vitórias ao longo do caminho. Boas atuações, uma direção inteligente e um roteiro que mistura bem os gêneros fazem de Operação Overlord uma das boas surpresas do ano.

Crítica do filme The Crescent | Mar de agonia

O luto não é apenas um sentimento complexo, mas é um período difícil tanto para se encontrar quanto para encontrar forças para continuar. Não é uma pauta nova em filmes, porém sempre há novas e curiosas abordagens para falar sobre a forma como lidamos com a morte.

Este é o cerne de “The Crescent”, que nos apresenta uma mãe e um filho, que decidem se mudar para uma casa na praia, na tentativa de superar uma morte inesperada na família. Ali, a mãe mergulha em sua arte em uma tentativa de encontrar uma lento, enquanto seu filho ainda não compreende o que exatamente está acontecendo.

Para você que já viu o trailer do longa-metragem, possivelmente deve ter percebido que o limite entre a arte, o suspense e o terror é bastante tênue – e daí o porquê de o título ter sido indicado em várias premiações. No todo, esse flerte entre mistério e imaginativo é o que dá substância para o roteiro e realmente funciona.

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Todavia, pela pegada cult, muita gente fica com um pé atrás na hora de arriscar sentar e gastar uma hora e meia com um filme potencialmente sem explicação. Não tiro a razão de quem julga filmes pelo trailer, mas posso ao menos garantir que, apesar de bizarro, “The Crescent” ao menos se explica e cumpre seu papel no quesito inovação.

Crianças fantásticas e onde atuam

Bom, já para deixar bem claro, este filme de Seth A. Smith é o típico filme que divaga nos diálogos e busca um retrato mais fiel de relacionamentos. Isso deixa o andamento mais vagaroso e até a retratação mais monótona, mas filmes independentes realmente buscam fazer tudo pela arte.

O propósito do filme é confuso num primeiro momento, mas logo a protagonista deixa o ritmo mais interessante. Danika Vandersteen é competente enquanto atriz, ainda que sua personagem seja um tanto esquisita (sim, tudo é compreensível pelo viés da história).

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Apesar de centrar em dois personagens principais, é o pequeno Woodrow Graves que se destaca com uma presença um tanto fofa e cativante. O pequenino que tem uns dois anos domina a tela com uma facilidade que a gente até dúvida se ele não é filho da atriz que protagoniza o filme, pois sua participação é muito natural e marcante.

Os diálogos com a mãe são convincentes, mas são em cenas isoladas que vemos o potencial da criança. Também aproveitando esse aspecto, o roteiro abusa da inocência do espectador e apresenta cenas inesperadas, que não apenas surpreendem na história, mas que são um tanto angustiantes para os padrões habituais.

Conceitual, mas com moral

Interessante notar que parte do mérito do filme fica para os figurantes, como Terrance Murray, o qual ajuda a construir o clima de mistério. Contudo, boa parcela do sucesso está na mistura da arte com a realidade, já que é só uma questão de tempo até mergulharmos no mar de tinta e começarmos a delirar junto aos personagens.

Apesar de cativante em vários momentos, talvez o maior defeito de “The Crescent” seja seu maior trunfo. Enquanto o script nos prega algumas peças, ele pode acabar se demorando muito a fechar alguns arcos, o que causa o inevitável sono e preguiça no espectador, que logo já não acompanha mais a linha de raciocínio.

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É só lá nos acréscimos do segundo tempo que “The Crescent” consegue escapar de ondas subsequentes de ilusões para realmente abrir o jogo com o espectador. A parte boa é que o espetáculo tem muitos acertos no decorrer da partida sem dar muita margem para explicações totalmente explícitas e põe a gente para pensar no que realmente aconteceu por trás de todo esse oceano de suspense.

No fim das contas, o interessante é que o filme ao menos mostra a moral da história, permitindo que o espectador possa conferir se suas teorias estavam corretas. Há pessoas que gostam quando um longa-metragem fica em aberto, mas outros tantos preferem uma coisa mais explícita. “The Crescent” fica no meio termo aqui, mas agrada pelos bons momentos de tensão. Vale ver “de grátis” na Amazon Prime Video.