Crítica do filme Como Treinar o seu Dragão 2

Por um Mundo com mais Dragões!

por
Rafael Gazzarrini

19 de Junho de 2014
Fonte da imagem: Divulgação/
Tema 🌞 🌚
Tempo 🕐 5 min

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Desde pequeno, eu sempre achei que dragões eram seres simplesmente fascinantes pra caralho. Afinal de contas, eles são mágicos, às vezes imortais, praticamente invencíveis, que voam e lançam fogo pela boca. E, se você é um personagem sortudo de histórias de fantasia, tem a chance de ser um cavaleiro e aproveitar todas essas qualidades – além de fazer um amigo pra vida toda, é claro.

É por conta disso que eu fui assistir ao primeiro “Como Treinar seu Dragão” com o coração aberto e tive uma surpresa danada de boa, tanto que eu sempre assisto quando acaba passando na televisão. Considero uma animação de histórica rica, bem feita e cheia de detalhes, motivos pelos quais eu repeti a dose de otimismo na sequência dessa aventura.

Dito tudo isso, puta que pariu, como eu me surpreendi com um filme tão bacana e gostoso de assistir. Sendo assim, sigam-me os bons que eu vou explicar toda a minha opinião sobre “Como Treinar o seu Dragão 2”!

Aqueles laços que nos unem...

Pra começar, eu preciso dizer para vocês este é um filme sobre famílias. Desde o começo da animação, Soluço entra em conflito com o seu pai, Estoico. Isso porque o rapaz tem 20 anos e está tentando encontrar o seu lugar no mundo, assim como todas as pessoas da sua idade fazem no mundo real. Enquanto isso, o seu pai é capaz de ver dentro do próprio filho e tenta dar conselhos para ele.

Tudo isso aproxima o expectador da história do filme logo no começo, já que todos nós, de uma maneira ou outra, somos filhos e nos desentendemos com os pais. E produções com pés no chão, por mais fantasiosas que sejam, são sempre boas, causam identificação. Dessa maneira, fica claro rapidamente que “Como Treinar seu Dragão 2” é mais do que fogo, gente voando, dragões e aqueles ‘massavéio’ de sempre.

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Além disso, a facilidade com que Estoico perdoa a sua esposa pelo chá de sumiço tomado por 20 longos anos emociona – na moral, você vai ficar com lágrimas nos olhos quando ver toda a cena, eu fiquei. Afinal de contas, essa parte mostra que o amor é paciente, bonito e altruísta, sendo que esse casamento de mentirinha toca mais do que muito romance live-action que você assiste por aí.

Por fim, toda a trama de proteção da vila (Berk, nome legal, parece arroto) e dos dragões mostra que família também pode ser muito mais do que laços de sangue. Família consiste em todos os seres pelos quais nós temos amor, não importando se elas são parecidas com você ou não. Não sei se me fiz claro, mas é assim que me senti ao assistir ao filme.

Uma aula sobre respeito

Por incrível que pareça, o relacionamento entre humanos e dragões pode traçar um paralelo muito interessante. A maneira como as pessoas tratam e aceitam esses animais brutos, inteligentes e cheios de pontas que machucam pode ser comparado ao respeito direcionado às minorias da sociedade.

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É só a gente parar pra pensar um pouco. Antigamente, em Berk, os dragões eram marginalizados, tidos como pragas, não eram respeitados e mortos aos montes. No entanto, eles eram apenas incompreendidos. Dadas as devidas proporções, não há como não pensar em dragões como pessoas de orientações sexuais, cores, credos e capacidades físicas diferentes das da maioria.

No fim, tudo o que podemos fazer é conhecer, ter respeito, aceitar que a diferença é aquilo que nos iguala. Talvez eu esteja sendo profundo demais com algo raso, talvez esse não seja o propósito no filme, mas considero no mínimo interessante pensar dessa maneira.

Vamos concluir, finalmente...

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Se você não quis ler todo o texto e pulou para a conclusão, vou resumir tudo o que eu penso – mas você vai perder detalhes bem importantes, esteja avisado. “Como Treinar o seu Dragão 2” é um filme inteligente pra cacete. Ele é capaz de atrair crianças com dragões que parecem uma mistura de cães e gatos com asas, ambientes muito coloridos e ricamente compostos, muita ação, velocidade e voos. É pra deixar hiperativos contentes.

A animação também é capaz de atrair adultos por conta de várias nuances complexas de enredo, uma qualidade muito alta de produção e um ritmo bacana de acontecimentos – e volto a repetir, você terá lágrimas nos seus olhos em pelo menos dois momentos, isso se você for o mais durão dos caras. Sendo assim, essa continuação certamente vale o dinheiro da sua entrada, da pipoca, do refrigerante e do docinho. É sério, é do caralho. Confie em mim.

 O único defeito que eu posso citar é que uma das batalhas acontece sem nenhuma explicação, você não sabe como os oponentes de encontram e isso incomoda um pouco. Mas, no meio de tanta coisa bacana, de tanta qualidade, você vai esquecer disso. No fim, vai ser um dia todo com aquele pensamento na cabeça: COMO EU QUERIA TER UM DRAGÃO, PUTA MERDA!

Fonte das imagens: Divulgação/
Rafael Gazzarrini

Pode me chamar de Rafa, eu ando por aí na minha nuvem dourada.